Terça-feira, 28 de março de 2000
 






 

Manifestação Contra o IV Centenário

 

Por ANA*

Ataque com bombinhas de tinta, ovo podre, pedras, paus e até coquetel molotov e conflito com a polícia militar (PM), marcaram o protesto contra a celebração do V centenário dos descobrimentos do Brasil, em São Paulo.
A manifestação aconteceu, no dia 22 de março e reuniu aproximadamente 1000 pessoas, desde estudantes universitários, secundaristas, punks, anarco-punks, anarquistas, ativistas do movimento negro e tudo mais. A passeata, com um caminhão de som puxando, teve início no Largo da Batata e foi até a Avenida Faria Lima, em frente ao relógio da Rede Globo. A marcha ocorria normalmente, dentro dos moldes da esquerda institucional e reformista, ou seja domesticada e ordeira. Contudo, em frente ao relógio da Rede Globo, uma parcela rebelde dos manifestantes atacou com tinta, ovo podre, pedras, paus e coquetel molotov o "belíssimo" relógio da Rede Globo, ícone das comemorações dos 500 anos do Brasil. A polícia militar, que protegia o relógio, com um
número reduzido de soldados reagiu, os manifestantes não se intimidaram e um conflito se estabeleceu, com o saldo de um policial ferido por uma pedrada na cabeça, levou treze pontos na testa. Após esse conflito, a tropa de choque da PM, fortemente armada, apareceu intimidando os manifestantes e pequenos conflitos ocorreram. Até um carro da Rede Globo que passava pelo local foi atacado e teve o pára-brisa quebrado. Em seguida o ato foi
dado por encerrado e os manifestantes se dispersaram, com cada grupo tomando o seu destino. Mas para a PM a história não tinha chegado ao fim, não iam deixar barato à agressão ao policial militar, alguém teria que pagar "o pato". Espertamente, depois da dispersão dos manifestantes, a PM saiu abordando (caçando) algumas pessoas que estavam nas redondezas do local do ato, os punks era fácil de identificar e muitos manifestantes estavam sujos de tinta. Resultado, a PM prendeu 13 pessoas, 7 punks e 6 estudantes da USP. Os 13 manifestantes, alguns menores de idade, foram fichados, pagaram fiança e liberados na madrugada de quinta feira. Um diretor do Diretório Central dos Estudantes da USP, desconheço o nome, responderá processo por desacato a autoridade e pertubação da ordem pública

*ANA (Agência de Notícias Anarquista)

     

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