O SISTEMA DE COMBATE DAS CORVETAS CLASSE INHAÚMA

As corvetas da Classe Inhaúma foram concebidas basicamente para missões de defesa aproximada e afastada do litoral e para prover escolta a comboios de cabotagem ou transoceânicos. O sistema de armas descrito abaixo esta relacionado com suas funções. Ele serve de exemplo para vários outros sistemas do gênero sendo apenas necessário acrescentar novos componentes equivalentes ou adicionais.

O sistema de armas das corvetas da classe Inhaúma foram concebidos comportando duas grandes áreas funcionais básicas: a de Comando e Controle(sensores de vigilância e os consoles de operadores) e a de Direção de Tiro(incorporando os sensores de rastreamento de alvos e os consoles de controladores de armas). Cada um desses subsistema, que opera de forma integrada em tempo real, é baseado em um minicomputador dedicado.

A figura 1 mostra o sistema de forma simplificada, indicando ainda a existência de alguma capacidade de processamento, distribuído e dedicada, em equipamentos periféricos inteligentes, aliviando assim a carga  computacional dos processadores centrais e permitindo maior capacidade de operação em modos degradados  que é significativamente aumentada pelo fato de que, por projeto, os minicomputadores de comando e controle e de direção de tiro são mutuamente capazes de assumir, ainda que parcialmente, as funções do outro, em caso de avaria de um deles. Tendo em vista as várias unidades processadoras principais e periféricas operando integradamente, o sistema é organizado, como se pode perceber, nos moldes de uma federação de computadores.


Figura 1. Concepção básica do Sistema de Combate

A concepção do sistema de armas tem enfoque sistêmico com grande integração entre os componentes e integrado também com outras plataformas de uma Força-Tarefa, através de data-link que viabiliza a troca de dados entre navios e aeronaves.

O tempo de reação foi um fator importante no projeto devido a velocidade das ameaças atuais. A figura 2 ilustra o tempo de reação típico contra um míssil Sea-skimmer . Sendo detectado a cerca de 12km, o sistema tem cerca de 20 segundos para rastrear o alvo, computar a previsão de tiro dos canhões AA, posicionar o armamento e abrir fogo.


Figura 2

Subsistema de Comando e Controle

 A figura 3 mostra sucintamente a área de Comando e Controle do Sistema de Armas das corvetas. Nesta seção ou subsistema são efetuados a coleta e a compilação de dados táticos para produzir um quadro tático ou panorama tático completo e atualizado em tempo real, apresentando aos operadores que constituem a equipe do COC. O computador prevê assistência na solução de problemas táticos e de navegação, no controle dos data links e na designação de alvos para o subsistema de direção de tiro. Adicionalmente, provê a iniciação e o acompanhamento automático de detecção pelos vários sensores ou recebidos pelos dada links e as ordens de controle para o emprego de torpedos A/S, mísseis anti-navio e chaffs.

Para a execução dessas tarefas, o sistema processa dados fornecidos ao computador pelos radares de vigilância e navegação, sonar, sensores de guerra eletrônica, alças visuais e data links, suplementados por dados injetados pelos operadores de consoles e por dados recebidos dos equipamentos de navegação(giro, odômetro).

O vídeo bruto dos sensores, superposto ao qual encontra-se o vídeo sintético gerados por computador, tem sua apresentação feita nas telas dos displays dos consoles, nos quais, por meio de teclados e tracker-balls, perfaz-se o interface homem-máquina. Cada um dos consoles é, usualmente, alocado a uma tarefa tática específica, como, por exemplo, comando e guerra de superfície, guerra anti-submarino e guerra antiaérea. O controle do helicóptero orgânico do navio, como parte integrante do sistema  de armas, é também ali efetuado, possibilitando sua vetoração, por computador, contra as ameaças detectadas.

A designação de alvos para serem engajadas pelo Subsistema de Direção de Tiro é feita pelos operadores dos consoles por meio de ordens especiais injetadas no computador, que as transfere, juntamente com os elementos do alvo, para o computador de Direção de Tiro.

O desenvolvimento das técnicas de GE na atualidade torna necessária menção especial ao equipamento especificamente destinado a este fim nas corvetas. O sensor passivo MAGE é capaz de efetuar a detecção e análise instantânea de qualquer irradiação eletromagnética inimiga ou suspeita. Identificada a ameaça, e dependendo do seu grau de periculosidade, algumas reações automáticas podem ser desencadeadas: o bloqueador de CME("jammer") pode ser ativado no azimute e frequência do radar inimigo, prejudicando seu desempenho; o chaff pode ser automaticamente disparado para despistar radares de orientação de mísseis; e o azimute de irradiação detectada pode ser transferido para o Subsitema de Direção de Tiro, sob a forma de designação de alvo, para orientação do radar de tiro.

O sistema permite, ainda, por meio de programas de simulação existentes, a condução de treinamento da equipe de bordo, no porto ou no mar, com alto grau de realismo.


Figura 3 - Comando e Controle

Subsistema de Direção de Tiro

Esta porção do sistema de armas é projetada de modo a otimizar o emprego dos canhões de vante e de ré contra ameaças de superfície e, principalmente, aéreas, permitindo o uso coordenado, preciso e flexível daquelas armas nesses engajamentos.

A troca automática de dados entre o computador de direção de tiro e de comando e controle permite que, num sentido, sejam recebidas as designações de alvos, baseadas nos dados dos alvos detectados pelos sensores, e, no outro sentido, sejam fornecidos ao Subsistema de Comando e Controle os dados referentes ao status das armas, seus setores de fogo e segurança, etc..

Os sensores do  Subsistema de Direção de Tiro podem controlar, via computador, qualquer dos canhões. Adicionalmente, controles diretos de emergência estão disponíveis para o caso de avaria do computador central, quando então os operadores das alças óticas(que são providos de um previsor de tiro de emergência baseado em um microprocessador) ou da alça eletro-ótica(dotada de sensores de televisão e infravermelho e de telemetro laser) podem comandar diretamente a pontaria e disparo das armas. No modo normal de operação, o controle é efetuado pelos operadores do console de controle de canhões, do qual são operados remotamente os sensores de direção de tiro principais(radar de DT e alça eletrônica, ambos tridimensionais) e as armas propriamente ditas.
 

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