Definições mínimas das organizações revolucionárias

Internationale Situationniste



Publicado originalmente em Internationale Situationniste nº 11, outubro de 67. Trad. de Juan Fonseca publicada en DEBATE LIBERTARIO 2 - Serie Acción directa - Campo Abierto Ediciones Primera edición: maio de 1977. Traduzido do espanhol.


Considerando que o único fim de uma organização revolucionária é a abolição das classes existentes por meios que não levem a uma nova divisão da sociedade, qualificamos de revolucionária qualquer organização que procure de maneira conseqüente a realização internacional do poder absoluto dos conselhos de trabalhadores tal e como tem sido esboçado pelas experiências das revoluções proletárias deste século.


Tal organização apresenta uma crítica unitária do mundo ou não é nada. Por crítica unitária entendemos uma crítica dirigida globalmente contra todas as zonas geográficas onde se instalaram diversas formas de poderes sócio-econômicos separados, e que se pronuncia também globalmente contra todos os aspectos da vida.

Tal organização reconhece o princípio e o fim de seu programa na descolonização total da vida quotidiana; não pretende a autogestão do mundo existente pelas massas, senão sua transformação ininterrupta. Realiza a crítica radical da economia política, a superação da mercadoria e do salário.

Tal organização rechaça toda a reprodução em seu interior das condições hierárquicas do mundo dominante. O único limite de participação em sua democracia total é o reconhecimento e a auto-apropriação por todos os seus membros da coerência de sua crítica: essa coerência deve estar na teoria crítica propriamente dita e na correlação entre essa teoria e a atividade prática.

Critica radicalmente toda ideologia enquanto poder separado das idéias e idéias do poder separado . Assim, ela é ao mesmo tempo a negação de toda sobrevivência da religião e do atual espetáculo social que, desde a informação até a cultura massificada, monopoliza toda comunicação dos homens entorno de uma recepção unilateral das imagens de sua atividade alienada. Dissolve toda a «ideologia revolucionária» desmascarando-a como indicação do fracasso do projeto revolucionário, como propriedade privada dos novos especialistas do poder, como impostura de uma nova representação que se erige da vida real proletarizada.

Sendo a categoria de totalidade o juízo último da organização revolucionária moderna, tal organização é em última análise uma crítica da política. Deve ter como objetivo explícito, com sua vitória, o seu próprio fim como organização separada.

Guy Debord, 1955



Extraído da Biblioteca Virtual Revolucionária em

http://www.oocities.org/autonomiabvr/princpl.html


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