Entrevistas com

Robert Kurz

Fazemos hoje, voluntariamente, coisas que antes os homens se recusavam a fazer ou, pelo menos, de que reclamavam, tendo de ser chicoteados para realizá-las.

A crítica radical de Robert Kurz - Entrevista - (R. Kurz; 2001)

"...O fim do capitalismo está definido pela chamada terceira revolução industrial - a revolução tecnológica, eletrônica. Uma grande quantidade de força de trabalho é expulsada da produção industrial, que não consegue reabsorver. Não há um processo de compensação, mas um processo de expulsão contínua. A acumulação de capital não é outra coisa que a transformação do trabalho em valor, do trabalho em dinheiro. Por isso, a expulsão da força de trabalho nessa quantidade, nessas dimensões, não encontra limites. Eis a causa de, hoje em dia, as condições da economia real serem cada vez menores às condições do capital fictício, da especulação...

O "capitalismo cassino" levará ao fim - Entrevista - (R. Kurz; Novembro 2000)

A Internet continuará sendo uma mídia subversiva. Quanto mais importante o papel tecnológico da rede, menores serão as possibilidades de controle pelo Estado, polícia ou conglomerados. Ninguém conseguirá pôr "ordem" durante muito tempo nesta mídia universal. As relações capitalistas de direito e propriedade também não podem mais ser impostas com rigor na Internet.

A Nova Economia e a Internet -Entrevista - (R. Kurz; Novembro 2000)

Uma vida humana? Só sem mercado, estado e trabalho. Robert Kurz fala sobre o seu novo livro; "O Livro Negro do Capitalismo" Schwarzbuch Kapitalismus: ein Abgesang auf die Marktwirtschaft Frankfurt am Main, Eichborn Verlag, 1999

Robert Kurz fala sobre o seu novo livro (2000)

"O Estado, por sua vez, também no socialismo de Estado não ultrapassou essa racionalidade administrativa das empresas individuais... Penso que isso é um tabu que mostra o quanto somos supersticiosos, como os "selvagens". Isto é, em relação ao moderno fetichismo do mercado e do Estado, somos supersticiosos e temos medo, como aquelas pessoas que acreditam em espíritos malignos."

R. Kurz - Entrevista à Revista Adusp (Dezembro 1998)

Como o homem pode ser feliz, se é que ele pode ser feliz?
Kurz – Isso é uma história antiga na filosofia... Não existe uma felicidade absoluta. Se houvesse, ela seria igual à infelicidade. Eu acho que você só pode ver a felicidade em relação a alguma coisa. Na nossa sociedade, hoje em dia, há um conceito errôneo de felicidade: "a felicidade é poder comprar bastante". Porém, o mais importante são as relações humanas, que libertam. Para tal você não precisa acabar com os bens de consumo. Mas se você é infeliz nas relações humanas, não consegue a felicidade por meio de uma mountain bike ou de um videocassete...

R. Kurz - Entrevista à Revista ISTO É (Novembro 1998)

Sociólogo comenta ação contra Microsoft. Monopólio vencerá governos, diz Kurz

R. Kurz - Entrevista à Folha de S. Paulo (Julho 1998)

"A condição estrutural dessa crise é a globalização do capital monetário e a rede transnacional dos mercados financeiros, possibilitada pela tecnologia microeletrônica. As transações financeiras podem cruzar o globo em poucos segundos, e as crises financeiras locais se propalam com igual rapidez. O motivo da crise é a especulação dos grandes "hedge funds" com as "taxas de câmbio políticas" dos chamados países em desenvolvimento ou "new industrialized countries" (NICs). Os administradores de fundos chegaram à conclusão de que a industrialização voltada às exportações destes novatos já se esgotou e que as moedas desses países, atreladas ao dólar, estão em seu todo supervalorizadas. Mas a causa profunda da crise, segundo meu ponto de vista, está no fato de que os próprios países ocidentais industrializados atingiram, já desde a década de 80, os seus limites internos absolutos de crescimento. Numa visão sinóptica, trata-se de um problema de fundamento do sistema capitalista mundial, que destrói a si mesmo..."

R. Kurz - Entrevista à Folha de S. Paulo (Dezembro 1997)

"A antiga definição "exploração" sugere que os produtos estão sendo tirados dos trabalhadores e dados a outrem. Mas o problema é bem mais complexo. O capitalismo não é primordialmente uma sociedade na qual uns trabalham e outros aproveitam. Ele confundiu a relação entre meio e objectivo. O trabalho não é um meio para alcançar objectivos pessoais, mas auto-referência absurda de um sistema no qual as pessoas têm sido reduzidas a um meio. Nem os empresários são os sujeitos, mas sim peças de um mecanismo económico irracional. Por isso seria melhor, em vez de falar de simples exploração, usar o termo de desgaste abstracto da força de trabalho humano de uma forma mais pensada. Os homens são objectos de outros homens somente em segundo plano - em primeiro plano são o material de um mecanismo social. Essa teoria deve ser criticada radicalmente..."

R. Kurz - Entrevista à Revista E (Dezembro 1997)

"No outro livro, "O Colapso da Modernização", procuro em várias passagens mostrar que, no mesmo sentido em que Marx falou da missão civilizatória do capital, esse desenvolvimento sempre comportou aspectos positivos, até emancipatórios..."

R. Kurz - Entrevista à Folha de S. Paulo (Fevereiro 1994)

"O Leste concebeu-se como "mercado planificado", a autocompreensão do Ocidente favorece (ao menos no plano ideológico) o "mercado livre da economia concorrencial".

O colapso da modernização - Entrevista - (R. Kurz; 1993)

"Sem dúvida nenhuma. Vejo a Escola de Frankfurt como uma base para todo o meu pensamento. Mas há dois procedimentos dentro da esquerda na Alemanha, ou na Europa, que seria melhor que deles nos afastássemos. Um deles é o das pessoas que aprenderam a idéia, mas estão colodas à idéia e ficam administrando o legado da Escola de Frankfurt. Outro procedimento é aquele das pessoas que acabam descartando as idéias da Escola de Frankfurt como se fossem uma camisa suja que precisa ser jogada no lixo. Toda idéia morre se ela não for levada adiante. É preciso conhecer as idéias de Adorno e Horkheimer, mas é preciso também retrabalhá-las, para que não morram."

R: Kurz - Entrevista à Folha de S. Paulo (Setembro 1992)

Contactos: Nuremberg - São Paulo - Fortaleza - Rio de Janeiro - Lisboa - Estudos Krisis - krisisinfo - Krisis-Diskussion

Home