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ALI LAMPREIA BABA E OS 40 LADRÕES
Ministro de FHC é aplaudido pelos Barões
Internacionais do Roubo ao defender trabalho
infantil no Brasil em Seminário da Organização Mundial
do Comércio.
[Bruce Silverglade administrador do Center for
Science in the Public Interest infiltrou-se em
um seminário de "alto nível" com o tema "Pós
Seattle: Restaurando a credibilidade da OMC."]
Entre os palestrantes destacaram-se Clayton Yeutter
(representante da Secretaria da Agricultura),
Robert Litan (representante da Associação de Diretorias
do Escritório de Administração da Casa Branca), LawrenceEagleburger
(representante da Secretaria de Estado), e Luiz Filipe Lampreia,(Ministro
do Exterior do Brasil). Fiquei um tanto quanto
desapontado por ser o único que representava a simesmo, vindo de
uma organização não lucrativa preocupada com o impacto
do OMC no pão de cada dia das pessoas.
Mas tive a sorte de perceber que alguémesqueceu de fechar a porta.
... E, rápidamente, passei pro lado de dentro,
sem maiores problemas.
O seminário parecia ser uma sessão
de estratégias contra aqueles que se opõem
ao atual sistema. Aparentemente, ninguém sabia quem eu era (talvezminha
gravata verde e terno preto me ajudaram a driblar o grupo de velhossenhores
que recebia os convidados) e permaneci calado até o fim do
encontro.
A abertura foi feita por um cavalheiro chamado Lord
Patterson, o então Secretário de
Estado para o Comércio e Indústria do governo MargaretTatcher.
Ele iniciou os trabalhos dizendo que a prioridade número um erarestaurar
a confiança na OMC antes de embarcar nos novos rouds das
negociações comerciais. Que caras de páu...
Pensei comigo mesmo.
Em seguida ele passou a defender que as entidades
não lucrativas (non-profit) não
tinham nenhum direito de criticar a OMC como não democrática
porque esses grupos não representam o público geral. (Nestemomento,
pensei com meus botões a respeito de quais grupos ele estavafalando
porque existem inúmeras organizações seriamente preocupadas
com oimpacto do OMC no ambiente e na segurança do consumidor, como
Sierra Club e Public Citizem, associações
estas que possuem centenas de milhares demembros). A seguir, prosseguiu
dizendo que não deveriam fazer mais nenhumencontro em solo norte
americano porque alí, nos Estados Unidos, é muitofácil
aos grupos de oposição se organizarem e que a segurança
não podia ser garantida.
... Ele acrescentou que o discurso do Presidente
Clinton durante o encontro do OMC em Seattle,
ocasião em que o presidente amarelou diante dos gritos dos
manifestantes, foi "desastroso" além de ser uma desgraça
o fato dos delegados do encontro da OMC em Seattle
terem que comer sanduíches e não poderem
ter acesso à uma mesa farta durante os tres dias que duraram osprotestos
sociais. O "Lord" encerrou seu discurso recordando os bons temposem que
"tomava chá com Maggie", e afirmou que a direção do
Secretariado doOMC não poderia ser preenchida por pessoas vindas
de países desenvolvidos apenas pela cor
de sua pele. Após algumas palavras com o dirigente doencontro, Lord
Patterson concluiu "Oh, espero não ter ofendido ninguém."
... A platéia predominantemente americana
do encontro e outras pessoas presentes levaram a sério o pronunciamento
do "Lord". O primeiro comentário feito por um americano, teve uma
pitada de cinismo ao perguntar: "o que podemos fazer para tirar a legitimidade
das ONGs?" O autor da pergunta afirmou que esses grupos normalmente são
sustentados por diversas fundações de caridade e se essas
fundações não forem convencidas a cortar os fundos,
alguma coisa teria que ser feita no sentido de cessar suas operações.
Mr. Litan, um alto funcionário da Casa Branca, fez uma intervenção.
Ele [respondeu] sugerindo dar às ONGs outras coisas para fazer
para desviar sua atenção, como, por
exemplo, funções similares às da Organização
Internacional do Trabalho. (International Labor Organization - grupo tutelado
pelas Nações Unidas). O representante oficial do Comércio
dos Estados Unidos não disse nada.
... Ainda na tentativa de restaurar a confiança
pública na OMC, Yeutter (representante da Secretaria da Agricultura)
concordou com a sugestão de seu colega britânico de que o
próximo encontro do OMC fosse realizado em algum lugar que não
fosse os Estados Unidos e onde a segurança pudesse ser
garantida. Ele sugeriu que futuramente o OMC desse
apenas uma pequena nota pública relatando onde o encontro seria
realizado para manter os manifestantes longe. Em seguida prosseguiu afirmando
que as exigências dos manifestantes por maior transparência
nos procedimentos da OMC eram
infundadas porque os manifestantes na realidade
não pretendiam participar dos trabalhos da OMC -- todos eles querem
mesmo é aparecer nos noticiários de TV e arrecadar dinheiro
para suas organizações.
... O dia terminou com a usual recepção
em Washington...
Por sua vez, o ministro do exterior do Brasil comentou
que se o próximo encontro do OMC fosse mesmo realizado em outro
lugar, ele preferia que fosse em algum lugar no meio do deserto... Em seguida
fez um apaixonado discurso
defendendo o trabalho infantil, justificando que
numa determinada região do Brasil, mais de 5.000 crianças
"ajudam suas famílias com uma quota de dinheiro extra". No que recebeu
uma salva de palmas.
"Restoring the OMC's momentum
Progressive"
Review,ssmith@igc.org,inet
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