Textos Selecionados do Jornal Sexto Sentido n º 3
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A U T O C O N H E C I M E N T O
A auto-observação é a chave para o autoconhecimento.
Através da auto - observação o homem compreende a necessidade de se
transformar. E, ao observar-se, ele percebe que a auto-observação, por si só,
ocasiona determinadas modificações em seu funcionamento interior. Começa a
entender que a auto-observação, constitue instrumento de auto-transformação, um
meio de despertar. Observando-se, ele lança, por assim dizer, um raio de luz em
seu funcionamento interno. E, sob influência dessa luz, o próprio funcionamento
começa a modificar-se.
George Gurdjieff
George Ivanovitch Gurdjieff ( 1872 - 1949 ) Nascido em Alexandropol na Rússia.
Estudou com o professor e músico Fathers Borsh, decano da catedral de Kars. Até
a idade de 40 anos, Gurdjieff dedicou-se a pesquisa em Arqueologia e
Antropologia na Africa, Ásia central e extremo oriente. Onde teve acesso à
sabedoria oculta das tecnologias sagradas do oriente e do ocidente. Tendo
alcançado a convicção de que suas pesquisas o levaram a uma concepção válida do
significado da existência humana e, tendo descoberto métodos para o
desenvolvimento do poder latente da psique humana, Gurdjieff fundou em Moscou em
1910, o Instituto para o Desenvolvimento Harmonioso do Homem. Onde formulou um
conjunto de ensinamentos que transmitiu para seus alunos e discípulos que
buscavam a auto-realização. Depois da revolução Russa, mudou-se para Paris, que
passou a ser desde então, o centro de suas atividades. No Instituto, teve muitos
alunos e discípulos, entre os quais os escritores Katherine Mansfield, A.R.
Orage e P. D. Ouspensky, além de muitos cientistas, médicos e outros estudantes
de várias partes do mundo atraídos pela sua concepção do destino do homem e
impressionados pelos seus métodos práticos. O lugar de Gurdjieff no mundo das
doutrinas e dos mestres espirituais é misterioso, intrigante e, decididamente,
muito importante. Ele foi um anunciador do bem que está para vir. O que antes
era esotérico e restrito a círculos fechados, agora está no mercado e,
praticamente, entrando na vida das pessoas. Gurdjieff tomou a si o encargo de
mostrar ao mundo ocidental que a humanidade está adormecida, que há níveis de
existência mais elevados e que, em algum lugar, existem pessoas que sabem.
A BASE FILOSÓFICA DO SISTEMA GURDJIEFFSegundo Gurdjieff, do ponto de vista da evolução que nos é permitida,
vivemos num lugar que tem uma posição muito inferior no universo. Por causa da
extrema densidade das leis mecânicas que operam em nosso planeta, a
auto-realização oferece dificuldades quase máximas, de modo que, embora os seres
humanos sejam distinguidos com o potencial para elevar o nível do seu ser, é
muito tênue a probabilidade que tem qualquer indivíduo de ser bem sucedido nessa
realização. Por causa dos fatores que operam contra todos nós, o indivíduo pode
ter certeza de que seu desenvolvimento interior não será fácil; ao contrario,
exigirá grande compreensão e trabalho hábil, e este trabalho só pode ter início
quando percebemos a verdade acerca da condição humana.
Platão comparou o ser humano a alguém fascinado pelas sombras
que estão dançando nas paredes do fundo de uma caverna; um alguém tão absorvido
naquilo, que não dá atenção ao mundo que está atrás de si. Gurdjieff compara o
estado humano "normal" àquele de um prisioneiro. A condição humana, conforme se
manifesta em cada um de nós, é substancialmente diferente das idéias que
costumamos ter sobre ela. Essa diferença entre o que pensamos que somos e o que
realmente somos na realidade, é extraordinariamente evidente no que diz respeito
a noções sobre identidade pessoal, ação responsável e livre arbítrio. Tomemos
por exemplo, a idéia profundamente enraizada, que todos alimentamos, que cada um
de nós é uma pessoa consistente. E cada pessoa que diz "eu" presume que fala
como uma entidade que persiste hora após hora, dia após dia. A ilusão de unidade
ou uniformidade é criada, no homem, primeiro pela sensação de seu corpo físico,
depois por seu nome e mais, por uma multidão de hábitos mecânicos que nele são
implantados pela educação ou adquiridos pela imitação. Tendo sempre as mesmas
sensações físicas, ouvindo sempre o mesmo nome e, notando em si, os mesmos
hábitos e inclinações que tinha antes, ele acredita ser sempre o mesmo.
A MÁQUINA HUMANAO funcionamento psicológico humano é caracterizado pela inconsistência.
O "Eu" que controla o comportamento de um indivíduo num dado momento não é
determinado pela escolha pessoal desse indivíduo, mas sim por uma reação ao meio
ambiente que invoca um ou outro "eu". O ser humano não pode escolher qual "eu"
vai ser, como seria do agrado de todos nós; a situação escolhe. Nosso
comportamento não vem de nós, é provocado em nós, e o que nos acontece ocorre
totalmente por conta das influências externas e das associações "acidentais" da
história condicionadora. O homem é uma máquina. Todas as suas realizações,
ações, palavras, pensamentos, sentimentos, convicções, opiniões e hábitos, são o
resultado de influências e impressões externas. De dentro de si mesmo, o homem
não pode extrair um simples pensamento, produzir uma única ação. Tudo que ele
diz, faz, pensa, sente - tudo isso acontece... O homem nasce, vive, constrói
casas, escreve livros, morre, não como ele quer que seja, mas como isso
acontece. Tudo acontece. O homem não ama, odeia, deseja - tudo isso acontece.
Mas a máquina humana pode estudar a si mesma e este estudo pode fornecer as
indicações necessárias para a conquista de um outro nível de existência, mais
elevado, no qual o verdadeiro arbítrio é possível. Mas esse estudo, como o de
qualquer outro sistema complexo, pode consumir um tempo bastante longo e exigir
muita persistência e atenção.
* * *M E D I T A Ç Ã O
O MUNDO DO TER E O MUNDO DO SER
A consciência tem duas dimensões:A dimensão do
TER e a dimensão do SER. E existe apenas duas categorias de seres humanos:
aqueles que estão lutando para ter cada vez mais, e aqueles que entenderam a
futilidade disso e mudaram suas vidas para outra direção, a direção do ser.
Estas pessoas estão procurando saber quem são. No mundo do TER, você apenas
acredita que tem alguma coisa, mas na realidade não tem nada. Você veio só, com
as mãos vazias, e só, com as mãos vazias, irá. E tudo que acontece nesse meio
tempo é quase como um sonho. Parece ser verdade; enquanto está acontecendo
parece ser real. Mas quando passa, você percebe que não estava acontecendo nada.
O mundo do TER nada mais é do que um mundo de sonhos.
A pessoa verdadeiramente religiosa é aquela que percebeu a futilidade
de tudo isso. Você não pode ter nada exceto a si mesmo. E tudo que você possui,
exceto você mesmo, é um engano, uma ilusão. E, na verdade o que você tem o
possui muito mais do que você possui o que tem. O possuidor torna-se o possuído.
Você acha que tem muitas coisas - Poder, dinheiro, riquezas - mas, no fundo,
está sendo possuido por estas coisas. Somente uma coisa pode ser possuida e,
esta você já tem consigo - o seu próprio eu, a sua consciência. Mas para ter
esse ser é preciso trabalhar muito. Não se pode conseguí-lo facilmente.
Primeiro, você precisa se livrar do mundo do TER. Isso será quase como uma morte
porque é com isso que você está identificado - você é o seu carro, a sua casa,
você é a sua conta bancária. Quando as pessoas se tornam religiosas continuam
pensando em termos de ter - de possuir o céu, os prazeres do céu. O céu delas
nada mais é do uma projeção de seus desejos de ter todas as coisas. A pessoa
realmente religiosa é aquela que percebeu a futilidade do desejo, a
impossibilidade de se possuir qualquer coisa aqui neste ou no outro mundo. Você
só pode possuir a si mesmo. Só pode ser senhor do seu próprio ser.
* * *A INOCÊNCIA
O Zen diz que se você abandonar o conhecimento, - dentro do conhecimento tudo
está incluído, seu nome, sua identidade, tudo, porque isso foi dado por outros a
você - se você abandona tudo isso que lhe foi dado pelos outros, você terá uma
qualidade totalmente diferente no seu ser - A INOCÊNCIA.
Isto será uma cruxificação da persona, da personalidade, e haverá uma
ressureição da sua inocência; você se tornará uma criança novamente, renascida.COMENTÁRIO:
O velho homem desta carta irradia a alegria infantil do mundo. Há um ar de graça
ao redor dele, como se ele estivesse à vontade consigo mesmo. Ele parece estar
tendo uma alegre comunicação com o Louva-a-deus nos seus dedos.
As rosas em cascata ao seu redor representam o momento de relaxamento e doçura.
Elas são uma resposta à sua presença, uma reflexão de suas próprias qualidades.
A inocência que procede de uma profunda experiência de vida é infantil, mas não
inocente. A inocência da criança é bela, mas ignorante. Será substituída pela
desconfiança e pela dúvida quando a criança crescer e aprender que o mundo pode
ser um lugar perigoso e ameaçador.
Mas a inocência de uma vida vivida totalmente tem a qualidade da sabedoria e da
aceitação do milagre da eterna mutação da vida.
* * *Veja o Jornal Sexto Sentido completo em http://www.e-net.com.br/hp/index3.html