PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE
CATÓLICA (PUCRS)
FACULDADE DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS
HUMANAS
CURSO DE FILOSOFIA -
2005/II
Ética Geral II - A CRÍTICA DE HEGEL A KANT
PROF. DR. NYTHAMAR DE OLIVEIRA
Introdução à teoria ética e à filosofia moral moderna, partindo da crítica de Hegel a Kant. Trata-se de revisitar as teses centrais do modelo ético-político comunitarista, através da leitura dos dois autores mais importantes --Immanuel Kant e Georg W.F. Hegel-- dos mais significativos modelos da ética moderna (o universalismo e o comunitarismo), a fim de delinear e reexaminar as principais questões e conceitos-chave da Ética Moderna, contrastando continuidade e rupturas, tradição e crítica, apropriação e desconstrução. Trata-se, portanto, de retomar o problema deontológico da moral kantiana, enquanto alternativa aos modelos teleológicos e utilitaristas, e reformulá-lo a partir da filosofia hegeliana, incluindo suas posteriores reapropriações e refutações em Marx, Kierkegaard, Nietzsche e Habermas.
Através da leitura de textos seletos desses autores, seremos introduzidos aos principais conceitos da ética moderna, de modo a tematizar as articulações entre Ética e Metafísica, e entre Moral, Direito e Política. Serão examinadas, em particular, as problemáticas das articulações entre moral e ética, ética e natureza humana, direito e moral, ética e política, subjetividade e verdade, justiça e concepções do bem, realismo e anti-realismo, cognitivismo e não-cognitivismo, naturalismo, descritivismo e prescritivismo, eticidade e moral, fenomenologia do Espírito, suprassunção, historicismo e materialismo, dialética e luta de classes, niilismo, moral escrava, razão instrumental e agir comunicativo, ética do discurso e juridificação.
Leituras obrigatórias:
Georg W.F. Hegel, Fenomenologia do espírito. Trad. Paulo Meneses. Petrópolis: Vozes, 1992.
Cronograma de Leituras da "Fenomenologia do Espírito":
18/Agosto: Prefácio
25/Agosto: Introdução
1/Setembro: I. A Certeza Sensível
8/Setembro: Não haverá aula - X. Internationaler Kant Kongress (USP)
15/Setembro: II. A Percepção - Palestra Prof. W. Lienemann Auditório Pr. 50 (FACE)
22/Setembro: III. Força e Entendimento - PALESTRA DO PROF. DR. WOLFGANG KERSTING (Kiel, Alemanha) - "Verdade, racionalidade, estabilidade" - Prédio 50 - Auditório do 9. andar
29/Setembro: IV. A verdade da certeza de si mesmo
6/Outubro: V. Certeza e Verdade da Razão
20/Outubro: VI. O Espírito
27/Outubro: 1a. Avaliação Escrita / Prova Objetiva
3/Novembro: VII. A Religião
10/Novembro: Prova dissertativa sem consulta para quem faltou à primeira prova ou obteve nota menor ou igual a 6,0 (seis) - Não haverá aula
1/Dezembro: VIII. O Saber Absoluto - Prazo Final para entrega dos trabalhos
RESULTADO DA 1A. AVALIAÇÃO – 27/OUT/2005
QUESTÕES DE IDENTIFICAÇÃO (conceitos):
Leia atentamente as sentenças abaixo e assinale com um V (Verdadeira) ou F (Falsa) conforme sejam corretos ou incorretos, respectivamente, os seus conteúdos:
1. ( V ) Segundo Georg W.F. Hegel, a Fenomenologia do Espírito (Phänomenologie des Geistes, 1807) expõe o saber em devir (das werdende Wissen) através de uma gênese lógico-conceitual dialeticamente articulada com o desenvolvimento histórico dos momentos e figuras do Espírito.
2. ( V ) Para Hegel, o idealismo transcendental de Kant contrapôs entendimento (Verstand) e razão (Vernunft), limitando o conhecimento a um instrumento teórico e inviabilizando a efetividade prática da liberdade, que permanecia num nível abstrato.
3. ( V ) Para Hegel, somente o trabalho do Conceito (Begriff) pode produzir a universalidade do Saber (Wissen), através da dialética da suprassunção (Aufhebung).
4. ( F ) De acordo com uma famosa passagem do Prefácio à Fenomenologia do Espírito, "o verdadeiro não é o todo".
5. ( F ) A Fenomenologia do Espírito expõe dialeticamente a passagem da razão à consciência de si, e desta à consciência em seus momentos consecutivos de realizar efetivamente o entendimento, a percepção e a certeza sensível.
6. ( F ) Segundo a dialética da certeza sensível, no início da Fenomenologia, supõe-se que a verdade está no sujeito e que o conhecimento é necessário e universal.
7. ( V ) Para Hegel, o suprassumir (das Aufheben) traduz, ao mesmo tempo, um ato de negar, conservar e elevar o objeto do conhecimento, como negatividade do Espírito.
8. ( F ) O primeiro encontro de duas consciências-de-si, segundo o famoso texto da "dialética do senhor e do escravo" na Fenomenologia, é uma identificação amorosa.
9. ( V ) Ao contrário do formalismo abstrato da moralidade (Moralität) kantiana, a eticidade (Sittlichkeit) em Hegel enfatiza o reconhecimento recíproco das consciências-de-si, através das leis, costumes e tradições de uma comunidade.
10. ( V ) O Espírito (der Geist), em sua verdade simples, é substância e consciência da substância, isto é, espírito de um povo e cidadão deste povo, polarizando no mundo ético a universalidade e a singularidade.
Vide Guia de Estudos
Leituras suplementares:
Charles Taylor, Argumentos Filosóficos. São Paulo: Loyola, 2000.
Ernst Tugendhat, Lições sobre ética. Petrópolis: Vozes, 1997.
Friedrich Nietzsche,
Para a Genealogia da Moral. Trad. P.C. Souza. São Paulo: Brasiliense, 2001.
Georg W.F. Hegel, Princípios da Filosofia do Direito.
---------. Fenomenologia do espírito, 2 vols. Trad. Paulo Meneses. Petrópolis: Vozes, 1992.
Howard Caygill, Dicionário Kant. Rio de Janeiro: Zahar, 2003.
Immanuel Kant, Crítica da Razão Pura. São Paulo: Abril, 1989.
John Rawls, Uma Teoria da Justiça. São Paulo: Martins Fontes, 1999.
Jürgen Habermas,"Para o uso pragmático, ético e moral da razão
prática", Estudos Avançados USP 3/7 (1989):4-19.
Karl Marx, Manuscritos
Parisienses (1844). Col. "Os Pensadores". São Paulo: Abril Cultural, 1989.
Michel Foucault, As palavras e as coisas. São Paulo: Martins Fontes,
1989.
Nythamar Fernandes de Oliveira, Tractatus ethico-politicus: Genealogia
do ethos moderno. Edipucrs, 1999.
---------. "Hegel, Heidegger, Derrida: Desconstruindo a mitologia branca", Veritas 47/1 (2002): 81-97.
---------. "Desconstruindo a Libertação: Teologia e Práxis", Teocomunicação 32/135 (2002): 155-178.
---------. "Moralidade, Eticidade e a Fundamentação da Ética",Reflexão(PUCCAMP) XX/63 (1995): 95-119.
---------. "Ética e Estética na Terceira Crítica de Kant", Veritas 45/4 (2001): 312-321.
---------. "Eticidade e Religião: O Comunitarismo do Jovem Hegel", Filosofia Política (2002).
Paul Guyer (org.), The Cambridge Companion to Kant.Cambridge University Press, 1992.
Richard M. Hare, Essays in ethical theory. Oxford: Claredon, 1989.
---------. A Linguagem da Moral. São Paulo: Martins Fontes, 2001.
Søren Kierkegaard, Temor e Tremor. Col. "Os Pensadores". São Paulo: Abril Cultural, 1985.
Links interessantes:
Phänomenologie des Geistes (Texto no original)
Prefácio da "Fenomenologia do Espírito" de G.W.F. Hegel
Outline of Hegel's Phenomenology
Verbete sobre Hegel (Stanford)
Site do Prof. Leonardo Alves Vieira - Fenomenologia do Espírito Cap. V
Hegel SparkNotes Sociedade Hegel Brasileira