Introdução ao Estudo das Deidades Celtas
Por Lornnah Carmel

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“A denominação Celta se aplica não a um povo geograficamente delimitado,mas a um conjunto enorme de tribos espalhadas por diversos países da Antiga Europa. A denominação genérica Celta, cabe para definir tantas tribos diferentes porque apesar da dispersão geográfica, observa-se entre elas estruturas idênticas de cunho social, religioso - mitológico, e principalmente lingüístico."

Essa rápida definição prévia, tem função de dar base àqueles que estão acostumados com a formal e classificada mitologia greco-romana, começarem a entender porque a mitologia Celta é tão diferente. Tão numerosa, variada e “variável”.

Pra começar a começar, não estamos falando de um povo geograficamente limitado como já disse, mas de tribos. Para entendermos a mitologia celta, devemos entender um pouquinho do mundo celta, pra entendermos sua cosmovisão e na seqüência, sua mitologia.

Os Celtas dividiam entre tribos alguns deuses principais, os quais vamos falar aqui , mas cada tribo possuía também seus Deuses exclusivos cujas características são hoje obscuras. Tais deuses que chamo obscuros, possuem nomes cognantos ao da tribo que o venera mas suas características, assim como seu culto são ficaram restritas ao membros da tribo original e nada mais pode-se afirmar sobre eles.Ex:Arduína, deusa dos Ardennes.

Existe também o agravante dessas histórias serem exclusivas da tradição oral, uma vez que esse povo não nos deixou nada por escrito, o que justifica suas complexidade e variação. Sabe-se que os celtas possuíam seu alfabeto, o ogham (pronuncia-se “ôm”), mas por seus motivos não nos deixaram sua história escrita.

Por mais irônico que possa parecer, somente na Era Cristã a mitologia celta foi passada para o papel.O que sobrou para nós são lendas, epopéias e genealogias que compiladas tardiamente por monges, (alguns dizem druidas convertidos) confundem mito e realidade.Um porque os monges tinham necessidade, como tem a própria igreja católica, de explicar toda a criação do mundo e dar respostas para tudo; e dois porque explicam tudinho a seu modo (cristão claro), ainda que a história original seja pagã....

Ainda assim os ciclos mitológicos são a melhor fonte de estudos sobre os mitos, deuses, valores e cultura celta em geral.

Na Irlanda o famoso livro Lebor gabala Erenn ou Livro da Conquistas da Irlanda foi escrito no século 11 da era comum por monges e a versão mais antiga data de 1150 e é conhecida como o Livro de Leinster.Nesse compêndio riquíssima de histórias, vemos ma fonte magnífica para o estudo da mitologia, uma vez que o povoamento da Irlanda é inteiramente mitológico!Mesmo que tenha sido escrito e certamente “adaptado à realidade cristã” por monges, afinal a Irlanda possui uma das mais ricas e antigas literaturas da Europa,e conseqüentemente do Ocidente.

Tendo esses conceitos previamente compreendidos, pode-se pensar então em conhecer os Deuses Celtas em sua real natureza e não em comparação com outros sistemas politeístas já conhecidos. Eles, ao contrário dos gregos e romanos entre outros deuse não citados; não são personificações de funções ou virtudes somente. Não procure nos Deuses Celtas arquétipos como “de Amor” ou “de Guerra”. Pelo contrário; todos os deuses possuem várias funções diferentes, podendo ser de proteção e destruição ao mesmo tempo!

Todas essas peculiaridades, dificultam o aprendizado de início, mas em contrapartida proporcionam um prazer imenso a quem decide persistir e pesquisa-los. A beleza e riqueza que os Mitos Celtas comportam supera a dificuldade que inicialmente temos para compreendê-los em seu real contexto.

Os Deuses de quem falarei nessa coluna não são aspectos ou faces de um só deus e uma só deusa. Houvera de tempos em tempos, um culto maior a este o aquele Deus/Deusa variando de um reduto Celta pro outro, mas não se pode nunca afirmar que por isso Eles ou Elas tenham se fundido em um (a).

Estamos falando de um povo originalmente pagão, politeísta que honrava e adorava diversos heróis e diversos espíritos mágicos, diversos animais sagrados e assim diversos Deuses de seu imensurável panteão. Panteão, que ultrapassou fronteiras de espaço e de tempo. Entende-se por panteão um conjunto de vários deuses e de várias deusas, cada qual com suas características e individualidade.

As Deusas Celtas

As Deusas Celtas possuem algumas características em comum.

Todas as Deusas Celtas possuem função de Soberania, Guerra e Proteção.A princípio isso pode parecer contraditório, mas não é.

A Deusa territorial era tida como Mãe daquela tribo.E como mãe, cabia a Ela ser sua protetora.

Ela é a responsável pela soberania da tribo.Num ambiente de guerras e invasões onde a sociedade Celta floresceu, a soberania - o não ser subjulgado – era certamente a preocupação coletiva mais importante e cabia a Deusa territorial tal função. A Mãe protetora então é responsável pela soberania de seus filhos.

Como uma Deusa poderia garantir a soberania de seus filhos? Assumindo a função de Deusa da guerra, pois é na guerra que se estabelece soberania.Viu como não é contaditório?

Todas as Deusas Celtas possuíam essas três funções,além de seu atributos individuais.Essa foi mais uma rápida explicação da multiplicidade de uma Deusa, antes que comecemos a falar de cada uma delas.

 

 

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