NEM GUERRA, NEM ELEIÇÃO SALVAM O CAPITALISMO!

CAMPANHA COMEÇA ENFRENTANDO CENSURA

Mais de dois mil jovens e integrantes de movimentos sociais de nossa Fortaleza lançaram, por meio de Manifesto e Ato-Show, a campanha A Morte do Capitalismo com Greve do Voto.

Não adiantaram as ameaças jurídicas sobre seus organizadores (legislação eleitoral), a censura sobre o spot que convocava a manifestação (Rádio Verdes Mares), a tentativa da Prefeitura para impedir o ato na Praça do Ferreira (assegurado através de mandato de segurança), a censura da foto do jornal, no Castelão, no jogo Brasil x Paraguai (O Povo – 21/08/02), o apagamento das pixações (vários locais), a retirada dos cartazes (UFC e UECE) e nem as advertências catastróficas para quem não vai votar ou votará nulo. Nenhum desses obstáculos impediu o início da campanha.

DUAS IDÉIAS EM MOVIMENTO

Agora, Fortaleza passa a ser conhecida, não apenas como a capital que contém duas cidades, mas a cidade que contém duas idéias centrais para enfrentar a crise atual da humanidade.

Uma idéia quer salvar o capitalismo. A outra quer dele se libertar. Uma se nega a reconhecer que os limites do capitalismo estão colocados. A outra se torna perigosa ao demonstrar que a crise atual aponta para o término da história das relações capitalistas. Dois paises são exemplares para esta explicitação: Estados Unidos e Brasil.

"O POETA APONTA A LUA E O IMBECIL OLHA O DEDO"

1- GUERRA PARA PROLONGAR A VIDA DO SISTEMA CAPITALISTA

Não é a primeira vez que o governo americano toma conhecimento, com antecedência, da intenção de um ataque aos Estados Unidos. O governo Roosevelt estava informado da intenção japonesa de atacar Pearl Harbour. Deixou que tudo acontecesse para motivar a opinião pública americana a aceitar a entrada do país na guerra. Isto possibilitou desfrutar, no final da guerra, juntamente com a URSS, a hegemonia mundial.

O governo Bush também estava informado da intenção de um ataque camicase aos Estados Unidos, bem antes de 11 de setembro. Deixou que tudo acontecesse para declarar sua "guerra justa". Mas, hoje, os Estados Unidos são, incontestavelmente, o poder mundial. Então, qual o motivo da guerra? A mais importante resposta reside no fato de que a crise atingiu profundamente os Estados Unidos e, com isto, a economia norte-americana evapora-se no ar.

Como o resto do mundo agora os EUA também estão incluídos na lista dos que estão sendo corroídos pela crise interna da acumulação. Seu resultado mais cristalino foi o colapso da "new economy" que tornou ridículo o mito de invulnerabilidade econômica dos EUA. Mas, após 11 de setembro, chegou a vez da quebra do mito da invulnerabilidade militar com o Pentágono sendo atingido. Diante disso o governo Bush quer impor sua nova doutrina militar conforme o documento "Estratégia de Segurança Nacional dos Estados Unidos" que, resumidamente, consiste em: 1- ataque unilateral para a autodefesa; 2- ataques preventivos para suporte ou reais atos contra os Estados Unidos, 3- aumento do poder militar para impedir que se ultrapasse ou se iguale o poder militar dos EUA.

Isto tem uma explicação: trata-se do uso da "guerra justa" para tentar prolongar a vida do capitalismo. Mas a guerra não vai salvar os Estados Unidos. A nova Doutrina Bush não vai desatar o nó da crise. A crise do governo Bush não é a mesma do governo Roosevelt. Antes, o capitalismo estava em expansão. Agora, em estagnação. O recurso da guerra aprofundará ainda mais a crise. E o tiro pode sair pela culatra. O uso do dispositivo de terror, para tentar conter o crash financeiro final, pode levar a outro resultado, pode virar pesadelo. Se a humanidade perceber as causas da crise atual, que apontam para as fronteiras históricas do capital, pode não concordar em morrer com o capitalismo, mas viver sem ele.

2- ELEIÇÃO PARA TENTAR SALVAR O CAPITALISMO BRASIL

Por outro lado, diante da gravidade da crise que atinge a América Latina e, em particular, o Brasil, os candidatos (as), seus partidos e apoiadores querem salvar o capitalismo Brasil. Apresentando-se como mais competentes que todos os demais concorrentes para administrar a crise terminal do sistema, não conseguem esclarecer as causas da crise atual, não explicam sua natureza e o que propõem não desata o nó da crise. Em decorrência disso escapa-lhes o significado de "guerra justa" e suas conseqüências para o mundo e o Brasil; não dimensionam a gravidade da crise ecológica; não registram a impossibilidade, na época da globalização, para a política e para os Estados nacionais de continuarem funcionando como instâncias reguladoras; não propõem saída para a crise do sujeito constituído pelo valor, particularmente visível na relação entre os sexos; falam em milhões de emprego no momento em que o fim da sociedade do trabalho vai se configurando; ficam perplexos, atordoados e não articulam o mínimo de resposta para a falência das instituições, para a escalada da violência e o crescimento constante da corrupção; usam e abusam da retórica, tanto para ser contra, como para ser a favor do BID, Banco Mundial, ALCA, FMI, etc, e no entanto, precisam da sobrevivência das categorias básicas do capitalismo (trabalho, mercadoria, valor, dinheiro, estado, mercado, política, democracia, etc) e, portanto, da continuidade do capitalismo, no momento em que isto se tornou uma impossibilidade histórica. Afinal, a história brasileira é a comprovação que a não-simultaneidade intercapitalista não foi abolida, no nosso país, de maneira positiva, mas sim negativa. E hoje, ao nos depararmos com os padrões de produtividade e rentabilidade globalmente unificados é possível entender porque a maior parte da população brasileira não consegue mais viver dentro das formas sociais capitalistas.

Ao invés de enfrentarem esta questão fundamental e decisiva, os candidatos(as) através dos programas e propostas dos seus partidos, suas alianças, suas interpretações histórica, seus acordos, seus espetáculos midiáticos, suas promessas não explicam, escamoteia e enganam descaradamente. Portanto, não basta, para citar um exemplo, ser contra a Alca, como confirma o resultado do seu plebiscito e optar por um outro mercado como alternativa ao horror, terror, barbárie e loucura no qual sobrevivemos. Só um pensamento reacionário, conservador ou medíocre pode pretender desenvolver ou modernizar o capitalismo brasileiro na atualidade. Tal discurso só serve para enganar as pessoas. Conseqüentemente todos os candidatos (as) e seus possíveis eleitores são comparsas do espetáculo da farsa eleitoral. Com eles (as) o tédio espetacular como companhia e a indiferença ante o negativo continuarão predominando na nossa vida cotidiana. Em razão disso, uma parcela expressiva de nossa gente ensaia uma indignação geral demonstrando o desejo de trilhar um novo caminho que seja capaz de eliminar o solo fértil que nutre o terror da economia e/ou a economia do terror. Por isto considera indispensável desenvolver a crítica e a práxis emancipatórias para derrotar o totalitarismo global da economia. Será isto viável?

A CRISE ATUAL APONTA PARA A SUPERAÇÃO DO CAPITALISMO

Os que almejam a emancipação consideram que a crise atual anuncia A Morte do Capitalismo. Afirmam isso e mostram a prova: a crise atual revela os limites da lógica do processo de acumulação capitalista, atinge os paises centrais capitalistas e torna evidente, nos demais paises, que a maior parte de sua população já não consegue mais viver dentro das formas sociais capitalistas. A conclusão é por demais evidente. Ela nos leva a dimensionar o verdadeiro nó da crise como fim da história capitalista. Por isso a interrogação – morrer com o capitalismo ou viver sem ele?

A evidência disso reside no fato de que o processo de valorização econômica começou a se esgotar. Com isso, a barreira histórica do capitalismo se apresentou. Hoje, a nova tecnologia economiza mais trabalho do que o necessário para a expansão dos mercados de novos produtos. Ou seja, a capacidade de racionalização é maior que a capacidade de expansão. Assim, uma nova fase criadora de empregos deixa de existir e o desemprego se espalha por todo o planeta. Resultado: o fundamento da produção capitalista está em cheque, o capitalismo está em questão, sua existência ameaçada. Daqui advém à ameaça que ronda a Terra e a vida humana. Porque quem produz a valorização do valor é o trabalho. E se o trabalho é substituído pela máquina irrompe o último estágio da produção baseada na valorização do dinheiro. E isto se desenrola sob os nossos olhos. O capitalismo, agora, já não pode oferecer nada mais de positivo para a humanidade. Querer seu desenvolvimento ou modernização é produzir um Auschwitz global.

Na atualidade o desenvolvimento técnico tornou-se incompatível com a moderna metafísica do dinheiro. Uma prova concreta disso é que a terceira revolução tecnológica ocasionou a mudança na aplicação do capital dinheiro. Na medida em que ele não pode ser reinvestido de forma rentável na economia real, porque não pode mais absorver mais trabalho, ele se desvia. O seu caminho é o mercado financeiro. O dinheiro criando mais dinheiro. Esse deslocamento especulativo é prova concreta dos limites do sistema. O dinheiro que aparentemente circula em quantidades infinitas, já não é, mesmo no sentido capitalista, "um bom dinheiro". Ele constitui a bolha especulativa em curso, que simula a solidez do sistema financeiro ocasionando desastres cada vez mais numerosos e carrega consigo uma capacidade explosiva de tamanha envergadura que ao estourar pode acarretar a eliminação da vida humana e do planeta Terra.

SUBSTITUIR O AMOR DA SERVIDÃO PELA PAIXÃO DA EMANCIPAÇÃO

Os recursos obscurantistas empregados para tentar conter o movimento A Morte do Capitalismo jamais poderão impedir o movimento das idéias e da práxis emancipacionistas. Estes recursos são conseqüências de teorias superficiais e impotentes que não captam e nem explicam o tempo presente. Afinal, censurar uma idéia é o melhor gesto para despertar o interesse pra conhecê-la. Superar a crítica radical requer teorias e práticas mais avançadas e fundamentadas e ainda mais inovadoras e revolucionárias. É compreensível, portanto, que os dominantes e seus opositores, que pretendem salvar o capitalismo, temam e queiram conter as idéias emancipacionistas. Afinal, os emancipacionistas tem em alta conta que não se pode lutar contra a alienação com meios alienados. Por isto, nenhuma mudança no interior da esfera da economia, baseada na mercadoria, será vitoriosa frente à natureza da crise atual. Só conseguiremos desatar o nó da crise quando a própria economia for submetida ao controle consciente, auto-organizado e autodeterminado das pessoas humanas. Daqui virá o sujeito e a superação de todas as relações e formas de consciências sociais estruturadas pelo valor.

OBJETIVO FUNDAMENTAL DA CAMPANHA

O sujeito para a emancipação humana constitui o objetivo fundamental da campanha A Morte do Capitalismo. Em razão disso, o movimento quer se constituir num encontro e busca da consciência histórica para ensaiar um questionamento, profundo e geral da sociedade. Trata-se, portanto, do início de uma campanha pra mudar a vida.

Para que o movimento se afirme ele dependerá principalmente da consciência da nossa gente e de sua capacidade de se organizar autonomamente. Para isto ele só poderá ter futuro se for muito, mas muito além da política, de seus partidos, seus candidatos(as), suas bases teóricas, seus sindicatos e de seus arsenais alienantes. Nada mais coerente com a causa emancipacionista que afirmar isto em plena campanha eleitoral. Afinal, se o capitalismo chegou a seus limites recai sobre nós a tarefa e a urgência de transcender os limites do próprio capital.

"É POSSIVEL ENGANAR ALGUÉM DURANTE TODO TEMPO. É POSSIVEL ENGANAR A TODOS POR ALGUM TEMPO. MAS, NÃO É POSSIVEL ENGANAR A TODOS DURANTE TODO TEMPO"

A afirmação acima assume uma atualidade e veracidade jamais alcançadas em nossa história. Sua origem, extensão, profundidade e conseqüência estão diretamente relacionadas com a natureza da crise atual e da grandeza de sua resposta. Sua maior e melhor comprovação reside na percepção de que vai crescendo o número de pessoas que descobrem que não vão "ganhar" ou "obter" reivindicações muito mais significativas dentro do sistema vigente, particularmente, das eleições. Ao contrário. Elas começam a chegar à conclusão que podem conseguir tudo modificando os fundamentos deste sistema. E o mais surpreendente de tudo isso é que o momento para a obtenção dessa formidável conquista chegou.

EMANCIPAÇÃO AINDA QUE TARDIA

Já está muito tarde e nem é mais possível um remendo neste Estado, País e Mundo. A superação da crise exige um novo horizonte para a humanidade. Hoje a crítica radical e sua práxis correspondente possibilitam a nossa emancipação do capital. Agora, após ter criado um mundo à sua imagem e semelhança e também os sonhos que suas vítimas criavam para escapar do seu reinado, o capitalismo podem chegar ao fim. Quem pode dar conta desta elevada tarefa é o movimento que tem em suas mãos, corações e mentes o compromisso com a vida da emancipação humana, o movimento que pode extrair toda sua poesia do futuro.

Portanto, torne-se emancipacionista. Fecunde e geste a mais nobre e bela causa da humanidade. Mas, prepare-se. O capitalismo espetacular não sairá espontaneamente do palco. Vamos ter que retirá-lo de cena. Portanto, organize-se para a revolução da emancipação humana. Declare o seu amor à crítica radical do valor. Construa sua práxis emancipatória. E faça da festa da despedida do capitalismo com toda a história mundial das relações de fetiche, o início da construção da felicidade humana.

Um abraço,

IE (Internacional Emancipacionista - Um projeto em gestação), Jornal Crítica Radical, Diretorias: União das Mulheres Cearenses (UMC), União das Comunidades da Grande Fortaleza (UCGF) e Sindicato Único dos Trabalhadores(as) em Educação (SINDIUTE)

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