OSVALDO PIRES DE HOLANDA
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Por Osvaldo Pires de Holanda Não existe uma incoerência mais flagrante do que o voto obrigatório, num regime que se diz de liberdade, como é o democrático. Obrigar alguém a fazer o que não deseja, é no mínimo uma grande injustiça; mesmo que esta ação seja apenas contra um indivíduo. O que se dizer então quando esta imposição é feita contra toda uma coletividade? O voto obrigatório, é pois, uma aberração contra o direito, pois alguém pode ser forçado a cumprir um dever, nunca porém, a exercer um direito, e o voto, é um direito do cidadão, mas um direito que o obriga a nomear como representante, uma pessoa cujos interesses conflita com os seus. Isto é um verdadeiro absurdo! A eleição no sistema democrático, é pois, uma farsa, e assim a concebemos porque a escolha dos denominados representantes do povo, na verdade não o representam. A minoria eleita em nome da maioria, é constituída em grande parte por representantes das classes privilegiadas "O
voto obrigatório é uma economicamente, cujos
interesses são conflitantes com a maioria da
população. Não é por outro motivo que até hoje, no
Brasil, não se conseguiu realizar muitas reformas, entre
elas a agrária, como seria desejável, porque a maioria
das terras do País estão nas mãos dos grandes
latifundiários que as conservam improdutivamente
enquanto o encarecimento do custo dos gêneros
alimentícios cresce dia a dia, porque a produção é
insuficiente, devido o agricultor não possuir a terra e
ter que sujeitar-se as imposições do latifundiário
que, desumanamente o explora. Não será pois, através
do voto, que a classe operária ascenderá ao poder se
não surgir um meio de neutralizar a influencia do poder
econômico nos pleitos eleitorais; do contrário, somente
através de uma revolução de consequências
imprevisíveis, será possível tranferir o poder das
mãos dos exploradores para a dos explorados. |