CAPÍTULO CINCO

 

 

A IGREJA CASEIRA NO
NOVO TESTAMEMENTO

 

 

Deus Rejeita e Substitui Seu Conceito Original de Templo

 

Muitos dos crentes judeus em Jerusalem estavam desesperadamente mergulhados em um emaranhado de Leis e de tradições humanas.  Por causa da poderosa presença do templo, eles tinham grande dificuldade em abraçar aquela liberdade recentemente encontrada e a graça que veio por intermédio da cruz. Afinal de contas, o templo era magnífico com todo seu ouro, majestade e história. Estava ligado ao tabernáculo no deserto e às muitas visitações de Deus. Porém, era um monumento do passado, pois Deus há mais de quatrocentos anos não falava com seu povo através dele. Não obstante, o poder da tradição representava um obstáculo no formidável caminho do plano do Deus para o futuro. Então, Deus escolheu mover o centro de sua nova igreja de Jerusalém para a Antioquia:

 

Enquanto isso, os crentes que fugiam de Jerusalém durante a perseguição depois da morte de Estêvão viajaram até a Fenícia, Chipre e Antioquia, espalhando a Boa Nova, mas só aos judeus. Entretanto, alguns dos crentes, que foram de Chipre e de Cirene para Antioquia, apresentaram também a alguns gregos a sua mensagem a respeito do Senhor Jesus. E o Senhor favoreceu este trabalho, de modo que um grande número destes não-judeus se tornaram crentes.

 

Quando a igreja de Jerusalém soube o que tinha acontecido, mandaram Barnabé a Antioquia. Ao chegar e ver as maravilhosas coisas que Deus estava fazendo, ele ficou cheio de entusiasmo e de alegria, e animava os crentes a continuar firmes no Senhor. Barnabé era uma pessoa bem agradável, cheia do Espírito Santo, e muito forte na fé. Como resultado, grande número de pessoas uniu-se ao Senhor.

 

Então Barnabé foi a Tarso em busca de Saulo. Quando o encontrou, levou o amigo na volta para Antioquia; os dois ficaram lá um ano inteiro, ensinando a grande número de novos convertidos. (Foi ali em Antioquia que os crentes foram chamados 'cristãos' pela primeira vez).

(Atos 11:19-26). 

 

A Igreja de Antioquia tornou-se um exemplo que Paulo usou muitas vezes em suas viagens missionárias. O Espírito Santo não teve que contender com tradições humanas por ali. Ele encontrou as portas abertas para desenvolver a igreja de Antioquia da forma que achasse adequado. A igreja de Antioquia foi um exemplo para Paulo, e a igreja moderna deveria tomá-la como modelo.

 

Como podemos ver, especialmente na vida de Paulo, o judaísmo foi o primeiro grande inimigo de cristianismo. Desde sua infância, o cristianismo teve que enfrentar os fortes preconceitos da fé judaica e a amarga malícia dos judeus descrentes. Em sua região nativa e onde quer que fosse, a igreja foi obstada por este inimigo inflexível. Depois da morte dos apóstolos, a igreja sofreu grandemente com as pressões judaicas. Como resultado de tudo isso a congregação romana sucumbiu remodelando o cristianismo ao primitivo sistema judaico. Em Roma foi posto «vinho novo» em um «velho vaso» com todas as tradições visíveis de adoração do passado.

 

Deus Rejeita o Sacrifício Animal e o Templo

 

A continuação da prática dos judeus em derramar o sangue de cordeiros para a redenção depois do Filho de Deus ter vertido sangue no Calvário significou a absoluta rejeição da redenção perfeita de Deus. Embora prevista a crucifixão de Jesus e sua missão de Salvador do mundo, isso afligiu os responsáveis. O Pai ficou tão bravo e ofendido com a rejeição, perseguição e crucificação do Filho dele pelos líderes religiosos em Jerusalém que Ele marcou a destruição do templo para 72 D.C.. Os judeus interromperam sua prática de sacrifícios de animais desde aquele dia.

 

Nosso Pai preparou o caminho para a Maturidade da Igreja, mas Israel rejeitou o Messias e, por conseguinte, todas suas próprias esperanças e promessas se perderam. A cena de abertura de Mateus 24 é muito significativa. Jesus estava deixando a área do Templo. Estava agora realmente vazio, à vista de Deus. Todo aquele valor que lhe fora atribuido era coisa do passado. Dalí para a frente seria desolação. O Templo estava agora maduro para a destruição.

 

«Quando Jesus estava deixando a área do templo, seus discípulos vieram e queriam levá-lO para dar uma volta pelas construções do próprio templo. Porém Ele lhes disse: 'Todos estes edifícios serão derrubados, e não será deixada nenhuma pedra em cima de pedra'».  (Mateus 24:1-2).

 

Podemos sentir como se estivéssemos no cinema assistindo aqueles momentos terríveis antes, durante e depois da destruição do templo e de Jerusalém, como Andrew Miller revela em detalhes:

 

«Depois dos romanos experimentarem muitas decepções e fracassos tentando romper o muro, e pela desesperada resistência dos judeus insurgentes, havia pouca esperança de tomar a cidade, Titus chamou um conselho de guerra. Foram discutidos três planos: atacar violenta e imediatamente a cidade; reorganizar as oficinas e reconstruir as máquinas; ou cercar e bloquear a cidade para que se rendesse pela fome. O último foi preferido, e todo exército 'entrincheirou-se' ao redor da cidade. Mas o assédio foi longo e difícil. Durou da primavera até setembro. E durante todo aquele tempo, uma penúria sem paralelo se abateu sobre os sitiantes. Mas afinal o fim veio, e tanto a cidade como o templo cairam na mão dos romanos. Titus estava ansioso por apoderar-se do magnífico templo e seus tesouros. Mas, contrariando suas ordens, um soldado, montado nos ombros de um dos camaradas dele, lançou um tição ardente em uma pequena porta dourada na parte externa na entrada do edifício. As chamas se alastraram. Titus, observando isto, dirigiu-se rapidamente ao local; ele gritou, fez sinais aos soldados para que apagassem o fogo; mas a voz dele foi abafada, e os sinais dele não foram notados em meio à confusão e ao medo. O esplendor do interior o encheu de maravilha. As chamas ainda não haviam alcançado o ponto mais alto. Titus surpreendido com a grandeza que se descontinava diante dele, disse 'aqui não será partida sequer uma pedra; isso não virá abaixo'. A Palavra de Deus, não o comando de Titus, cumpriu-se. Tudo veio completamente abaixo, tudo foi arrazado desde as estruturas, de acordo com a Palavra de Deus».

 

«Graças a Josephus sabemos quase todos os detalhes do terrível assédio de Jerusalém pelos romanos, porque ele estava no acampamento romano e perto de Titus, o general romano, na ocasião. Ele atuou como intérprete quando foram discutidas as condições de rendição entre Titus e os judeus. Os muros e baluartes de Sião pareciam inconquistáveis aos romanos, e ele estava ansioso pelos termos de paz; mas os judeus rejeitaram toda proposta, e os romanos acabaram triunfando. Ao entrar na cidade, Josephus nos fala, Titus ficou perpexo com a maravilha da grandeza de Jerusalém; ao contemplar as grandes e sólidas torres, a magnitude das várias pedras, a precisão de suas ligações, viu quão grande era sua amplitude, quão vasta sua magnificência. Seguramente, ele exclamou, nós lutamos com Deus do nosso lado; foi Deus que derrubou os judeus destes baluartes; em que poderiam ajudar mãos humanas ou máquinas contra estas torres?»

 

Tais foram as confissões de Titus, o general pagão. Este foi certamente o assédio mais terrível em toda a história dos registros mundiais.

 

O número de pessoas que pereceram sob Vespasiano, no domínio romano, e sob Titus na cidade, no período entre 67-70 D.C., por escassez, facções internas e pela espada romana, foi de 1,3 milhões, fora os 100.000 vendidos como escravos. Tais foram as terríveis conseqüências da descrença e da desconsideração às solicitações solenes, sérias e afetuosas de seu próprio Messias. É necessário falar sobre as lágrimas do Redentor, derramadas por causa de Jerusalém?[i]

 

Deus dissera aos cristãos de Jerusalém em uma revelação para que saissem da cidade antes da guerra. Eles foram para a deserta Peraea, uma cidade que deram o nome de Pella. Após aqueles crentes cristãos deixarem Jerusalém, abandonando a cidade real dos judeus e a terra da Judéia, Deus destruiu toda aquela geração de pessoas más, como resposta aos seus atos de violência ao Cristo e aos seus apóstolos.

 

A Reunião dos Crentes

 

Naqueles primeiros dias, os cristãos não foram conduzidos por Deus para erigirem uma casa para seu Deus, que era o costume de outras religiões. Eu chamo este costume de “síndrome do templo”, que eventualmente foi abraçado pelo cristianismo, e que contribuiu para sua tremenda diluição. Deus o Pai antigamente habitava no Santo dos Santos, e Sua Glória confirmava Sua presença. À morte de Cristo foi rasgado o véu no templo, um sinal de que a presença de Deus não mais estava ali.

 

Jesus falou aos seus discípulos que depois do dia de Pentecostes, eles seriam preenchidos pelo Espírito Santo, e Ele estaria neles. A carne e o sangue de seus discípulos se tornaram o templo do Espírito Santo. Eles devem ter argumentado assim, «por que precisamos construir um templo físico se nós já somos o templo?». Especialmente quando Deus não os encorajou a construir tal templo físico. Eu acredito entretanto que havia uma razão ainda mais significante que foi suficientemente poderosa para impedir a igreja primitiva de construir templos durante três séculos. Por detrás das portas fechadas do templo não veio apenas a conspiração, mas também a manipulação do Dirigente para crucificar o Cristo inocente, a guarda de Sua tumba e a mentira sobre Sua ressurreição. Para os apóstolos e novos convertidos o templo constituia um quadro de pomposa decepção, um antro de corações perversos e de mentes maldosas. O martírio de Estevão selou esta imagem em suas mentes e eles nunca mais retornaram ao templo em Jerusalém. «Será que vocês não aprenderam ainda que seu corpo é a morada do Espírito Santo que Deus lhes deu, e que Ele vive dentro de vocês? Seu próprio corpo não lhes pertence. Porque Deus comprou vocês por um preço elevado. Portanto, usem todas as partes do seu corpo para render glória a Deus, porque o corpo Lhe pertence». (1 Coríntios 6:19-20).

 

Quando os cristãos primitivos se reuniam para ouvir o evangelho ou as cartas dos apóstolos, para orar e desfrutar a ceia do Senhor que incluia a comunhão, eles se encontravam em casas particulares. Algumas destas casas são mencionados no Novo Testamento. Por exemplo, havia a casa de Gaio que era grande o bastante para dar boas-vindas a toda comunidade de Corinto. «Gaio pede que eu os saúde por ele. Sou seu hóspede, e a igreja se reúne aqui em sua casa». (Romanos 16:23). A casa de Áquila e Priscilla; «As igrejas aqui da Ásia enviam saudações afetuosas a vocês. Áquila e Priscila lhes enviam sua estima, bem como todos os outros que se reúnem na casa deles para o culto». (1 coríntios 16:19). Em Troas Paulo estava falando no quarto superior de uma casa. «O cômodo do andar superior onde estávamos reunidos achava-se iluminado com muitas lâmpadas». (Atos 20:8). As catacumbas, o local de sepultamenteo dos judeus e cristãos, também eram usado como local de reunião. Até mesmo em tempos de perseguição, os cristãos sempre sabiam onde se encontrar, tanto pública como secretamente.

 

A Primeira Igreja Caseira Gentílica

 

Tenho que destacar a igreja que se encontrou na casa de Cornélio. Ele era um centurião, tanto ele como todos da sua família eram devotos e tementes a Deus. Ele dava generosamente aos necessitados e orava regularmente ao Deus dos judeus. Cornelius estava esperando Pedro e tinha chamado parentes e amigos íntimos para a reunião. Quando Pedro entrou na casa, Cornélio o conheceu. Este evento é verdadeiramente histórico. É o nascimento da igreja gentílica. Este é realmente nosso começo e Deus o Pai toca a todos no décimo capítulo de Atos e no verso 18 do décimo primeiro capítulo para contar essa história para o mundo. Eu aconselharia tomar alguns minutos agora para ler essa história em sua Bíblia.

 

Por alguma razão a cristandade não celebra o significado dessa ocasião. Eu acredito que deveríamos celebrar este aniversário todos os anos com um drama que incluiria Cornélio, o apóstolo Pedro, as visões que tiveram, a obediência de Pedro e os resultados. Também deveria incluir o esforço profundo de Pedro para convencer os crentes de Jerusalém que o criticaram. Foi o dia em que todas as profecias se consumaram, e o gentios foram enxertados no pacto de Abraão. Foi o dia que Deus planejou, deixando todo o gênero humano conhecer Seu amor, como registrado em João 3:16-18:

 

Porque Deus amou tanto o mundo que deu seu Filho único, para que todo aquele que crer nEle não pereça, mas tenha a vida eterna. Deus não enviou o Filho dEle para condenar o mundo, mas para salvá-lo. Não há condenação eterna reservada para aqueles que confiam nEle como Salvador. Mas aqueles que não confiam nEle já foram julgados e condenados por não crerem no Filho único de Deus.

 

Aqueles que realmente perderam foram os velhos lavradores da parábola. Jesus voltou-se outra vez para o povo e contou-lhes esta história:

 

«Um homem plantou uma vinha, arrendou-a a uns lavradores, e foi embora para uma terra distante, a fim de morar ali alguns anos. Quando chegou a época da colheita, ele mandou um dos seus homens à propriedade para receber a sua parte das colheitas. Mas os lavradores bateram nele e o mandaram de volta com as mãos vazias. Então ele mandou um outro, mas aconteceu a mesma coisa; foi espancado, ofendido, e mandado embora sem receber nada. Foi mandado um terceiro homem e aconteceu a mesma coisa. Este, também foi ferido e expulso de lá. 'Que vou fazer?' perguntava o dono a si mesmo. 'Já sei! Enviarei o meu filho querido. Certamente eles mostrarão respeito por ele'. Mas quando os lavradores viaram o filho, disseram: 'Esta é a nossa hora! Este rapaz herdará toda a terra quando o pai morrer. Vamos! Vamos matá-lo, e assim tudo será nosso'. Então eles arrastaram o rapaz para fora da vinha e o mataram. 'Que acham vocês que o dono da vinha fará? Eu lhes direi -- ele virá e os matará, e dará a vinha para outros'. 'Mas eles nunca fariam uma coisa dessas', disseram os ouvintes. Jesus olhou bem para eles e disse: "Então que significa a Escritura que diz: 'A Pedra que os construtores não quiseram foi posta como pedra principal'?". E Ele acrescentou: 'Qualquer que topeçar nessa Pedra, será despedaçado; e aqueles sobre quem ela cair, serão transformados em pó". Quando os sacerdotes principais e os líderes religiosos ouviram falar dessa história que ele havia contado, quiseram prendê-lO imediatamente, porque entenderam que era deles que estava falando. Eles eram os maus lavradores. Porém tiveram medo de que houvesse uma revolta do povo se O prendessem. (Lucas 20:9-19, êmfase minha).

 

A questão que se coloca hoje é: o que os novos lavradores estão fazendo 17 séculos depois? No capítulo 7 daremos uma olhada na igreja em nossos dias.

 

Voluntários ou Profissionais Pagos?

 

Um dia, presenciei uma breve conversação entre dois pastores. Um pastor disse, «Você sabia que não havia nenhum dízimo na Igreja Primitiva?». O outro pastor respondeu: «Fique quieto antes que alguém o escute». Eu não consegui assimilar o que tinha ouvido. Eu não queria «roubar» e continuei dizimando, mas eu decidi dar uma olhada nas Escrituras e na tradição para ver se o pastor tinha razão. O que eu achei estou seguro que você nunca ouviu durante a mensagem anual de seu pastor sobre o dízimo.

 

 De acordo com Jesus e Paulo encontramos:

 

«Curem os doentes, ressuscitem os mortos, curem os leprosos e expulsem os demônios. Dêem tão liberalmente como vocês receberam!» (Mateus 10:8, ênfase minha).

 

«Nesse caso, qual o meu pagamento? É a alegria especial que eu obtenho ao pregar as Boas Novas sem despesas para ninguém, e nunca exigindo os meus direitos». (1 Coríntios 9:18, ênfase minha). 

 

«Só aqueles que, como nós mesmos, são homens verdadeiros, enviados por Deus, falando com o poder de Cristo, e com o olhar divino sobre nós. Porque não somos como aqueles mascates -- e há muitos desses -- cujo propósito em espalhar o Evangelho é conseguir com isso um bom meio de vida». (2 Coríntios 2:17, ênfase minha).

 

«[...] cujas mentes estão pervertidas pelo pecado, não sabem dizer a verdade: para eles o Evangelho é simplesmente um meio de ganhar dinheiro». (1 Tim. 6:5, ênfase minha).

 

Encontramos apenas duas razões no novo pacto para uma ocasional coleta de dinheiro, uma para os apóstolos e a outra para os crentes pobres. As instruções de Jesus para seus discípulos nesse assunto foram:

 

«Não levem nenhum dinheiro com vocês. Não levem mala com roupas e calçados, nem bordão; pois aqueles que vocês ajudarem devem alimentar e cuidar de vocês. Sempre que entrarem numa cidade ou vila, procurem quem é um homem piedoso e fiquem na casa dele até saírem para a cidade seguinte. Quando pedirem permissão para ficar, sejam amáveis, e se acontecer de aquele ser um lar piedoso, dêem a ele a sua bênção; caso contrário, não abençoe aquele lar (Mateus 10:9-13, ênfase minha).

              

Era e ainda é difícil para um apóstolo ganhar a vida porque ele sempre está em movimento. Cada apóstolo teve uma casa como base; Paulo era a Antioquia. Eles o proveram com suas orações. Normalmente, a igreja passava algum tempo bancando sua próxima viagem. A idéia era que procurasse um homem meritório que lhe desse abrigo e satisfizesse as necessidades dele enquanto estivesse lá. Na maioria das vezes Paulo recusou ajuda financeira da igreja que estava visitando. Ele freqüentemente trabalhava para si e para aqueles que estavam com ele. Deus o sustentava, às vezes por igrejas ele já tinha visitado. Aqui vão algumas passagens onde a igreja foi encorajada a investir no trabalho dos apóstolos provendo fundos, para enviá-los para outras cidades:

 

«Enviados, pois, e até certo ponto acompanhados pela igreja, atravessaram as províncias da Fenícia e Samaria e, narrando a conversão dos gentios, causaram grande alegria a todos os irmãosDepois que a igreja inteira acompanhou os dois até fora da cidade, os que iam representá-los em Jerusalém prosseguiram, parando pelo caminho nas cidades da Fenícia e de Samaria para visitar os cristãos, e contar-lhes -- para intensa alegria de todos -- que também os não -judeus estavam se convertendo». (Atos 15:3 ênfase minha).

 

«Porque eu estou planejando fazer uma viagem à Espanha, e quando for, passarei aí em Roma; e depois que nos tivermos alegrado juntos por um pouquinho, vocês poderão fazer-me seguir viagem novamente». (Romanos 15:24, ênfase minha).

 

«Bem pode ser que eu fique mais tempo com vocês, quem sabe o inverno todo. E, depois, vocês poderão enviar-me adiante outra vez ao meu próximo destino». (1 Coríntios 16:6, ênfase minha).

 

«[...] assim como depois quando voltasse, a fim de que eu pudesse ser uma dupla bênção para vocês, de modo que pudessem encaminhar-me na minha jornada para a Judéia».(2 Coríntios 1:16, ênfase minha).

 

«Mesmo assim, porém, vocês fizeram bem em ajudar-me na minha dificuldade atual. Como vocês bem sabem, quando eu levei o Evangelho a vocês pela primeira vez, e depois segui meu caminho, deixando a Macedônia, só vocês, os filipenses, se associaram a mim para dar e receber. Nenhuma outra igreja fez isso. Até mesmo quando me encontrava lá em Tessalônica, vocês me enviaram ajuda por duas vezes. Entretanto, embora eu aprecie as dádivas de vocês, o que me faz mais feliz é a recompensa bem ganha que vocês terão em virtude dessa bondade. No momento eu tenho tudo que preciso -- e mais do que necessito! Estou amplamente suprido com as dádivas que vocês me mandaram quando Epafrodito veio. Elas são um sacrifício de cheiro suave que muito agrada a Deus. E é Ele quem suprirá todas as necessidades que vocês têm, por meio das suas riquezas na glória, por causa do que Jesus Cristo fez por nós». (Filipenses 4:14-19, ênfase minha).

 

«Querido amigo, você está fazendo uma boa obra para Deus ao cuidar dos mestres e missionários que passam por aí em viagem. Eles contaram à igureja daqui a respeito da sua amizade e das suas ações generosas. Eu fico contente quando você os despede com uma boa oferta. Porque eles estão viajando para o Senhor e não recebem nem comida, nem roupa, nem abrigo nem dinheiro daqueles que não são cristãos, embora tenham pregado a eles. Portanto, nós mesmos devemos cuidar deles, a fim de que possamos nos tornar companheiros deles na obra do Senhor.»  (3 João 5-8, ênfase minha).

 

A outra razão por coletar uma oferta é para os crentes pobres. Ocasionalmente havia uma escassez ou uma grande afluência de convertidos pobres coletivamente para os quais as igrejas contribuíam. Outros davam não através da igreja, mas diretamente do doador para o necessitado conforme o Espírito Santo dirigia cada individuo. «Que a mão direita não saiba o que a esquerda faz». O estilo de administração de Paulo pode ser observado pela maneira como ele fazia coleta para algumas necessidades dos pobres. Quando a necessidade era satisfeita, a coleta parava.

 

«Durante este tempo, chegaram a Antioquia alguns profetas vindos de Jerusalém. Um deles, chamado Ágabo, levantou-se numa das reuniões para profetizar pelo Espírito que uma grande fome estava para vir sobre a terra. (Isto aconteceu durante o reinado de Cláudio). Então os crentes resolveram mandar socorro aos irmãos da Judéia, e cada um deu o que podia. Isto eles fizeram, e entregaram seus donativos a Barnabé e Saulo para levarem aos líderes da igreja de Jerusalém. (Atos 11:27-30, ênfase minha).

 

«Agora, eis aqui as instruções com respeito ao dinheiro que vocês estão coletando para enviar aos cristãos de Jerusalém, e, aliás, estas instruções são as mesmas que eu dei às igrejas da Galácia. Todos os domingos, cada um de vocês deve separar alguma coisa do que ganhou no decurso da semana, e utilizá-la para essa oferta. A quantia depende de quanto o Senhor ajudou vocês a ganhar. Não esperem até que eu chegue aí para só então tentar tentar coletar tudo de uma vez. Quando eu for, enviarei para Jerusalém essa sua oferta de amor juntamente com uma carta. Tudo será levado por mensageiros de confiança que vocês mesmos escolherão. E, se for conveniente que eu também vá, então poderemos viajar juntos.» (1Cor. 16:1-4).

 

Não há nenhum verso em toda a Bíblia que diga que um ancião ou um pastor deva ser pago pelo trabalho que faz. Os pastores atuavam apenas no âmbito da igreja local, cuidando de pessoas, e nunca mediante pagamento. Veja a seguir a passagem bíblica que a maioria dos pastores usam para apoiar o pagamento de religiosos profissionais.

 

«Os anciãos que dirigem bem os afazeres da igreja são merecedores de dobrada honra [1], especialmente esses cujo trabalho é pregar e ensinar. Pois a Escritura diz, 'não amordace o boi enquanto pisa o grão', e 'o trabalhador merece seu salário'» (1 Timóteo 5:17-18).

 

Os anciões da igreja deveriam receber honra em dobro, não pagamento em dobro. O escritor diz que os salários de um ancião vêm na forma de honra por parte daqueles a quem serve. O boi merece comer por causa de seu trabalho; os salários dele são os grãos. Ele fala então sobre o trabalhador que merece salários porque ele trabalha, enquanto que o ancião merece honra, nem grãos nem salários, mas honra. Se o ancião fizer bem o trabalho dele, ele deveria receber honra em dobro. Honor em grego significa honra, não salários. «Você recebeu de graça, então dê de graça» é consistente com o ensino de todo o Novo Testamento.

 

O Espírito Santo era muito capaz de impressionar o coração dos crentes sobre como eles deveriam atender a uma necessidade individual. Dinheiro era raramente dado, exceto aos apóstolos. Normalmente era convertido em alimento, roupa ou abrigo. Os critérios dessas doações foram declarados por Paulo: Cada um deve resolver por si mesmo quanto vai dar. Não forcem ninguém a dar mais do que realmente deseja, pois Deus aprecia os que dão alegremente (2 Coríntios 9:7, ênfase minha).

 

Na igreja pequena, as ofertas eram voluntárias. O dízimo fez parte do Velho Pacto. Nunca houve a intenção de trazê-lo ao novo pacto. A igreja primitiva não tinha ninguém para coletar o dízimo, e eles não tinham ninguém para quem pagar o dízimo. A Igreja primitiva não tinha nenhum armazém. Não tinham nenhum edifício ou despesas com pessoal. Eles estavam livres do Velho Pacto e tinham recursos suficientes para ajudar aos pobres, viúvas e órfãos, conforme o mandamento de Jesus. Já não tinham mais o sacerdócio levitico para se preocupar. Já não havia mais sacerdotes cobrando até mesmo a décima parte de seus temperos!

 

O Novo Pacto teve forte influência durante os três primeiros séculos. Até que alguns bispos cabeçudos resolveram voltar ao passado, apanharam a xícara da velha convenção e a verteram sobre o Novo Pacto. Ressussitaram os templos e a casta sacerdotal deixando de lado a igreja primitiva projetada por Jesus e conduzida pelo Espírito Santo.

 

Não foi assim até que os edifícios de igreja fossem construídos e o clero assumisse o controle. A partir desse momento o dízimo foi restabelecido para pagar todas as novas despesas. Agora que a velha convenção estava misturada com a nova convenção, ocorreu uma diluição da qual a igreja nunca se recuperou. A mistura das duas convenções trouxe uma multidão de problemas que dezessete séculos não puderam resolver, e que nem mais desessete séculos resolverão.

 

Lembram-se de como os israelitas quiseram um rei como as outras nações? Em vez de permitir que Deus os conduzisse pessoalmente, como Ele fizera desde que os convocou do Egito, eles exigiram um rei terrestre. Ele os advertiu sobre o prêço que iriam pagar por tal idéia, mas eles não escutaram. Assim Deus disse para o Samuel ungir Saul como rei e dar ao povo o que o povo queria. Quão misericordioso foi Deus ao permitir isso. Imagine como Jesus sentiu-se ofendido ao ser regeitado pelo seu próprio povo. No Novo Pacto, todavia, os cristãos no quarto século, com efeito, disseram a mesma coisa a Jesus: «Nós queremos um rei». Como Esaú que vende o direito inato dele a Jacob, eles venderam a herança deles de um sacerdócio real, colocando em seu lugar uma antiquada casta sacerdotal. Quão misericordioso foi Jesus ao permitir isto.

 

Se você pertence a uma moderna igreja tradicional, em minha opinião você não está isento do dízimo; você faz parte da velha convenção, e lhe obrigam a obececê-la. Como qualquer organização, sem o sustento da sociedade ela se esvai. Sendo um membro, você consente contratar um pastor e possivelmente um pessoal para executar vários deveres para com a sociedade. Como membro, você consente também em contribuir com a manutenção do edifício e do terreno. Se você faz parte da igreja tradicional, eu acho que você está roubando Deus se você não apoiar isto. A maior parte do dízimo será direcionado para sustentar o sistema e muito pouco será dedicado a satisfazer as necessidades das pessoas. Isso, meus amigos, é escravidão, é a perda de uma herança. Os pastores de hoje, por mais duro que dêem, com todas suas visões e programas nunca poderão chegar perto de alcançar o que o sacerdócio real de crentes realizou de acordo com o desígnio de Cristo.

 

Jesus escreve para a igreja em Éfeso

 

O livro da Revelação desvenda alguns dos acontecimentos futuros que brevemente se darão na vida de Jesus Cristo, Deus permitiu que Ele numa visão revelasse algumas coisas ao seu servo João, o apóstolo, que escreveu e enviou sete cartas para as igrejas existentes na província de Ásia. Estas sete igrejas foram obra de Paulo o apóstolo que passou três anos em Éfeso ensinando os discípulos daquela região que vieram até ele. A primeira carta foi escrita para a igreja em Éfeso e é a que eu gostaria de discutir. A igreja foi iniciada aproximadamente em 50 AD, as cartas de João eram datadas de 95 AD, 45 anos depois. É importante lembrar que a igreja de Éfeso era composta por igrejas caseiras, instruidas pessoalmente por Paulo. Mesmo assim o Senhor teve algo contra eles:

 

«Escreva uma carta ao líder da igreja em Éfeso e diga-lhe isto: Escrevo para transmitir-lhe uma mensagem daquele que caminha entre as igreja e sustenta os líderes delas na mão direita. Ele diz a Você: Eu sei quantas coisas boas você está fazendo. Tenho contemplado o seu árduo trabalho e a sua perseverança; sei que você não tolera o pecado entre os membros da sua igreja, e que tem examinado cuidadosamente as pretensões daqueles que dizem ser apóstolos mas não são. E já descobriu como eles mentem. Você tem sofrido por mim com perseverança e sem desistir. Todavia há uma coisa errada: você não me ama como no princípio! Pense naqueles tempos do seu primeiro amor (como está diferente agora!), e volte-se para mim outra vez, e trabalhe como fazia antes, caso contrário, eu virei e tirarei o seu castiçal do lugar dele entre as igrejas. Porém há isto de bom a seu respeito: você detesta as obras dos devassos nicolaítas, tal como eu detesto. Que esta mensagem penetre nos ouvidos de todo aquele que ouve o que o Espírito está dizendo às igrejas: A todos os que forem vitoriosos eu darei do fruto da Árvore da Vida que está no Paraíso de Deus (Apocalipse 2:1-7).

 

O Senhor os recomendou pelo seu duro trabalho, perseverança e intolerância aos homens pecaminosos. Ele notou a habilidade deles em identificar falsos apóstolos e não desistirem sofrendo firmes em seu nome. Mas em apenas 45 anos eles perderam o primeiro amor por Jesus. Eles tiveram todos os instrumentos que precisavam, e neste caso, edifícios da igreja não tiveram nenhuma culpa, uma vez que nem mesmo existiam.

 

Eu estou certo de que os efésios ficaram chocados quando receberam a carta de João. Posso imaginar todos os anciões reunidos lendo a carta, e decidindo fazer o que o Deus disse; «arrependa-se e faça as coisas você fazia no princípio». A carta que João escreveu também se aplica a nós hoje e além.

 

Para Deus é mais importante não perder nosso amor por Ele do que fazer tudo direito. Isso prova que nossa relação com Ele é prioritária. O amor dele nunca falha, mas os nosso pode falhar. Manter nosso amor a Deus é um desafio porque somos humanos, e Ele não está aqui conosco na carne, entretanto está conosco em Espírito. Se nós pudéssemos vê-lo diariamente, aparentemente não haveria nenhum problema, com exceção de pessoas como Judas. Perder nosso primeiro amor por Jesus é uma coisa gradual, dificilmente notável. Temos que testar nosso amor periodicamente por Jesus comparando nosso primeiro amor que tivemos para com Ele. Se achamos que fracassamos no teste, simplesmente façamos o que o Jesus disse «arrependa-se e faça como no princípio».

 



[i] Miller’s Church History, p 123-124.

[ii] NT:
Na Bíblia Viva essa passagem é traduzida por «devem ser bem pagos e altamente estimados»; Na tradução de João Ferreira de Almeida por «devem ser considerados merecedores de dobrados honorários»; Na versão de King James por «well be counted worthy of double honor» ou seja: «sejam tidos como merecedores de dobradas honras» (minha ênfase).

 

Capítulo 6




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