Bruxaria Moderna versus Bruxaria Tradicional
Um breve ensaio sobre as duas formas de praticar a Arte

Por Gustavo Elias
 

A cada dia cresce o número de pessoas buscando os Antigos Costumes. O despertar da Arte ocorre em indivíduos originários das mais diversas religiões - até mesmo daquelas onde a simples cogitação da busca por outro caminho já é passaporte garantido para o Fogo Eterno. Aos que quebram o preconceito e aceitam o chamado dos Velhos Deuses um novo portal é aberto,  onde nos deparamos com as várias formas de praticar a Arte.

Os dois principais caminhos existentes podem ser dividos, à grosso modo, em "Bruxaria Moderna" e "Bruxaria Tradicional". A primeira, mais conhecida como WICCA é a forma mais divulgada desde sua elaboração na década de 50 por Gerald B. Gardner. É um caminho aberto, no qual encontram-se várias ramificações conhecidas como Tradições. A Tradição primordial, iniciou-se, obviamente, com o próprio Gerald o qual foi percurssor na divulgação da Arte contribuindo para a sua incrível e eventual expansão em várias partes do mundo. Apartir daí surgiram várias outras Tradições - algumas iniciadas por figuras bastante conhecidas na Arte hoje em dia, como é o caso de Alex Sanders. Ao examinarmos a Wicca de uma maneira geral, verificamos alguns elementos os quais caracterizam a sua prática; um deles é a crença na Lei Tríplice, uma espécie de Lei do Retorno onde tudo o que o praticante faz o retorna multiplicado por três. Outro elemento marcante é questão das correspondências elementais para os pontos cardeais, o qual gera, muitas vezes, controversas entre praticantes; embora argumente-se que na prática não haja diferenças nas respostas obtidas - quer o praticante posicione em seu altar o elemento terra ao Norte, ou ao Sul. Um fator também de grande relevância é a invocação de Torres de Observação para a proteção do círculo. Esta seria uma prática originária da magia cabalística, absorvida pela Bruxaria Moderna em sua fase de elaboração.

A Bruxaria Tradicional, por sua vez, diferencia-se da Wicca em vários aspectos, a começar pela Lei Tríplice, a qual não é seguida por praticantes deste segmento. Os Bruxos Tradicionais acreditam que para obter equilíbrio em seus trabalhos, deve ser praticado o que poderia ser chamado de "Magia Cinza" - um equilíbrio de uma força a qual é vista, muitas vezes, como tendo duas polaridades. É claro que os Tradicionalistas não saem por aí fazendo mal aos outros. Até porque, o conceito do 'bem' e do 'mal' é bastante diferente na Bruxaria Tradicional. Contudo, práticas como rogar pragas e lançar maldições podem ser realizadas por um Bruxo Tradicional sem nenhum peso na consciência, caso este julgue tal ato necessário em determinada situação.

Os praticantes deste caminho geralmente não usam correspondências elementais para os pontos cardeias. O que realmente importa na Bruxaria Tradicional é a conexão com a Homeland - a Terra Natal escolhida do panteão de deuses que se escolhe cultuar, como por exemplo os deuses Irlandeses ou Galeses. Os praticantes alinham, então, seus altares para a direção onde a  Homeland se encontra. No entanto, além de se cultuar os deuses da Homeland, honra-se também as divindades existentes no espaço onde se vive.

Outra questão comum seria a prática das Festividades ou 'Sabás'. Um Bruxo Tradicional celebra as 8 festividades? Isto, na verdade, é uma questão muito pessoal pois cada Bruxo ou grupo de Bruxos tradicionais celebra um número de Sabás diferentes. A grande maioria celebra, geralmente, 4 ou 8 festivais. O que acontece é que a Bruxaria Tradicional nos dá uma liberdade de marcar apenas as manifestações sazonais consideradas relevantes. Por exemplo: na Tradição Celta da Bruxaria Tradicional, os Quatro Festivais do Fogo (Samhain, Imbolc, Bealtaine e Lughnasadh) serão sempre marcados pois são as festas principais. Porém, caso não haja, por exemplo, um Inverno notável (temperaturas esfriando consideravelmente) em época de Solstício de Inverno, o bruxo não irá marcá-lo ritualisticamente.  Em um ano onde haja muito calor, o bruxo tradicional poderá também não celebrar o Solstício de Verão. O que pode acontecer também é a celebração do Solstício, pedindo uma amenização do calor.  Seu maior aliado é e sempre será a intuição.
 
 
 
 
 
 

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