VÍNCULOS
Textos
Quando
se quer, pode-se construir outro mundo
Ausência de Religião
Torna as Pessoas Melhores?
Será Que Deus
Existe?
Hierarquia e Religião
Justiça
Social
Evangelho e Anticapitalismo
Possessão Ideológica
Cristandade Sem
Religião
Igreja Tradicional
Atraso Espiritual e Charlatanismo
A Realização
e a Supressão da Religião -- Uma Crítica à Crítica
Livros
Eletrônicos
Repensando o Odre
Frank Viola
Quem é Tua Cobertura?
Fank Viola
Cristianismo Pagão
Frank Viola
Homossexualidade e Práticas Matrimoniais
David McCarthy Matzko
Profetas
de Israel: comunais, acratas e anticlericais
R.B.Y.Scott
Zoroastro, Buda e Cristo
Jorge Bertolaso Stella
Cristianismo e Anarquismo
Leão Tolstoy
Comunalismo
Cristão
Charles E. Raven
Igreja Caseira
Jon Dee
Comunalismo
Kenneth Rexroth
|
«Quem nos separará
de tal amor? Seguramente nenhuma aflição, nem morte, nem vida, nem
anjos, nem governantes, nem presente, nem futuro, nem poderes, nem
altura, nem profundidade, nem qualquer outra coisa criada»
Romanos
8:38 [Roma, ~ 57-58 A.D.] parafraseado por Charles E. Raven, citada em Comunalismo
Cristão, pág. 92


Livros Eletrônicos
Repensando o Odre. Por Frank Viola. REPENSANDO O ODRE é mais um dos livros escritos por Frank Viola sobre cristianismo primitivo que o Coletivo Periferia disponibiliza em lingua portuguesa.
Reconsiderando o Odre, de Frank A. Viola, é parte de uma longa e distinta série de exposições que descrevem o estilo de vida que caracterizava a igreja neotestamentária e seu efeito sobre nós no dia de hoje. Vozes como a de Frank expressam a marca da igreja neotestamentária —a igreja é um corpo, uma família e uma noiva. Na realidade, a igreja neotestamentária é relacional.
Quem é Tua Cobertura? Por Frank Viola. A palavra adelfoi, traduzida como “irmãos”, aparece 346 vezes no NT e 134 vezes só nas epístolas de Paulo. A maioria das vezes esta palavra é a forma abreviada que Paulo usa referindo-se a todos os crentes da igreja, homens e mulheres. Em contraste, a palavra anciãos aparece somente cinco vezes nas epístolas de Paulo. A palavra episcopos aparece nada mais que quatro vezes e a palavra pastores aparece apenas uma única vez! O NT enfatiza a responsabilidade coletiva. É a comunidade crente que é chamada a levar a cabo as funções pastorais. O NT enfatiza a responsabilidade da igreja como um todo. A liderança e a responsabilidade pastoral repousa sobre os ombros de cada membro da igreja, e não sobre as costas de determinada pessoa ou grupo seleto.
Cristianismo Pagão. Por Frank Viola. CRISTIANISMO PAGÃO é o terceiro dos nove livros escritos por Frank Viola sobre cristianismo primitivo.
Trata-se de uma obra ricamente documentada (mais de mil notas de rodapé) que mostra como os cristãos viviam no tempo em que o Novo Testamento foi escrito e como com o passar do tempo foram contaminados por costumes pagãos. Ou seja, o cristianismo primitivo parecia mais um modo de vida do que uma religião.
Se você cansou de sermões, pastores, padres, sacerdotes, e acha as igrejas deprimentes, saiba como tais coisas -- sermão, sacerdote, pastor e padre, edifício de igreja, e muitas outras -- foram copiadas de religiões pagãs oriundas das civilizações greco-romanas e egípcias.
Homossexualidade
e Práticas Matrimoniais. Por David McCarthy Matzko. A cena é comum, duas mulheres
e uma jovem menina. Elas podem ser mãe, filha e uma amiga, ou
cunhada, mãe e filha. As possibilidades são muitas, sem nada de
extraordinário em suas relações. Agora, imagine que as três voltem
juntas para casa; comam, cochilem um pouco, e passem a tarde brincando
e executando tarefas domésticas que deixaram para fazer durante
os fins de semana. Quando a noite chega, a criança vai para o
quarto dela para dormir, e as duas mulheres vão para o quarto
delas, deitam-se na mesma cama, após leituras, conversas, abraços,
beijos, carícias, ficam com sono e dormem. Pela manhã, as três
se entregam a seus afazeres, vão para a escola e trabalham, ao
anoitecer voltam para casa como todo mundo faz, no que diz respeito
à criança, é bem cuidada, e sustentada por uma relação de intimidade,
confiança, e cuidado mútuo.
Profetas
de Israel: comunais, acratas e anticlericais. Por
R.B.Y.Scott. «A
linguagem dos profetas era, muitas vezes, de tal natureza, que
provocava ressentimento entre os poderosos e consciência de classe
entre as vítimas da injustiça e da exploração. Isaías declara
aos anciãos e príncipes que o que arrancaram dos pobres está em
suas casas. Oséias denuncia a devassidão da côrte e refere-se
aos sacerdotes como salteadores de estradas. Miquéias chama de
canibais os governantes e de canalhas os profetas profissionais.
Não é de espantar que as autoridades civis e religiosas considerassem
tais palavras como perigosamente subversivas. Amós foi expulso,
Jeremias foi aprisionado, acusado de traição, e ameaçado de morte.
Seu contemporâneo, Urias, foi morto por ordem real, destino de
que Elias havia escapado por pouco e do qual muitos dos seus colegas
não escaparam. Outros mais teriam sofrido pena semelhante...».
Pág. 172
A Formação do
Antigo Testamento. Por Rolf Rendtorff. O objetivo
desta série de «Estudos Bíblicos» é introduzir leitores, além
do círculo de teólogos profissionais, na pesquisa científica do
Antigo e Novo Testamentos e animá-los a continuar o próprio estudo
da Bíblia. A série é constituída, principalmente de interpretações
cuidadosas de textos escolhidos. A par destas publicamos a presente
breve exposição da história de formação do Antigo Testamento conforme
é vista pela disciplina vetero-testamentária atual. Procura mostrar
que o Antigo Testamento cresceu através de uma longa história
e que, no decurso desta formação, se reflete a história de Israel
a qual foi entendida, por ele mesmo, como a história do agir de
Deus com seu povo.
A Ressurreição
de Cristo, A Nossa Ressurreição na Morte. Por
Leonardo Boff. Genézio Darci Boff, catarinense de 65 anos, está
afastado da Igreja. Seus livros, contrários aos dogmas da Igreja
Católica por tratarem de temas polêmicos, lhe renderam o afastamento
da Igreja Católica. O ex-frei Leonardo Boff pediu seu próprio
desligamento da Ordem dos Franciscanos. Não foi punido e jamais
deixou de viver de acordo com sua teoria. Boff é contrário à hegemonia
da Igreja Católica Apostólica Romana e aposta na teoria do multicatolicismo,
como a quebra da «hierarquia da Igreja» e a libertação dos povos.
Para o polêmico frei Leonardo Boff, a Igreja não exerce o verdadeiro
sentido intimista do cristianismo, por não permitir a reformulação
de seus conceitos a partir de experiências populares. Isso seria
evidenciado pela abertura às religiões africanas e indígenas,
muito discriminadas no atual contexto. A sociedade entende que
a umbanda esteja ligada à feitiçaria e seja semelhante à macumba
e que igrejas «tribais», como Santo Daime, utilizam práticas não-ortodoxas,
como cantilenas indígenas e ingestão de alucinógenos.
O principal ponto de choque entre Boff e a Igreja se resume no
celibato clerical. Em várias entrevistas à imprensa nacional,
Leonardo Boff admitiu ter sido fiel à castidade. Atualmente casado,
Boff se dedica à pregação ecológica. Um de seus livros, o «Ecologia:
Grito da Terra, Grito dos Pobres», tenta unir a religião com o
ambientalismo, defende dogmas do budismo e ataca os papas que
«teriam contribuído» com um genocídio dos índios.
Zoroastro,
Buda e Cristo por Jorge Bertolaso Stella.
Quando digo Cristianismo, não me refiro ao dos nossos tempos,
que é um Cristianismo pesado, sobrecarregado de teologia e de
doutrinas, mas refiro-me ao Cristianismo do Nôvo Testamento, e
de modo muito particular ao Cristianismo de Cristo, como se encontra
nos Evangelhos, que, embora não registrem tudo quanto Jesus ensinou,
disse e praticou (João 20:30,31; 21:25, Atos 1:1), são contudo
a parte mais viva, mais espiritual e, podemos dizer, inspirada,
não só de todos os livros religiosos do mundo, mas também de tôda
a Bíblia.
Anarquismo e Cristianismo por Leão Tolstoy.
Com os presentes ensaios de Leão Tolstoy, trazemos de volta uma
velha, árdua e constante polêmica em nosso meio: Pode haver compatibilidade
entre anarquismo e cristianismo? Ou será que não existe a menor
base nem mesmo para estabelecer uma ponte de comunicação? Há informações
suficientes para asseverar que esta comunicação, de fato, se tem
dado e
este pequeno trabalho, na realidade, é uma mostra inequíva do
que afirmamos.
Comunalismo Cristão por Charles E. Raven.
Neste livro o Dr Raven responde duas perguntas cruciais. Qual a
mensagem de Jesus em sua essência permanente? Esta mensagem foi
corrompida por Paulo -- ou (como Dr Raven acredita) foi conduzida
por Paulo que pela sua própria experiência deu uma nova e magnífica
amplitude às implicações revolucionárias de Jesus para a vida do
mundo, implicações novamente urgentes pela crise espiritual da humanidade
no século XX? O autor deste livro é peculiarmente corajoso em resgatar
as origens do modo cristão de vida.
A Igreja
Caseira por Jon Dee. Foi
durante o reinado do principe Alexander Serverus, no século III,
que um pedaço de terra devoluta foi escolhido por uma congregação
como local para construção de um edifício. O Imperador deu a terra
aos cristãos. A partir dai, edifícios públicos -- denomidados
Igrejas Cristãs -- passaram a ser erguidos em partes diferentes
do império, em cima de terras doadas. Os pagãos nunca tinham podido
entender por que os cristãos não possuiam nem templos nem altares.
O culto cristão até alí tinha sido mantido no âmbito privado. A
casa privada, as catacumbas, o cemitério de seus mortos, abrigavam
suas pacíficas congregações.
«No que se refere a nações, línguas ou roupas, os cristãos
não se distinguem do resto do gênero humano. Porque eles não vivem
em cidades próprias, nem usam um idioma diferente, nem praticam
uma vida estranha. O conhecimento que adquiriram não foi proclamado
pelo pensamento e pelo esforço de homens inquietos; eles não são
os campeões em uma doutrina humana, como são alguns homens. Mas
quando se instalam tanto nas cidades gregas como bárbaras, seguem
as costumes da terra, da roupa e da comida, e em outros assuntos
da vida diária, contudo a condição de cidadania que eles exibem
é maravilhosa e notavelmente estranha. Vivem em seus países, mas
simplesmente como viajantes. Compartilham a vida de cidadãos, e
acolhem grupos de estrangeiros. Toda terra estrangeira é para eles
uma pátria, e toda pátria uma terra estrangeira. Eles se casam como
todo mundo faz. Fazem nascer suas crianças mas não as descartam
como alguns fazem. Oferecem uma mesa comum mas não uma cama comum.
Existem na carne, mas não vivem pela carne. Gastam a existência
deles na terra, mas a cidadania deles está no céu. Obedecem as leis
estabelecidas, mas em suas próprias vidas superam essas leis. Amam
todos os homens, e por todos são perseguidos. São desconhecidos,
e são condenados. São postos à morte, e ganham vida nova. São pobres,
e enriquecem a muitos. Falta-lhes tudo, e tudo tem em abundância.
São desonrados, e a desonra deles se torna a glória deles. São insultados,
e são justificados. São abusados, e eles abençoam. São ofendidos,
e respondem com honra. Fazem o bem, e são castigados como malfeitores;
e no castigo deles eles se alegram como ganhassem vida nova com
isso. Os judeus guerreiam contra eles como estranjeiros, e os gregos
os perseguem; e por mais que eles sejam odiados não dão nenhum espaço
à inimizade. Em uma palavra,
assim como a alma está no corpo, os cristãos estão no mundo. A alma se espalha por todos os
membros do corpo, e os cristãos através de todas as cidades do mundo.
A alma habita no corpo, mas não é o corpo.
Os cristãos habitam no mundo, mas não são do mundo» (Carta a Diognetus, 5:1-17;
6:1-4, escrita em ~ 300 A.D.).
Comunalismo
por
Kenneth Rexroth. Desde que o cristianismo se tornou igreja, enquanto
estrutura de poder, os doutores da Igreja vem depreciando ou negando
a natureza comunal do cristianismo primitivo. Um leitor sem preconceitos,
distante de toda essa controvérsia, lendo o Novo Testamento pela
primeira vez, certamente formaria a impressão de que o cristianismo
primitivo foi comunista e que sua «vida comunal» permaneceu firme
ao longo do ministério de Paulo, e se aprofundasse sua pesquisa,
concluiria que esse comunismo continuou ao longo do tempo dos pais
apostólicos.
Quem
é Jesus? por
William Barclay.«Por esta mesma época viveu Jesus, um sábio homem,
se é
que se poderia chamá-lo de homem.
Porque ele foi alguém que realizou feitos muito surpreendentes
e era um mestre dos que aceitavam a sua verdade alegremente. Atraiu
muitos judeus e muitos gregos. Era o Messias. Quando Pilatos,
depois de ouvir as acusações a Jesus, partidas de alguns dos mais
poderosos homens da época, condenou-o à
morte na cruz, aqueles que se encontravam entre os seus primeiros
seguidores, não desistiram de sua afeição por ele. No terceiro
dia, depois de sua morte, ele apareceu aos seus discípulos restaurado
à vida, porque os profetas de Deus tinham profetizado estas e
muitas outras maravilhas a respeito dele. A comunidade dos
Cristãos, assim chamada em sua homenagem, até os dias de hoje
ainda não desapareceu». Josephus, Antiguidade dos Judeus, 18.3.
«Conseqüentemente, para se livrar da culpa [de ter incendiado
Roma], Nero transfere e inflinge as mais terríveis torturas a
uma classe odiada por suas ações tidas como detestáveis, chamada
de Cristãos, pela população. Cristo, em quem o nome teve origem,
sofreu a punição extrema durante o reinado de Tibério, das mãos
de um de seus procuradores -- Pôncio Pilatos -- e a mais detestável
superstição, reprimida a princípio, novamente rompeu, não somente
na Judéia, a primeira fonte do mal, mas mesmo em Roma». Tacitus,
Os Anais, 15.44.
«Eles têm cultivado o hábito de se reunirem em certos dias fixos,
antes do amanhecer, quando cantam versos alternados de hinos a
Cristo e a Deus, unindo-se uns aos outros em votos de não cometerem
qualquer ato de maldade, jamais praticando a fraude, roubo ou
adultério, nem faltando à palavra empenhada ou negando a confiança
que tenha merecido, conforme seu costume, reúnem-se para a partilha
do alimento, mas de natureza comum e de qualidade inocente». Plínio
(o Moço), Cartas ao Imperador Trajano, ano 96 A.D.
Outras
narrativas da antigüidade
«Sabendo que desejas conhecer,
passo à narrativa. Existe em nossos tempos um homem, o qual vive
atualmente de grandes virtudes, chamado Jesus. Pelo povo é inculcado
de grande profeta da verdade, e os seus discípulos dizem que é
filho de Deus, criador do céu e da terra e de todas as coisas
que nela se acham e que nela tenham estado. Ó César, a cada dia
se ouvem coisas maravilhosas desse Jesus: ressuscita os mortos,
cura os enfermos, em uma só palavra: é um homem de justa estatura
e muito belo no aspecto, e há tanta majestade no rosto, que aqueles
que o vêem são forçados a amá-lo ou a temê-lo. Tem os cabelos
da cor da amêndoa bem madura, são distendidos até as orelhas,
e das orelhas até as espáduas, são da cor da terra, porém mais
reluzentes. Tem no meio da sua fronte uma linha separando os cabelos,
na forma em uso nos nazarenos, o seu rosto é cheio, o aspecto
é muito sereno, nenhuma ruga ou mancha se vê em sua face, de uma
cor moderada. O nariz e a boca são irrepreensíveis. A barba é
espessa, semelhante aos cabelos, não muito longa, mas separada
pelo meio. Seu olhar é muito afetuoso e grave, tem os olhos expressivos
e claros, o que surpreende é que resplandecem no seu rosto como
os raios de sol, porém, ninguém pode olhar fixo o seu semblante,
porque quando resplende, apavora, e quando ameniza, chora, faz-se
amar e é alegre com gravidade. Diz-se que nunca ninguém o viu
rir, mas antes, chorar. Tem os braços e as mãos muito belas. Na
palestra contenta muitos, mas o faz raramente e, quando dele se
aproxima, verifica-se que é muito modesto na presença e na pessoa.
É o mais belo homem que se possa imaginar, muito semelhante a
sua mãe, a qual é de uma rara beleza, não se tendo jamais visto
por estas partes uma mulher tão bela. Porém, se Vossa Majestade,
ó César, deseja vê-lo, dê-me ordens, que não faltarei de mandá-lo
o mais depressa possível. De letras, faz-se admirar por toda a
cidade de Jerusalém, ele sabe todas as ciências e nunca estudou
nada. Ele caminha descalço e sem coisa alguma na cabeça. Muitos
se riem, vendo-o assim, porém, em sua presença, falando com ele,
tremem e o admiram. Dizem que tal homem nunca fora ouvido por
estas partes. Em verdade, segundo me dizem os hebreus, não se
ouviram jamais tais conselhos, de grande doutrina como ensina
este Jesus, muitos judeus o têm como Divino e muitos querelam,
afirmando que é contra a lei de Vossa Majestade. Eu sou grandemente
molestado por estes malignos hebreus. Diz-se que este Judeu nunca
fez mal a quem quer que seja, mas ao contrário, aqueles que o
conhecem e com ele têm praticado, afirmam terem dele recebido
grandes benefícios e saúde, porém a sua obediência estou prontíssimo,
àquilo que Vossa Majestade ordenar será cumprido. Sou, da Vossa
Majestade, fidelíssimo e obrigadíssimo[...] Públius Lentulus,
presidente da Judéia, Linbizione sétima, luna seconda». [Carta
a Tibério César, Arquivo do Duque de Cesarini, em Roma]
«Impôs êstes tormentos refinados àqueles que por sua abominação
faziam-se detestar e que o povo chamava cristãos. Este nome lhes
vem de Cristo, que, sob o principado de Tibério, o procurador
Poncio Pilatos havia livrado do suplício. Começou por agarrar
aqueles que confessavam sua fé depois, sobre suas informações,
uma multidão de outros, que foram acusados menos do crime do incêndio
do que de ódio contra o gênero humano. Não se contentou unicamente
de os ferir; fêz-se que eles fossem revestidos de pelo de animais
para que eles fossem triturados pelos dentes das feras: ou eram
presos nas cruzes, ou em madeira inflamada, e, quando o dia terminou,
eles clareavam as trevas com as tochas. Nero havia ofertado seus
jardins para o espetáculo, e deu em espetáculo ao circo, misturando-se
com a população no decorrer dele. Se qualquer destes punidos eram
culpados e dignos dos últimos e mais rigorosos castigos, dever-se-ia
ter piedade, pois dizia-se que não era mais do interesse público,
mas pela crueldade de um só homem.» Tácito, Os Anais, citado por
José Jobson de Andrade Arruda, FLCHUSP, em História Antiga
e Medieval, Ed. Objetivo, pág. 59.
«O Diácono Sanctus sofria com sôbre-humana força todos os suplicios
que os carrascos podiam inventar. A todas as perguntas ele respondia
em latim: 'Eu sou cristão!' Não se lhe pode tirar outra resposta.
Isso bastou para inflamar a ira do proconsul e dos verdugos: não
tendo outro castigo a sua disposição, aplicaram-lhe chapas quentes
nos lugares mais sensíveis do corpo. Mas enquanto os membros assavam,
a sua alma não se dobrava, e, ele persistia na sua confissão.
Maturus e Sanctus sofreram de novo toda a série dos suplícios
como se nada tivessem sofrido anteriormente; as chicotadas, as
mordeduras das feras que os arrastavam na areia, e tudo aquilo
que o capricho de uma multidão insensata reclamava aos gritos:
depois, sentaram-nos na cadeira de ferro abrasado e, enquanto
os seus membros queimavam, a repugnante fumaça de carne assada
enchia o anfiteatro. Longe de tranquilizar -se, o furor mais se
inflamava; assim mesmo a multidão queria triunfar da constância
dos mártires. Entretanto não se conseguiu que Sanctus pronunciasse
uma só palavra, a não ser aquela que não cessara de repetir desde
o começo: 'Eu sou cristão!' Para terminar, cortou--se a garganta
dos dois mártires, que ainda respiravam, Blandina, uma jovem escrava
cristã, durante todo esse tempo, achava-se suspensa em um poste
e exposta às feras; nenhuma fera tocou o corpo de Blandina. Tiraram-na
então do poste e levaram-na para uma outra sessão. Blandina ficou
para o fim. Após ter sofrido o azorrague, as feras, a cadeira
de fogo, foi encerrada em uma rêde e atirada diante de um touro.
Este lançou-a várias vezes ao ar com os chifres; ela parecia nada
sentir, tôda entregue à sua esperança, prosseguindo o colóquio
interior com Cristo. Fianalmente, degolaram-na. 'É verdade, diziam
os gauleses saindo, jamais se viu em nosso país uma mulher sofrer
tanto'.» Extraído de uma Carta dos Cristãos de Lião aos Cristãos
da Ásia, 177 A.D., citado por José Jobson de Andrade Arruda, FLCHUSP,
História Antiga e Medieval, Ed. Objetivo, pág. 61e 62.

História
As Guerras Camponesas
«Na Guerra Camponesa de 1523-1525 ( a Revolta Camponesa
de Thomas Münzer) os mais radicais eram os anabatistas. Em matéria de
religião eram extremamente individualistas, rejeitando qualquer sacerdócio
e acreditando que Deus continuava a se comunicar diretamente com os
eleitos. Do ponto de vista social, a seita anabatista era composta por
camponeses empobrecidos, por aprendizes tecelões, ou seja, pelas camadas
mais oprimidas da sociedade alemã. Seu principal líder era Thomas Münzer,
que pregava a abolição da propriedade privada. Os camponeses e os aprendizes
das cidades revoltaram-se contra o domínio da grande e pequena nobreza,
dos sacerdotes e dos cidadãos ricos das cidades.
Os camponeses revoltosos queriam que lhes fossem
devolvidas as terras comunais, usurpadas pelos senhores e a diminuição
do tributo em espécie e em trabalho. Na Alemanha Central, o movimento
tornou-se tipicamente revolucionário, com os camponeses exigindo a abolição
da servidão e a posse comunitária da terra. Em toda a Alemanha eram
queimados os conventos e os castelos da nobreza feudal. Em algumas regiões,
as cidades auxiliaram o movimento camponês.
A falta de união e organização nas forças camponesas
facilitou o seu esmagamento pela grande nobreza, aliada aos cavaleiros,
aos burgueses, à igreja luterana e à igreja católica. O próprio Lutero
incentivou o esmagamento dos camponeses. Mais de 100 mil foram mortos
e Münzer foi decapitado». [História Geral - Antônio Pedro e Florival
Cáceres - Ed.Moderna].
Mais sobre Thomas Münzer em
http://www.oocities.org/projetoperiferia/comunalismo3.htm

Passagens anti-hierarquia (Novo Testamento):
«Ai
de vocês, que vivem estudando religião e escondem do povo a verdade...»
Lucas 11:52. [Éfeso, ~ 90 A.D.]
«...Todos
vocês estão no mesmo nível como irmãos... Não sejam chamados de 'Mestre'...
Vocês parecem ser santos,... enquanto estão expulsando as viúvas das
casas delas... Vocês vão a qualquer distancia para converter alguém,
e depois fazem a mesma pessoa duas vezes mais digna do inferno do que
vocês mesmos... Guias cegos!... Fingidos! ... se esquecem das coisas
mais importantes – a justiça... Vocês coam um mosquito e engolem
um camelo. Vocês são tão cuidadosos em limpar a parte de fora da taça,
mas o interior esta imundo de exploração dos outros e de cobiça....
Limpem primeiro o interior da taça, então ela inteira ficara limpa...
Vocês são como belos túmulos – cheios de ossos de homens mortos,
de podridão e sujeira... vocês procuram parecer homens santos,
mas por baixo desses mantos de bondade, estão corações manchados de
toda espécie de fingimento...». Mateus 23:8, 10, 14, 16, 23 –
28. [Antioquia, ~ 80 A.D.]
«Portanto
Jesus os chamou e disse: 'Como vocês sabem, os reis e os homens importantes
da terra dominam sobre o povo. Porém entre vocês é diferente... '» Marcos
10:42,43. [Roma,
~ 70 A.D.]

Passagens anti-hierarquia (Antigo Testamento):
«‘Escolha um rei para nós;
veja que todas as outras nações têm seu rei’, disseram os chefes
de Israel. Samuel não ficou contente com esse pedido de um rei, e orou
ao Senhor pedindo conselho. ‘Faça o que eles pedem’, respondeu
o Senhor, ‘pois é a Mim que rejeitam, e não a você – eles
não querem mais que Eu seja o Rei deles.... Faça conforme eles pedem,
mas também não deixe de avisar a eles, com toda seriedade o que é ter
um rei!’. Assim, Samuel contou ao povo o que o Senhor tinha dito:
‘Se vocês insistem em ter um rei, ele vai convocar os seus filhos,
e esses rapazes terão de correr na frente dos carros do rei; alguns
serão obrigados a chefiar os soldados do rei na guerra, enquanto outros
trabalharão como escravos; serão forçados a cultivar os campos do rei,
e fazer as colheitas, sem receber pagamento; terão de fabricar armas
para os soldados e equipamento para os carros de combate. Ele vai tomar
suas filhas e obrigará essas moças a cozinharem para ele, fabricar pão
e perfumes. Tomará de vocês o melhor dos seus campos e das suas plantações
de uvas e de oliveiras e dará essas propriedades aos amigos dele. Tomará
a décima parte das colheitas de vocês, e dará aos seus amigos prediletos[...]Vocês
terão de entregar a ele a décima parte dos seus rebanhos, e serão escravos
do rei. Vocês vão chorar lágrimas amargas por causa deste rei que estão
exigindo, mas o Senhor não virá ajudar vocês’. Porém o povo não
quis atender ao aviso de Samuel. ‘Mesmo assim, ainda queremos
um rei’, eles disseram, ‘porque desejamos ser iguais às
nações ao nosso redor. Ele nos governará, e nos conduzirá à guerra’.
Samuel contou ao Senhor o que o povo havia dito, e o Senhor respondeu
novamente: ‘Então faça conforme eles pedem, e dê a eles um rei’
». I Sm 8:1-22. [ ~ VI A.C.]
«Oh Israel! Vocês produziram a sua própria desgraça!.
Só Eu poderia salvá-los! Onde está o seu rei? Por que não pedem ajuda
a ele? Onde estão as autoridades do país? Vocês pediram um rei e príncipes!
Agora, eles que tratem de salvá-los». Oséas 13:9,10; «... os Sacerdotes
formam turmas de assassinos na estrada de Siquém...» Oséas 6:9;
«o povo de Israel ficará muito tempo sem um rei
ou um príncipe, sem altar, sem templo, sem sacerdotes e sem ídolos»
Oséas 3:4; «ouçam isto, sacerdotes e líderes de Israel! Escutem, membros
da família real! Vocês estão condenados porque enganaram o povo...»
Oséas 5:1;
«... sua religião não passa de um monte de leis
feitas por homens, que aprenderam de tanto repetir» Isaías 29:15;
«Vão desaparecer os soldados, os juízes, os profetas
verdadeiros e os falsos, e os velhos cidadãos; os oficiais do exército,
os comerciantes, os advogados, os mágicos e os feiticeiros. Os reis
de Israel serão como crianças - suas leis e suas ordens serão tolices
de criança.» Isaías 3:2-4;
«Não há nada que Eu odeie tanto quanto uma religião
fingida» Isaías 2:13;
«Acabem com esse barulho de suas canções; eles
são um barulho que incomoda meus ouvidos. Não ouvirei suas músicas,
por mais belas que sejam. O que Eu quero é a justiça correndo como um
rio. Quero ver uma correnteza de justiça e retidão». Amós 5:23, 24.
[~ Século VIII A.C.]

Passagens anti-capitalismo (Novo Testamento):
«...eram um só na mente e no coração,
e ninguém pensava que aquilo que possuía era seu próprio; todo mundo
estava repartindo o que tinha...» Atos 4:32;
«Todos os crentes se reuniam constantemente e
repartiam tudo uns com os outros, vendendo suas propriedades e dividindo
com os que tinham necessidade. Regularmente eles adoravam juntos no
templo todos os dias, reuniam-se em grupos pequenos nas casas para a
Comunhão, e participavam das suas refeições com grande alegria e gratidão,
louvando a Deus. A cidade inteira tinha simpatia por eles, e cada dia
o próprio Senhor acrescentava à igreja todos os que estavam sendo salvos».
Atos 2.44-47;
«Não se preocupem por terem ou não bastante comida
para comer ou roupas para vestir. Porque a vida é muito mais do que
apenas comida ou roupa. Olhem para os corvos - eles não plantam, não
colhem, nem têm depósitos para guardar seu alimento, e ainda assim passam
bem - pois Deus cuida deles. E vocês valem muito mais para Deus que
uma ave! Além disso, qual é a vantagem de preocupar-se? Que bem faz?
Isso aumentará, em um dia só que seja, a vida de vocês? Claro que não!
E se a preocupação não pode nem mesmo fazer coisas tão pequenas, qual
é a vantagem de preocupar-se por coisas maiores? Olhem para os lírios!
Eles não trabalham nem tecem, e Salomão em toda sua glória não se vestiu
tão bem como eles. E se Deus dá esta roupagem para as flores que hoje
estão aqui e amanhã desaparecerão, vocês não acham que Ele proverá roupa
para vocês, seus incrédulos? E não se preocupem com o que comer e o
que beber; não se preocupem com nada, porque Deus proverá tudo para
vocês. A humanidade cansa-se por causa da comida de cada dia, mas o
Pai celeste conhece as necessidades de todos. Ele sempre dará tudo o
que vocês precisam dia a dia, se procurarem em primeiro lugar ser fiéis
ao Reino de Deus (...) Vendam o que têm e dêem aos que estão em necessidade.
Isto aumentará seus tesouros no céu, onde não há ladrão para roubar,
nem traça para destruir. Onde estiver o seu tesouro, ali estará também
o seu coração e ainda seus pensamentos.» Lucas 12:23-34, [Éfeso,
~ 90 A.D.]
«Pois escutem! Ouçam os clamores dos trabalhadores
que voces enganaram no pagamento. Os clamores deles chegaram até os
ouvidos do Senhor dos Exércitos. Vocês engordaram seus anos aqui na
terra divertindo-se, satisfazendo todos os seus caprichos, e agora seus
corações engordados estão prontos para a matança. Vocês condenaram e
mataram homens bons que não tinham nenhuma força para se defenderem
contra vocês.» Tiago 5:4-6

Passagens anti-governo (AT):
«'Escolha um rei para nós; veja
que todas as nações têm seu rei', disseram os chefes de Israel. Samuel
não ficou contente com esse pedido de um rei... Se vocês insistem em
ter um rei, ele vai convocar os seus filhos, e esses rapazes terão de
correr na frente dos carros do rei, alguns serão obrigados a chefiar
soldados do rei na guerra, enquanto outros trabalharão como escravos;
serão forçados a cultivar os campos do rei, e fazer colheitas, sem receber
pagamento; terão de fabricar armas para os soldados e equipamento para
os carros de combate. Ele vai tomar suas filhas obrigará essas moças
a cozinharem para ele, fabricar pão e perfumes. Tomará de vocês o melhor
de seus campos e das suas plantações de uvas e de oliveiras e dará essas
propriedades aos amigos deles. Tomará a décima parte das colheitas de
vocês, e dará aos seus amigos prediletos... Vocês vão chorar lágrimas
amargas por causa deste rei que estão exigindo... Porém o povo não quis
atender o aviso de Samuel. 'Mesmo assim, ainda queremos um rei', eles
disseram, 'porque desejamos ser iguais às nações ao nosso redor...'» I
Samuel 8:5-6, 11-15, 18-19. [~ Século VI A.C.]
«Os primeiros a ser castigados serão os velhos
e os príncipes, que exploraram o povo. Encheram os bolsos com o que
roubaram de gente pobre e humilde» Isaías 3:14; «A minha justiça será
o prumo e a régua com que Eu medirei o muro que vocês construíram: ele
parece bom, mas será derrubado por uma chuva de pedras» (Isaías 29:17);
«O rei se alegra com a maldade dos habitantes de
seu país, e os príncipes riem das mentiras que eles contam» Oséias 7:3;
«Os líderes de Judá se tornaram ladrões da pior
espécie...» (Oséas 5:10); «...O governador
e o juiz exigem gratificações 'por fora'. A pessoa rica paga o que eles
pedem e diz a quem devem condenar. A justiça é torcida nos planos que
fazem. O melhor destes homens fere como se fosse um espinho. O mais
correto é tão torto quanto uma cerca de espinheiros!...» Miquéias 7:3,4
[~ Século VIII A.C.]

Passagens anti-bélicas (AT):
«Todas as armas das nações serão transformadas em ferramentas úteis,
pás, arados, e enxadas. Nunca mais se falará de guerra, não haverá mais
quartéis ou escolas militares» Isaías 2:4;
«... Os homens derreterão suas espadas e farão
arados, das suas lanças farão podadeiras. As nações não lutarão mais
entre si, porque as guerras acabarão. Haverá paz universal e todas as
escolas militares e quartéis serão fechados. Todos viverão tranqüilamente
em suas próprias casas, em paz e prosperidade porque não haverá nada
a temer.» (Miquéias 4:3,4). [~ Século VIII A.C.*]
* fonte de pesquisa: «Como nos veio a Bíblia», Edgar J. Goodspeed,
1968, Imprensa Metodista

Existem anarquistas cristãos?
Sim, existem. A maior parte dos anarquistas
se opõem tanto à religião como à idéia de Deus como uma invenção anti-humana
e uma justificação para o autoritarismo e escravidão, porém, muitos
crentes em religião tem pautado suas idéias em conclusões anarquistas.
Como todos anarquistas, esses religiosos anarquistas combinam a oposição
ao Estado com uma oposição crítica à propriedade privada e à desigualdade.
Em outras palavras, o anarquismo não é necessariamente ateísta. Segundo
Jacques Ellul, «de acordo com os pensadores cristãos, o pensamento bíblico
conduz diretamente ao anarquismo, a única posição 'política anti-política'»
. [citado por Peter Marshall, Demanding the Impossible, p. 75]. Existem
variados tipos de anarquismo inspirados por idéias religiosas. Conforme
Peter Marshall relata, a «primeira expressão clara de uma sensibilidade
anarquista pode ser encontrada nos taoístas da velha China por volta
do sexto século AC» e no «Budismo, particularmente em sua forma Zen,
... teve... um forte espírito libertário.» [Op. Cit., p. 53, p. 65]
Alguns combinam idéias anarquistas com influências pagãs e espiritualistas.
Contudo, o anarquismo religioso atualmente tomou a forma de anarquismo
cristão, no qual vamos nos concentrar aqui.
Os cristãos anarquistas levam muito a sério as palavras
de Jesus a seus seguidores de que «os reis e os homens importantes
da terra dominam sobre o povo. Porém entre vocês é diferente» (Marcos
10:42,43). De forma similar, o dístico de Paulo de que «não há nenhuma
autoridade exceto Deus» é obviamente associado à autoridade estatal
sobre a sociedade. Isto significa, para um verdadeiro cristão, que o
Estado além de usurpar a autoridade de Deus tira de cada indivíduo a
chance de se governar a si mesmo e de descobrir que (conforme o título
do famoso livro de Tolstoy) o Reino de Deus está dentro dele.
De forma similar, a pobreza voluntária
de Jesus, seus comentários sobre os efeitos corruptores da riqueza e
o clamor bíblico de que o mundo foi criado para a humanidade viver em
comunhão, tem tudo a ver com a base da crítica socialista à propriedade
privada e ao capitalismo. Somando-se a isto, a primitiva igreja cristã
(que poderia ser considerada como um movimento de libertação de escravos,
embora mais tarde tenha sido cooptada como religião de Estado) baseava-se
na comunística divisão dos bens materiais, um tema que continuamente
aparece em movimentos radicais cristãos (suspeita-se que a Bíblia teria
sido usada para expressar as aspirações radicais libertárias dos oprimidos,
e que, com o tempo, foi tomando a forma da terminologia anarquista e
marxista). Veja o comentário de John Ball durante a Revolta Camponesa
em 1381 na Inglaterra:
«When Adam delved and Eve span,
Who was then a gentleman?»
A historia do anarquismo cristão inclui
a Heresia do Espírito Livre na Idade Média, quando muitos se levantaram
em revolta como os Anabatistas
no século XVI. Depois disto, a tradição libertária dentro da cristandade
surge novamente nos escritos de William Blake no século XVIII e depois
na obra do americano Adam Ballou produzida em 1854: Practical Christian
Socialism, plena de conclusões anarquistas. Contudo, o anarquismo cristão
só se tornou claramente reconhecido no movimento anarquista com a obra
do famoso escritor russo Leon Tolstoy.
Tolstoy levou a sério a mensagem da
Bíblia e considerou que o verdadeiro cristão precisa se opor ao Estado.
Com esta leitura da Bíblia, Tolstoy chegou a conclusões anarquistas:
«governar significa usar a força, e usar a força significa fazer
para os outros o que certamente não gostaríamos que fosse feito para
nós. Consequentemente, governar significa fazer aos outros o que não
gostaríamos que os outros fizessem para nós, isto é, fazer o mal.»
[The Kingdom of God is Within You, p. 242]. Um verdadeiro cristão deve
ser avesso a governar os outros. A partir dessa posição anti-estatista
ele naturalmente passou a defender uma sociedade auto-organizada: «Porque
pensar que pessoas comuns não são capazes de auto-organizar suas vidas,
e que governantes o farão não em proveito próprio mas em proveito dos
outros?» [The Anarchist Reader, p. 306]. Tolstoy proclamava ação
não-violenta contra a opressão, e via a transformação espiritual dos
indivíduos como a chave para a criação de uma sociedade anarquista.
Conforme Max Nettlau argumentava, a «grande verdade expressa por
Tolstoy é que o reconhecimento do poder do bem, da bondade, da solidariedade
- e de tudo que se chama amor - está dentro de nós mesmos, e que isto
pode e precisa brotar, desenvolver-se e exercitar-se em nossa própria
existência.» [A Short History of Anarchism, pp. 251-2]. Como
todos os anarquistas, Tolstoy criticava a propriedade privada e o capitalismo.
Da mesma forma que Henry George (cujas idéias, tanto quanto as de Proudhon,
tiveram um forte impacto sobre ele) ele se opunha à propriedade da terra,
argüindo que «não há nada que justifique a propriedade da terra,
e sua conseqüente valorização, as pessoas não foram criadas para viver
em espaços restritos mas para ocupar a terra livre tão abundante no
mundo». Contudo, «nesta luta [pela propriedade da terra] não
são aqueles que trabalham na terra, mas aqueles que participam em um
governo violento que saem ganhando.» [Op. Cit., p. 307] Segundo
Tolstoy os direitos de propriedade de qualquer meio de produção requer
a violência do Estado para protegê-lo (a possessão é «sempre protegida
pelos costumes, opinião pública, pelo senso de justiça e reciprocidade,
e nunca precisa ser protegida pela violência.» [Ibid.]). Acrescentando,
ele argumenta que:
«Dezenas de milhares de acres de
terras cobertas por florestas pertencem a um único proprietário - enquanto
que milhares de pessoas... precisam ser contidas pela violência. Criam-se
fábricas e ofícios onde muitas gerações de trabalhadores são fraudadas.
Uma situação onde centenas de milhares de sacas de grãos, pertencentes
a um só dono, aguardam os tempos de fome para serem vendidas pelo triplo
do preço.» [Ibid.]
Tolstoy argumenta que o capitalismo conduz o indivíduo à ruína moral
e física, e que capitalistas são «condutores de escravos.» Ele
considera impossível para um verdadeiro Cristão ser um capitalista,
pois o «patrão é um homem cujo ganho consiste na supressão de valores
pertencentes a trabalhadores cuja ocupação principal baseia-se em trabalhos
forçados, contra a natureza humana» portanto, «ele [patrão]
arruina vidas humanas em proveito próprio.» [The Kingdom Of God
is Within You, p. 338, p. 339] Tolstoy qualifica as cooperativas como
«atividade social onde a moral e o auto-respeito faz com que as pessoas
queiram ficar bem distantes da violência». [citado por Peter Marshall,
Op. Cit., p. 378]. A partir de sua oposição à violência, Tolstoy rejeita
tanto o Estado como a propriedade privada e defende táticas pacifistas
para dar um fim à violência dentro da sociedade e gerar uma sociedade
justa. Nas palavras de Nettlau, ele «defendeu a . . . resistência
ao mal; e a essa forma de resistência - pela força ativa - ele acrescentou
outro caminho: a resistência pela desobediência, a força passiva.» [Op.
Cit., p. 251] Em suas idéias sobre uma sociedade livre, Tolstoy foi
claramente influenciado pela vida rural russa e pelas obras de Peter
Kropotkin (como Fields, Factories and Workshops), de J. P. Proudhon
e do não anarquista Henry George.
As idéias de Tolstoy tiveram uma forte
influência em Gandhi, que inspirou muita gente em seu país ao uso da
resistência não-violenta para acabar com o domínio britânico da Índia.
Aparentemente, a visão de Gandhi de uma Índia livre enquanto uma federação
de comunas é similar à visão anarquista de Tolstoy de uma sociedade
livre (embora tenhamos clareza de que Gandhi não foi um anarquista).
O Catholic Worker Group nos Estados Unidos foi também fortemente influenciado
por Tolstoy (e Proudhon), assim como por Dorothy Day, uma destacada
anarquista e pacifista Cristã fundadora do jornal Catholic Worker em
1933. A influência de Tolstoy e do anarquismo religioso em geral pode
também ser encontrado nos movimentos ligados à Teologia da Libertação
nos países latinos e na América do Sul que combinam idéias cristãs com
ativismo social em meio às classes trabalhadoras e marginalizados (embora
não haja dúvida que a Teologia da Libertação em geral inspira-se mais
em um Estado socialista do que em idéias anarquistas).
Em países onde a Igreja controla de
fato o poder político, como a Irlanda, partes da América do Sul, e Espanha,
que exerceu grande influência em todo século XIX e no começo do século
XX, os anarquistas foram fortemente anti-religiosos porque a Igreja
tinha o poder de reprimir a dissidência e a luta de classes. Tanto que,
quase todos anarquistas eram ateístas (e concordavam com Bakunin que
se Deus existisse seria necessário, para a liberdade e dignidade humana,
aboli-lo), existe uma tradição minoritária dentro do anarquismo que
desvincula conclusões anarquistas da religião. Nesta mesma direção,
muitos anarquistas sociais consideram o pacifismo tolstoyano como dogmático
e extremo, vendo a necessidade (algumas vezes) do uso da violência para
resistir a um grande mal. Contudo, muitos anarquistas concordam com
os tolstoyanos no que se refere à necessidade de uma transformação dos
valores individuais como o aspecto chave para a criação de uma sociedade
anarquista, e da importância da não-violência enquanto tática geral
(embora, convenhamos, seja raro o anarquista que rejeite totalmente
o uso da violência na autodefesa, quando não restar outra alternativa).
o texto acima foi extraído de


Endereços em Inglês
Tradição
Anabatista, huterita, menonita, amish
http://www.hutterianbrethren.com/
Anabaptist www Site
Biblical Viewpoints - An Anabaptist-Mennonite Site
Menno-Link
Mennonite
Church USA
Mennonite.net
Third Way Cafe
Tradição Quaker
A Quaker Understanding
of Jesus Christ
House Church -- Igreja Caseira
Back to the Beginning
See Sharp Press
Anarchism
and Religion por Nicolas Walter
Anarchists
Are there religious anarchists?
|