OS PERIGOS DA PAZ
A paz é um perigo permanente
Que o Sistema em si nunca tolera
Porque o Sistema em paz é uma quimera
Que a todo o raciocínio é evidente
Por isso a guerra investe em armamento
Para poder manter a paz ausente
E empregando vai milhões de gente
Enquanto a paz emprega zero por cento
E agora que o trabalho feneceu
E o emprego ficou mais disputado
O perigo da paz ainda cresceu
Porque não dá emprego em nenhum lado
Todos dizem que lutam contra a guerra
Mas isso só se diz e não se faz
Porque a paz está feita sobre a Terra
A guerra é que não deixa haver a paz
Mas a paz é um perigo permanente
Por muitos mais motivos e razões
Não dá ordenado nem patente
Nem vende armas e bombas por milhões
Se bem que nos tempos actuais
A guerra haja feito mais progressos
A paz e o Sistema são avessos
E os valores da guerra são vitais
O terrorismo é neste sentido
Um grande passo em frente contra a paz
Mas é preciso agora ser mantido
Para a guerra não andar p'ra trás
Da cirúrgica-bomba à nuclear
Da bomba-inteligente ao "predador"
Todo esse humanismo exemplar
Que a Civilização tem ao dispor
Terá de estar atento e ser ligeiro
Porque a paz é perigosa e aliás
As armas todas rendem bom dinheiro
E vendem-se com guerra e não com paz
Eis o absurdo, a utopia
O mito do Sistema e a aparência
A Civilização parindo a barbaria
O Progresso parindo a decadência
A obra-prima da mitologia
O futuro das gentes que pisam a Terra
A doença, a fome e a guerra
Tudo transformado em Mercadoria
Lisboa, Novembro de 2005
Leonel Santos