Fenomenologia do Mundo da Vida
O Discurso Filosófico da Modernidade:
Foucault, Habermas, Honneth
Depto. Filosofia - Universidade Federal de Goiás - 2 e
3/junho/2009
Universidade Federal do Ceará - PPG em Filosofia - 14, 15, 16 de julho de 2009
Ementa:
Segundo
Jürgen Habermas, Georg W.F. Hegel teria formulado melhor do que ninguém a ideia
de subjetividade enquanto princípio normativo do mundo moderno. Com efeito, lemos
numa adição de Ganz à Filosofia do
Direito de Hegel: "o princípio do mundo moderno é a liberdade da
subjetividade, o princípio de que todos os aspectos essenciais presentes na
totalidade espiritual [geistigen
Totalität] alcancem o que é seu por direito, no seu
desenvolvimento".(RPh § 273) Pode-se mostrar, por outro lado, que Jean-Jacques
Rousseau já havia esboçado a ideia de vontade racional universalizável, que
seria reformulada por Immanuel Kant como razão prática pura capaz de se
autodeterminar como princípio de autonomia. Assim, a eticidade (Sittlichkeit) hegeliana logra preservar
a subjetividade moral kantiana e a sua correlata efetivação racional pela
vontade (Wille) ao superar (aufheben) a abstração moral através da
sua reconciliação com a política, vinculando a subjetividade a uma constituição
intersubjetiva, histórica, lingüística e socialmente engendrada. A crítica de
Hegel a Kant seria, ademais, o ponto de partida do programa habermasiano de
reconstrução da Teoria Crítica, buscando corrigir o déficit normativo de
leituras neo-hegelianas e neomarxistas da filosofia da história (inclusive na
chamada primeira geração da Escola de Frankfurt) recorrendo ao conceito
fenomenológico-hermenêutico de mundo da vida (Lebenswelt), através de suas reaproapriações de Husserl, Schütz,
Heidegger, Gadamer e Wittgenstein, para dar conta das complexas formas de
reprodução cultural, societal e pessoal que são integradas através de normas
consensualmente aceitas por todos os agentes sociais. A proposta central deste
minicurso é revisitar a concepção moderna de poder, partindo da ideia husserliana de mundo da vida, enquanto fundamento pré-teórico e horizonte
de significação que nos é dado desde sempre (immer schon) de antemão, a fim de entendermos melhor o desafio de reformular
os fundamentos normativos de um mundo pós-secular, em novas concepções de
Teoria Crítica que retomam a correlação normativa entre subjetividade e vontade
em modelos discursivos da democracia (Habermas) e modelos intersubjetivos do reconhecimento
(Honneth), a partir de uma crítica do poder (Foucault). Procurar-se-á mostrar em que medida podemos falar de um déficit
fenomenológico na Teoria Crítica, não apenas nos desvios e percursos que nos trazem
de Frankfurt de volta a Freiburg, mas sobretudo nas suas inevitáveis aporias de
suposta superação de uma filosofia transcendental do sujeito e de uma crítica
sistêmica do poder, ao buscar conciliar, numa leitura pós-hegeliana, a
universalizabilidade prático-normativa kantiana com a soberania popular da
vontade rousseauniana. A partir da genealogia da modernidade e de suas tecnologias do poder, Foucault preparou o terreno da nossa discussão, que buscará entender como Honneth revisita a crítica de Habermas a Foucault de forma a resgatar um sentido intersubjetivo de mundo da vida sem o dualismo sistêmico.
Website do
Mini-Curso:
http://www.oocities.org/nythamar/lebenswelt.html
Bibliografia Primária
Jürgen
Habermas, O discurso filosófico da
modernidade. Lisboa: Dom Quixote, 1990. Capítulos 1, 11 e 12.
Axel
Honneth, Luta por reconhecimento: A
gramática moral dos conflitos sociais. Trad. Luiz Repa. São Paulo: Ed. 34,
2003. Capítulo 5.
Michel Foucault, Technologies of the self, Dartmouth, 1988.
Edmund
Husserl, A Crise da Humanidade Europeia e
a Fenomenologia. Trad. Urbano Zilles. Porto Alegre: Edipucrs, 1996.
Nythamar
Fernandes de Oliveira, Tractatus
ethico-politicus: Genealogia do ethos moderno. Porto Alegre: Edipucrs,
1999. Capítulos 3, 4 e 8.
_____. "
Edmund Husserl," in Clássicos
da Filosofia, org. Rossano Pecoraro. Rio de Janeiro: Editora da PUC-Rio,
2008.
Cebrap Paper: Axel Honneth, Affirmative Action and Social Technologies
Axel Honneth conference at PUCRS, Porto Alegre, Brazil, on Sept. 29 - Oct. 1, 2009
PUCRS Seminar: Social Technologies: Axel Honneth and the Phenomenological Deficit of Critical Theory
Course Description
What is technology? What is society? In this course, I will argue that technology might be a good clue not only to the so-called "social construction of reality," but to the very concept of the social. In order to tackle the first question and understand what technology is all about, we will be reading some seminal texts by Heidegger, Habermas, Ellul, Foucault, Derrida, and Stiegler, stemming from what has been called the phenomenological movement and related schools of thought. Critical theory itself, especially as conceived by Habermas and Honneth, can be thus understood as a political theory which is ultimately indebted to the phenomenology of the social world or the lifeworld. In order to deal with the second question, we'll be exploring Axel Honneth's theory of intersubjective recognition as a highly original response to systemic reductionisms (such as technicism, bureaucratization, monetarization, juridification, and other social pathologies and effects of reification to be found in late capitalism). Honneth succeeds, I will argue, in recasting a critical theory of society that avoids the demonization of modern technologies and dichotomies opposing systems and lifeworld, hence he successfully cashes in what I dubbed "the phenomenological deficit of critical theory " --beyond the so-called normative, sociological, and political deficits of social analyses.
Links Relacionados:
Subjetividade e Vontade em Kant e Hegel
Lebenswelt e Lebensform em J. Habermas
Website Edmund Husserl
Honneth and Affirmative Action (Power Point)
Wikipedia on Lifeworld
Stanford Encyclopedia on E. Husserl
Husserl Links (Freiburg)
Stanford Encyclopedia on A. Schutz
Wiki on Intersubjectivity
J.Habermas's TKH
Wiki on G.H. Mead
Habermas's Reason for Democracy
Patrick Heelan, Lifeworld and Science
A Fenomenologia Social de A. Schutz
Democracia Deliberativa segundo J. Habermas
Universalismo, Naturalismo e Religião em J. Habermas
Fenomenologia da Justiça: Reconhecimento e Alteridade em Axel Honneth
Nythamar de Oliveira, Seminar on Phenomenology (U of Toledo)