O QUE ESCONDE O VÉU DA INSTITUIÇÃO RELIGIOSA?
Instituições, Cerimoniais e Sacramentos Religiosos – Celeiro do Atraso Espiritual e do Charlatanismo
A igreja, do grego ekklesia que em seu sentido original significa
cidadãos reunidos, não pode ser definida em termos de instituições
e cerimoniais mas em relacionamentos pessoais e espirituais.
E por isso, quem sabe não seja a hora de abolir definitivamente
todas as instituições religiosas, sacramentos e práticas
cerimoniais, grande celeiro do atraso espiritual e do charlatanismo.
Tais organizações e práticas apenas servem aos
aproveitadores que, para obter vantagens pessoais, manipulam o sentimento
religioso popular, deitando e rolando em cima da angústia e sofrimento
alheio. Não foi por acaso que as palavras mais duras de Jesus foram
dirigidas justamente contra esses mercenários travestidos de “ungidos”
e de “líderes” religiosos, que dando a si mesmos o título
de “representantes” de alguma divindade se fingem de santos e enganam suas
vítimas. Não foi por acaso que esses charlatães foram
chamados de “túmulos caiados de branco” pelo carpinteiro de Nazaré.
É a qualidade do relacionamento pessoal e da postura espiritual
que define quem é quem naquele mundo espiritual e ideal onde “o
menor é o maior”. Exatamente o inverso do que vemos ao nosso redor
onde as pessoas são capazes de fazer qualquer coisa, até
mesmo matar ou morrer, para alcançar o poder ou ocupar uma posição
de destaque em suas relações econômicas e sociais.
Tanto os profetas de Israel como Jesus e os apóstolos, travaram
uma luta mortal contra o sistema legalístico onde religiosos e governantes,
num esforço conjunto, impõem suas vontades sobre o povo,
forçando a submissão a leis e intrincadas regras impossíveis
de cumprir e que nem mesmo os autores dessas leis seguem.
Temos visto, desgraçadamente, como os chamados cristãos,
com seus líderes religiosos e governantes, através da história,
percorrem os mesmos caminhos dos seguidores de Baal
e dos assassinos daqueles que levantaram sua voz contra a escravidão
e injustiça na terra. Em nome da obediência a toda sorte de
despotismo foram esses mesmos facínoras que defenderam a teocracia
de Calvino em Gênova, o nazismo de Hitler em Berlim e atualmente
dão suporte ao imperialismo capitalista que leva metade dos habitantes
do planeta a viver com menos de 1 dólar por dia (segundos dados
fornecidos no início deste mês pela ONU). É irônico
o fato de que não há nenhuma passagem em toda a bíblia
que seja tão citada como o capítulo 13 de
Romanos. Na verdade, a famosa epístola aos Romanos, longe de
ser um documento formal, cuidadosamente organizado e meticulosamente elaborado,
foi de fato dirigida a pessoas em um momento e local específico,
uma simples carta de caráter pessoal que após cumprir seus
objetivos imediatos seria descartada. Tudo o mais escrito e vivido pelo
apóstolo vai no sentido oposto ao legalismo ou à obediência
ao governo. Não podemos esquecer que ele foi morto por desobedecer
ao governo. Sua própria labuta revelou que viver sem governo significa
viver entre as pessoas e eventos assumindo uma postura de caráter
diferenciado traduzida em espontaneidade e integridade na responsabilidade
pessoal, coisa bem distinta de leis e códigos estereotipados que
destoam da essência daquilo que se pratica, onde é exigido
aquilo que é impossível de ser cumprido.
A lei traz consigo a escravidão, um não convive sem o
outro. Não há liberdade sob a lei.
De qualquer forma, é difícil deixar de ter uma total
aversão ao mundo sobrenatural que envolve os cerimoniais e as instituições
religiosas, com seus santos, pecadores, deuses, anjos, demônios,
milagres, etc. O charlatanismo que permeia esse ambiente em nada contribui
no deslindamento e na análise da experiência humana. Sem pretender
sentar na cadeira de juiz, e diante da dificuldade em separar o especialista
do charlatão, cabe aqui três considerações:
Primeiro, tudo que envolve cerimoniais e instituições
religiosas pode não passar de produto de uma imaginação
fora do comum, uma reedição das velhas superstições
ou, na pior das hipóteses, uma deliberada exploração
da credulidade humana por parte de mercenários ou exibicionistas.
Baal. Senhor. Possuidor. O deus sol, cujo centro de adoração era a Fenícia, donde se irradiou para os países vizinhos. Diante do templo de Baal os pais sacrificavam seus filhos, passando-os pelo fogo.
Carta de Paulo aos Romanos. Foi escrita
durante o famoso quinquênio Neronis AD 54-59, durante o governo de
Sêneca e Burrus. Muitos acreditam que as recomendações
paulinas sobre obediência à autoridade governamental dizem
respeito àquele governo específico no tempo em que a carta
foi escrita. Segundo eles, naqueles anos, qualquer tentativa de rebelião
na Judéia ocupada dificilmente teria o aval da participação
popular, surpreendentemente favorável aos governantes, coisa muito
rara nas terras dominadas pelo Império Romano.
Martelado ao infinito tanto na literatura cristã
como nas pregações nas igrejas; nenhuma outra passagem bíblica
tem trazido tantas monstruosas conseqüências à humanidade
como o capítulo 13 da carta aos Romanos.
Aquele diminuto grupo local de cristãos constituídos
em sua maior parte por escravos e pequenos comerciantes não possuía
qualquer tipo de responsabilidade ou de influencia nos assuntos públicos.
É difícil imaginar um homem como Paulo, que morreu sob uma
espada a mando do governo romano, usando essa linguagem referindo-se aos
últimos césares, mesmo que, por absurdo, seus procônsules
ou procuradores fossem íntegros e honestos.
Aparte disso também há uma possibilidade,
embora remota, de tratar-se de uma descarada inserção bem
ao gosto e estilo dos poderosos de todas as épocas. As provas em
que se apoia essa teoria são os antigos manuscritos de Tertuliano,
Ireneu, Cipriano e Marcion, onde determinadas passagens são deliberadamente
omitidas, levando a crer que o escrito original de Paulo era bem menor
que o que aparece hoje. O capítulo 16 por exemplo destoa completamente
do corpo da carta como um todo, contendo claros indícios de que
se destina aos Efésios e não aos Romanos.
railtong@g.com
Leia o livro de Frank Viola: http://www.oocities.org/projetoperiferia6/cristianismopagao180805.htm