Educação, Democracia e Trabalho *
Os últimos dados confirmando que o Brasil continua sendo uma das sociedades mais desiguais do mundo coincidem com as notícias, quase rotineiras, denunciando esquemas de corrupção, escândalos e irregularidades em vários partidos e supostas lideranças políticas deste País. Ademais, a auto-percepção de nosso endêmico atraso socio-econômico coincide também com as mais recentes greves e freqüentes manifestações no campo e na cidade por melhores condições de trabalho, saúde e educação. De resto, o aprendizado da democracia é uma tarefa que engaja inexoravelmente governantes e governados numa correlação de cumplicidade, segundo o adágio popular de que o povo tem o governo que merece. Na medida em que o voto popular e a opinião pública são instrumentos de legitimação de nossas instituições sociais, econômicas e políticas, a pedagogia democrática nos ensina a sermos mais críticos e conseqüentes quando escolhemos determinados representantes e acreditamos nas promessas de seus programas.
Todo o desenvolvimento do pensamento político ocidental, desde os tempos dos gregos antigos, foi pautado pela articulação de um ideal de educação (paideia) com o projeto de conceber qual seria a melhor forma de constituição do Estado. A pedagogia política de pensadores liberais como Locke, Rousseau e Kant consolidou as bases normativas do moderno Estado democrático de direito. O investimento sistemático na educação fundamental e na formação de seus cidadãos, pela promoção das artes e das ciências, foi igualmente decisivo para a emergência das sociedades mais civilizadas e economicamente desenvolvidas da Europa, da América do Norte, Oceania, Japão e Coréia do Sul. Até os ditadores sul-americanos durante os regimes militares sabiam que os educadores, pensadores e intelectuais eram uma ameaça constante ao seu autoritarismo institucionalizado. Com efeito, somente a articulação entre a democracia e os chamados processos de aprendizagem viabilizam uma cidadania plena, participativa, inclusiva e capacitadora. Assim, todo cidadão deve poder aprender, desde a mais tenra idade, a melhor se preparar para a vida, a desenvolver plenamente todas as suas capabilidades e inserir-se no mercado de trabalho, como um ser autônomo e digno. Infelizmente, esta não tem sido uma prioridade de nossos governantes e o descaso com a educação do nosso povo, ao longo de vários séculos, certamente foi um dos fatores decisivos que contribuíram para que um país com tantos recursos naturais e humanos como o Brasil seja hoje um dos mais desiguais do planeta. Decerto, o povo brasileiro está cansado de ver muitos dos seus representantes políticos, nos três níveis de gestão municipal, estadual e federal, agir em causa própria ou na busca de seus interesses particulares, muitas vezes em detrimento do bem-estar coletivo e dos verdadeiros interesses de nosso País. Como sabemos, pouquíssimos políticos em nosso País levam a educação a sério por se tratar de um investimento a médio e longo prazo, sem resultados imediatos para os seus interesses eleitorais -- a começar pela sua própria reeleição e a preservação de seus currais eleitorais. Neste formidável país onde há 27,4 milhões de crianças e adolescentes vivendo entre a linha da pobreza e a indigência total, segundo o Unicef, não seria difícil postular o perfil dos nossos próximos candidatos: se abraçam ou não a causa da educação integral para todos os brasileiros, se estão realmente dispostos a resgatar a dignidade humana de milhões de "subcidadãos" que são sistematicamente privados de seus direitos mais fundamentais, supostamente garantidos pela Constituição e vergonhosamente violados pela dominação constante dos interesses das elites e das oligarquias regionais. Sem políticas públicas educacionais não há futuro para os trabalhadores deste país, assim como não haverá lugar para a inovação tecnológica e a criação crescente de novos empregos e novas formas de empreendimentos num mundo cada vez mais competitivo e globalizado.
Hoje, mais do que nunca, quando atravessamos um importante processo de democratização no Brasil, através da moralização da coisa pública e de nossas instituições jurídicas e culturais, é mister reconhecermos em âmbito público e privado que é precisamente na educação que reside a base de nosso inacabado projeto de democracia. Sem educação não há cultura política nem democracia: as políticas públicas e todo projeto de melhorias sociais no nosso País exigem uma base pedagógica democrática, transparente e participativa. Sem educação não há como efetivar políticas públicas trabalhistas. O futuro de todo trabalhador depende diretamente da educação integral, da capacitação de todos os cidadãos para o trabalho. A média de escolaridade do trabalhador brasileiro é tão baixa quanto a eficiência e a qualidade de nossas escolas públicas. Desde os projetos de alfabetização, de ensino fundamental e médio para todos até a gestão de instituições universitárias, escolas técnicas e de centros de pesquisa e tecnologia, nossa idéia de educação é decisiva para determinar a construção de uma sociedade mais justa.
Tomar partido pela educação, democracia e trabalho é tomar partido por um Brasil melhor, mais igualitário e mais justo. Vote apenas em legítimos sucessores desses ideais democrático-trabalhistas que podem transformar o Brasil numa verdadeira república de cidadãos livres e iguais!
A alternativa para 2006 é muito simples: educação ou nada!
Nythamar de OliveiraProfessor da PUCRS, Pesquisador do CNPq / Fundação Humboldt (Alemanha)
Alternativa Republicana 2006
Lula
Professor da PUCRS, Pesquisador do CNPq
John Sutherland, "Roberto Unger: He Wants to Be President of Brazil, and He Believes in the Human Right to Live Anywhere." (The Guardian [UK], February 28, 2006).
Huw
Richards, "Ideas
Man Decides It's Time to Act: An Interview With Roberto Unger."
(Times Higher Education Supplement, February 24, 2006).
Eyal Press, "The Passion of Roberto
Unger." (Lingua Franca, March 1999)
Carlos Castilho,
"Brazil's
Consigliere: Unger Leaves Lectern to Stand Behind the Throne."
(World Paper, April 2000)
Simon Romero, "Destination:
São Paulo." This article is about São Paulo, Brazil,
but it has a lengthy discussion of Unger's political activism there
and many quotes from Unger. (Metropolis, October 2000)
Socialist Appeal
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PMDB - Partido do Movimento Democrático Brasileiro
Senador Marcelo Crivella - PRB - Partido Republicano
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