FORTALEZA REPUDIA MERCOSUL E BID

FORTALEZA FAZ A RELEITURA DO MUNDO E APOSTA NA EMANCIPAÇÃO HUMANA

O CAPITALISMO ATINGIU OS SEUS LIMITES

O BID quer fazer a sua 43ª reunião anual em Fortaleza. Trata-se de evento parecido com os dos BIRD, Banco Mundial (BM), Organização Mundial do Comércio (OMC), FMI, G-7, Mercosul, etc. Estes encontros que tem como objetivos centrais avaliar e aplicar a política econômica do capitalismo atual – que hoje está "enlouquecida" – arrastam consigo os mais variados protestos. Assim foi em Fortaleza, Seattle, Gênova, Davos e Nova York.

Em 1996 Fortaleza inaugurou a onda de protestos antiglobalização em escala mundial. Na época, como agora, nossa cidade foi maquiada e um esquema repressivo foi montado. Mas, convocados pelo PART, União das Mulheres (UMC), União das Comunidades (UCGF), Sindicato dos Mototaxistas e Sindicato dos Professores(as) (SINDIUTE) mais de 5 mil pessoas denunciaram o encontro do Mercosul como uma farsa numa passeata rumo ao Passaré (BNB) onde se encontravam FHC e seus comparsas. Era 17 de dezembro e os meios de comunicação daqui, do Brasil e do exterior tiveram que divulgar uma das nossas mais belas manifestações já realizadas em nossa cidade.

Mas, para atingirmos nossos objetivos, tivemos que derrotar a posição conciliadora da CUT e de vários de seus sindicatos filiados, das direções de outras centrais sindicais de vários países, aqui presentes e também de vários partidos oposicionistas e reformistas tradicionais como PT, PC do B, PSB, PSTU, PDT, etc. Enquanto os manifestantes não se intimidaram com a repressão e realizaram a passeata, os conciliadores ficaram no Itaperi / (UECE) totalmente desmascarados. O encontro do Mercosul revelou-se como uma imensa farsa, confirmando os prognósticos dos manifestantes reprimidos. Agora, nós que enterramos o PART e a política, juntamos nossas forças com a União das Mulheres (UMC), União das Comunidades (UCGF), SINDIUTE e Jornal Crítica Radical e convocamos uma nova manifestação. Porém, a situação é outra, pois o encontro do BID se revela como uma imensa tragédia diante do fracasso generalizado do projeto capitalista neoliberal social-democrata. Não só na Argentina, mas em todos os pontos do mundo. Diante deste insulto o que fará Fortaleza?

IMPASSES FRENTE À CRÍTICA RADICAL

Naquela época, uma parte de Fortaleza não quis encarar os fatos. Não perguntou qual conteúdo animava os manifestantes. Frente aos acontecimentos ficaram embaraçados. A verdade não veio à tona. Não foi encarada. Ao contrário, foi escondida. Mecanismos de defesa foram construídos, como faz um indivíduo em terapia. Estratégias de resistência (Freud) as mais variadas foram elaboradas. Pessoas se revestiram de uma "couraça" (Reich) grossa e impermeável para não se colocarem frente a frente perante uma realidade desconcertante. Não se quis ouvir os discordantes. Seus argumentos foram "desqualificados" e "esquecidos". Suas iniciativas quase barradas. Tudo foi feito para abafar este pensamento inquietante. A argumentação que fundamentava a nossa prática foi ignorada.

OS DESAFIOS IMEDIATOS

Transcorridos 5 anos do encontro do Mercosul para o encontro do BID, ocorre uma mudança fundamental que se esboça nos seguintes movimentos:

1º - Fortaleza acolhe a Crítica Radical. Com isso, valor, mercadoria, trabalho, dinheiro, política, democracia, estado e mercado passam por uma crítica radicalizada. Por outro lado irrompe, também, em outros países, uma crítica categorial ao capitalismo. Os companheiros (as), editores e colaboradores da revista Krisis (Alemanha), portanto, já não estão sozinhos. A irracionalidade do moderno sistema produtor de mercadorias vai se explicitando, cortando o campo de manobra da crítica que insistia tão somente nos riscos e efeitos colaterais do sistema que assim auxiliava, de fato, a administração global do estado de calamidade pública.

2º - A crise mundial esgotou o paradigma da modernização. As ciências sociais já não conseguem mais trapacear, com tanta facilidade, a negação da ruptura com a pós-modernidade. As tentativas para prorrogar a antiga forma de reflexão imanente da história da imposição capitalista já não convencem, viraram farsa. As receitas sugeridas ou impostas pelos (as) governantes dos Estados capitalistas, socialistas, administrações populares e os seus partidos políticos (da situação ou da oposição) com seus parlamentares e candidatos, caem no ridículo. A morte da política se apresenta. Chega ao fim o papel das oposições imanentes ao capitalismo. Fica explícito que conceitos básicos dos socialistas e comunistas como "luta de classes", "ponto de vista do trabalho", "ditadura do proletariado", "proletariado como sujeito" fundamentaram a modernização do capitalismo. Esboça-se o início de um movimento para uma vida além do mercado e estado. A pretensão de reviver um novo estado socialkeynesiano naufraga. Iniciativas como Fórum Social Mundial de Porto Alegre não respondem à natureza da crise. Mas, a negatividade que permeia a sociedade atual é enfim descoberta. Seu descobrimento reside no fato de que a economia submeteu a vida humana às suas próprias leis. Com isso se consegue explicar a crise atual, não como decorrência das imperfeições do sistema produtor de mercadorias, mas sim de seu pleno desenvolvimento onde as forças produtivas da microeletrônica ocupam um papel fundamental. O conteúdo material da produção tornou-se incompatível com a forma imposta pelo valor. Só conseguiremos, portanto, desatar o nó da crise quando a própria economia for submetida ao controle consciente, auto-organizado e autodeterminado das pessoas humanas. Passa, portanto, para o primeiro plano a construção do sujeito da emancipação humana;

3º - Por outro lado uma concidência admirável se apresenta nesse momento. Em razão da natureza da crise, que expõe os limites do sistema capitalista, milhões de seres humanos aspiram a uma transformação profunda de suas vidas e do planeta. Essa transformação se esboça exatamente no momento em que pode ser plenamente realizável. Não só porque dispomos dos meios materiais para a sua realização. Mas porque a cega utilização destes meios levou a sociedade atual a um funcionamento totalmente absurdo. Ou seja, chegou o momento em que é impossível viver nessa sociedade sem essa transformação emancipatória. Nunca uma tal conjunção existiu na história da humanidade.

EMANCIPAÇÃO HUMANA OU BARBÀRIE!

Ao colocar as Forças Armadas nas ruas de Fortaleza, junto de outras medidas repressivas para assegurar sua 43ª reunião, o BID reconhece o seu fracasso. E com certeza, não vai impedir os nossos protestos. Nós, fortalezenses, e os que nos visitam para protestar não vamos aceitar este insulto. A interpretação policialesca da história como a usada por Bush e seus comparsas no mundo, configura-se como os últimos recursos da pré-história. As medidas terroristas dos que promovem o encontro do BID sinalizam para a compreensão de que tentar prolongar a existência do capitalismo só leva à barbárie. Nada impedirá a humanidade de construir a sociedade da emancipação humana. Portanto, vamos à luta, não para o espetáculo do fim do mundo, mas, para o fim do mundo do espetáculo. Finalmente, os limites objetivos e absolutos do sistema produtor de mercadorias foram alcançados. Agora, fortalezense, abre-se a possibilidade não só de abrir a fresta da porta mas devassar o quarto proibido.

IE – Internacional Emancipacionista - (um projeto em construção)

União das Mulheres Cearenses

União das Comunidades da Grande Fortaleza

SINDIUTE (Sindicato dos Professores(as)

Jornal Crítica Radical

ENDEREÇO: Av. Tristão Gonçalves, 358 – centro

FONE: (085): 212.0039

Site: www.criticaradical.hpg.com.br

Email: criticaradical@bol.com.br

BID É BARBÁRIE!

TODOS AO CENTRO DE CONVENÇÕES!

http://planeta.clix.pt/obeco/