RECONSIDERANDO
O
ODRE
(segunda parte)
A prática
da igreja
neotestamentária
Coletivo
Periferia
São Miguel Paulista, São Paulo - SP
RECONSIDERANDO
O ODRE:
A PRÁTICA DA IGREJA
neotestamentária
Publicado
pelo
Coletivo
Periferia
SãoMiguel
Paulista, São Paulo
Direitos
reservados
Primeira edição em
português 2005.
© 2005 por Present
Testimony Ministry
Todos os direitos
reservados. Nenhuma parte deste livro pode ser reproduzida por meios mecânicos
nem eletrônicos, nem com fotocopiadoras, nem gravadoras, nem de nenhuma outra
maneira, exceto para passagens breves como resumo, nem pode ser guardada em
nenhum sistema de recuperação, sem a permissão escrita do
autor.
Originalmente
publicado em inglês com o título:
Rethinking The
Wineskin
Por Present
Testimony Ministry
Brandon, Florida
1998.
ATENÇÃO: ESTA
SEGUNDA PARTE DE "REPENSANDO O ODRE" FOI Traduzida eletronicamente do espanhol
para o português e AINDA ESTÁ EM PROCESSO DE REVISÃO
Dedico este livro a minha esposa Susan
que, desde que nossa jornada começou, tem apoiado e alentado
afetuosamente minha visão do Ungido e de sua igreja.
CONTEÚDO
Introdução: Necessidade de um novo odre
1. Propósito da reunião eclesial
2. O objetivo da reunião eclesial
3. Localização da reunião eclesial
5. A liderança da igreja local: Quem eram eles?
6. A liderança da igreja local: Como dirigiam eles?
A artimanha do inimigo
Há poucas coisas que vão mais diretamente ao coração do testemunho de Jesus do que a questão da comunhão entre seu povo. Em conseqüência a principal artimanha de Satanás está dirigida a destruir a comunhão dos irmãos, porque é por meio de tal divisão que ele mantém a igreja em debilidade. Como nosso Senhor disse: "Uma casa dividida contra si mesma não pode permanecer e pé". É por esta razão que as forças das trevas procuram qualquer oportunidade para semear divisões, suspeitas, julgamentos e separaçõe entre os crentes. Por isso os problemas que surgem entre os irmãos são bem mais profundos do que diferenças de natureza, temperamento e pontos de vista.
Há um sinistro ataque total por parte do inimigo, visando destruir o testemunho do Senhor mediante divisões, e com freqüência ele usará nossos futis esforços de relação mútua sobre uma base natural, como alvo para seu ataque. Assim, devemos ser sensíveis ao fato de que o testemunho do Senhor, que Ele tenta restabelecer agora, é inseparável de nossa unidade. E o diabo fará tudo que puder para destruí-lo. A única proteção contra este ataque é colocar firmemente na cruz tudo o que é natural em nós. Se formos fiéis nisto, o Senhor poderá obter o que Ele procura em nós.
Desafortunadamente, Satanás teve um completo sucesso em enganar aos cristãos fazendo que dêem boa acolhida à divisão. Os esforços racionais para justificar a divisão sempre resultam num tema o qual não estamos dispostos a tratar —inclusive quando nossas queixas contra nossos irmãos são legítimas. Cedemos terreno ao inimigo quando nos dividimos. Satanás prontamente oferece razões para que não nos confraternizemos com certos irmãos —como falharam, quão impossível de resolver é a situação, quão diferentes são de nós, quão pouco espirituais podem ser, etc.
Em nossa carne, é bem mais fácil ceder terreno a tais pensamentos do que deixar que Deus use as debilidades de nossos irmãos para tratar conosco nas áreas essenciais da indulgência, da paciência, da longanimidade, da incredulidade, da comiseração, da rebelião, da impulsividade, etc. É em tempos de semelhantes dificuldades que nossa crença na unidade do Corpo fica brutalmente submetida à prova; mas é aqui onde Deus separa aquilo que pra nós é mera teoria, no que diz respeito à unidade da igreja, do que é real. Oxalá sejamos deveras fiéis em manter o testemunho do Senhor recusando separar-nos de nossos irmãos no Ungido, mas tentando serví-los incondicionalmente.
Resumindo tudo
O conteúdo da igreja local é o Corpo do Ungido. A unidade cristã é tão inclusiva como o Corpo, e os cristãos não têm de manter nenhuma unidade que seja menor do que o Corpo. A unidade bíblica não é nem organizacional nem doutrinal, mas orgânica. As confrarias que restringem ou excedem ao alcance do Corpo, não são igrejas bíblicas. Tanto as ‘igrejas’ chamadas denominacionais como as denominacionais, que se reúnem com base em uma linha de ensino, um método religioso, uma distinção nacional, uma diferença racial, uma prática bíblica, um ministério especial ou um ministro talentoso, são sectárias, porque estreitaram a base bíblica da fraternidade espiritual. De maneira similar, as congregações cristãs que abrem seus braços aos inconversos, recebendo-os como irmãos na família divina, também adotam uma visão extraviada da assembléia local e não podem ser consideradas como igrejas bíblicas.
No conceito de Deus, a igreja é um unificado Corpo do Ungido com expressões locais em todo mundo. Portanto, deixemos de usar a palavra "igreja" num sentido tribal, onde a igualamos às denominações cristãs, às estruturas hierárquicas de autoridade descendente, às instituições impulsionadas por programas, e às empresas guiadas pelo clero. Só o Corpo de Cristo é a base da unidade do povo de Deus, e o Senhor nos chamou para que tenhamos uma despojada comunhão com todos os que lhe pertencem. Portanto o que Deus uniu, que ninguém o separe!
CAPÍTULO 8
LIMITES DA IGREJA LOCAL
Considerando que o conteúdo interno da igreja é o Corpo do Ungido, exploremos agora o tema sobre os limites exteriores da igreja. Ao dizer limites, refiro-me aos limites ou fronteiras exteriores da igreja local. Isto é, onde começa uma igreja local e até onde ela chega em termos geográficos? Hoje em dia temos uma plétora de congregações cristãs que reclamam, todas elas, serem igrejas locais. Esses grupos incluem denominações, igrejas caseiras, grupos de células, assembléias não denominacionais, missões evangélicas, ministérios especiais, igrejas basílicas, etc. No entanto, podem todos esses grupos cristãos justificar sua pretensão de serem expressões locais do Corpo do Ungido?
A enfática pergunta a ser formulada é: O que justifica a existência de uma assembléia local? A resposta a esta questão depende de como nós cristãos expressamos na prática nossa unidade no Ungido. Como veremos mais adiante, a base bíblica para a existência de uma assembléia local tem a ver com geografia. E a única justificativa bíblica para dividir cristãos em diferentes igrejas, é a distância geográfica.
Como definir a igreja local
Embora o termo ‘igreja local’ não apareça no Novo Testamento, o conceito da mesma é abundantemente presente. A Bíblia ensina claramente que o Corpo do Ungido, sendo um, expressa-se em muitos e diferentes lugares. Estas expressões terrenais desse Corpo único são chamadas de ‘igrejas’ (plural) e aparecem abundantemente ao longo das páginas do texto neotestamentário. Dizemos que estas igrejas são ‘locais’ porque estão presentes em lugares geográficos definidos especificamente, ou em forma mais sucinta, em ‘localidades’.
Ao tentar definir os limites de uma igreja local, vejamos as palavras de nosso Salvador em Mateus 18:15-20:
Se o teu irmão peca contra você, vá e, a sós com ele, mostre-lhe o erro. Se ele o ouvir, você ganhou seu irmão. Mas se ele não o ouvir, leve consigo mais um ou dois outros, de modo que 'qualquer acusação seja confirmada pelo testemunho de duas ou três testemunha. Se ele se recusar a ouví-los, conte à IGREJA; e se ele se recusar a ouvir também a IGREJA, trate-o como pagão ou publicano. Digo-lhes a verdade: Tudo o que vocês ligarem na terra terá sido ligado no céu. Também lhes digo que se dois de vocês concordare na terra em qualquer assunto sobre o qual pedirem, isso lhes será feito por meu Pai que está nos céus. POIS ONDE SE REUNIREM DOIS OU TRÊS EM MEU NOME, ALI EU ESTOU NO MEIO DELES.
Aqui temos a definição essencial da igreja local —uma definição que está pressuposta ao longo do Novo Testamento. (A igreja local está inconfundivelmente visível neste texto, porque a maior parte dos agravos entre os crentes ocorrem na comunidade local; ademais, a igreja universal, celestial, é demasiado grande para ser consultada quando ocorrem tais agravos.) Ao considerar cuidadosamente este texto, descobrimos que a assembléia local tem três facetas:
pluralidade de pessoas ("duas ou três"),
submissão à liderança do Ungido como Cabeça ("em meu nome"), e
uma reunião corporativa num lugar específico ("onde se reunirem dois ou três").
Se num determinado lugar e momento os crentes se congregam sob a liderança do Ungido como Cabeça, o Senhor está presente no meio deles. Os mesmos representam Jesus Cristo numa expressão local. Esta conclusão engrena perfeitamente com a descrição das igrejas registradas no livro de Atos. Lucas nos diz que os apóstolos viajavam de região em região divulgando a mensagem do evangelho. Quando numa determinada localidade o povo recebia a mensagem, começavam a congregar-se em seguida. Desse momento em adiante eram coletivamente chamados de "a igreja de" tal e qual lugar (Atos 8:1; 11:22; 13:1; etc.).
Significado de localidade
Embora Mateus 18 aborde a definição dos limites da igreja local, não o faz plenamente. Ainda fica a interrogação sobre o que constitui uma localidade. Mas a Bíblia nos dá a resposta. Conspicuamente, onde quer que se use a palavra ‘igreja’ em todo o Novo Testamento (exceto nas passagens que se referem à igreja universal, celestial, ou à igreja caseira de alguém), ela é identificada pela cidade . Por contraste, onde quer que se use a palavra ‘igrejas’ no Novo Testamento, refere-se às variadas igrejas que existem numa província ou região . Considere-se a lista seguinte:
A igreja (da cidade) As igrejas (da região)
A igreja de Antioquia (de Pisídia) – Atos 13:1 As igrejas daÁsia – 1 Coríntios 16:19.
A igreja de Antioquía (de Síria) – 11:26 As igrejas da Cilícia – Atos 15:41.
A igreja de Cesaréa – Atos 18:22 As igrejas dos gentis – Romanos 16:4.
A igreja de Cencréia – Romanos 16:1 As igrejas da Galácia – 1 Coríntios 14:33.
A igreja de Corinto – 1 Coríntios 1:2 As igrejas da Galiléia – Atos 9:31.
A igreja de Éfeso – Apocalipse 2:1 As igrejas da Judéia – Gálatas 1:22.
A igreja de Jerusalém – Atos 8:1 As igrejas da Macedônia – 2 Coríntios 8:1.
A igreja de Laodicea – Apocalipse 3:14 As igrejas de Samaria – Atos 9:31.
A igreja de Pérgamo – Apocalipse 2:12 As igrejas da Síria – Atos 15:41.
A igreja da Filadélfia – Apocalipse 3:7.
A igreja de Esmirna – Apocalipse 2:8.
A igreja de Sardis – Apocalipse 3:1.
A igreja de Tessalônica – 1 Tessalonicenses 1:1.
A igreja de Tiatira – Apocalipse 2:18
Segundo a Bíblia, os limites da igreja local são os da cidade. Esta é a razão pela qual Paulo mandou a Tito para estabelecer anciãos em cada cidade (Tito 1:5), enquanto lemos que os apóstolos constituíram anciãos em cada igreja (Atos 14:23). Ademais, sabemos do livro do Apocalipse que o Senhor Jesus vê tão somente uma igreja em cada cidade (Apocalipse 1:11-13, 20). Depois, na declaração da Bíblia se afirma que durante o tempo neotestamentário tinha uma igreja por cidade.
Expressão prática da unidade do Corpo
Neste ponto, indaguemos por que o Senhor escolheu que a cidade formasse os limites da assembléia local. Foi apenas uma disposição cultural passageira? Foi uma coincidência sem propósito algum, que ao presente carece de significado prático? Nem uma nem outra. Os limites da localidade estão diretamente vinculados com a expressão prática da unidade do Corpo do Ungido.
Em nossos dias muitos crentes se dividiram em ‘igrejas’ separadas, baseados em diferentes e diversas questões que consideram como bases legítimas para a segregação cristã. Mas quando numa determinada localidade existe um número interminável de ‘igrejas’ separadas dentro de seus limites, a clara mensagem enviado ao mundo é que Jesus Cristo está dividido (apesar do fato dos que se congregam nessas igrejas professem que são um com todos os demais cristãos).
Por contraste, suponhamos que haja um grupo de crentes que recusam dividir-se uns dos outros, exceto pelo fato de que viverem demasiado longe uns dos outros, de forma que lhes seja impossível congregar-se. Esses crentes estão tão dedicados mutuamente em amor, que recusam separar-se por causa de teologia, lideranças espirituais, estilo de adoração, ministério especial, raça, condição socio-econômica, etc. O singelo testemunho enviado ao mundo por meio dessa assembléia, é que o Corpo do Ungido é verdadeiramente um. Tal ilustração demonstra como o modelo bíblico de uma igreja por localidade salvaguarda a unidade do Corpo do Ungido e impede o sectarismo. Quando os crentes se dividem por razões que não sejam a localização, então nós, junto com Paulo, vemo-nos forçados a fazer a inquietante pergunta: "Está Cristo dividido?"
Em sua clássica obra baseada na assembléia local, Watchman Nee faz a observação seguinte:
Qualquer divisão dos filhos de Deus que não seja geográfica, implica não apenas numa divisão de esfera, mas também numa divisão de natureza. A divisão local é a única divisão que não toca a vida da igreja .. O que nos separa do mundo é nosso estar no Ungido, e é nosso estar numa determinada localidade o que nos separa dos outros crentes. Apenas quando residimos num lugar diferente do deles é que fazemos parte de uma igreja diferente. A única razão pela qual não pertenço à mesma igreja que os outros crentes, é porque não vivo no mesmo lugar que eles vivem ( The Normal Christian Church Life /A vida eclesial cristã normal/).
O perigo do legalismo
É perigoso tentar promover a revelação bíblica sobre os limites da assembléia local sendo desnecessariamente literais ou legais sobre as exatas especificações de uma localidade. Diante da enorme quantidade e diversidade de cristãos em numerosas cidades estadunidenses modernas, é necessário alguma contextualização. A este respeito, Watchman Nee faz a seguinte observação:
Naturalmente, terão de surgir perguntas no que diz respeito a megalópolis como Londres. Elas contam como ‘localidades-unidades’ ou como mais de uma? Evidentemente Londres não é uma ‘cidade’ no sentido bíblico do termo, ela não pode ser considerada como uma unidade. Inclusive, o povo que vive em Londres menciona ‘ir à cidade ou ‘ao centro’, o que revela que Londres e a cidade não são sinônimos. Funcionários públicos, políticos e correios, bem como as pessoas comuns, consideram Londres como mais de uma unidade. DIVIDEM-NA em vilas ou bairros incorporados e distritos, respectivamente. O que eles consideram como uma unidade administrativa, nós podemos muito bem considerá-lo como uma unidade eclesial. Quanto ao meio rural que tecnicamente não seria qualificado como ‘cidade’, o mesmo pode ser considerado também como ‘localidade-unidade’. Diz-se de nosso Senhor, que quando estava na terra, passava por ‘cidades e aldeias’ (Lucas 13:22), de onde vemos que a localidade rural, bem como as populações, consideram-se como unidades separadas... Qualquer lugar pode ser qualificado como uma unidade fundacional de uma igreja, desde que seja um lugar onde as pessoas se agrupem para viver, um lugar com um nome independente, e um lugar que é a menor unidade política. Tal lugar é uma ‘cidade’ bíblica e constitui os limites da igreja local (The Normal Christian Church Life /A vida eclesial cristã normal/).
Nee saca uma conclusão válida. Diante do tamanho de muitas modernas cidades estadunidenses, parece que a unidade geográfica chamada ‘comunidade’ corresponderia melhor à noção bíblica de localidade. Assim, como a igreja de Cencréia (Romanos 16:1), localizada numa comunidade que estava a curta distância da igreja de Corinto, a maior parte das modernas comunidades corresponde melhor com o conceito bíblico de uma localidade do que nossas cidades.
Deixando de lado todo tecnicismo, o princípio bíblico afirma inegavelmente que a única base para a separação dos crentes é a localização geográfica. Os cristãos que se dividem de outros crentes, fundamentados em qualquer outra base —diferença de raça, estilo de adoração, condição social, interpretação doutrinal, ministério ou lideraná espiritual— são sectários (1 Coríntios 1:11-13; 3:3, 4). Ainda que isto soe ofensivo para alguns, desafio meus leitores a que encontrem fundamentos bíblicos para separar crentes por qualquer outra razão que não seja a distância geográfica (diga-se de passagem que estou exceptuando o pecador impenitente e a atividade divisiva que requerem disciplina eclesiástica, de conformidade com o traçado em Mateus 18:15-18; Romanos 16:17, 18; 1 Coríntios 5:1 e ss.; 2 Tessalonicenses 3:6-15; e Tito 3:10, 11).
A aparição do sectarismo na igreja
Se o Novo Testamento expõe claramente o exemplo de uma igreja por comunidade, como é que na atualidade existem dúzias de seitas numa mesma comunidade, e todas elas reclamam ser igrejas locais? A resposta se relaciona diretamente com os temas aos quais dedicamos nossa atenção nos dois capítulos precedentes. Na realidade, a razão das intermináveis divisões que há na igreja, é bem mais profundas do que nossas teologias formais revelam.
A presente desordem começou com a evolução da distinção de classes clero/leigo, a qual começou a cristalizar na igreja por volta do final do segundo século. O surgimento deste sistema hierárquico, que interrompeu violentamente o sacerdócio de todos os crentes, convertendo-o em classes clero/leigo, foi a primeira fissura mais importante conhecida no Corpo do Ungido. Este sistema não bíblico deu lugar a uma divisão ainda maior no Corpo do Ungido, quando vários eclesiásticos, representando diferentes congregações que estavam sob sua autoridade, começaram a dividir-se entre si por questões teológicas. Esses acontecimentos produziram um aparelho eclesiástico de autoperpetuação que reproduziu um grande número de seitas em cada geração. O traço notável destas seitas é que as pessoas que estão nelas, amontoam-se ao redor de seu líder favorito (ou sua doutrina favorita), em vez de congregar-se ao redor do Ungido.
Talvez uma analogia ajude a ilustrar esta triste corrente de acontecimentos. Suponhamos que Roberto, um ‘leigo’ na linguagem institucional, sinta-se chamado para ensinar a Palavra de Deus. Na maior parte das igrejas basílicas modernas, ele teria que "entrar no ministério" e ministrar ele mesmo uma igreja para cumprir seu apelo. Deus nos livre de que o pastor compartilhe seu púlpito com um ‘leigo’ em forma continuada —mesmo que esse ‘leigo’ tenha o dom do ensino! Portanto, depois de passar pelos canais institucionais apropriados, Roberto chega a ser pastor e começa uma nova igreja em sua comunidade. Na realidade, a ‘igreja’ de Roberto nada mais é do que uma extensão de seu próprio ministério e uma desnecessária adição às inumeráveis seitas que já existem em sua comunidade —todas elas competindo com as demais para recrutar membros.
Em virtude do sistema que rege a igreja institucional que Roberto freqüentava, não permitir-lhe o livre exercício de seu dom de ensino, ele não viu outra alternativa a não ser iniciar uma nova congregação. (Assim, muitas igrejas modernas existem apenas para proporcionar ao pastor uma plataforma mediante a qual possa exercer seu dom de ensino). Deste modo, o sistema clero/leigo estimula a formação de novas igrejas, que realmente são seitas, apesar do fato de Deus nunca sancionar isso em sua Palavra.
Em suma, a distinção clero/leigo foi uma sementeira para a produção de inumeráveis facções e cismas no Corpo do Ungido. Quando nas igrejas dirigidas pelo clero os indivíduos são impedidos de exercer seus dons e de cumprir sua função dada por Deus, os mesmos não podem ver nenhuma outra alternativa a não ser começar suas próprias igrejas. Tal situação trágica engendra não apenas inumeráveis seitas, como também força milhares de irmãos que têm dons, a realizar um tipo de obra (pastor único) que o Novo Testamento não visualiza em parte alguma.
Ademais, este ofício não bíblico tem a propensão de causar a retração de não poucos cristãos sinceros que se deixaram ser arrastados. Neste aspecto, o sistema clerical é um depredador sem rosto e sem favoritos. Consome seus jovens bem como a todos os demais que concordam em trabalhar assiduamente em seu terreno. Ao comentar as feridas auto infligidas geradas por este sistema, Jon Zens faz a seguinte candorosa observação:
Agrade-lhe ou não, esta função ‘clerical’ termina requerendo uma virtual onicompetencia daqueles que estão por trás do púlpito. Os ‘membros’ lhes pagam para que realizem tudo o que seja necessário para manter a maquinaria religiosa andando, e as expectativas são muito elevadas para aqueles que levam as muitas responsabilidades que esta profissão demanda. O problema mortal deste sistema não bíblico é que consome aqueles que estão em sua esfera. O esgotamento, o deslise moral, os divórcios e os suicídios são muito frequentes no meio ‘clerical’. É estranho que, à luz do que se espera de uma só pessoa, tais tragédias ocorram repetidamente? Jesus Cristo nunca teve o propósito de que alguém desempenhasse semelhante função eclesiológica ( The ‘Clergy/Laity’ Distinction: A Help or a Hindrance to the Body of Christ? /A distinção clero—leigo: Uma ajuda ou um impedimento ao Corpo do Ungido?/, em Searching Together , Vol. 23:4).
Na igreja neotestamentária, não haveria necessidade de Roberto se aventurar por sua própria conta e iniciar uma instituição que Deus nunca sancionou. Na qualidade de membro de uma igreja neotestamentária, Roberto teria plena liberdade de funcionar sem reservas com seu dom de ensino (Ver capítulo 1). Ademais, devido às decisões serem tomadas por consenso, Roberto teria voz e voto na tomada de todas as decisões mais importantes da assembléia (Ver capítulo 6).
Roberto só sairia de uma congregação neotestamentária se ele fosse um irmão incorrigivelmente rebelde, ambicioso por começar seu próprio ministério independente da assembléia local, ou se Deus o tivesse chamado a uma genuína obra apostólica. Não obstante, é bom cosiderar que os apóstolos neotestamentários não eram enviados para erigir suas próprias franquias espirituais. Pelo contráio, eles estabeleciam igrejas neotestamentárias em locais onde não havia nenhuma (para uma exposição mais completa da natureza e do objetivo do ministério apostólico, veja meu livro Who is Your Covering? /Quem é sua cobertura?/).
Em suma, o sectarismo moderno tem suas raízes na distinção clero/leigo. Diótrefes, descrito pelo apóstolo João como alguém que gostava muito de ser ‘o mais importante’ entre os santos, está não apenas na história dos homens que almejam ocupar o estrado central na assembléia. Lamentavelmente, Diótrefes ainda impede aos membros do Corpo do Ungido ministrar na casa do Senhor (3 João 9, 10).
O clamor do Espírito pela unidade
A expressão prática da unidade do Corpo do Ungido é um assunto predominante no coração de Deus. A oração final de nosso Senhor centrou-se neste mesmíssimo ponto (João 17:11-26). Como a questão da liderança eclesial, a expressão prática de nossa unidade se encontra inseparavelmente conectada com nossa submissão à liderança do Ungido como Cabeça. Para usar a metáfora do corpo, se tanto minha mão como meu braço estão submetidos à minha cabeça, terão de funcionar de uma maneira unificada. Não haverá cismas entre eles. Do mesmo modo, a divisão e a desunião na igreja revelam o fato de que não estamos concordes com a Cabeça (Colossenses 2:19). Quando Jesus é verdadeiramente a Cabeça no meio de um povo, os que integram esse povo recusam apaixonadamente dividirem-se uns dos outros.
Enquanto internamente o conteúdo da igreja local é o Corpo do Ungido, exteriormente o limite da igreja local é a comunidade. Portanto, no sentido neotestamentário as denominações (e um amplo número de igrejas chamadas não denominacionais, pós-denominacionais e interdenominacionais) não podem ser consideradas como igrejas locais, porque todas elas ultrapassam os limites bíblicos da assembléia local. Hoje em dia cabe dizer o mesmo de algumas ‘igrejas caseiras’; porque a comunidade, não a casa, forma os limites da assembléia local.
Nos dias neotestamentários, quando Deus levantava uma igreja, essa invariavelmente começava numa casa. Quando a mesma crescia, multiplicava-se estendendo-se a várias casas. Contudo, cada membro se considerava parte da mesma igreja (isto é, a igreja da localidade). Portanto , ainda que a igreja de Jerusalém se congregasse em vários lares, coletivamente ainda era chamada de "igreja de Jerusalém". Sua liderança era compartilhada, e periodicamente se congregava enquanto "toda a igreja" (Atos 15:1 e ss.). As igrejas que começavam pequenas, como a de Corinto (Romanos 16:23), a de Roma (Romanos 16:5), Éfeso (1 Coríntios 16:19), Laodicéia (Colossenses :15, 16), e Colossos (Filemom 1, 2), reuniam-se numa só casa até que seu número crescesse.
Assim, a igreja de Corinto que se congregava na casa de Gayo, não era uma subigreja ou uma igreja filial separada dentro da cidade de Corinto. Pelo contrário, a igreja inteira de Corinto se congregava na casa de Gayo (Romanos 16:23; 1 Coríntios 14:23). Cabe dizer o mesmo das igrejas que se iniciaram nas casas de Aquila e Priscila, de Ninfas e de Filemom
Mesmo sendo a casa o ambiente bíblico para a reunião eclesial (ver capítulo 3), é importante compreender que o limite da igreja local não é a casa mas a comunidade. Neste aspecto, há um contínuo repto endêmico no que toca às modernas ‘igrejas caseiras’, o perigo de estabelecer na mesma comunidade várias igrejas caseiras independentes e separadas . Portanto, se uma igreja caseira não se congrega conforme a base bíblica de uma igreja por comunidade, de fato a mesma romperá a unidade do Corpo do Ungido (exatamente como fazem as igrejas institucionais).
Se um grupo de cristãos se congrega sob o princípio fundamental de uma igreja neotestamentária, tentará congregar-se com outros crentes que se reúnem sobre a mesma base. Se não o fazem, então são sectários, não importa quão ruidosamente reclamem ser inclusivos. A existência de múltiplas igrejas caseiras na mesma localidade, as quais não têm comunhão umas com outras, é um desvio do princípio divino. Nunca foi concebido por Deus que as igrejas que existem na mesma vizinhança, lavrem identidades separadas umas das outras.
Devemos ter em conta que a palavra grega ejkklhsiva ( ekklesia ), traduzida como "igreja" no Novo Testamento, significa literalmente "uma congregação física". Robert Banks explica isto:
O termo ‘ekklesia’ se refere conseqüentemente a reuniões propriamente ditas de cristãos como tais, ou a cristãos de um área local, conceituados ou definidos como uma comunidade que se congrega regularmente. Isto quer dizer que a ‘igreja’ tem um caráter distintamente dinâmico, muito mais do que estático. É uma ocorrência regular, mais do que uma realidade contínua. Esta palavra não se aplica a todos os cristãos que vivem numa comunidade em particular e que não se congregam ( Paul’s Idea of Community /A idéia que Paulo tinha da comunidade/).
Watchman Nee lhe faz eco ao mesmo pensamento dizendo:
É essencial que tenha uma reunião física de crentes. Não é suficiente que estejam presentes ‘em espírito’, também devem estar presentes ‘na carne’. Assim, uma igreja é integrada por todos os ‘chamados, congregados’ num lugar para adorar, orar, confraternizar e ministrar. Este congregar-se é absolutamente essencial para a vida de uma igreja. Sem isso poderá haver crentes dispersos por toda a área, mas na realidade não há igreja ( The Normal Christian Church Life /A vida eclesial cristã normal/.)
Se declaramos que fazemos parte da mesma igreja local como os outros cristãos de nossa comunidade, nos incumbe procurar maneiras para congregar-nos com eles de uma maneira regular. Provavelmente, a maior parte daqueles que estão impregnados das bitoladas tradições da cristandade organizada, não terá interesse em congregar-se com aqueles que se mantêm fora do sistema religioso. Mas se não desejamos genuinamente expressar em forma prática, de algum modo visível, nossa unidade com os crentes de nossa localidade, nossa profissão no que diz respeito à unidade está vazia.
Além disso, as igrejas que se congregam nas casas, devem considerar-se a si mesmas como parte do único Corpo do Ungido em suas comunidades, e não como entidades separadas e independentes. E devem tentar ativamente congregarem-se com todos os demais cristãos que desejem reunir-se, baseados no mesmo princípio fundamental do Ungido e de seu Corpo, mais do que render um mero culto de lábios a um tipo místico de unidade, que é tão conveniente como não custoso. Certamente, a unidade invisível da igreja deve ser expressa de um modo visível.
Dito em forma simples, no Novo Testamento conhece apenas uma igreja local —a que está delimitada pela comunidade. Nunca foi o propósito de Deus que o Corpo do Ungido se convertesse na confusão denominacional que existe hoje. Nem também foi seu propósito que os cristãos se dividissem formando igrejas caseiras independentes na mesma comunidade, que tivessem pouco ou nada a ver umas com as outras . De fato, não é suficiente que deixemos as seitas; o sectarismo deve deixar-nos também! Além disso, nossa sanção às denominações e aos outros grupos trai nossa pretendida crença de que o Corpo do Ungido é um.
Reação de Deus à divisão na igreja
Diante da evidência bíblica sobre os limites da igreja fazemos bem em inquirir a respeito da solução para as divisões presentes que há em seu Corpo e a crescente multiplicação de seitas em nossas comunidades. O remédio divino para as intermináveis divisões que ocorrem no Corpo, não se acha na formação de uma associação de seitas ou de ministros, que meramente dão-se as mãos por cima da cerca. O ecumenismo institucional não é a resposta de Deus. Também não é a cômoda e incoerente idéia de que um dia Deus terá de destruir toda seita existente. Mais do que isso, a reação do Senhor à desordem presente é levantar um grupo representativo de crentes que respondam ao clamor do Espírito Santo por uma genuína unidade. Este apelo corresponde à previsão do Senhor aos vencedores em Apocalipse 2—3. Desta maneira, o Senhor está emitindo uma ordem a todos os que têm ouvidos para ouvir. É uma ordem de deixar as seitas feitas por homens e congregar-se de uma maneira fresca e nova, sobre a base neotestamentária de uma assembléia local.
Atualmente, existem milhares de cristãos que se congregam baseados neste mesmo princípio fundamental. Alguns se reúnem em lares, em comunidades intencionais, em lugares alugados, etc. Não reclamam ser ninguém em especial. Estão simplesmente tentando ser fiéis à visão neotestamentária do Ungido e de sua igreja —uma visão que captou poderosamente seu coração. Por outro lado, eles recebem a todos aqueles a quem Deus recebeu, não importa se congreguem em seitas ou não. Incluem a todos os crentes que vivem em suas comunidades e dão boa acolhida à franca comunhão com todos eles.
Ao mesmo tempo, eles não podem sancionar nem unir-se a um sistema que esbofeteia diretamente o rosto da revelação neotestamentária. Assim, eles não negam o fato de que Deus usou, e ainda usa, o sistema denominacional como melhor pode (porque com freqüência Deus usa aquilo que não aprova). No entanto, não podem aceitar nada menos que o que corresponde ao pleno propósito de Deus para o Corpo de seu Filho. Gene Edwards sintetiza o espírito dos crentes que têm tal testemunho:
Durante os últimos 1700 anos a cristiandade fez, em todos os aspectos, parte do sistema mundial e foi estruturada da mesma maneira que todas as instituições seculares da terra. Ainda assim, em todas as épocas sempre houveram cristãos que não se conformaram com esta tradição... Nós tomamos nosso lugar ao lado daqueles que estavam determinados a conhecer nada mais além de Cristo; para marchar com esses pequenos grupos que estavam procurando ter uma plena experiência do corpo do Ungido... a experiência da igreja!... Sem malícia para com ninguém e com caridade para com todos, saímos da igreja organizada tradicional para declarar-nos a favor da expressão orgânica do Corpo de Cristo. ( Climb the Highest Mountain /Escalar a montanha mais elevada — Nossa missão/).
Stephen Kaung compartilha o mesmo ônus dizendo:
Nos congregamos assim, porque acreditamos na unidade do Corpo do Ungido —uma Cabeça, um Corpo. Somos chamados para formar um Corpo. Estamos contristados —choramos— por causa das divisões que há entre o povo de Deus. Queremos retornar ao simples fundamento da unidade do Corpo do Ungido. Pode ser que alguém diga: ‘Vocês se separam; vocês causam divisão...’. Mas Deus conhece nosso coração. Saímos das divisões para retornar à unidade. Isto é o que estamos fazendo. Portanto, por um lado nos sintonizamos à Cabeça; por outro lado, abrimos nosso coração e nossos braços a todos nossos irmãos e irmãs de todo mundo. Não importa de que profundidade procedem vocês, que ensino especial têm, ou que experiência têm, irmãos e irmãs, se vocês são do Senhor, vocês pertencem a nós e nós pertencemos a vocês. É por isto que nos congregamos assim. Vocês podem recusar-nos, mas nós não podemos recusá-los a vocês, porque acreditamos na unidade do Corpo do Ungido... Nós saímos das seitas não por sermos sectários, mas para sermos libertos do espírito do sectarismo ( Why Do We So Gather? /Por que nos congregamos assim?/).
Pacífica e calmamente, sem nenhum orgulho nem alarde, este crescente grupo de crentes tenta manter o firme e singelo testemunho de que O Ungido é a Cabeça e que seu Corpo é uno. Eles são luzeiros que estão diante do Senhor —os pequenos e com freqüência desapercepidos vasos para o restabelecimento de seu testemunho e a realização de seu propósito eterno.
CAPÍTULO 9
FUNÇÃO DA IGREJA LOCAL
Nos capítulos precedentes analisamos extensamente os diversos princípios que regiam a prática da igreja primitiva e as contrastamos com a prática da maioria das igrejas institucionais de hoje Com isto em mira, gostaria de considerar a omnímoda função da assembléia local. Ao considerar este assunto, deixe-me dizer que desde o princípio, o propósito de Deus para com a igreja tem a ver com algo bem mais elevado do que a mera conformidade com um conjunto de pautas prescritas. Por razões que a seguir vou expor, o Senhor não criou a igreja local para ser um fim em si mesma, mas para ser um meio para o cumprimento de algo bem maior.
O propósito eterno de Deus
Em Efésios 3:11 Paulo escreve uma frase carregada de significado espiritual. É a frase: "o propósito eterno". Ao longo de sua poderosa epístola aos Efésios, Paulo usa uma grande quantidade de tinta para revelar o propósito eterno de Deus aos crentes de Éfeso. De fato, a carta inteira é uma cuidadosa revelação do propósito divino, na qual Paulo põe as mais sublimes verdades celestiais em palavras humanas. O propósito eterno que Deus teve e tem em seu coração desde idades remotísimas, vem ricamente exaltado e brilhantemente exposto na epístola de Paulo aos efésios. E qual é este propósito extraordinariamente elevado e que rege tudo? E nos revelou o mistério de sua mensagem, de acordo com o seu bom propósito que Ele estabeleceu em Cristo, isto é, de fazer convergir em Cristo todas as coisas, celestiais ou terrenas, na dispensação da plenitude dos tempos (Efésios 1:9, 10; 4:10; Colossenses 1:15-20). Apropriadamente, Paulo nos diz que Deus, em sua soberana sabedoria, escolheu a igreja para que fosse instrumento para a plena expressão e realização de seu propósito (Efésios 1:22, 23; 2:19-22; 3:8-13; 4:8-16; 5:23-32).
Dito em forma simples, a função da igreja é levar a cabo o propósito eterno de Deus. E expresso apropriadamente, a igreja existe para dar a conhecer ao mundo a plenitude do Ungido. Está na terra para manifestar a vitória final do Ungido sobre Satanás e sobre as potências das regiões celestes em todas as partes. Enquanto seu Corpo, a igreja está aqui para expressar a Jesus Cristo em toda sua glória (qual é o propósito de um corpo, senão expressar a vida que há nele?). Isto quer dizer, entre outras coisas, que a igreja foi chamada para continuar o ministério terrenal de Jesus Cristo na terra. E existe para dar cumprimento ao propósito de Deus, que desde idades remotas procura achar um lugar de repouso para Si —porque a igreja incorpora a presença de Deus. Em suma, a igreja é O Ungido numa expressão coletiva. Sem a igreja, nosso Senhor Jesus Cristo não teria forma para expressar-se na terra. Portanto, a igreja local é o Corpo do Ungido que se expressa e funciona localmente.
Ao vasculhar concenciosamente o texto bíblico, vemos que todo princípio relativo a nossa vida coletiva enunciado no Novo Testamento, fundamenta-se nesta consumidora visão. Cada princípio concernente à prática eclesial que vem declarado nas Escrituras, foi estabelecido por Deus tendo em vista a edificação conjunta de um povo na semelhança de seu Filho. De fato, podemos ver que o Novo Testamento se ocupa totalmente no crescimento do Ungido na comunidade crente. Considerem-se as seguintes passagens:
...dos que foram chamados ... PARA SEREM CONFORMES À IMAGEM DE SE FILHO, a fim de que ele seja o primogênito entre MUITOS IRMÃOS. (Romanos 8:28, 29)
Meus filhos, novamente estou sofrendo dores de parto por sua causa, até que CRISTO SEJA FORMADO EM VOCÊS. (Gálatas 4:19)
no qual TODO O EDIFÍCIO É AJUSTADO E CRESCE PARA TORNAR-SE UM SANTUÁRIO SANTO NO SENHOR. Nele VOCÊS TAMBÉM ESTÃO SENDO EDIFICADOS JUNTOS, PARA SE TORNAREM MORADA DE DEUS POR SEU ESPÍRITO. (Efésios 2:21 , 22)
...com o fim de aperfeiçoar os santos para a obra do ministério, para que O CORPO DE CRISTO SEJA EDIFICADO, até que todos alcancemos a unidade da fé e do conhecimento do Filho de Deus, E CHEGUEMOS À MATURIDADE, ATINGINDO A MEDIDA DA PLENITUDE DE CRISTO. (Efésios 4:12, 13)
...assim como Cristo amou a igreja, e entregou-se por ela, PARA SANTIFICÁ-LA, TENDO-A PURIFICADO pelo lavar da água mediante a palavra, E PARA APRESENTÁ-LA A SI MESMO COMO IGREJA GLORIOSA, SEM MANCHA NEM RUGA OU COISA SEMELHANTE, MAS SANTA E INCULPÁVEL. (Efésios 5:25-27)
AO LEVAR MUITOS FILHOS À GLÓRIA, convinha que Deus, por causa de quem e por meio de quem tudo existe... (Hebreus 2:10)
A casa de Deus
Anote isto. Deus não está procurando absolutamente ter um montão de pedras individuais e isoladas. Pelo contrário, está tentando obter um povo para ser edificado conjuntamente com a vida dEle. Por meio da morte de seu Filho Jesus Cristo, todos nós fomos cortados da mesma Rocha para vir a ser "pedras vivas" individuais. Mediante a ressurreição do Senhor, o Espírito Santo de Deus veio para cimentarnos juntos, a fim de edificar uma casa espiritual.
Contudo, o mero amontoamento de uma grande quantidade de materiais de construção num lugar não faz um edifício. O edifício que Deus está tentando obter para sua morada, forma-se tão somente quando cada pedra viva fica apropriadamente ajustada e inseparavelmente unida a outras pedras vivas. Esta é a igreja. Portanto, o propósito de Deus é obter grupos locais de crentes que estejam crescendo corporativamente para chegar à Cabeça —crentes que estejam unidos uns aos outros e levando a cruz juntos, tendo em vista chegar a ser como O Ungido. Em suma, a igreja é simplesmente Jesus Cristo reproduzido na vida de homens e mulheres, coletivamente.
Lamentavelmente, a obsessão norte-americana com o individualismo e a independência moldou a mente de muitos cristãos modernos, obcecando-os de tal maneira que não vêem que o propósito eterno de Deus descansa sobre a formação de uma comunidade espiritual. Hal Miller destaca incisivamente que o veneno estadunidense do individualismo se infiltrou na moderna mentalidade evangélica, impedindo-lhe que compreenda o propósito mais elevado de Deus. Sobre isto ele escreve:
Os estadunidenses vêem o indivíduo isolado como fonte de toda virtude moral, e a sociedade como nada mais que uma coleção desses indivíduos. O cristianismo "evangélico" está implicitamente de acordo com isto. Fala eloquentemente a respeito de salvar indivíduos; mas não leva a sério a questão do para que foram salvos esses indivíduos. Pregaram o evangelho do individualismo bem corretamente; mas como verdadeiros estadunidenses, não viram que Deus poderia ir além e fazer dessas pessoas um povo . O cristianismo evangélico tentou transformar pessoas, e assim transformar o mundo. Mas não viu a estreiteza dessa visão, que sua presunção individualista estadunidense lhes ocultou. A verdadeira visão cristã é transformar pessoas transformando-as num povo, e assim transformar o mundo. Os evangélicos erraram nesse meio-termo. Falharam em ver a igreja como uma antecipação da nova sociedade; ela virou apenas um clube para novos indivíduos. Os evangélicos simplesmente revestiram o individualismo estadunidense com roupa cristã. Dessa maneira acabaram tendo novos indivíduos isolados, mas na velha sociedade ( The Uneasy Conscience of Modern Evangelicalism /A inquieta consciência do moderno cristianismo evangélico/, Voices in the Wilderness , Julho 1986).
O individualismo e a independência são inimigos da vida coletiva. Com isto não queremos dizer que temos de recusar nossa individualidade . Devemos acolher com agrado, como membros individuais do Corpo do Ungido, nossos singulares talentos naturais e nosso temperamento. Ao mesmo tempo, temos de recusar a tendência carnal de considerar-nos como entes que existem além e acima da comunidade (individualismo) e denunciar o instinto carnal de viver e atuar desconsiderando nossos irmãos no Senhor (independência). Nas palavras de Paulo: "O olho não pode dizer à mão: 'Não preciso de você', nem a cabeça pode dizer aos pés: 'Não preciso de vocês" (1 Coríntios 12:21).
É instrutivo assinalar que a maior parte das epístolas neotestamentárias foram escritas a comunidades cristãs, e não a indivíduos. Por esta razão, perdemos muito do sentido das mesmas quando lemos nossa Bíblia através dos lentes do moderno individualismo, orientado para si mesmo. Há muitas verdades vitais nas Escrituras, que só podem ser corretamente captadas quando compreendidas dentro do contexto da coletividade comunal —o próprio público para o qual os autores neotestamentários escreveram. Em suma, a Bíblia enfatiza energicamente o fato de que só podemos conseguir viver a vida cristã, quando vivemos numa íntima comunhão interdependente com outros crentes. Portanto, quando entendemos que o texto neotestamentário foi escrito no contexto de uma comunidade, o mesmo nos comunica maravilhosamente todas as instruções apostólicas para nós como crentes.
Um templo construído adequadamente
Enquanto a igreja institucional procura enfaticamente proteger-nos uns dos outros, a igreja neotestamentária é desenhada para livrar-nos do ‘eu’, pondo-nos em íntimo contato com nossos irmãos no Senhor. Em outras palavras, a assembléia neotestamentária é profundamente relacional —dentro dela, os crentes são progressivamente unidos (Efésios 4:16; Colossenses 2:19). É por esta razão que aqueles que se congregam conforme os ensinos neotestamentários com freqüência encontram a cruz uns nos outros, na medida em que tentam conviver como um Corpo (Efésios 4:1-3).
No entanto, conforme cada membro se encontra com a cruz e morre para o ‘eu’, o Espírito de Deus começa esse maravilhoso processo de formar neles coletivamente o Ungido. Recordemos como as tábuas de madeira de acácia que compunham o antigo tabernáculo tiveram que ser cortadas, lavradas e acopladas para edificar a casa de Deus. O mesmo acontece hoje no que toca à igreja. Todos temos que passar pelo corte e pelo desbaste da cruz para sermos "edificados juntamente" para formar a morada de Deus (Efésios 2:22).
Portanto, a igreja não é uma coleção de unidades cristãs isoladas que se reúnem como uma congregação. Não. Nunca! A igreja é um grupo de homens e mulheres no qual mora o Ungido e que é formado conjuntamente pelo poder do Espírito Santo. A igreja não pode ser medida por unidades individuais somente, porque é uma vida coletiva —um organismo espiritual coletivo . Um tijolo nunca constituiu um templo, nem tampouco um montão de tijolos empilhados uns por cima dos outros. Pelo contrário, a igreja existe para ser a expressão coletiva do Ungido, onde quer que Ele esteja representado, dando a conhecer as riquezas de sua glória em todo lugar onde ela (a igreja) se localiza.
Também podemos dizer que a igreja neotestamentária é a escola do Ungido —o laboratório dos purificados, no qual se aprendem as necessárias lições de interdependência, interrelação, sofrimento, abnegação, paciência, mansidão, amabilidade e amor. A igreja neotestamentária é o lugar onde a vivência da vida do Ungido é submetida a prova, onde esse viver é praticado e aprendido. Nossa conformação coletiva ao Ungido é o caráter distintivo do propósito de Deus, e a assembléia local é o ambiente divinamente ordenado para que ocorra esta transformação.
Desta maneira, a função da igreja transcende a noção de kindergarten de servir apenas como uma ‘instância para a conquista de almas’. Este paradigma popular ensinado correntemente em grande parte do cristianismo evangélico, constitui uma visão errônea da igreja. Segundo o Novo Testamento, as almas se salvam a fim de se juntarem à igreja para um subsequente crescimento do Ungido, e não à revelia da igreja e do Ungido (Atos 2:47; 5:14; 11:24). (Neste aspecto, há muitíssimo mais respaldo neotestamentário para a edificação do Corpo, do que para a evangelização de pecadores). Uma vez mais, quando olhamos a igreja em termos estritamente individualistas, perdemos de vista aquilo que há de mais importante no propósito de Deus.
A Gloriosa Noiva
Do Gênese ao Apocalipse, a Bíblia contém uma linha central que corre ao longo de suas páginas como um fio ininterrupto: O propósito paternal de Deus de encontrar uma Noiva para seu amado Filho. No livro de Gênesis, a Noiva do Ungido é prefigurada por Eva, a primeira mulher, entregue a Adão para que fosse sua auxiliadora idônea (Gênesis 2:18-25). Encontramos esta Noiva novamente no final do Apocalipse, só que desta vez ela aparece como uma gloriosa cidade (Apocalipse 21:2, 9).
Tanto a mulher no Gênesis como a cidade no Apocalipse, assinalam a gloriosa igreja que o Pai tenta obter para seu Filho (Efésios 5:22-32). Como ocorreu com Eva, a igreja é convocada para ser a auxiliadora idônea do Ungido; e assim como a cidade, a igreja é convocada para ser sua gloriosa imagem e para refletir sua luz às nações. Portanto, a função da igreja é "preparar-se" de tal modo que O Ungido, o Esposo, retorne para ela (João 3:29, 30; Apocalipse 19:7). E preparar-se quer dizer chegar a ser como o Ungido é.
O candelabro de ouro
No livro do Apocalipse, a função da igreja é enfocada distintamente de uma outra perspectiva. Ali descobrimos que Deus conceitua cada igreja local na figura de um candelabro de ouro (Apocalipse 1:20). Consideremos brevemente as principais características do candelabro.
Primeiro, o candelabro é uma figura clara, precisa; não é uma massa nebulosa. Tem sete braços; três de cada lado, conectados a um eixo ou braço central. O candelabro representa pluralidade na unidade. Ademais, tem três copas em forma de flor de amendoeira e uma flor em cada um de seus sete braços. As flôres que brotam dos botões da amendoeira, prefiguram a vida que emerge da morte, e o número três simboliza a ressurreição. Desta maneira, o candelabro aponta para o Ungido ressuscitado, a única Pessoa na Deidade que tem uma imagem diferente (2 Coríntios 4:4; Colossenses 1:15; Hebreus 1:3).
Segundo, o candelabro contem azeite e luz. Enquanto o azeite expressa o Espírito Santo [combustível], a luz expressa a verdade resultante. Terceiro, o candelabro de ouro maciço é o símbolo idôneo de Deus Pai —a fonte divina de todas as coisas. O candelabro, portanto, projeta um vívido retrato do Deus uno e trino, cuja plenitude habita no Ungido (Colossenses 2:9). No livro de Apocalipse descobrimos que o propósito do candelabro é refletir sua luz sobre a gloriosa Pessoa de Jesus Cristo, a fim de revelar sua verdadeira natureza (Apocalipse 1:13-16). Nisso repousa a função da igreja local: ela existe para manter o pleno testemunho de Jesus (Apocalipse 1:2, 9; 6:9; 12:11, 17; 19:10).
Para que a igreja mantenha o testemunho de Jesus, ela deve permitir, como o candelabro ao ser formado, ser moldada à imagem do Ungido com o martelo da disciplina de Deus, a fôrma da cruz, e o fogo depurador do sofrimento (note-se que a Bíblia diz que o candelabro do tabernáculo mosaico foi feito de ouro ‘maciço’). Esse é o custo de viver na verdadeira vida da igreja, oposta à superficialidade artificial e endêmica da igreja institucional. O aprazível fruto de uma genuína vida coletiva é a plena expressão da glória de Deus em vasos de barro (2 Coríntios 4:4-12).
Pode você ver como isto vai bem além de uma mera caricatura do modelo bíblico? Os princípios espirituais da igreja encontrados nas Escrituras são, portanto, regidos pelo propósito eterno do Senhor. É por esta razão que Paulo nos diz que Deus faz todas as coisas segundo o desígnio de sua própria vontade (Efésios 1:11). Portanto, todo princípio espiritual para a vida da igreja depende deste propósito omnímodo e soberano.
O propósito divino para a igreja local é que ela incorpore coletivamente todos os valores do Senhor Jesus Cristo. Quando isto ocorre, as pessoas encontram a Deus quando entram em contato com a igreja (1 Coríntios 14:24, 25). Recorde você que o antigo templo de Jerusalém era o lugar de encontro entre Deus e o homem. De igual modo, quando a igreja se congrega de confomidade com o Ungido, o Senhor está ali —revelado e acessível. Essa é a função da igreja local.
Uma Comunidade do Reino
Outro aspecto da função da igreja está contido na frase de nosso Senhor, que Ele repetia com freqüência: "o reino de Deus". Segundo Jesus Cristo, o reino de Deus é o equivalente do reinado de Deus. Deus reina nos corações de homens e mulheres quando estes entronizam seu Filho, que é o Rei (Mateus 25:34; Lucas 1:33; Apocalipse 17:14; 19:16).
Quando Jesus estava na terra, seu ministério se centrava principalmente em estender o reino de Deus. Quando pregava o evangelho, sanava enfermos, expulsava demônios, ressuscitava mortos, dava de comer aos pobres reprendia opressores e ensinava seus discípulos. Por um lado, Jesus destruía as obras de Satanás, e por outro, estendia o reino de seu Pai (Mateus 4:23; 12:28, 29; Atos 10:38; 1 João 3:8).
Enquanto comunidade do Rei, a igreja existe para continuar o ministério terrenal de Jesus (Mateus 18:19, 20; Marcos 16:15-20). Enquanto expressão coletiva do Ungido ressuscitado, a igreja é chamada para avançar o reino de Deus e destruir as obras de Satanás na terra (Mateus 10:7, 8; 16:17-20; 18:18-20; Lucas 10:18-20; João 14:12). Enquanto recipiente do Espírito Santo, a igreja está equipada para cumprir a missão do Ungido, que é "pregar boas novas aos pobres, sanar aos quebrantados de coração, proclamar liberdade aos cativos, recuperar a vista aos cegos, libertar aos oprimidos e proclamar o ano da graça do Senhor" (Lucas 4:18-21). Em suma, o reino de Deus está incorporado na Pessoa de Jesus, e a igreja é o instrumento de sua expressão terrenal.
Sem dúvida alguma, o reino de Deus um dia virá física e visivelmente sobre toda a terra (Daniel 7:13, 14; Isaías 9:6, 7; Apocalipse 11:15; 1 Coríntios 15:24-28; 2 Timóteo 4:1). Mas hoje mesmo o reino está presente espiritualmente e em forma de mistério (Mateus 13:1 e ss.; Marcos 4:11; Lucas 8:10; 17:20, 21). Onde quer que o Ungido exerça sua autoridade e manifeste sua presença, o reino de Deus está presente, embora não em toda sua plenitude (Lucas 16:16; 17:20; Romanos 14:17; 1 Coríntios 4:20). Portanto, o reino de Deus é tanto celestial como terrenal, tanto oculto como em processo de revelação, tanto futuro como presente. Usando uma frase de um erudito neotestamentário, o reino está aqui "agora", mas "ainda não" completamente (Hebreus 6:5).
Então, na qualidade de agente do reino, a igreja atua na terra como uma comunidade contracultural, visível. É uma nova realidade social exercendo a autoridade do Ungido e trazendo sua imagem ao mundo —as duas tarefas que Deus deu ao homem desde o princípio (Gênesis 1:26-28). A meta do reino é concentrar todas as coisas no Ungido e estabelecer o reinado de Deus na terra, os ensinos radicais de nosso Senhor com respeito ao "reino", e a majestosa visão do "propósito eterno" descrita por Paulo, são fundamentalmente a mesma coisa. Como Howard Snyder expressa sabiamente:
A igreja é considerada a comunidade do povo de Deus —um povo chamado a serví-lo e a viver juntos numa verdadeira comunidade cristã, testemunhando o caráter e os valores do reino de Deus. A igreja é o instrumental da missão de Deus sobre a terra. Mas qual é essa missão? É nada menos que colocar todas as coisas e, acima de tudo, todos os povos da terra sob o domínio e a liderança de Jesus Cristo, a Cabeça... Jesus fala do reino de Deus; Paulo fala de Deus que reconcilia todas as coisas por meio de Jesus Cristo (2 Coríntios 5:19; Colossenses 1:20). Estas são duas formas de dizer a mesma coisa, pois Deus reina e reconcilia por meio do Ungido... Jesus fala do 'mistério do reino'; Paulo fala do 'mistério de Cristo'. Porque o Ungido é a chave do reino. Considerando sob a perspectiva do definitivo estabelecimento do domínio de Deus, o reino de Deus é a contínua obra de reconciliação divina no Ungido, até que Jesus Cristo retorne à terra. O Ungido tem de regressar para estabelecer a plenitude de seu reino. Mas por meio de seu Espírito Ele atua agora na terra através de seu Corpo, a igreja... Mas, afinal, que é o reino de Deus? É a pessoa de Jesus Cristo e a união de todas as coisas nEle, mediante a igreja... As Escrituras enfatizam o eterno propósito, plano ou vontade de Deus, ou seja, Sua ação no decorrer da história a fim de concretizar a reconciliação de todas as coisas. Este propósito divino identifica-se com o reino de Deus ( The Community of the King /A Comunidade do Rei/, usado com licença do autor).
Watchman Nee sublinha o mesmo ponto dizendo:
... O reino de Deus está não apenas onde o Senhor Jesus está. O reino de Deus está também onde está a igreja. Não apenas o Senhor Jesus em pessoa representa o reino de Deus, a igreja também representa o reino de Deus. A questão importante aqui não é o futuro galardão ou posição no reino, algo grande, pequeno, alto ou baixo. A incumbencia não trata destas coisas. A questão vital é que Deus quer que a igreja represente o reino de Deus na terra. A função da igreja na terra é estabelecer o reino de Deus. Toda a obra da igreja é regida pelo princípio do reino de Deus ( The Glorious Church /A igreja gloriosa).
A tensão entre o vinho e o odre
Todo mandato bíblico concernente à prática da igreja primitiva foi estabelecido por Deus para que a igreja possa funcionar de acordo com Sua eterna vontade. Portanto, não temos o direito de mudar nenhum deles. Mas é bom sublinhar que o que Deus quer hoje não é o mero emprego de "pautas neotestamentárias", mas o propósito superior que as fundamenta.
Portanto, não ponhamos uma desmedida ênfase no odre (prática da igreja) em detrimento do vinho (O Ungido no Espírito). Ter um apropriado odre vazio, sem o vinho, é errar quanto ao supremo propósito de Deus. Superestimar o odre produz igrejas marcadas por uma ortodoxia morta, por um enfoque escolástico da Bíblia, seco como o pó, e altamente doutrinário. Nas igrejas deste tipo, a textura da vida eclesial torna-se debulhada, mecânica, ôca e inflexível. Sua obsessão doentia revestida de correção externa, sufoca os necessários traços da ressonância, do gozo, da riqueza e da vida. Fazendo com que o Espírito de Deus seja sufocado por um sistema institucionalizado e tornando o sacerdócio dos crentes espiritualmente lesado.
Nossa tendência carnal nos leva a transformar as coisas preciosas de Deus em preceitos legais e em fórmulas de observação estrita, o modo pelo qual Deus age é sempre pelo Espírito e mediante a vida. Não esqueçamos que a igreja é formada por pedras "vivas" que oferecem sacrifícios "espirituais" como uma casa "espiritual" (1 Pedro 2:5). Oxalá não cometamos o perigoso erro de querer transformar a prática da igreja numa mera questão de observação literal de preceitos, pois agir assim resultará numa inevitável decadência espiritual e na derrocada generalizada. Como John W. Kennedy expressou:
A igreja de Jesus Cristo é um corpo vivente, não um cadáver. A imposição de um modelo não faz uma igreja; isso não significa que o modelo não tenha importância... mas a igreja é inseparável da vida espiritual; apenas o modelo não basta... Nunca é demais enfatizar que a imposição de um modelo, ou o simples ajuntamento de pessoas, não constitui uma igreja. Não se pode organizar uma igreja, a igreja tem de nascer ( Secret of His Purpose —O segredo de seu Propósito).
Também e errôneo enfocar o vinho ao ponto de descuidar do odre que Deus ordenou. Ter vinho sem ter um odre resulta em algo muito trágico, porque invariavelmente implica em abraçar uma teologia abstrata e mística carente de expressão concreta. Semelhante desequilíbrio implica numa proliferação de igrejas carentes da liderança do Ungido como Cabeça e seriamente destituídas da plena expressão de Sua vida. Uma vez mais, John W. Kennedy observa adequadamente:
É notável que haja tantos cristãos devotos que tendem a menosprezar qualquer menção de modelo ou ordem eclesial. "A vida —dizem—, é o mais importante; o modelo importa pouco." Esta atitude foi a principal causa da desagregação da igreja, e restringiu em grande escala a efetividade do testemunho do Senhor por meio de seu povo. Não temos mais o direito de achar que o modelo da igreja não é importante, de achar que o modelo pelo qual fomos criados não tem importância... Devemos notar que Paulo aborda primeiro o princípio e o modelo depois. Se não tiver uma firme base de vida e entendimento espirituais, o modelo pode ser tão ruim quanto inútil ( Secret of His Purpose —O segredo de seu Propósito).
Recapitulação do assunto em pauta
Formulo novamente a questão: Qual é a função da igreja local? A igreja local existe para dar testemunho de Jesus. Está na terra enquanto família de Deus —o campo de treinamento espiritual em que se cumpre o propósito eterno de Deus nas vidas humanas —o edifício divino no qual cada membro é progressivamente transformado, remodelado e adequado coletivamente, para formar o verdadeiro templo do Senhor —o centro onde se expressa a mente do Senhor —a frente visível, exemplar, do reino vindouro — a obra principal de Deus —a "Betânia" espiritual onde Jesus de Nazaré é recebido, obedecido, adorado, no meio de um mundo que o recusa —o vaso que contém o poder da vida ressurreta —o objeto do supremo afeto e manifestação divina —o veículo que manifesta a presença do Ungido —porta-voz da expressão divina —"o novo homem" —a nova humanidade que encarna a realidade social do reino de Deus —o meio ambiente espiritual onde ocorre o encontro íntimo do Noivo com sua Noiva —e o testemunho vivo da plenitude do Ungido.
Em suma, seja lá onde for que a igreja se congrege, seu princípio dirigente, determinante e ativo é simplesmente ser o Ungido (1 Coríntios 12:12).
CAPÍTULO 10
O MODELO DA IGREJA LOCAL
Certa ocasião Thomas F. Torrance disse o seguinte:
Não há dúvida que cada uma das grandes igrejas oriúndas da Reforma ... desenvolveu sua própria tradição dominante, e hoje em dia essa tradição exerce uma sólida influência, não somente sobre seu modo de interpretar as Escrituras e formular sua doutrina, como também sobre toda a forma e direção de sua vida. Aqueles que fecham os olhos a este fato, são precisamente aqueles que estão mais escravizados pelo poder dominante da tradição, pois essa mesma tradição tornou-se o insensível cânon que normatiza seu modo de pensar. Já é hora de perguntar outra vez se a Palavra de Deus circula livre e verdadeiramente entre nós, e de verificar se, depois de tudo, ela não está atada e impedida pelas tradições de homens. Aparentemente, esta tragédia consiste em que as mesmíssimas estruturas de nossas igrejas representam a fossilização de tradições, que foram se desenvolvendo e se estabelecendo pela prática e pelo procedimento, estruturas que se calcificaram de tal forma na autojustificação, que nem mesmo a Palavra de Deus consegue penetrá-las com facilidade (Citado em Verdict /Vê-redicto/, Vol. 3, N° 4, Oct. 1980).
A tradição dos Apóstolos
Praticamente todo segmento da igreja cristã opera sobre a base de alguma tradição histórica, transmitida a eles por seus antepassados espirituais. Para algumas denominações, estas tradições compreendem a própria textura que mantém à igreja unida e define seu propósito mediante o instrumento literário de veneradas confissões, credos e cânones. Em resposta a esta tendência, muitas novas denominações acabaram reputando de anátema tudo o que cheira à palavra ‘tradição’, distanciando-se de toda prática remotamente rotineira ou obrigatória. (No entanto, é interessante notar que muitas igrejas que proclamam estar livres da influência da tradição, meramente criaram suas próprias tradições.)
A conspícua ironia presente nestas duas tendências é que quanto mais prestam atenção às tradições eclesiásticas dos homens, menos prestam atenção às tradições divinas transmitidas pelos apóstolos do Senhor Jesus. De fato, aquilo que define o modelo da igreja neotestamentária só pode ser encontrado na tradição apostólica visualizada no Novo Testamento. (Note você que estou usando a palavra ‘modelo’ para referir-me a um princípio ou prática constante na igreja primitiva, não a uma intrincada heliografia.) Considere você as passagens seguintes que aludem a esta tradição:
Portanto, rogo-vos que IMITEIS... meu proceder em Cristo, A MANEIRA QUE ENSINO EM TODAS PARTES E EM TODAS AS IGREJAS. (1 Coríntios 4:16, 17)
Exorto aos irmãos, que em tudo se lembrem de mim, e RETENHAM AS INSTRUÇÕES (tradições) * TAL COMO AS ENTREGUEI A VOCÊS. (1 Coríntios 11:2)
Assim, se alguém quer ser contencioso saiba que NÓS NÃO TEMOS TAL COSTUME, NEM AS IGREJAS DE DEUS. (1 Coríntios 11:16)
...pois Deus não é Deus de confusão, mas de paz. ASSIM COMO EM TODAS AS IGREJAS DOS SANTOS... (1 Coríntios 14:33)
Irmãos, sede meus imitadores, e olhai aos que assim se conduzem, SEGUNDO O EXEMPLO DEIXADO POR NÓS. (Filipenses 3:17)
O que aprendestes, recebestes, ouvistes E VISTES EM MIM, ISTO FAZEI; e o Deus de paz estará convosco. (Filipenses 4:9)
Assim pois, irmãos, permanecei firmes, GUARDANDO A DOUTRINA (as tradições)* APRENDIDA por nossas palavras, ou por nossas cartas. (2 Tessalonicenses 2:15)
Mas VOS ORDENAMOS, IRMÃOS, no nome de nosso Senhor Jesus Cristo, que vos aparteis de todo irmão que anda desordenadamente, e NÃO SEGUNDO O ENSINO (tradição)* QUE RECEBESTES DE NÓS. (2 Tessalonicenses 3:6)
Porque vocês mesmos sabeis de que maneira DEVEIS IMITAR-NOS... (2 Tessalonicenses 3:7)
...senão por DAR-VOS NÓS MESMOS UM EXEMPLO PARA QUE NOS IMITÁSSEIS. (2 Tessalonicenses 3:9)
Antes de mergulharmos numa longa exposição do que a tradição apostólica envolve, consideremos primeiro o que esta tradição não é.
Aquilo que a tradição apostólica não é
A tradição dos apóstolos não se refere a um conjunto codificado formal de regras prescritas criadas pelos apóstolos. Portanto , não devemos pensar na tradição apostólica enquanto um detalhado manual de prática eclesial. A verdade é que não existe tal manual (lamentavelmente em nossos dias alguns trataram de compor tal manual!).
Na realidade, a Bíblia é bem escassa no que diz respeito a detalhes de reuniões da igreja primitiva. A razão disto é muito simples. Se existisse tal explicação detalhada, não haveria lugar para a direção e liderança do Espírito Santo. A Lei substituiria o Espírito, o odre eclipsaria o vinho, e a igreja derivaria, e se tornaria numa moderna réplica do antigo judaísmo, esculpida no molde legalista de uma adesão rotineira a formas e letras.
Nunca foi propósito de Deus determinar uma exatidão técnica nem uma conformidade externa a uma forma prescrita de ordem, ritual ou liturgia eclesial. Semelhante formalismo frio apenas produziria morte e asfixia na natureza orgânica do corpo do Ungido. Portanto, é imprescindível conceituar apropriadamente a igreja como um organismo vivo, mediante o qual o Espírito de Deus leva a cabo o propósito eterno de Deus de maneira nova e vivificante. A igreja é simplesmente o Ungido vivente, coletivo. Na realidade, a igreja é aquilo que sai do Ungido. Da mesma forma como Eva saiu da costela de Adão, igualmente a igreja tem sua origem no Homem celestial (compare Gênesis 2:21-23 com Efésios 5:23-32). Em outras palavras, as pedras vivas que presentemente estão sendo edificadas conjuntamente pelo Espírito Santo para formar a verdadeira casa do Senhor foram cortadas da Rocha do próprio Ungido (compare Mateus 16:18 com 1 de Pedro 2:5 , 8).
Se compreendemos a igreja como não apenas edificada pelo Ungido, mas também extraída do ( de dentro do) Ungido, estaremos salvaguardados de reduzir a igreja a um método ou técnica. Devido a uma falta de visão referente à natureza cristológica da igreja, não poucos cristãos converteram o Novo Testamento num sistema cristalizado de ordem, forma e método. Quando isso ocorrre, a igreja passa a ser algo em ou de si mesma , e o Senhor Jesus fica totalmente passado para segundo plano ou perdido.
Portanto, é incumbencia nossa ver que tudo aquilo que concerne à prática da igreja, tem que se manter em relação vital com a Cabeça vivente. Se o Corpo se separa da Cabeça, ele morre e deixa de ser igreja. Em outras palavras, a vida do Corpo reside na Cabeça, e um corpo divorciado de sua cabeça é um cadáver. Portanto, a igreja não tem existência separada do Ungido. Também não tem existência alguma separada do propósito de Deus no Ungido Jesus. Desta maneira, a prática da igreja é inseparável de algo bem mais elevado do que uma adesão a uma mera fórmula ou modelo prescrito —mesmo que esse modelo ou fórmula tenha base no Novo Testamento. T. Austin-Sparks observa o seguinte nesse aspecto:
O ministério do Espírito Santo sempre foi revelar Jesus Cristo e ao revelá-lo, conformar todas as coisas a Ele. Nenhum gênio humano pode fazer isso. Não podemos obter nada em nosso Novo Testamento enquanto resultado de estudos, investigações ou raciocínios humanos. Tudo consiste na revelação de Jesus Cristo que o Espírito Santo, e apenas Ele, faz. Cabe a nós tentar continuamente vê-lo ao por meio do Espírito Santo, e descobrirmos que Ele, o Ungido —não um modelo de papel— é o Modelo, a Ordem, a Forma. Tudo consiste numa Pessoa, que é a somatória de todo propósito e forma... Portanto, (na igreja primitiva) tudo consistia na livre e espontânea movimentação do Espírito Santo, e isso ocorria plenamente diante do Modelo —o Filho de Deus ( Words of Wisdom and Revelation /Palavras de sabedoria e de revelação .
O Espírito de Deus nunca nos conduzirá a uma ortodoxia morta, baseada apenas em formas externas divorciadas do Corpo de sua Cabeça vivente, deve-se sublinhar igualmente que o Espírito Santo sempre opera e se move conforme princípios espirituais definidos. E são tais princípios que constituem as indicações da tradição apostólica. Dando testemunho de sua experiência pessoal, T. Austin-Sparks explica:
O método de Deus e a plenitude de sua lei revelam-se na vida orgânica. Na ordem divina, a vida produz seu organismo próprio, seja ele vegetal, animal, humano ou espiritual. Isto quer dizer que tudo provem de dentro para fora. A função, a ordem e o fruto procedem desta lei de vida interior orgânica. Foi somente por este princípio que o que temos no Novo Testamento veio a existir. A cristiandade organizada atropelou inteiramente este ordem... Portanto, após eliminar todo o antigo sistema de cristianismo organizado, dediquemo-nos ao princípio do orgânico. Não se ‘estabelece’ nenhuma ‘ordem’, não se nomeia oficiais nem ministros. Deixamos ao Senhor a incumbência de manifestar, mediante ‘dons’ e unção, quais são Seus escolhidos para a supervisão e para o ministério. Nunca houve o ministério de ‘um só homem’. Os ‘supervisores’ nunca foram eleitos por votação, nem seleção, e certamente não pelo desejo expresso de algum líder. Nunca existiram comitês nem corporações oficiais em parte alguma da obra. As coisas proviram principalmente da oração ( Words of Wisdom and Revelation /Palavras de sabedoria e de revelação/).
Como recuperar o lugar da tradição na assembléia
O termo neotestamentário traduzido como tradição é a palavra grega paradovsei ς (paradóseis) , e denota aquilo que é transmitido. Então, a tradição apostólica inclui as histórias de Jesus, bem como os mandamentos e as práticas dos apóstolos, que foram transmitidos às assembléias locais (1 Coríntios 11:23 e ss.; 1 Coríntios 15:1-3; 2 Pedro 3:1 , 2). A tradição apostólica representa crenças e regulamentos práticos da igreja. Quando Paulo fez referência à prática universal de todas as igrejas, refere-se à tradição apostólica (1 Coríntios 4:16, 17; 11:16, 14:33-38). Não eram práticas que Paulo meramente descreveu , mas aspectos indispensáveis que prescreveu para todas e para cada uma das assembléias. F.F. Bruce, eminente erudito neotestamentário, observa o seguinte:
Quando examinamos as referências que Paulo faz à tradição do Ungido, parece que elas compreendem três elementos principais: a) um resumo da mensagem cristã, expresso enquanto confissão de fé, com ênfase especial na morte e na ressurreição do Ungido; b) diversas obras e palavras de Jesus Cristo; c) regras éticas de procedimento para os cristãos... O que tinha provido do Jesus terrenal e ecoado por meio dos apóstolos, era ao mesmo tempo validado continuamente pelo Senhor, e exaltado mediante seu Espírito nos apóstolos, de maneira que a revelação e a tradição apostólica não são outra coisa senão os dois lados da mesma moeda... na condição do imortal Ungido de Deus, Ele mantém e autentica a tradição ao longo da era apostólica, até deixar de ser tradição oral e passar a ser Sagrada Escritura. Assim, pois, a tradição é a forma pela qual o Senhor ressuscitado fornece sua revelação mediante o Espírito ( Tradition: Old and New /Tradição: Antiga e nova/).
Em suma, a tradição dos apóstolos está contida nas Escrituras Portanto, como Bruce argumentou, a noção que alguns teólogos católicos e ortodoxos sustentam com respeito a existência de um misterioso corpo de tradições inspiradas, autorizadas e infalíveis fora da Bíblia, não pode ser demonstrada. Além disso, a tradição apostólica é a incorporação daqueles princípios espirituais e práticas orgânicas que os apóstolos modelaram em cada igreja durante o primeiro século. São esses princípios, métodos e linhas de funcionamento que constituem o odre que Deus criou para preservar seu vinho novo.
Portanto, é imprescindível que nossa prática eclesial esteja em harmonia com a tradição apostólica, já que é mediante a prática dos apóstolos que seus mandamentos e ensinos encontram apropriada expressão. O que está escrito no Novo Testamento tocante a como os apóstolos se conduziam, não tem de ser considerado como história incongruente. Ao invés disso, tem que ser considerado com grande cuidado e seriedade.
Alguns podem argumentar que se seguimos corretamente a direção do Espírito Santo, não há necessidade de atender aos modelos neotestamentários. No entanto, os que usam tal argumento ignoram que somos criaturas falíveis que podem confundir direção do Espírito com nossa própria. Portanto, devemos compreender que para descubrirmos a fonte de nossa direção, nossa prática eclesial deve ter uma base bíblica. Ignorar a pauta apostólica é ficar na perigosa posição de trocar, sem saber, a direção do Espírito pelas nossas descaminhadas percepções e infundados conceitos.
Portanto, o Novo Testamento tem de ser nossa norma de fé e prática, tanto para conduta pessoal, como para vida coletiva. A este respeito, Watchman Nee assinala:
Se queremos entender a vontade de Deus no que diz respeito a sua igreja, não devemos tratar de ver como Deus guiou seu povo ano passado, dez ou cem anos atrás, devemos retornar ao começo, ao ‘Gênesis’ da igreja, para ver o que Ele disse e fez. É ali onde achamos a mais elevada expressão de sua vontade. O livro de Atos é a ‘gênese’ da história da igreja e a igreja dos tempos de Paulo é a ‘gênese’ da obra do Espírito. Em nossos dias as condições existentes na igreja são enormemente diferentes das daquela época, mas as condições atuais nunca poderiam ser nosso exemplo nem nosso guia oficial; temos que retornar ao ‘começo’. Unicamente o que Deus estabeleceu como nosso exemplo no princípio, é a vontade eterna de Deus. É a norma divina que deve sempre ser nosso modelo... As circunstâncias podem ser diferentes e os casos podem variar, mas a vontade de Deus e seus métodos são, em princípio, exatamente iguais hoje ao que eram no livro de Atos ( The Normal Christian Church Life /A vida eclesial cristã normal/.)
G.H. Lang saca a mesma inevitável conclusão ao dizer:
Não há necessidade, nem pode haver perspectiva alguma de aperfeiçoar as ordens do Senhor. Ele sabia perfeitamente quais os propósitos de sua igreja na terra, e conhecia plenamente as condições nas quais ela funcionaria; Ele instituiu, por meio de seus apóstolos, os melhores arranjos e métodos para realizar a obra proposta em determinadas situações. Supor o contrário é imputar insensatez a Deus. É uma falácia pensar que as condições mudam essencial, ou de fato, absolutamente, com relação à função da igreja de Deus. Deus não muda; nem mudam suas demandas com respeito à humanidade, não variam seus princípios de conduta para ela; a pecaminosidade e a rebelião do homem natural permanecem inalteradas; e, para o propósito em consideração as diferenças raciais e religiosas, ou a aparência local da educação mental ou da civilização, não significam nada... Assim, na medida em que todos os fatores essenciais permanecem como eram nos tempos apostólicos, se vê, e se viu, que o plano apostólico da vida eclesial e do serviço cristão é tão divinamente apropriado para estes tempos como foi no passado neotestamentário; de fato, biblicamente falando, há uma só era (The Churches of God /As igrejas de Deus /).
Portanto, o Novo Testamento apresenta a igreja em sua forma mais pura, antes de ser contaminada pela mão corruptora do homem. Em conseqüência, o Novo Testamento é o local onde devemos olhar para discernir a direção do Espírito para nós hoje, tanto no plano individual como no plano coletivo. Se ignoramos a Palavra de Deus nestes pontos, cometeremos o perigoso erro de criar uma igreja local segundo nossa própria imagem e semelhança, falhando em edificar a igreja do Senhor conforme Seu propósito. Como Stephen Kaung expressa:
A gente crê que a Palavra de Deus nos mostra como viver individualmente diante de Deus, mas também cremos na palavra de Deus no que toca ao viver coletivo? Será que Deus diz: ‘Isso é assunto de vocês; façam como melhor lhes agradar’? Infelizmente, é isso que encontramos hoje na cristandade; não há um princípio régio governando nossa vida coletiva —cada qual faz o que lhe parece correto. Mas queridos irmãos e irmãs, somos salvos individualmente, mas também somos chamados coletivamente... há tanto ensino e exemplos na Palavra de Deus regendo nossa vida coletiva como regendo nossa vida pessoal ( Who Are We? /Quem somos nós?/).
O lugar correto para começar
É necessário sublinhar aqui que antes que possamos entender realmente qualquer coisa significativa a respeito da igreja, primeiro temos que ser cativados pela revelação compreensiva e absorvente da Pessoa pela qual a igreja existe. Portanto, sempre devemos começar primeiro com o Senhor Jesus —em sua plenitude, sua centralidade e sua glória— antes de colocar nossa atenção na verdade da igreja. Dito em forma simples, se começamos pela igreja, em vez de por Aquele para quem ela vive, terminaremos com algo totalmente deformado. Russell Lipton observa isso corretamente:
¡A igreja é tão importante! No entanto, seu significado se desvanece se comparada com a glória de nosso Senhor Jesus Cristo. Enfrentamos perigos muito graves quando nos ‘especializamos’ em igreja e de modo especial em seu ‘estrutura’. Devemos especializar-nos no Senhor e deixar em segundo lugar a igreja... Se O Ungido não for exaltado, edificamos sobre a areia, usamos madeira, feno e detritos como materiais. Tudo será queimado. Onde quer que, ao longo do tempo, os cristãos edificaram sobre um fundamento que não fosse o Ungido, as tempestades vieram e as igrejas viventes caíram em morte espiritual ( Does the Church Matter? /A Igreja é Importante?/).
Como afirmamos em nosso capítulo anterior, a igreja não é um fim em si mesmo. A Palavra de Deus presta um maior destaque à Pessoa e à obra do Senhor Jesus Cristo como o centro e a circunferência do cumprimento do propósito de Deus. Sua principal ênfase é colocada em assuntos de importância para Seu Senhorio, Seu reino, Seu decisivo triunfo, Seu caráter glorioso, Sua vida nos crentes, Sua segunda vinda e Seu governo universal. Tudo gira em torno dEle!
No entanto, embora a Palavra de Deus enfatize o vinho (o Ungido no Espírito), o vinho de Deus precisa de um odre (ordem eclesial) para contê-lo. Se deixamos de prestar atenção ao odre descrino no Novo Testamento, o vinho da vida de Deus se derramará ou se perderá. O odre foi dado para a consumação prática de nossa gloriosa herança que reside no Ungido —sendo seu propósito conter e expressar as riquezas de sua glória. Pelo mesmo motivo, Deus não apenas nos fez compreender as verdades concernentes à nossa vida interior, Ele também nos deu a verdade relativa a nossa expressão exterior. Em outras palavras, o Senhor nos deu a verdade concernente ao organismo da igreja, bem como à sua ordem . Nesse aspecto, Watchman Nee explica:
Para aqueles que sabem pouco a respeito da vida e da realidade, há o perigo da ênfase na mera perfeição externa: para aqueles que consideram a vida e a realidade como temas de suprema importância, há a tentação de eliminar o modelo divino das coisas, considerando-o legal e técnico... Assim, a mera observância das formas externas de serviço não tem absolutamente nenhum valor espiritual. Todas as verdades espirituais, tanto relacionadas à vida interior como exterior, são susceptíveis de ser interpretadas na letra. Tudo o que é de Deus —seja no âmbito externo ou interno— se estiver no Espírito é vida; se estiver na letra é morte. De maneira que a pergunta não é: É externo ou interno? mas, É no Espírito ou na letra? "A letra mata, mas o espírito vivifica..." Tentamos seguir a direção do Espírito de Deus, mas ao mesmo tempo tentamos prestar atenção aos exemplos mostrados em sua Palavra... Deus revelou sua vontade, não apenas dando mandamentos, mas fazendo certas coisas em sua igreja a fim de que em todas as eras vindouras outros pudessem simplesmente considerar o modelo e conhecer sua Vontade... Os preceitos têm seu lugar, mas os exemplos têm um lugar não menos importante, se a conformidade ao modelo divino em coisas externas for mera formalidade o mesmo ocorrerá na vida interior ( The Normal Christian Church Life /A vida eclesial cristã normal/.)
O lugar do organismo e da ordem na igreja
Ainda que a igreja seja primeira e principalmente um organismo, ela tem sua ordem. Como a liderança, a ordem existe . Em outras palavras, onde quer que o povo de Deus se congregue, uma verdadeira forma terá de emergir ali com o tempo. Essa forma pode ser liberadora ou opresiva. Bíblica ou não bíblica, útil ou daninha, sempre haverá uma forma. Nas palavras de Howard Snyder: "Toda vida deve ter forma. A vida sem forma adoece e morre; perece porque não pode sustentar-se a si mesma. Assim ocorre com tudo aquilo que vive, seja no âmbito humano, espiritual ou botânico, pois Deus é conseqüente em sua criação." ( The Community of the King /A comunidade do Rei/). Portanto, o ordem eclesial é inevitável; mas nem toda ordem é biblicamente válida ou espiritualmente conducente. O ordem pode ser um amo repressivo ou um servo útil. Assim como a Palavra de Deus revela a igreja como um organismo, ela também revela uma apropriada ordem eclesial.
Encontramos um pertinente exemplo desta verdade na severísima repreensão de nosso Senhor, dirigida aos escribas e fariseus. Em Mateus 23 vemos como Ele repudiou sua tradição rabínica e denunciou sua injustificada obsessão pela exatidão exterior e pelo legalismo formal externo. Mais adiante nesse mesmo texto, Jesus os condena por tergiversar as prioridades divinas: "...limpais o lado de fora do copo e do prato, mas por dentro estais cheios de roubo e de injustiça... porque dizimais a menta e o cominho, e deixais o mais importante da lei: a justiça, a misericórdia e a fé."
Significativamente, apesar do Senhor atacar os escribas e fariseus por enfatizarem a exatidão exterior, descuidando da pureza interior, Ele não lhe retirou a importância dos assuntos exteriores. Jesus seguiu dizendo: "Isto era necessário fazer, sem deixar de fazer as coisas mais importantes " (Mateus 23:23). De maneira que, embora Deus atribua muito mais importância à realidade espiritual interior (organismo), Ele não ignora sua expressão exterior (ordem).
O fato é que há tanto ordem como vida —forma e função— na igreja de Jesus Cristo. Com perspicácia, A.W. Tozer compensa o delicado equilíbrio que entre os dois, dizendo:
Alguns não terão absolutamente nenhuma organização, e o resultado será confusão e desordem, eles nunca poderão ajudar a humanidade nem trazer glória ao Senhor. Outros substituem a vida pela organização, e embora digam que vivem, estão mortos. Outros se apaixonam a tal ponto por regras e regulamentos, que os multiplicam além de toda a razão, em pouco tempo se apaga a espontaneidade dentro da igreja e a vida desaparece dela ( God Tells the Man Who Cares /Deus se revela àquele que o busca/).
Onde fracassou o cristianismo evangélico moderno
Com respeito à prática dos apóstolos, alguns empregam um modelo ambíguo. Muitos evangélicos modernos abraçam a idéia de que apenas aquelas coisas que são "ordenadas explicitamente" nas Escrituras, são obrigatórias, e que tudo o mais pode ser ignorado sem qualquer parcimônia. No entanto, ironicamente, a maior parte dos evangélicos nega este conceito em sua prática. Isto é, defendem rigorosamente a importância da celebração da Ceia do Senhor regularmente, da necessidade de uma liderança eclesial, do requerimento de batizar novos conversos, e da importância de congregar-se semanalmente. É assombroso, no entanto, que nenhuma destas práticas esteja explicitamente ordenada nas Escrituras.
É igualmente problemática a noção de que apenas os "princípios" da igreja primitiva devem ser observados, ao mesmo tempo em que suas "práticas" são consideradas insignificantes e antiquadas. Este conceito enganou a muitos cristãos, levando-os a adotar um grande número de práticas de invenção humana que violam os princípios espirituais, como por exemplo, o clero assalariado, os pastores únicos, os serviços religiosos de estilo púlpito-banco em espaços semelhantes a basílicas, as denominações, etc., todas diametralmente opostas ao ensino neotestamentário.
A verdade é que não somente as ordens apostólicas regulamentais são obrigatórios para a igreja moderna, mas também as práticas apostólicas regulamentais. Ao dizer regulamentais, entendo todas aquelas práticas que assumem as características seguintes: foram estabelecidas pelos apóstolos em todas as igrejas primitivas, são de orientação doutrinal mais do que de orientação cultural, e contêm um subtexto ou significado subjacente espiritual/teológico. Tais práticas não são puramente narrativas; implicam em força prescritiva.
O livro de Atos e as epístolas paulinas estão repletos de referências à tradição apostólica. Estes escritos inspirados pelo Espírito Santo apresentam tanto princípios espirituais básicos, como aplicações locais. Em Atos, Lucas usa um estilo narrativo para ensinar verdades teológicas, e vemos que em seus escritos se combinam princípios e práticas. O mesmo se encontra igualmente permeado em todas as epístolas de Paulo. Em 1 Coríntios 4:17 Paulo declara como ele ensinou seu proceder "em todas as partes" e "em todas as igrejas". No conceito do apóstolo Paulo, doutrina e dever —crença e conduta— são inseparáveis.
O que está incluído na tradição apostólica é regulamento prático para todas as igrejas locais de ontem e de hoje. Portanto, a exortação de Paulo de reter "as instruções (tradições) tal como vo-las entreguei , e de praticar essas coisas que "aprendestes, recebestes, ouvistes e vistes em mim", são considerações que nos devem guiar em nosso empenho por retornar ao propósito original de Deus para a igreja.
Interseção entre tradição e doutrina
Aderir à tradição apostólica não significa reproduzir os acontecimentos da igreja do primeiro século. Se fosse assim os cristãos modernos teriam que celebrar suas reuniões num aposento alto onde tivesse muitos lustres (Atos 20:8), sortear seus líderes (Atos 1:26), subir em terraços na hora de orar (Atos 10:9), sem mencionar ter que falar e vestir como faziam todos os crentes do primeiro século. Pelo contrário, observar as tradições apostólicas quer dizer, seguir aquilo que era teológica e espiritualmente significativo na experiência da igreja neotestamentária. Portanto, a tradição apostólica sintetiza o equilíbrio entre reproduzir ações específicas da igreja do primeiro século e ignorá-las .
A verdade é que há numerosas práticas da igreja primitiva que são normativas para nós hoje. Apesar de tais práticas não estarem condicionadas culturalmente, estão vinculadas à nossa fé e obediência. Estão profundamente arraigadas na teologia bíblica, e dão expressão prática às realidades espirituais que estão no Ungido. São, digamos, os meios divinos para expressar o propósito divino. Russell Lipton expressa isso da seguinte forma:
A doutrina informa o coração e muda o homem interior. A prática nos capacita para dar forma à doutrina e convertê-la em testemunho Embora na igreja primitiva as práticas evoluíssem e mudassem até certo ponto ao longo das décadas, não temos justificativa nas Escrituras para minimizar ou fugir das práticas neotestamentárias e introduzir nossas próprias práticas. No máximo, podemos experimentar formas frescas que estejam clara, inconfundível e justificavelmente vinculadas com aquelas primeiras práticas. Mas se somos sensatos, viveremos expressando as práticas dos apóstolos e sua doutrina ( "Devotion to Practices" /Da devoção à prática/, artigo não publicado).
A tradição apostólica encarna o ensino apostólico —dá forma à doutrina bíblica. Por exemplo, a reunião eclesial participativa livre é solidamente baseada na bem estabelecida doutrina do sacerdócio de todos os crentes, e nos princípios, funcionamento e crescimento orgânicos da vida corporativa (vide Capítulo 1). A observância da Ceia do Senhor como objeto distintivo da reunião eclesial, é baseada na centralidade do Ungido e na relação pactual da comunidade dos crentes (vide Capítulo 2). As reuniões eclesiais caseiras se baseiam diretamente na doutrina de que a igreja é uma comunidade relacional —uma família extensa muito unida, que se ocupa do compartilhamento, do serviço e da edificação mútua (vide Capítulo 3).
A liderança plural e a tomada de decisões por consenso, estão firmemente fundadas na operação prática da liderança funcional, como Cabeça, do Ungido, que é o propósito central de Deus ao longo de toda a Bíblia (vide Capítulos 5 e 6). A base bíblica de uma igreja por comunidade está estabelecida na doutrina da unidade do Corpo do Ungido (vide Capítulos 7 e 8). Finalmente, a função da assembléia local, ordenada por Deus, baseia-se solidamente no propósito eterno de Deus revelado nos escritos paulinos, de modo particular em Romanos, Colossenses e Efésios (vide Capítulo 9).
Há outras práticas apostólicas além das já mencionadas, como projeção evangelística; discipulado; função dos homens e das mulheres na igreja; instrução de novos convertidos; obras de misericórdia para com os pobres; obras de justiça social; a esfera e a sustentação dos obreiros apostólicos; os diferentes ministérios da igreja; os dons do Espírito Santo; e outros. No entanto, apesar destes elementos receberem muita atenção hoje em dia, os mesmos estão além do alcance deste livro.
Em suma, todo princípio que faz parte da tradição apostólica, está vitalmente relacionado com uma importante doutrina bíblica. A prática apostólica representa o meio ordenado por Deus para expressar a realidade espiritual em todo o Novo Testamento. Portanto, a função e a forma da igreja são noções complementares nas Escrituras. Se a forma da igreja deve seguir a função da igreja, não se deve ignorar a forma da congregação. Dito de outro modo, a forma correta não assegura nem garante a vida. Não obstante, se uma igreja tem vida, a mesma deve adotar aquelas formas que facilitem a edificação do Corpo e o crescimento do Ungido. Como um autor observa:
Toda estrutura eclesiástica (inclusive a estrutura da autoridade deve vir espontaneamente da ‘vida’. O rio (a ‘vida’) forma seu próprio leito (estrutura). Nós não podemos fazer o leito (estrutura) e depois convidar o rio (a ‘vida’) para que passe por nossa construção. Ou seja, o rio corre e ao fazê-lo, forma seu próprio leito para fluir por ele. Da mesma maneira, a vida do Espírito na congregação terá de formar sua própria estrutura. Portanto, toda estrutura neotestamentária é flexível (move-se com a vida) e não rígida (Mateus 9:14-17). No entanto, as Escrituras determinam a estrutura básica da igreja e deve ser estudada continuamente, a fim de verificar a estrutura que se está formando. O Espírito não produz estruturas que estejam em oposição à Palavra (Rudy Ray: " Authority in the Local Church " /Autoridade na igreja local/, Searching Together, Vol. 13:1).
Assim, quando o Espírito Santo usa seu método soberano restaurando e vivificando um povo, é inevitável que os crentes comecem a congregar-se espontaneamente de uma maneira bíblica. Não farão caso omisso da tradição apostólica. Segundo a opinião de Paulo, os que são espirituais, terão de reconhecer e obedecer os mandamentos apostólicos relativos à ordem eclesial (1 Coríntios 14:37). No entanto, aos olhos de muitos cristãos modernos, lamentavelmente, a tradição apostólica foi em grande escala ignorada e considerada inaplicável. Desta maneira, a tradição apostólica ficou sepultada sob uma montanha de tradições humanas Em nossos dias, multidões de líderes eclesiásticos optaram por considerar suas próprias idéias de ‘fazer igreja’, como mais atinadas, mais convenientes e mais produtivas que as encontradas no Novo Testamento. A tragédia que esta errônea conclusão produz é múltipla. Em poucas palavras, quando se substituem os modelos apostólicos com programas e projetos feitos por homens, o propósito de Deus ordenado para a ekklesia acaba, pelo menos, lesado, ou no pior caso, esmagado.
Importância do modelo neotestamentário
Quando Paulo foi confrontado com os que tentavam apartar-se do modelo que ele tinha dado às igrejas, respondeu com inusitada severidade, dizendo:
Talvez saiu de vocês a palavra de Deus, ou apenas a vocês chegou? Se alguém crê ser profeta, ou espiritual, deve reconheçer que aquilo que vos escrevo são mandamentos do Senhor. Mas se alguém discordar, deixemos ele em sua ignorância. (1 Coríntios 14:36-38)
Nos faria bem recordar que a verdade divina se entende tanto pelo preceito como pelo exemplo. A verdade espiritual se ensina por meio de proposições éticas, bem como mediante palpáveis demonstrações de sua execução. Este é o caso em toda a Bíblia, desde as histórias do Antigo Testamento, passando pelos relatos evangélicos até as idas e vindas dos apóstolos no Novo Testamento. Portanto, desestimar os princípios e exemplos orgânicos da Bíblia é trair as doutrinas da Bíblia, e conseqüentemente, perder a realidade espiritual que é inseparável das mesmas
Surpreendentemente, mesmo que uma igreja troque o modelo neotestamentário por sua própria forma construída por ela mesma, até certo ponto, a bênção de Deus ainda pode permanecer sobre ela. Isto fez com que não poucos cristãos chegassem à conclusão de que os modelos apostólicos não são importantes. Mas não devemos nos enganar crendo que a bênção de Deus está desvinculada de sua aprovação . Por exemplo, a história de Israel contém a sóbria lição de como Deus ainda pode abençoar a um povo que substituiu o propósito divino pelos seus próprios.
Ao longo das jornadas de Israel no deserto, Deus supriu todas suas necessidades em forma sobrenatural, apesar do fato de que Ele estava continuamente enojado com eles, por causa de suas constantes murmurações. O mesmo ocorreu quando os filhos de Israel clamaram por um rei em sua rebelião contra a vontade divina, o Senhor condescendeu a seu desejo carnal (1 Samuel 8:1 e ss.). Apesar disso, Ele seguiu abençoando-os. Não obstante, trágicas conseqüências seguiram a sua limitada obediência (1 Samuel 8:11-18). Israel perdeu sua liberdade sob muitos monarcas maus, e a nação inteira sofreu uma série de juízos divinos devido à apostasía nos montes. Há um triste paralelo entre a condição de Israel e a de grande parte do povo de Deus hoje, que optou por um sistema religioso atado à terra e manejado por homens.
O repto da obediência sincera
Para dizê-lo direta e claramente, cada vez que o povo de Deus escolhe seus próprios caminhos em vez dos caminhos de Deus, estes limitam severamente a mão de Deus e contristam seu coração. Embora seja verdade que Deus em sua misericórdia tente abençoar a qualquer grupo de pessoas, quando encontra alguma base para fazê-lo, o Senhor é muito zeloso em sua igreja e não terá piedade daqueles que voluntariamente ignoram seus mandamentos. Na linguagem do Apocalipse, Ele pode "tirar o candelabro" de uma congregação local. Os penetrantes juízos de nosso Senhor sobre as igrejas em Apocalipse 2 e 3 são uma prova clara disto.
Oh, quão rapidamente nos esquecemos de que a igreja pertence a Deus e não a nós! É parte de nossa natureza decaída seguir nossas próprias idéias no que toca à prática eclesial, venerar nossas próprias tradições, canonizar nossas próprias preferências pessoais e institucionalizar o que acomoda a nossa própria noção de bom sucesso, em vez de seguir aquilo que os apóstolos nos transmitiram.
De maneira que pergunto —de onde obtemos o direito de mudar o modelo neotestamentário? Que base temos para ignorar a tradição dos apóstolos preferindo nossas próprias tradições? Que autoridade temos para substituir a liderança plural por formas hierárquicas de governo e sistemas de pastor único? Que base exegética temos para substituir as reuniões participativas livres, com serviços baseados em programas e manejados por homens que fomentam a passividade e limitam o ministério do Corpo? Que razão temos para separar-nos de outros cristãos tomando como fundamento um movimento, um líder, um ministério ou uma ênfase doutrinal divergente?
Em suma, que prerrogativa temos para alterarmos o que o Senhor prescreveu para sua própria igreja mediante claros exemplos expostos em sua Palavra? Aqui vêm à mente as palavras do honorável teólogo John Stott: "O distintivo de um autêntico cristianismo evangélico não é a repetição insensata de velhas tradições, mas a disposição de submeter toda tradição, por antiga que seja, a um escrutínio bíblico vívido e, se necessário, a uma reforma" (" Basic Stott ", Christianity Today , Janeiro 8, 1996). Refaço a pergunta em forma direta: Se nossas práticas eclesiais entram em conflito direto com a revelação neotestamentária, estamos dispostos a ajustá-las?
Que Deus edifique sua casa
Um inconfundível tema da Bíblia é que nas coisas divinas Deus não deixa nada para a decisão do homem; é a Casa do Ungido que Ele está edificando a sua maneira. Ele é tanto o Deus do fim como o Deus dos meios . Tudo deve ser dEle, por e para Ele, se há algum valor duradouro. Não é o tamanho do edifício que marca o principal interesse de Deus, mas de que está composto (1 Coríntios 3:9-15). Aos olhos do Senhor, como edificamos e com oque edificamos é mais importante do que o tamanho e a aparência exterior do edifício. Além do mais, "Se Jeová não edificar a casa", declara o salmista, "em vão trabalham os que a edificam" (Salmo 127:1). Apenas Deus é o mestre "arquiteto e construtor" (Hebreus 11:10) —especialmente quando se trata de sua própria morada. Portanto, na obra de Deus o princípio que rege é sempre: "Jeová, tu... fizeste em nós todas nossas obras" (Isaías 26:12).
A trágica história do ato do Rei David de pôr o arca do Senhor sobre uma carroça de madeira, é um testemunho do que ocorre quando a obra de Deus é feita à moda humana (2 Samuel 6:1-7). Pois, sem dúvida alguma, o plano humanamente criado de pôr a arca santa sobre uma carroça, à semelhança das modernas prática pragmáticas, foi copiado dos filisteos pagãos violando a clara instrução de Jeová (Exodo 25:12-16; Números 4:5-15). Da mesma maneira, convidamos a morte espiritual para nosso meio e incorremos no desagrado do Senhor, quando nos apartamos de seu propósito ordenado e tentamos fazer as coisas a nosso modo. Russell Lipton expressa isso belamente:
É um arraigado princípio do homem natural (do século XX) imitar as práticas de outras religiões idólatras. A razão é simples. O cristianismo é a única forma de vida que o homem natural pode viver com bom sucesso. É inteiramente espiritual. O mesmo depende, por completo, quase literalmente, da obra do Espírito Santo no renovado espírito, mente e vontade dos crentes... Por esta razão, a prática eclesial não pode ser motivo de indiferença, de ‘menos importância’, ou pior, uma desculpa para seguir o sistema do mundo (‘adotamos métodos mundanos de fundar organizações produtivas e depois pedimos a Deus que abençoe o que já determinamos fazer’). Num sentido muito real, a igreja não está na terra, nem pertence a qualquer nação. Isto não quer dizer que a prática bíblica é impraticável. As práticas bíblicas são a forma mais prática (a única forma prática) para Deus cumprir sua vontade na terra (" Detestáveis Práticas " /Práticas detestáveis/, artigo não publicado).
Não esqueçamos nunca a advertência de Paulo, relativa à sutil influência de ecos filosoficos que desvirtuam a Pessoa do Ungido (Colossenses 2:8). O pragmatismo moderno é uma dessas filosofias. Não obstante, devido a ter sido batizado no nome de Cristo , estar vestido com um traje cristão e falar uma linguagem bíblica, muitos crentes modernos assumem o pragmatismo como algo adequado ao cristão. Em suma, o pragmatismo afirma osadamente que se algo tem bons resultados de acordo com as dimensões humanas, tem que ser verdadeiro. Semelhante conceito é espiritualmente perigoso e biblicamente inválido, porque Noé, Jeremías, Isaías, Esdras, Neemias, João Batista, Jesus e os doze apóstolos seriam todos fracassados aos olhos do pragmatismo moderno! Em seu penetrante ensaio chamado Pragmatism Goes to Church (O pragmatismo vai à igreja), A.W. Tozer vai fundo nesse assunto:
Que temos de fazer para quebrar opoder (do pragmatismo) sobre nós? A resposta é bem simples. Reconhecer o direito de Jesus Cristo de controlar as atividades de sua igreja. O Novo Testamento contém instruções detalhadas, não somente a respeito do que temos de crer, mas também do que temos de fazer e como. Qualquer desvio dessas instruções é uma negação do Senhorio de Jesus Cristo. Eu digo que a resposta é simples, mas não é fácil, porque a mesma requer que obedeçamos antes a Deus do que ao homem, e isso faz acender a ira da maioria religiosa. Não é questão de saber o que fazer; podemos aprender isso facilmente das Escrituras. A questão é se temos ou não coragem de fazê-lo ( God Tells the Man Who Cares /Deus se revela ao homem que se interessa).
De quem é a casa que estamos edificando?
Enfim, talvez uma simples ilustração ajude a sublinhar a importância do exposto neste capítulo. Suponha você que contratou um carpinteiro para construir um quarto de estudo extra em sua casa. Você desenhou um esquema para especificar como queria que o quarto fosse construído, e explicou tudo cuidadosamente ao carpinteiro. Uma semana depois, ao regressar de suas férias, você se horroriza ao ver que seu novo quarto de estudo não se parece em nada com o modelo que você rascunhou para o carpinteiro. Ao perguntar-lhe por que não se ateve ao plano de você lhe deu ele responde dizendo: "Pensei que minhas idéias fossem melhores que as suas."
Não façamos o mesmo com a casa do Senhor ?
Lamentavelmente, muitíssimos cristãos não tiveram escrúpulos e mudaram o arranjo dos móveis espirituais da casa de Deus, a despeito da vontade do Proprietário. Desta maneira, David prossegue pondo o arca santa numa carroça filistéia, enquanto a mão humana de Uzias prossegue tratando de sujeitá-la. Oxalá não sejamos tão imprudentes.
Que o Senhor nos ajude a observar a "devida ordem" (1 Crônicas 15:13).
CAPÍTULO 11
QUE FAREMOS?
É um perigo bem comum no andar cristão o hábito de equiparar um entendimento mental da verdade com sua realização prática na vida diária. Se você serviu ao Senhor durante algum tempo, sem dúvida alguma conhece o sutil perigo de deixar que uma verdade permaneça estéril em seu intelecto, entendida mentalmente mas não aplicada espiritualmente. Nosso problema é que somos bem rápidos em perceber coisas em nossa mente, enquanto nossa experiência fica defasada muito atrás. A este respeito, Russell Lipton escreve o seguinte:
Devemos nos guardar quanto a isso (que é válido mesmo entre os leitores que concordam com isso). Não basta dar um mero consentimento mental no que toca à igreja, considerando isso apenas como uma ‘questão’. Vivemos numa época de questões. Paulo se referiu aos seguidores de questões como aqueles que têm comichão de ouvir. E não os tratou com suavidade. Esta igreja, esta Noiva pela qual o Ungido —enquanto noivo celestial— levou a cruz, não é uma mera ‘questão’. Ao redor de sua consumação giram assuntos de vida, de morte, de galardão, de vergonha, de céu, de inferno ( Does the Church Matter? — Importa a igreja?).
Certamente, ter uma correta percepção das coisas divinas não garante que as tenhamos nas mãos. Tendo em perspectiva este pensamento, mudemos nosso enfoque à desafiante areia da aplicação e implementação práticas das mesmas. Depois dessa avaliação sobre o entendimento bíblico da igreja, não seria menos trágico impedir resplandecer a nova luz que descobrimos. Portanto, vou formular uma concisa questão: Que faremos?
Nas páginas anteriores analisamos extensamente a necessidade de uma renovação radical na igreja. Mas a questão que temos diante de nós agora tem que ver com os meios bíblicos de renovação. Ao enfocar este problema, alguns advogam a idéia de renovar a igreja institucional de dentro para fora. Mas aqueles que tentam reorganizar de forma completa a igreja estabelecida, encontram séria resistência, frustração e até mesmo perseguição.
Para ser inteiramente sincero, a não ser que se desmantele o sistema clerical e sectário extrabíblico numa igreja em particular, todos os esforços que se façam para atingir o supremo desejo de Deus serão energicamente desafiados. Quem tentar efetuar uma renovação bíblica numa típica igreja institucional, comumente encontrará os seguintes resultados desalentadores: o pastor se sente ameaçado; os congregantes resistem a interrupção do statu quo ; a junta diretiva é tomada pelo pânico temendo uma divisão; e o povo interpreta erroneamente o que ocorre. Antes de analisar a resposta do Senhor ao problema da igreja contemporânea, olhemos rapidamente alguns movimentos modernos que tentaram renová-la.
As compras num ‘supermercado’
A tendência de fundar ‘megaigrejas’ do tipo supermercado é apenas um exemplo da frustrada tentativa de renovar plenamente a igreja. Hoje, estas igrejas de tipo ‘supermercado’, impelidas pelos acontecimentos, criaram ‘boutiques’ especializadas para cada vertente sociológica estadunidense, —desde mães solteiras, ‘aplicadores dos doze passos’, reuniões de casais, casais premaritais, progenitores de adolescentes, representantes da Geração X, até mães trabalhadoras, homens de negócios, artistas e bailarinas. Anunciando a si mesmas como dotadas de talentos extraordinários e impelidas por uma formidável mentalidade de ‘crescimento industrial’, as megaigrejas a cada domingo atraem milhares de pessoas em seus enormes anfiteatros.
Usando as últimas estratégias de crescimento eclesial, métodos organizacionais e técnicas de mercado, as igrejas desta espécie são consideravelmente exitosas no engrossamento e suas fileiras. Proporcionam programas de espetacular adoração nos meios de comunicação, serviços religiosos ao estilo de reuniões espirituosas, efeitos visuais de alta tecnologia, discursos evangélicos ajustadamente sinóticos entremeados com fortes doses de satisfação jocosa, apresentações dramáticas com coreografia teatral, frequentes visitas de anunciadas celebridades cujo roupagem sempre é ajustada por cores coordenadas, e inumeráveis grupos de interesse diversos, destinados a satisfazer todas as necessidades do consumidor. E para arrematar, as megaigrejas oferecem ao público recursos religiosos de mercado de massa, com a exigência de um compromisso mínimo, baixa visibilidade e pouco custo. Dito de forma simples, o movimento das modernas megaigrejas é edificado sobre o paradigma comercial corporativo, que usa o enfoque mercantil para edificar o reino de Deus.
Desafortunadamente, aqueles crentes que são atraídos a estes ‘Wal-Marts’ do mundo religioso mundial, organizados, vastos e atraentes, dificilmente encontrarão um lugar em seu coração para uma simples e não extravagante reunião, centrada ao redor da pessoa do Ungido apenas. Para eles, escolher entre uma pródiga igreja supermercado e uma 'igreja caseira' , é como escolher entre o flamejante supermercado e a barraquinha de víveres da esquina.
A debilidade endêmica das igrejas de tipo supermercado é que põem tanta ênfase na dimensão de ‘igreja espalhada’ do Corpo do Ungido, que consequentemente a dimensão de ‘igreja congregada’ sofre uma grande perda. Ao enfocar toda ênfase em ser ‘sensíveis’ às zonas de confortaçao de inconversos ‘procuradores’, muitas megaigrejas deixaram de discipular adequadamente seus novos conversos, para levá-los a uma radical entrega a Jesus Cristo e promover relações comunais bem estreitas com outros discípulos. Além disso, a maquinaria comercial que impele estas gigantescas instituições, obscurece a natureza espiritualmente autêntica e orgânica da assembléia local.
Enquanto as igrejas de tipo supermercado funcionam sob a bandeira da ‘pertinência cultural’, implicam uma semelhança demasiado conspícua com as estruturas comerciais superficiais desta era, para ter algum impacto profundo ou duradouro na cultura. Dito claramente, as técnicas modernas utilizadas para comunicar o evangelho, com freqüência são exatamente tão carnais quanto o sistema do qual supostamente pretendem libertar as pessoas. Desta maneira, o evangelho torna-se trivial, comercializado e frica esvaziado de seu poder, considerado tão apenas como mais um ‘produto’ em nossa cultura obsedada e consumista.
Em suma, as igrejas de tipo supermercado da moderna cultura cristã popular, implicam pouca similitude com as simples igrejas do primeiro século, dependentes do Espírito Santo, cristocêntricas, espiritualmente dinâmicas e de ministério mútuo, que reviraram o mundo naquele tempo (Atos 17:6).
Atraídos pela onda
Além das igrejas de tipo ‘supermercado’, o recente "movimento da terceira onda" e seu primo, o "movimento da restauração", foram duas personagens altamente influentes no jogo da renovação. Estes movimentos corolários, povoados em sua maior parte por carismáticos e pentecostais, enfatizam a restauração do poder apostólico, dos milagres apostólicos e do ministério apostólico. Para maior brevidade, chamarei terceira-onda-de-restauração a estes movimentos relacionados.
Não pretendo aqui desestimar a premente e atual necessidade do genuíno mover do Espírito Santo na igreja. Mas a verdade é que a maior parte das igrejas da terceira-onda-de-restauração puseram a carroça diante do cavalo. Isto é, elas tentam possuir o poder do Espírito Santo antes de passar sob a faca da cruz que separa a carne do espírito.
Biblicamente falando, a cruz é o exclusivo fundamento do poder do Espírito Santo. Assim como o Calvário precedeu a Pentecostes, o batismo de nosso Senhor no Jordão precedeu a descida da pomba celestial, o altar do sacrifício precedeu o fogo celestial e a rocha golpeada precedeu o fluir das águas em Horeb, da mesma maneira o poder do Espírito Santo acha seu lugar de repouso sobre o altar de uma vida crucificada. Recordemos o mandamento do Senhor a Israel de não derramar o azeite sagrado sobre nenhuma carne (Exodo 30:32). Este mandamento é uma figura idônea que ilustra como a cruz deve suprimir a velha criação, a fim de que o Espírito vingue e opere. Ou seja, o Espírito Santo não pode tomar por conduto a carne não crucificada.
São numerosos os perigos de começar com o Espírito Santo em vez de começar com a cruz. Entre outras coisas, isso pode facilmente levar uma pessoa a uma danosa busca de poder sem caráter, a uma mística experiência sem santidade, a uma desenfreada excitação psico-sensorial sem um são discernimento, e a falsificações demoníacas sem nenhuma realidade espiritual. A este respeito, não poucos cristãos que hoje em dia procuram desesperadamente uma renovação individual, fazem rotineiramente suas malas e afluem às mais variadas ‘Mecas Cristãs’ de avivamentos, promovidos por igrejas da terceira-onda-de-restauração
Devido a seu desesperado desejo de serem tocados por Deus, muitos deles acabam sendo levados por cada novo vento de doutrina ou experiência que sopra através das portas da igreja, sem levar em conta se o mesmo tem ou não algum mérito bíblico (Efésios 4:14). Com respeito a isto, muitos na terceira onda desenvolveram uma doentia dependência de experiências fenomenológicas —uma dependência que, como a de um viciado, leva-os a viajar por todas partes para obter sua próxima dose espiritual. Semelhante dependência não apenas obscurece a função das Escrituras como também a fonte principal do sustento espiritual individual, do discernimento espiritual e da comunhão pessoal com o Ungido vivente, mas que ao mesmo tempo fomenta uma danosa (e as vezes patológica) instabilidade espiritual.
Não pretendo aqui sugerir que o movimento da terceira-onda-de-restauração seja sem valor para o Corpo do Ungido. Pelo contrário , este movimento fez várias e marcantes contribuições bíblicas úteis. As de maior significado são aquelas que fomentaram uma genuína fome pela presença de Deus, uma receptividade ao mesmo, uma sã combinação de teologia evangélica e carismática, e uma vasta coleção de música de adoração e de louvor maravilhosamente ungido. No entanto, seu defeito básico está em super-enfatizar a experiência mística, sua tendência em colocar no trono os dons de poder bem mais do que a Jesus Cristo o Doador , e seu zeloso respaldo ao moderno sistema clerical.
Com toda franqueza, o pastor é rei na igreja típica do movimento da terceira-onda-de-restauração. Conseqüentemente, os congregantes que foram verdadeiramente renovados com o vinho novo do Espírito, encontram muito pouca liberdade para funcionar plenamente em seus dons durante um típico serviço eclesial. Ainda que as igrejas de terceira-onda-de-restauração possam jactar-se de possuir o ‘vinho novo’, têm-no confinado a um odre velho contaminado —um odre velho que inibe o ministério mútuo, a relação mútua, a liberdade e a vitalidade. O odre velho usado, meramente reforça a mentalidade do ‘sente-se e empanturre-se’ que hoje em dia constitui uma chaga no Corpo do Ungido.
O ‘guruismo cristão’ é também epidêmico nas igrejas de terceira-onda-de-restauração. Neste movimento abundam mestres, profetas e apóstolos ‘muito poderosos’ e altamente dotados, que são reverenciados como ícones espirituais, que se jactam em sua posição conspícua no meio de seus seguidores no clube de fanáticos. Uma típica cruzada de renovação não é diferente de um concerto de ‘rock’, onde a bem anunciada celebridade efetua uma atuação espetacular e recebe os aplausos frente ao público cristão. Por exemplo é bastante comum que os membros da igreja cheguem várias horas antes da função, a fim de garantir seus assentos na primeira fila para escutar o mestre itinerante em voga e que acaba de chegar à cidade.
Na realidade, o movimento da terceira-onda-de-restauração enfatiza tanto o quíntuplo ministério, que chega a rivalizar e obscurecer o sacerdócio de todos os crentes. Superestima o ministério extralocal às expensas da igreja local . Quando foi a esta última que Deus estabeleceu para que fosse o ambiente normal para a nutrição e preparação espiritual individual. Não é de estranhar que aqueles que desejam receber a plenitude de Deus, mas que não conhecem a vida eclesial neotestamentária, vêem-se compelidos a provar qualquer coisa que lhes promete uma maior onda de suco de renovação.
Lamentavelmente, muitos do movimento de restauração- terceira-onda se lançaram precipitadamente para a ambigüidade teológica e a inconsequencia bíblica. Isto é, abraçaram de todo coração um fenômeno peculiar que tem pouca ou nenhuma garantia bíblica, enquanto desprezam o modelo de vida eclesial que tem abundante mérito bíblico. Ironicamente, a experiência que multidões neste movimento estão tentando atingir, só pode ser encontrada na igreja neotestamentária. Quando alguém experimenta a ‘vida coletiva’ tal qual Deus a ordenou, fica curado do irrefreável impulso de viajar de um lado a outro para encontrar o último ‘lugar quente’ de avivamento. Pelo contrário, descobrirá um verdadeiro e duradouro refrigério e estabilidade no meio da igreja de sua localidade.
Para estender a metáfora, muitos do movimento da terceira-onda-de-restauração ao tentar montar a última onda espiritual, ficam aprisionados na ressaca de uma estrutura eclesiástica dominada pelo clero. Além disso, alguns que foram mordidos pelos tubarões da falsa experiência espiritual , agora estão afogando-se nas sombrias águas do misticismo cristão e do clericalismo carismático. Lamentavelmente, não se pode ministrar com sucesso a RCP (ressuscitação cardio-pulmonar) dentro da matriz institucional do movimento de terceira-onda-de-restauração. A única esperança de recuperação está em sacar a tampa institucional para dissipar a crescente água.
Aprisionados numa célula
Outra tentativa de renovação em anos recentes, mais promissora do que nos dois anteriores, foi a aparição do modelo da ‘igreja em células’. As igrejas em células estão baseadas num enfoque de duas formas de fazer igreja. Provê-se uma reunião semanal do ‘grupo de célula’ (efetuada num lar) e uma reunião de ‘celebração’ dominical (efetuada num edifício). As pequenas reuniões de células se destinam à confraternização, ministério, oração e evangelismo, enquanto que as grandes reuniões do grupo se destinam à pregação e adoração. Enquanto há muito de louvável no movimento da igreja de células —especialmente sua ênfase na relação estreita, na reciprocidade e no ministério coletivo— sua maior debilidade está em seu modelo de liderança.
Embora a igreja em células tentasse renovar a igreja institucional provendo um contexto para a relação coletiva e para o funcionamento mútuo, deixou intacto o sistema clerical não bíblico! Nas igrejas em células é endêmica uma estrutura de liderança hierárquica que tem demasiado pessoal dirigente, e que trabalha contra a comunidade. Assim, "o cabresto mais longo" é uma metáfora adequada para descrever o modelo da igreja em células. Isto é, a congregação proporciona uma medida de vida eclesial quando se reúne semanalmente no lar de alguém. No entanto, mediante uma altamente organizada hierarquia, o pastor controla as reuniões e as conduz de acordo a seus próprios desejos. (Por exemplo, não é raro que o "tempo de ministério" numa reunião de célula seja restrito à análise do último sermão do pastor!)
Por outro lado, na típica igreja em células, o culto dominical de basílica é considerado como a reunião proeminente, enquanto que as pequenas reuniões celulares são consideradas como meras instâncias secundárias. Apesar do fato de que na literatura das igrejas em células a célula seja chamada de "unidade básica" da igreja, não é bem assim que ela é modelada. Pelo contrário, as células servem principalmente como pontos de captação para fazer crescer em número a igreja basílica maior, à qual pertencem as células. Ademais, tipicamente cada ‘grupo celular’ demonstra pouco interesse em confraternizar com outros cristãos que assistem a uma igreja diferente no domingo pela manhã, mesmo que esses crentes desejem fazer parte ativa das reuniões celulares no meio da semana.
É inegável que o modelo da igreja em células revele-se impressionante no papel (os manuais das igrejas em células estão repletos de elaborados organogramas e atrativos gráficas organizacionais). Contudo, carece de uma verdadeira experiência de vida. Merece nosso aplauso, porque denuncia as igrejas ‘baseadas em programas’, que se encontram presas em estruturas burocráticas. Mas justifica nossa desaprovação por sua praserosa adesão a uma estrutura de liderança hierárquica rígida e de muitos disfarces. Essa estrutura não apenas mina o princípio bíblico, como também faz de cada célula uma extensão da visão e do dosígnio do pastor , sepultando assim o sacerdocio dos crentes sob a crosta de uma hierarquia humana.
Portanto, o modelo de igreja em células viola o próprio princípio que alega sustentar, isto é, de que a igreja é um organismo integrado por "células espirituais" individuais. Em rígido contraste, cada "grupo celular" é nada mais que um facsímile de uma mesma parte do Corpo (o pastor único), longe da verdadeira unidade diversificada que caracteriza o Corpo do Ungido. Dito de forma simples, a mera adição de reuniões nos lares (células) à estrutura eclesiástica dominada pelo clero, de nada serve para prover uma expressão concreta do pleno ministério de todos os crentes e da liderança (como Cabeça) do Ungido.
Como adotar a atitude correta
O que disse até aqui, não tem por objetivo julgar a ninguém no amado povo de Deus. Pelo contrário, pretende marcar um contraste entre as estruturas que Deus sancionou em sua Palavra e as que não sancionou. É um fato que Deus usou e está usando a igreja institucional. Devido a sua misericórdia, o Senhor fará sua obra por meio de qualquer estrutura, enquanto puder achar corações que lhe sejam verdadeiramente receptivos. Portanto, não cabe dúvida de que Deus está usando as igrejas em células, as megaigrejas e as da terceira-onda-de-restauração por igual —ainda mais do que algumas das chamadas ‘igrejas caseiras’ que se isolaram e se tornaram exclusivas.
Mas este não é o tema que temos em mão. O Senhor nos cobra responsabilidade por seguir sua Palavra até onde a ouvimos. Comparar-nos com outros é um fundamento pantanoso para tentar sua aprovação (2 Coríntios 10:12). Por isso, tudo o que seja menos do que aquilo que Deus revelou na Bíblia no que diz respeito à prática eclesial, não atingirá seu pleno propósito para seu povo. Não digo isto com ânimo de criticar, mas judiciosamente. As palavras de T. Austin-Sparks captam o tom de meu espírito:
Enquanto seitas e denominações, missões e instituições constituirem um desvio no modo de fazer e propósito originais do Espírito Santo, indubitavelmente Deus abençoará e usará as mesmas de uma forma muito real e realizará soberanamente uma grande obra por meio de homens e mulheres fiéis. Damos graças a Deus por agir assim, e pedimos que todos os meios possíveis de serem usados possam ter sobre si a Sua bênção. Não digo isso imbuído de algum espírito de condescendência ou de superioridade. Deus me livre! Toda reserva se deve tão somente ao fato de que cremos que houve muita dilação, limitação e debilidade, devido ao desvio da primeira e plena posição dos primeiros anos da vida da igreja, e a um ônus espiritual a ser pago para seu retorno. Não podemos aceitar a presente ‘desordem’ como tudo aquilo queo Senhor teria ou poderia ter (Explicação da natureza e história de ‘This Ministry’ [Este ministério], feita por T. Austin-Sparks.)
O sintoma mascarado como causa
Para que ocorra uma genuína renovação da igreja, devemos distinguir entre o sintoma e a raiz do problema. Neste sentido Elton Trueblood disse corretamente que "o problema básico (da igreja institucional) é que a cura proposta tem uma similitude muito conspícua com a doença" ( The Company of the Committed (A companhia dos comprometidos). As conferências para um clero ‘queimado’ pelo esgotamento, as reuniões de unidade interdenominacional, os grupos de apoio para pastores que sofrem ‘mordidas de ovelhas’, e os ateliês que apresentam as últimas estratégias de crescimento eclesial, são exemplos vívidos da penetrante observação de Trueblood.
Todas estas supostas ‘curas’ apenas consentem o sistema, que é o responsável pelos males da igreja. As mesmas simplesmente tratam os sintomas, enquanto ignoram o verdadeiro culpado, e portanto, o mesmo drama prossegue sendo representado em diferentes palcos. É o sistema clerical/sectário que inibe o redescobrimento da comunidade que vive em contato direto uns com outros, que suplanta a liderança funcional (como Cabeça) do Ungido e sufoca o pleno ministério de todos os crentes. Deste modo, todas as tentativas de renovação serão míopes, até que a estrutura clerical e o sistema denominacional sejam desmantelados pela assembléia local. Na melhor das hipóteses, tais tentativas trarão apenas mudanças limitadas. E no pior caso, as mesmas atrairão uma franca hostilidade.
Para dizê-lo lisa e claramente, tentar conseguir um verdadeiro restabelecimento do testemunho pleno de Jesus a partir do interior de uma igreja institucional é normalmente uma tarefa inútil. Uma tentativa tal pode ser assemelhada a desmantelar uma torre desde o solo. Se os que estão desmontando a torre começam a expor a estrutura, a torre virá abaixo sobre eles. A única maneira de desmantelar uma torre é proceder de cima para baixo. E isto requer que o processo de desmantelamento comece desde o topo. Do mesmo modo , as assembléias locais nunca atingirão o propósito de Deus se não abandonarem a estrutura clerical/denominacional. Os movimentos de renovação que meramente transplantam princípios bíblicos em terra institucional, nunca chegarão a ser bem sucedidos em realizar o pleno propósito de Deus. Vejamos como Arthur Wallis expressa isto:
Uma igreja não estará plenamente renovada se deixar intactas suas estruturas. Ter dentro de uma igreja tradicional um grupo avivado, composto por crentes que receberam o Espírito Santo e estão começando a mover-se nos dons espirituais; introduzir um espírito mais livre e vivo na adoração, com cânticos de renovação; permitir bater palmas, levantar as mãos e até dançar; dividir a reunião no meio da semana em grupos nos lares com o propósito de discipular; substituir o ‘liderança de um homem’ com uma equipe de anciões —todas estas medidas, por melhores que sejam, apenas provarão que na realidade não passam de uma operação de remendo. Indubitavelmente, haverá indivíduos abençoados. Haverá um avivamiento inicial da igreja. Mas se tudo termina ali, os resultados a longo prazo serão prejudicados. Haverá uma surda luta permanente entre as novas medidas e as velhas estruturas, e você pode estar seguro de que ao longo prazo as velhas estruturas vencerão... o novo remendo nunca chegará a combinar com o velho vestido. Sempre luzirá incongruente ( The Radical Christian [O cristão radical]).
Em suma, a igreja não será renovada nunca até que reconheça que a estrutura dentro da qual opera é inadequada e contraproducente. Apesar da boa intenção das pessoas que a integram, o próprio desenho interior da igreja institucional determina nossa derrota. Portanto, uma verdadeira renovação deve ser radical (isto é, deve ir até a raiz). Restabelecer o testemunho do Senhor requer que eliminemos todos nossos remendos e ‘curas’ eclesiásticas.
Apelo para abandonar o cristianismo dominado pelo clero
Nesse aspecto, damos graças a Deus pelos milhares de cristãos que deixaram sua profissão clerical, largaram sua posição hierárquica de muita autoridade e abandonaram sua seita para vir a ser simples irmãos na casa do Senhor. É entre os tais que o Senhor achou uma base livre, sem estorvos, para seu próprio edifício.
Como era de se esperar, os que deixaram seu posto clerical assalariado, pagaram um tremendo preço. Tal consideração toca uma sensível corda no coração do típico profissional religioso pago. Por esta razão, muitos deles terão de resistir semelhante noção e reagir de uma maneira semelhante à dos escultores de Éfeso, que resistiram a mensagem de Paulo porque "punha em perigo seu negócio" (Atos 19:24-27). Portanto, a menos que os crentes que tenham posições clericais estejam dispostos a examinar sinceramente e obedecer o ensino neotestamentária concernente a este tema, qualquer análise do assunto continuará sendo para eles um tema que pode facilmente evaporar-se.
É muito importante sublinhar aqui que os líderes eclesiásticos não precisam necessariamente ser déspotas para por obstáculos no ministério mútuo dos crentes. Sem dúvida alguma, aqueles que constituem o clero são tipicamente cristãos bem intencionados e talentosos, que crêem sinceramente que Deus os tem "chamado" à sua profissão. Alguns são ditadores benévolos altamente estilizados e muito regulamentados. Outros são tiranos espirituais que andam procurando em forma maquiavélica de atingir poder, que aprisionam e congelam a vida de suas assembléias.
A questão é que na realidade o clero não precisa usar formas malignas de pedagogia nem de autoridade para prejudicar a vida corporativa. A mera presença do modelo hierárquico de liderança de ‘um acima e outro abaixo’ por si só suprime o ministério mútuo, não importa quão pouco autoritário seja o temperamento do clérigo. A mera presença do clero tem o efeito amortecedor de condicionar a congregação a ser um conjunto de membros passivos e perpetuamente dependentes de sua liderança. Christian Smith expressa isto com uma interessante lucidez:
O problema é que, independente do que nossas teologias dizem a respeito do propósito do clero, o efeito real que exerce a profissão clerical é baldar o Corpo do Ungido. Isto ocorre não porque o clero tenha a intenção de fazê-lo (normalmente eles objetivam o contrário), mas porque a natureza objetiva desta profissão inevitavelmente converte o leigo em recipiente passivo. A função do clero é essencialmente a centralização e profissionalização dos dons de todo o Corpo numa pessoa. Desta maneira o clero representa a capitulação do cristianismo a tendência da sociedade moderna para a especialização; os clérigos são especialistas espirituais, especialistas eclesiais. Todos os demais na igreja são meramente crentes ‘comuns e correntes’ que têm trabalhos ‘seculares’ em que se especializam em atividades ‘não espirituais’, como indústria, ensino ou comércio. De maneira que, na realidade, aquilo que deveria ser efetuado por todos os membros da igreja juntos e de uma maneira comum, descentralizada, não profissional, realiza-o um profissional único, de tempo integral —o Pastor. Sendo assim, o pastor é pago para ser o especialista da administração e operações eclesiais, diante disso é totalmente lógico e natural que o leigo comece a assumir (isto é, assuma) um papel passivo na igreja. Em vez de contribuir com sua parte para edificar a igreja, vão à igreja como recipientes passivos para ser edificados. Em vez de empregar ativamente o tempo e suas energias exercendo seus dons para bem do Corpo, sentam-se e deixam que o pastor dirija a função ( "Church Without Clergy" [Igreja sem clero] , Voices in the Wilderness, Nov/Dic ’88).
Muito provavelmente o crente típico não percebe que esta noção de liderança foi plasmada por séculos de história eclesiástica e burocrática (equivalente a cerca de 1700 anos!). O conceito de clero se acha tão introduzido no pensamento da maior parte dos cristãos modernos, que qualquer tentativa de desviar-se do mesmo encontrará uma feroz oposição. Por esta razão, a maioria dos crentes modernos resiste à idéia de desmantelar o clero, justamente tanto como os membros do próprio clero. As palavras de Jeremias têm aqui uma aplicação pertinente: "...os profetas profetizaram mentiras, e os sacerdotes dirigiam pelas suas próprias mãos; e meu povo assim quis " (Jeremias 5:31). Por conseguinte, tanto o ‘clero’ como o ‘leigo’ são igualmente responsáveis pelas doenças da igreja de nossos dias.
Não menosprezar as coisas pequenas
Recorde-se que na história da escravidão de Israel, Deus chama seu povo para sair da Babilonia e retornar a Jerusalém para reedificar a casa do Senho sobre seus alicerces originais. Note-se que apesar de Israel ainda estar cativo em terra estranha, o povo se congregava para adorar a Deus nas variadas sinagogas espalhadas pelo império. No entanto, o supremo apelo de Deus a Israel foi que deixasse os cômodos lares que tinha edificado na Babilonia e regressasse a Jerusalém para reedificar o verdadeiro templo do Senhor. Desafortunadamente, apenas uns poucos israelitas se dispuseram a pagar o preço de deixar os convenientes estilos de adoração aos quais se tinham acostumado. Em conseqüência, apenas um pequeno remanescente voltou à terra de Israel (Esdras 9:7, 8; Ageu 1:14).
Não é difícil ver que o apelo de Deus a Israel para que voltasse à terra e reedificasse Sua casa, prefigura o presente clamor do Espírito Santo a sua igreja no dia de hoje. Portanto, o ônus do profeta Ageu tem um tremendo significado para nós neste momento. Leiamos suas palavras:
Acham que devem habitar vossas casas decoradas enquanto esta casa está deserta? Pois assim disse Jeová dos exércitos: Meditai bem sobre vossos caminhos. Semeais muito, e recolheis pouco; comeis, e não vos saciais; bebeis, e não ficais satisfeitos; vestis-vos, e não vos aqueceis; e o que trabalha por salário, recebe seu salário em saco rompido. Assim disse Jeová dos exércitos: Meditai sobre vossos caminhos. Subi ao monte, trazei madeira, reedificai a casa; e porei nela minha vontade, e serei glorificado, disse Jeová. (Ageu 1:4-8)
Diante do fato de que apenas um pequeno e aparentemente insignificante remanescente voltou a Jerusalém para consertar os muros da cidade e para reedificar a casa de Deus, o profeta Zacarias pronunciou esta desafiante frase: "...os que menosprezaram o dia da pequenez... " E por que ? Porque apesar da aparente pequenez do esforço, Deus estava nele! Apesar do fato de que a maior parte de Israel considerar ‘como nada’ o templo reconstruído, em comparação com o destacado esplendor do templo anterior (Egeu 2:3), Deus estava nele! Apesar do fato de que os anciãos de Israel choraram de desespero quando viram o pequeno remanescente lançar alicerces nada impressionantes, Deus estava nele (Esdras 3:12)!
Desde o exército dos 300 de Gideão até os 7.000 de Elias em Israel, "cujas joelhos não se dobraram ante Baal" —desde os sacerdotes levíticos, que entraram primeiramente na terra prometida, até os recônditos Simeões e Anas dos dias de nosso Senhor, que "esperavam a consolação de Israel", a mais preciosa obra de Deus foi realizada atraves dos pequenos, dos débeis e dos desapercebidos (1 Coríntios 1:26-29; 1 Reis 19:11-13).
Aos olhos do mundo o grau de sucesso sempre está vinculado a pontos de vista naturais, tais como números, extensão, tamanho, peso e coisas semelhantes. E as maiores obras de Deus são tidas como pequenas aos olhos do homem. Nesse aspecto George Moreshead pergunta com perspicácia:
Há nestes dias uma corrente que flui profunda e reconditamente entre os membros do Corpo, um povo espalhado, que está sendo introduzido nas profundidades da revelação e da experiência do Ungido, nas mais extremas disposições dos tratos do Espírito Santo, que está sendo esvaziado, crucificado... um grupo pioneiro que o Senhor precisará para abrir caminho para que o remanescente do Corpo prossiga em frente —seriam estes alguns dos ‘obreiros da décima primeira hora’ os que agora estão em Seu processo de produção? (Trecho de uma carta pessoal ao autor).
Neste mesmo sentido T. Austin-Sparks escreve:
O que hoje se chama ‘Cristianismo’ —e o que veio a chamar-se ‘igreja’— é um amontoado de tradições, é uma instituição e um sistema absolutamente assentado, arraigado e estabelecido como o judaísmo sempre foi, e será bem difícil mudá-lo fundamentalmente, como foi e é o caso do judaísmo. Podem-se fazer ajustes superficiais —e tais ajustes estão sendo feitos— mas a mudança necessária para resolver é realmente o grande problema, implica num considerável preço. Pode muito bem ser, como foi nos dias do Senhor, que não se dê a luz essencial a muitos, porque Deus sabe que eles não pagariam nunca o preço. Pode ser tão somente um ‘remanescente’ —como na antigüidade— aqueles que responderão ao chamado de Deus, porque eles terão de satisfazer as demandas de todos os custos. (Citado de um manuscrito inédito escrito por George Moreshead).
Então, que fique bem claro que o apelo de Deus para restabelecer a essência da vida eclesial neotestamentária é um apelo que poderá ser atendido apenas por aqueles que iniciaram um fundamento inteiramente novo, aparte dos sistemas e dos costumes religiosos que os homens decaídos construíram. E esse fundamento é o Ungido.
Mas isto não responde nossa questão inicial de que faremos . Apenas remove o cipoal para que possamos ver mais claramente a perspectiva do propósito de Deus. Enquanto as Escrituras não nos oferece nenhum passo, já preparado, para a edificação da igreja neotestamentária, eu creio que há vários princípios gerais essenciais para qualquer obra espiritual que procurre restabelecer o mais pleno propósito de Deus para seu Corpo. Estes são—
(1) Uma revelação nova
Provérbios 29:18 diz: "Sem profecia (revelação) o povo se desenfreia." Antes de poder tentar sequer congregar-nos conforme ao propósito de Deus, é imprescindível que primeiro recebamos uma nova visão da igreja tal como Deus a vê. Essa visão deve provir de uma nova forma de ver a Pessoa de Jesus Cristo, porque a igreja não é outra coisa senão o Ungido numa expressão coletiva. É indispensável que tenhamos uma ‘visão celestial’ semelhante, como Paulo a chamou (Atos 26:19), para edificar a casa do Senhor. O Novo Testamento ensina claramente que a igreja é edificada sobre a revelação do próprio Jesus (Mateus 16:15-18).
A revelação de Jesus Cristo é o eixo ou centro de tudo no andar espiritual, e todo o Novo Testamento está edificado sobre esta revelação. É por meio da revelação do Senhor Jesus que nascemos do alto (Mateus 16:17), que somos transformados em sua imagem (2 Coríntios 3:18), habilitados para fazer a obra cristã (Gálatas 1:16) e gloriosamente transformados em nosso corpo (Filipenses 3:20, 21; 1 João 3:2). Nossa vida cristã inteira —desde seu começo até sua consumação— descansa sobre a contínua e plena visão do Ungido ressuscitado, comunicada a nosso coração (espírito) pelo Espírito Santo.
Em conseqüência, apenas quando nosso coração é cativado por uma revelação de Jesus em seu esplendor, e centrado nela, é que podemos receber uma visão da obra que Ele nos chamou a fazer. Como foi o caso de Moisés, pode-se construir o tabernáculo apenas depois de ver o modelo vindo de cima —e esse modelo é o Ungido. Em suma, precisamos ter uma visão do Senhor antes de receber uma visão para o Senhor. Russell Lipton faz a seguinte observação nesse aspecto:
O apóstolo Paulo orou para que os crentes de Éfeso recebessem uma revelação no conhecimento de Jesus Cristo e abrissem os olhos de seu entendimento. Esta é a nossa grande necessidade... Por que a igreja que o Ungido almeja foi tão mal compreendida, tão pervertida, tão combatida? Isso se deve inteiramente a nossa cegueira, a cegueira de seu povo. Sem revelação como podemos atuar? Com revelação, saberemos que fazer. ( Does the Church Matter? —Importa a igreja?)
Oh, quão desesperadamente precisamos uma nova, duradoura, incomparável revelação do Ungido e de sua igreja, inspirada pelo Espírito Santo! Uma visão semelhante, outorgada desde o trono celestial, é o próprio trampolim necessário para que Deus levante um testemunho que reflita seu pleno propósito para seu povo amado. Esta é a necessária precondição para que haja uma verdadeira renovação no Corpo de Cristo.
(2) Uma mudança de paradigma
Usando a linguagem do filósofo e cientista Thomas Kuhn, precisamos primeiro de uma "mudança de paradigma" no que toca à igreja, para que possamos edificá-la apropriadamente. Isto é, precisamos de uma nova cosmovisão com respeito ao significado do Ungido e de seu Corpo —um novo modelo para entender a ekklesia — uma nova estrutura mental a respeito da igreja. Ou seja, o ‘novo paradigma’ a que me refiro, não é novo em absoluto. É o paradigma que o Novo Testamento nos proporciona.
Nesse aspecto, nossos dias não são muito diferentes dos de Neemias . Em seus dias, Israel tinha ‘redescoberto’ a lei de Deus depois de estar sem ela por muitos anos. Isso requereu que fosse ‘reexplicada’ e ‘reinterpretada’ para eles. Neemias 8:8 diz: "E liam o livro da lei de Deus claramente, e punham o sentido , de maneira que entendessem a leitura ." Da mesma forma, os cristãos do século vinte devem reler a linguagem das Escrituras com respeito à igreja. Perdeu-se grandemente o significado original de incontáveis termos como ‘igreja’, ‘ministro’, ‘pastor’, ‘casa de Deus’, ‘ministério’ e ‘comunhão’, corroendo assim o panorama da assembléia neotestamentária.
Além disso, investiram estas palavras de atribuições institucionais —atribuições que eram estranhas aos que originalmente as escreveram na Bíblia. Portanto, em nossos dias é uma premente necessidade na igreja redescobrir a linguagem bíblica. Joseph Higginbotham e Paul Patton expressam isto ardentemente:
Encaremos isto: nossa linguagem reflete nossa prática. É difícil fazer as pessoas ocuparem a posição de sacerdócio universal, quando reservamos a palavra ‘ministro’ para pessoas que têm títulos de seminário e certificados de ordenação em papel pergaminho... A ginástica lingüística trocou o Cristo que é Cabeça de um Corpo inteiro e unificado, por um deus tribal de uma denominação ou de uma igreja local. Isto tem a ver com o sentido que damos à palavra ‘igreja’. Raramente a usamos no sentido que o Ungido a usava. Falamos em ‘construir uma igreja’, quando deveríamos dizer que estamos erigindo um novo edifício para que o povo do Ungido possa reunir-se. Falamos de ‘começar uma igreja’, quando deveríamos dizer que, numa localidade dada, o Ungido edificará uma igreja ( The Battle for the Body [A batalha pelo Corpo], em Searching Together, Vol. 13:2).
Devido a que a maior parte dos cristãos de Norteamérica aprendeu a ler seu Novo Testamento através do moderno lente do institucionalismo do século vinte, há uma urgente necessidade de que reconsideremos todo nosso conceito da igreja e aprendamos a vê-la de novo através do lente dos escritores neotestamentários. Devido à influência de suposições profundamente encobertas, que poucas vezes foram escavadas e raramente examinadas à luz das Escrituras, o cristianismo moderno nos ensinou eficazmente que a palavra ‘igreja’ significa um edifício, uma denominação ou uma estrutura organizacional, e que um ‘ministro’ é uma classe especial de cristão.
Nossa contemporânea noção de eclesiologia está profundamente atrincherada no conceito humano, requer um esforço consciente de nossa parte ver à igreja como a viam todos os cristãos do primeiro século. Isto demanda uma rigorosa ruptura do espesso e enredado cipoal da tradição humana, até descobrirmos o solo virgem da realidade espiritual. Portanto, apenas o necessário esforço de reconsiderar a igreja em seu contexto espiritual nos capacitará distinguir entre a noção bíblica da igreja e as instituições de hoje que pretendem ser igrejas. Com respeito a isto
assinalemos algumas das diferenças entre os paradigmas bíblico e institucional:
O paradigma institucional
é sustentado por um sistema clerical
e procura perpetuar o sistema do laicado
faz a maioria de seus congregantes meros espectadores passivos em seus bancos
associa a igreja com um edifício ou com uma denominação a que alguém adere
está fundamentada em unificar aqueles que compartilham um conjunto especial de costumes ou doutrinas
força aos cristãos ‘comuns e correntes’ fa ficarem do lado de fora do "lugar santísimo" juntando-os em bancos da igreja
põe sua prioridade em programas religiosos, e mantem seus congregantes a uma devida distância, isolando-os uns dos outros
gasta a maior parte de seus recursos em despesas de construção de edifícios e salários de pastor/junta
O paradigma bíblico
não reconhece nenhum sistema clerical
não reconhece uma classe separada chamando leigos
torna todos os membros sacerdotes funcionais
afirma que as pessoas não vão à igreja nem se unem à igreja, mas que eles são a igreja
está fundamentada numa irrestrita comunhão com todos os cristãos, que está baseada no Ungido
liberta todos os crentes para servir como ministros no contexto de uma forma de política eclesial descentralizada não clerical
põe sua prioridade nas relações pessoais de vida compartilhada, na responsabilidade mútua, sinceridade, liberdade, serviço mútuo e realidade espiritual –os próprios elementos que foram integrados na textura da assembléia neotestamentária
gasta a maior parte de seus recursos com "os pobres entre vocês" e com obreiros e missões apostólicas
opera sobre a base do pastor (pastor/sacerdote) enquanto cabeça funcional e do Ungido enquanto cabeça nominal
fomenta e protege programas que servem como impulsor da igreja organizada
prepara programas para incentivar a igreja
estimula aos crentes a participar institucionalmente
separa à igreja (eclesiologia) da salvação pessoal (soteriología), considerando o primeiro como uma mera dependência do último
opera sobre a base de que o Ungido é a Cabeça funcional, por conduto da direção invisível do Espírito Santo através da comunidade de crentes
demonstra repulsão pelo sistema clerical, porque o mesmo apaga o soberano exercício do Espírito Santo (mas abraça amorosamente todos os cristãos que estão nesse sistema)
unifica o povo para proporcionar o impulso da assembléia
convida aos crentes a participar relacionalmente
não forja nenhum vínculo entre a salvação pessoal e a igreja; considera as duas como inextricavelmente entrelaçadas (por isso as Escrituras dizem que quando a gente recebe a salvação, simultaneamente passa a formar parte da igreja e imediatamente se une a ela)
Para aclarar ainda mais este conceito, alguém em alguma parte disse que o paradigma bíblico representa "a recuperação para Deus das costumes correntes e a ‘dessacralização’ das coisas feitas sagradas (por mãos humanas)". Mas, devido ao paradigma tradicional estar entrincheirado na mente de tantos cristãos, a mera noção de "sair fora das linhas" deste modelo e construir uma nova matriz por meio da qual repensar a igreja, pode ser muito aterrorizador. O desafortunado resultado disto é que aqueles que não tiverem uma mudança de paradigma no que toca à igreja, ignorarão ou impugnarão as igrejas que deixem de encaixar-se no paradigma tradicional, ainda que o mesmo esteja em desacordo com o Novo Testamento.
Aos olhos daqueles que vêem o mundo através de lentes institucionais, a não ser que uma igreja se reúna no lugar ‘correto’ (um edifício), tenha a liderança ‘apropriada’ (um pastor ou sacerdote ordenados) e leve o nome ‘correto’ (um nome que indique uma ‘cobertura’), não se a reconhece como uma igreja autêntica. Pelo contrário, é taxada com termos como "para-igreja", os quais sugerem sutilmente que a mesma é algo inferior a uma autêntica igreja. De maneira que, na mente daqueles que ainda não se enfastiaram de correr no tráfego do "igrejismo" institucional, dirigido por programas, aquilo que é anormal, considera-se normal, enquanto o que é normal, considera-se como anormal. Este é o infeliz resultado de não fundamentar nossa fé e nossa prática na Palavra de Deus. Ao expressar este mesmo conceito, Jon Zens mostra uma riqueza de discernimento ao dizer:
Parece que normatizamos aquilo que não tem sanção Escritural (ênfase no ministério de um só homem), e omitimos aquilo que é amplamente apoiado pela Bíblia (ênfase no mútuo ministério)... exaltamos aquilo para o qual não há evidência, e descuidamos daquilo para o qual há abundante evidência ( Building Up the Body: One Man or One Another? [Edificando o Corpo: Ministério de um homem ou ministério mútuo?], Searching Together , Vol. 10:2).
Do mesmo modo, Alexander Are lamenta o dilema da igreja contemporânea dizendo:
Tertuliano achou necessário dizer: ‘Costume sem verdade é erro envelhecido.’ Há pouco em nosso ordem e prática eclesial que tenha sanção bíblica. No entanto, devido ao fato desses costumes serem antigos, são aceitos sem objeção como parte essencial da ordem divina ( New Testament Order for Church and Missionary [Ordem neotestamentária para a igreja e os missionários]).
Devido ao fato de muitos cristãos modernos professarem uma impensada adesão a tradições humanamente inventadas e a paradigmas estritamente guardados, relativos à estrutura eclesial, com freqüência toda nova ou arejante maneira de ‘fazer’ igreja é vista com suspeita irrazoável, ainda que a mesma tenha bem mais apoio bíblico do que o malfadado modelo tradicional.
Em suma, nada que não seja uma mudança de paradigma no que toca à igreja, junto com a claridade da luz reconfortante procedente do Espírito Santo, poderá engendrar uma verdadeira renovação no corpo do Ungido. Os ajustes feitos ao velho odre, não importa quão revolucionários ou radicais sejam, irão apenas até aí: serão apenas ajustes. A única forma de renovar a igreja institucional é desmantelá-la por completo e edificar algo muito diferente e muito melhor. Dito de outra maneira, o que a igreja precisa não é tanto deuma renovação, mas de uma substituição . O desgastado e envelhecido odre da prática eclesial e a andrajosa vestimenta das formas eclesiais precisam ser mudados, não só modificados, por um odre novo e um vestido novo (Lucas 5:36-38). Portanto, precisamos de uma mudança de paradigma (no plano natural), bem como de uma nova revelação do Ungido e de seu Corpo (no plano espiritual).
Que o Senhor nos livre de querer impor descuidadamente nosso próprio modelo de organização eclesiástica no lugar do modelo dos autores neotestamentários, e que possamos ter a coragem de descartar toda nossa bagagem institucional (ou ao menos, de abrir nossas bolsas e vistoriar nossas malas), para que possamos aprender a ler a Palavra com olhos renovados e bem abertos.
(3) Abraçar a centralidade e a supremacia do Senhor Jesus
O nascimento de uma igreja neotestamentária emerge das dores de parto de um grupo de pessoas que abraça a centralidade e a supremacia do Ungido com máxima seriedade. Para que Deus cumpra seu propósito eterno, precisa de um povo sedento pela liderança (como Cabeça) de seu Filho. O próprio Ungido deve ser o fundamento e a superestrutura de nossa vida corporativa, de nossa comunhão e de nosso ministério (1 Coríntios 2:2; 3:11; Efésios 2:20). Jesus Cristo deve ser o centro da igreja, e o Corpo local deve estar vitalmente vinculado a Ele, se é que pretende viver diante de Deus.
O aspecto da supremacia do Ungido é a própria essência de do motivo pelo qual hoje em dia a igreja é um tema tão provocante e com freqüência desorientador. Devido ao fato da igreja estar inextricavelmente entrelaçada com a soberana liderança do Ungido (como Cabeça), as forças das trevas têm se empenhado em sustentar um implacável ataque espiritual contra os filhos de Deus —um conflito que está centrado em manter os olhos deles cegos ao verdadeiro significado da ekklesia . Por conseguinte, quando alguns crentes começam a ver o Senhor em seu trono, começam a ver a igreja neotestamentária —porque os dois estão inseparavelmente entrelaçados. Numa palavra, não podemos edificar o Corpo se nos desligarmos da Cabeça .
Pela mesma razão, se um grupo de crentes descobre princípios neotestamentários concernentes à vida eclesial, sem levar em sério as demandas da liderança (como Cabeça) do Ungido, os mesmos sofrerão uma grande perda. Em vez de reunir-se fundamentados no Ungido, se reunirão baseados numa reação negativa —uma reação que pode ser comparada com a de um grupo de descontentes religiosos empenhados numa cruzada ‘santa’ contra o cristianismo institucional. Esse grupo sucumbirá à falsa mentalidade de que eles são os únicos que estão funcionando corretamente como igreja, e assim, com o tempo, o veneno do orgulho os escravizará. As confraternidades que se reúnem sobre esta base não duram muito. Terminam convertendo-se em comunidades voltadas para dentro —‘elitistas’, enclaustradas e anti-naturais. Suas reuniões são caracterizadas pelo mesmo tom de crítica contra "o sistema religioso", e com o tempo morrem por falta de visão positiva.
(4) Considerar o custo
Ao expressar sua disposição esforço em negar-se a si mesmo para que Deus obtivesse uma morada, o Rei David disse:
Não entrarei pela porta de minha casa, nem subirei sobre o leito de minha cama; não darei sonho a meus olhos, nem a minhas pálpebras adormecerão, até encontrar lugar para Jeová, e morada para o Forte de Jacó . (Salmo 132:3-5)
O Senhor não criará nunca uma nova expressão de seu Corpo no meio de nós, se não estivermos dispostos a pagar o preço que isso implica. Entre outras coisas, isto quer dizer que devemos recusar comparar-nos com outros cristãos e medir nosso sucesso mediante as normas deles. O perigo da antiga Israel estava em sua propensão a seguir as multidões que a rodeavam. Por contraste, temos que aprender a relacionar nossa obediência com o que Deus revelou a nosso próprio coração por meio das Escrituras, não com o que o resto de seu povo está fazendo. Em Exodo 23:2, Jeová preveniu Israel a respeito do perigo de seguir multidões Esta advertência ainda é aplicável a nós hoje.
O fato de Deus nos mostrar a igreja, torna-nos responsáveis por obedecer àquilo que vimos. E nada que não seja uma implícita e irrestrita obediência à visão celestial, terá de proporcionar o apropriado contexto para que o Espírito Santo levante uma expressão local do Corpo. Desafortunadamente, não poucos cristãos familiarizados com o ensino neotestamentária sobre a igreja, evadiram sua responsabilidade de obedecer as Escrituras. A pobre desculpa: "Algum dia Deus resolverá o problema da igreja; vou seguir sustentando às igrejas institucionais até que ocorra algo grande" resume o conceito comum com respeito a este tema.
Esta mentalidade fatalista é o hábil artifício do inimigo para encobrir nossa rebelião. Assim mesmo é um profundo fracasso intelectual, porque é bem mais fácil refugiar-se na verdadeira mas inaplicável convicção de que a longo prazo Deus resolverá tudo, do que realizar a árdua obra de descobrir e obedecer a vontade do Senhor. É como dizer: "Não vou obedecer até ver os outros obedecem." Certamente, ter uma atitude semelhante é incitar o desagrado do Senhor.
Àqueles que estão dispostos a obedecer a Palavra de Deus custe o que custar, pode-lhes servir de alento o fato de que milhares de crentes se separaram das estruturas religiosas de nossos tempos, feitas pelo homem, e retornaram ao fundamento do Ungido, no que toca a sua vida coletiva. Mas ainda que houvesse apenas um punhado daqueles que decidiram reunir-se conforme às normas neotestamentárias, deveria isso dissuadir-nos daquilo que o Espírito Santo revelou a nosso coração?
Não nos enganemos a respeito disto: há um preço a pagar ao obedecer a norma do Senhor prescrita para a igreja. Teremos que contar com ser mal entendidos por aqueles que abraçaram de todo coração o cristianismo institucional, espectador. Teremos de levar as marcas da cruz e de morrer mil mortes no processo de ser edificados junto com outros crentes, numa relação muito unida, interpessoal. Teremos que nos acostumar ao desalinho que é parte integrante do cristianismo relacional e abandonar o esmero artificial que proporciona a igreja organizada.
Já não participaremos da comodidade de ser espectador passivo, mas teremos de aprender as lições do ‘auto esvaziamento’, para chegar a ser membros responsáveis, servidores de um Corpo funcional. Teremos que ir na contramão da maré que um escritor chamou de "as últimas cinco palavras da igreja" (nunca fizemos dessa maneira antes), e incorrer na desaprovação da maioria religiosa, por recusar ser controlados pela tirania do statu quo . Por último, incitaremos os mais severos ataques do adversário, em sua tentativa de extinguir aquilo que representa o testemunho vivente de Jesus num grupo de pessoas. Mas a despeito do sofrimento que acompanha àqueles que tomam o caminho estreito e se congregam na simplicidade primitiva em torno do Senhor Jesus apenas, os gloriosos benefícios de viver na vida coletiva excedem em muito o preço exigido.
Em suma, a não ser que sejamos um povo crucificado, não haverá uma verdadeira expressão da igreja. É um princípio espiritual estabelecido que a igreja prove da cruz. Assim como o altar precede a casa na ordem veterotestamentária, da mesma maneira a cruz sempre precede a igreja. É por esta razão que as não poucas igrejas que começaram a emular princípios neotestamentários, tiveram uma curta existência. Portanto, sempre que um grupo de crentes começa a fazer da "ordem eclesial neotestamentária" seu objetivo de congregação, em vez do Ungido, e deixa de passar coletivamente sob a cruz, de imediato perde a liderança do Ungido (como Cabeça) e dá decara com as angústias mortais da desintegração
Os elementos essenciais que capacitam uma igreja a permanecer em pé no meio das provas mais severas, são subordinar-se, de forma real, à liderança de Jesus Cristo (como Cabeça), e submeter-se a um perpétuo ‘auto esvaziamento’ por amor dos irmãos. Portanto, sem a operação prática da cruz na vida dos crentes, a vida eclesial neotestamentária será nada mais que um ideal a ser alcançado. De fato, o Senhor edifica sobre vidas quebrantadas, e sua casa é constituída de no meio dos conflitos (1 Crônicas 26:27). "Saiamos, pois, a Ele, fora do acampamento, levando Seu vitupério", porque é somente ali que encontraremos ao Salvador (Hebreus 13:13).
(5) Oração com dores de parto
Enfim, e de modo sumamente importante, precisamos aprender a tocar no trono de Deus orando com dores de parto. A primeira igreja nasceu através de um grupo de 120 discípulos que se tinha dedicado à oração (Atos 1:13-15). As expressões neotestamentárias do Corpo do Ungido se formam da mesma maneira, isto é, entrando nas agonias do Senhor. Normalmente, o Senhor responde a semelhante oração provendo um obreiro apostólico ou "plantador de igrejas", que ajude o nascimento de uma nova igreja ou unindo a vários crentes de visão e perspectivas análogas, que assistam a sua concepção.
Não devemos esquecer nunca que a igreja é orgânica; por isso, não pode ser edificada com os precipitados impulsos do homem natural. O nascimento de uma igreja requer o tipo de oração com dores de parto que caracterizaram a vida de Neemias e de Daniel. Foi apenas quando estes homens começaram a sofrer dores de parto orando com respeito à presente desordem em que viviam, que Deus mostrou sua fidelidade trazendo outros para que estivessem com eles para cumprir a visão que tinha depositado no coração deles (Neemias 1—2; Daniel 9—10).
Além disso, a oração é um marco decisivo para receber o poder do Espírito Santo —um poder que é necessário para trazer à existência e alimentar uma expressão local do Corpo do Ungido. A igreja não se faz com as argilosas mãos humanas, mas com o alento do Espírito eterno. Recordemos como edificaram o antigo templo sem o ruído de maquinaria terrenal (1 Reis 6:7). Aquele incidente estabelece um princípio crucial. Concretamente, a igreja de Jesus Cristo não pode ser formada nunca com a obra laboriosa e o suor do homem natural; deve vir à luz desde o céu. Leiamos as palavras de Russell Lipton a este respeito:
Apenas por meio do Espírito Santo a igreja é edificada, não pela habilidade de nossos projetos, planos, comitês, e campanhas. Com freqüência nos consideramos demasiado inteligentes, e achamos que precisamos mais de nossa própria força do que do Espírito Santo... ( Does the Church Matter? [Importa a igreja?]).
Portanto, se estamos dispostos a nos envolver profundamente na batalha local, por esses elementos que refletem o objetivo do Senhor e o propósito de Deus para a igreja, Ele será fiel em responder. A receita de Paulo para edificar a igreja resume isto muito bem: "Filhos meus, por quem volto a sofrer dores de parto , até que Cristo seja formado em vocês" (Gálatas 4:19). Desde este ponto de vista, John W. Kennedy faz a seguinte observação:
A medida em que Deus pode usar-nos para o estabelecimento da igreja, é a medida de nosso submetimento, de nosso desatar dos nós da tradição e de outros envolvimentos humanos que obstacularizam a obra de Deus. Então não será necessário trazer a igreja à existência mediante persuasão. O próprio Espírito Santo fará surgir o impulso que faz nascer uma assembléia... o fato de erigir um edifício, estabelecer a observância da Ceia do Senhor ou de uma verdadeira forma de congregar-se, jamais constituirá uma igreja. Sem uma ardente visão do propósito do Senhor e sem a urgência do Espírito Santo para obedecer, qualquer modelo permanecerá apenas como uma ficção vazia ( Secret of His Purpose [O segredo de seu propósito).
Um chamado final
Vivemos num momento em que o Espírito de Deus está chamando por senhas a seu povo, para que veja e cumpra seu propósito eterno relativo à igreja de Jesus Cristo. Este propósito repousa na formação de um povo que esteja cheio do vinho novo do Espírito Santo, com o único propósito de transformá-lo numa Noiva idônea para a complacência do bendito Filho de Deus. Mas, dentro deste contexto, Deus está conduzindo seu povo para que reexamine o velho odre da prática da igreja. Portanto, a necessidade desta hora é que o Senhor levante multidões de crentes que tenham o espírito dos filhos de Isacar, que eram "entendidos nos tempos, e que sabiam o que Israel (o povo de Deus) devia fazer" (1 Crônicas 12:32). Neste sentido George Moreshead explica:
Nestes tempos, o ‘fazer’ —mesmo o fazer ‘para Deus’ e ‘para sua glória’— eclipsou amplamente a ênfase bíblica da prioridade de ser e de chegar a ser. Parece igualmente necessário e importante o surgimento de crentes com entendimento e discernimento espirituais, que saibam tanto o que deve como o que não deve fazer a ‘Israel’ neotestamentária! Então como pode haver algo que rivalize, enquanto principal necessidade do tempo presente, com o levantamento daqueles que vêem desde o céu —crentes de uma excepcional estatura espiritual e de um entendimento destes tempos ensinada pelo Espírito, para a edificação do Corpo do Ungido na medida da plenitude do Ungido? De que outro modo podem os ‘anciãos’ da nova ‘Israel’ unir-se a seus irmãos mais jovens no cântico de vitória e no grito de triunfo sobre a compleição da casa de Deus? ( "Understanding the Times" [Entendendo os tempos], artigo inédito —ligeiramente parafraseado).
Em conclusão, acredito que aquilo que tentei expor neste livro instará os leitores a não mais diluir o vinho da vida espiritual nem confiná-lo em odres velhos. Que o Senhor transforme radicalmente nosso coração mediante uma nova revelação do Espírito Santo mostrando-nos Jesus Cristo em toda sua plenitude, capacitando-nos a captar a visão ardente da igreja neotestamentária. E que permitamos que o doce vinho do Espírito se derrame através de nós tão poderosamente, que os odres de nossa textura —que obscureceram a liderança de Jesus (como Cabeça) e desarma o sacerdócio dos crentes— se arrebentem irremediavelmente. Minha oração final é para que Deus levante inumeráveis expressões locais de vida espiritual dinâmica em todo mundo —expressões que vivam simplesmente e sirvam sacrificialmente pela realização de seu propósito eterno.
Que o Senhor nos ajude a reconsiderar o odre.
BIBLIOGRAFIA
A seguinte bibliografia inclui as principais publicações citadas neste livro, bem como numerosos outros títulos relacionados que merecem menção.
Prática da igreja neotestamentária
Akeroyd, Richard H. The Word, the Churches, and the Work (A Palavra, as igrejas e a obra), Portal Press. Uma boa exposição a respeito do conceito divino da assembléia neotestamentária.
Allen, Roland. Missionary Methods: St. Paul’s or Ours? (Métodos missionários: Os de São Paulo ou os nossos?), Eerdmans. Uma clássica exposição do método bíblico de fundar igrejas.
. The Spontaneous Expansion of the Church and the Causes Which Hinder It (A espontânea expansão da igreja e as causas que a impede), Eerdmans. Uma obra elementar a respeito do crescimento horizontal da igreja.
Anderson, David, edit. 2 or 3 Gathered (2 ou 3 congregados), Home Church Net-work (Rede de igrejas caseiras). Boletim informativo que destaca uma variedade de artigos sobre a reunião e a liderança neotestamentárias. Disponibilizada pelo editor: P.Ou. Box 4242, Bristol, TN 37625
. Anderson, Philip e Phoebe. The House Church (A igreja caseira), Abing-dom. Uma prática análise do modelo da igreja caseira
Atkerson, Steve, edit. Toward a House Church Theology (Para uma teologia de igreja caseira), New Testament Restoration Foundation (Fundação de Restauração Neotestamentária). Uma bem redigida compilação de sérios ensaios sobre a prática da igreja neotestamentária. Disponível em NTRN, 2752 Evans Dá-lhe Circle, Atlanta, GA 30340
. Austin-Sparks, T. Bethanies: The Lorde’s Thought as to His Assemblies (O conceito do Senhor quanto a suas assembléias), Testimony Book Ministry. Uma perspectiva singular das características principais de uma igreja neotestamentária, vista através dos Evangelhos.
. God’s Spiritual House (A casa espiritual de Deus , Testimony Book Ministry. Uma esclarecedora exposição dos principais traços espirituais da igreja. Disponiblilizado por Emmanuel Church, 12,000 East 14 th St., Tulsa. OK 74128
. Banks, Robert. Going to Church in the First Century (Ir à igreja no primeiro século), The SeedSowers. Uma nova e perspicaz representação de uma reunião eclesial ao estilo do primeiro século, procedente de uma magnífica erudição.
. Paul’s Idea of Community (O conceito de Paulo sobre comunidade), Hendrickson. Uma erudita mas compreensível exposição das igrejas caseiras primitivas mencionadas no Novo Testamento. Abarca, de uma maneira nova e definitiva, os temas de reuniões, labor apostólico, autoridade espiritual, dons e ministério, liderança e reconhecimento, etc., da igreja neotestamentária.
Banks, Robert e Julia. The Church Comes Home (A igreja volta ao lar), Hendrickson. Uma excelente exposição da realização prática do modelo da igreja caseira.
Barrett, Lois. Building the House Church (Como edificar a igreja caseira), Herald Press. Uma exposição prática a respeito de como levantar e manter uma igreja caseira.
Bausch, William. Traditions, Tensions, Transitions in Ministry (Tradições, tensões, transições no ministério), Twenty-Third Publications. Um sólido tratado sobre a função da tradição na forma de governo da igreja.
Baxter, G.A . Parity: The Scriptural Order of the Christian Ministry (Paridade: A ordem bíblica do ministério cristão), Fletcher & Toler. Uma boa mensagem que defende a presença de uma pluralidade de anciãos funcionando em condição de igualdade.
Beaty, Dão. The Church Triumphant in Christ (A igreja triunfante no Ungido), Living Truth Publications. Um alentador exame da vontade de Deus para a igreja. Adquirível do editor: 901 S. Roys Ave., Columbus, OH 43204
. Birkey, Do. The House Church: A Model for Renewing the Church (A igreja caseira: Um modelo para a renovação da igreja), Herald Press. Um bom exame do modelo da igreja caseira, desde uma perspectiva tanto bíblica como histórica.
Bonhoeffer, Dietrich. Life Together (A vida juntos), Harper & Row. Uma significativa análise dos conceitos espirituais da comunidade cristã.
Carty, Douglas F. How to Build in the Pattern of the New Testament Church (Como edificar conforme o padrão da igreja neotestamentária). Analisam-se alguns dos principais traços de uma igreja neotestamentária. Adquirível diretamente do autor: 101 Avondale St., High Point, NC 27160
. Congdon, Dana. Recovery and Restoration: Two views of God’s End-Time Work (Restabelecimento e restauração: Dois aspectos da obra de Deus dos últimos tempos), Christian Tampe Ministry. Uma excelente comparação dos movimentos de restauração e restabelecimento contemporâneos da renovação da igreja. Adquirível do editor: 4424 , Huguenot Road, Richmond, VAI 23235
. Cutting, George. Are You A Member? And of What? (É você membro? E de que?), Kingston Bible Trust. Uma penetrante olhada no erro do denominacionalismo.
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Doohan, Helen. Paul’s Vision of Church (A visão que Paulo tinha da igreja), Michael Glazier. Um tratado do conceito paulino da igreja livro por livro.
Dyer, David. A Grain of Wheat Newsletter (Boletim informativo grão de trigo). Um jornal de qualidade que trata a respeito dos aspectos da igreja neotestamentária. Adquirível do editor: P.Ou. Box 644 , Leominister, MA 01453
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Edwards, Gene. Beyond Radical (Além do radical), The Seedsowers. O autor explora as origens não bíblicas de muitas de nossas modernas tradições eclesiais. Desafortunadamente, este livro não está documentado nem tem notas ao pé da página.
. Climb the Highest Mountain. (Escalemos a montanha mais elevada), The Seedsowers. Uma tremenda exposição a respeito de como lidar com divisões, contendas e crises na igreja.
. How to Meet Under the Headship of Christ (Como reunir-se sob a liderança /equanto Cabeça/ do Ungido), Message Ministry. Uma objetiva análise dos diversos tipos de serviços eclesiais modelados ao longo da história comparados com as reuniões eclesiais primitivas do primeiro século.
. Revolução: História da igreja primitiva , Editorial Uni-lit. Excelente descrição da igreja primitiva, escrita num estilo novelesco.
. When the Church Was Lead Only By Laymen (Quando a igreja era dirigida somente por leigos), The Seedsowers. Uma instrutiva exposição a respeito da liderança na igreja primitiva.
Eller, Vernard. Could the Church Have it All Wrong? (A igreja estaria totalmente equivocada?), House Church Central. Edição revisada de In Place of Sacraments(Em vez de sacramentos) de Eller. O autor lança uma nova olhada na Ceia do Senhor e no batismo. Adquirível em http://www.hc-central.com/eller1/index.html The Outward Bound (O limite exterior), Eerdmans. Uma comparação entre a igreja neotestamentária e a igreja contemporânea, que faz ponderar.
Ellison, H.L . The Household Church (A igreja caseira , Paternoster Press. Um estudo geral da igreja neotestamentária e de sua forma de reunir-se.
Entrekin, Rusty. Bringing First Century Church Life into the Twentieth Century (Como trazer a vida eclesial do primeiro século ao século vinte). New Life Publishing. Uma concreta exposição do modelo neotestamentário de ‘fazer igreja’.
Erkel, Darrile. Passive in the Pews (Passivos nos bancos . Uma abordagem de como ‘fazer igreja’ à luz das Escrituras. Adquirível do autor em 10653 Moorpark Street, Apt. 2, Studio City, CA 91602
. Fellowship Bible Church. 10 Questions Every church Must Answer (10 questões que toda igreja contesta). Um útil manual de análise desenhado para avaliar uma igreja segundo os princípios neotestamentários. Adquirível de FBC, 3806 E. Portland, Tacoma, WA 98404
. Finger, Repta H. Paul and the Roman House Churches (Paulo e as igrejas caseiras romanas), Herald Press. Uma inovadora simulação do livro de Romanos, sob o pano de fundo cultural e histórico das primitivas igrejas caseiras dessa cidade.
Finley, Tom. The Governing Principles for Building Up the Body of Christ (Os princípios que regem a edificação do Corpo do Ungido). Uma sólida análise da unidade do Corpo e da liderança (enquanto Cabeça) do Ungido na assembléia local. Adquirível do autor em P.Ou. Box 32, Oakboro, NC 28129
. Foster, Arthur, edit. The House Church Evolving (A evolução da igreja caseira), Exploration. Uma compilação algo antiquada de dissertações apresentadas em conferências, tratam da experiência da igreja caseira. Algumas das contribuições são excelentes, enquanto outras são pobres e enganosas.
Foster, Harry. The Church as God Wants it Today (A igreja como Deus a quer hoje), Testimony Book Ministry. Uma olhada desafiante e revigorante no conceito de Deus sobre sua igreja.
Getz, Gene. Building Up One Another (Como edificar uns aos outros), Victor. Uma útil análise do conceito bíblico da edificação coletiva.
. Sharpening the Focus of the Church (Afinando o enfoque da igreja), Moody Press. Exploram-se alguns dos princípios bíblicos relativos à função e ao ministério da assembléia local.
Giles, Kevin. Patterns of Ministry Among the first Christians (Modelos de ministério estabelecidos entre os primeiros cristãos), Harper & Row. Uma valiosa análise do conceito neotestamentário do ministério na igreja.
. What on Earth is the Church? An Exploration in New Testament Theology (Mas que é a igreja? Uma exploração na teologia neotestamentária), InterVarsity Press. Uma penetrante olhada na dinâmica corporativa e comunal da igreja primitiva.
Girard, Robert C. Brethren, Hang Loose (Irmãos, sejam livres), Zondervan. Uma relevante relação que detalha os dinâmicos desdobramentos da vida coletiva neotestamentária.
. Brethren, Hang Together (Irmãos, permaneçam unidos), Zondervan. Uma maravilhosa exposição a respeito de como reestruturar a igreja para uma comunhão relacional sob a Liderança (como Cabeça) de Jesus
Gish, Arthur. Living in Christian Community (Como viver na comunidade cristã), Herald Press. Uma obra elementar sobre as dimensões práticas da igreja como uma comunidade.
Goslin, Thomas S . The Church Without Walls (A igreja sem paredes), Hope Publishing House. Uma perspectiva prática do lar como localização social da igreja.
Green, Michael. Evangelism in the Early Church (O evangelismo na igreja primitiva), Eerdmans. Um precioso e cuidadoso estudo de como a igreja primitiva levava a cabo sua projeção.
Griffiths, Michael. God’s Forgetful Pilgrims: Recalling the Church to its Reason for Being. (Os esquecidos peregrinos de Deus: Recordando à igreja sobre sua razão de ser), Eerdmans. Um erudito exame da dimensão coletiva da vida e da missão da igreja.
Hanley, P.J . The Headship of Christ in His Church (A liderança do Ungido [como Cabeça] em sua igreja), Fountain of Life. Uma boa exposição a respeito do legítimo lugar de Jesus Cristo na igreja. Adquirível do editor em 71 Old Kings Highway, Lake Katrine, NY 12449
. Harrington, Arthur. What the Bible Says About Leadership (O que diz a Bíblia a respeito da liderança), College Press Publishers. Um penetrante tratado da liderança eclesial bíblica.
Há, Alexander R. New Testament Order for Church and Missionary (Ordem neotestamentária para a igreja e missionários), New Testament Missionary Union. Uma obra clássica sobre o modelo neotestamentário da ordem eclesial.
Jacobsen, Wayne. Body Life (Vida coletiva), Lifestream Ministries. Um pequeno e alentador jornal que analisa assuntos vitais relativos à comunidade neotestamentária e à igreja caseira. Adquirível do editor em 5820-T W. Caldwell, Visalia, CA 93277
. Kaung, Stephen. Recovery (Restabelecimento), Christian Tampe Ministry. Examina a obra de Deus nesta hora com respeito à igreja. Adquirível do editor em 4424 Huguenot Road, Richmond, VAI 23235
. . Who Are We? (Quem somos nós?), Christian Tampe Ministry. Uma instrutiva exposição que apresenta a verdadeira identidade de uma assembléia local neotestamentária.
. Why Do We So Gather? (Por que nos congregamos assim?), Christian Tampe Ministry. Uma penetrante abordagem das razões bíblicas para congregar-se.
Ketcherside, W. Carl. The Twisted Scriptures (As Escrituras distorcidas), Diversity Press. Uma exposição bem escrita a respeito do perigo da divisão no Corpo do Ungido.
Kokichi, Kurosaki. Let’s Return to Christian Unity (Retornemos à unidade cristã), The SeedSowers. Uma excelente exposição do verdadeiro significado da unidade cristã.
Kraus, Norman C. The Community of the Spirit: How the Church is in the World (A comunidade do Espírito: Como a igreja está no mundo), Herald Press. Uma eficaz exposição a respeito de como a igreja é uma comunidade do Novo Pacto, que vive uma vida diferente da do mundo pela presença do Espírito Santo.
Krupp, Nate. God’s Simples Plano for His Church (O singelo plano de Deus para sua igreja), Solid Rock Books. Um conciso exame dos princípios neotestamentários para a vida eclesial.
Landis, George M. My Reasons (Minhas razões), Jewel Books. Uma longa carta de renúncia escrita por um pastor que descobriu o propósito de Deus para a igreja. Adquirível do editor em P.Ou. Box 4333 , Greenville, SC 29608
. Lane, Eric. Members One of Another (Membros uns dos outros), English Evangelical Press. Uma boa análise do ministério mútuo da igreja.
Lang, G.H. The Churches of God (As igrejas de Deus), Schoettle Publishing. Uma consciente exposição a respeito dos princípios mais importantes que governam à expressão local do Corpo do Ungido. Adquirível de Lewis Schoettle Publishing, P.Ou. Box 1246, Hayesville, NC 28904
. Lipton, Russell C. Does the Church Matter? (Importa a igreja?) Uma fresca e desafiante exposição a respeito do motivo pelo qual nossa prática eclesial é importante para o Senhor. Adquirível do autor em 218 Elk Creek Rd., Delhi NY 13753
. Lohfink, Gerhard. Jesus and Community (Jesus e a comunidade), Fortress Press. Uma erudita análise do conceito e da prática comunitária dos cristãos primitivos e suas raízes no ministério de Jesus
Loosely, Ernest. When the Church Was Young (Quando a igreja era jovem), The SeedSowers. Uma enérgica comparação da igreja primitiva com a igreja tradicional moderna.
Mallone, George. Furnace of Renewal: A Vision for the Church (Forno de renovação: Uma visão para a igreja), InterVarsity Press. Uma boa exposição sobre os componentes essenciais de uma renovação eclesial bíblica.
Mayhew, Dão, edit. The Gathering (A congregação), The Summit Fellowships. Uma publicação quadrimestral em que se fomenta a verdadeira vida relacional da igreja. Adquirível do editor em 4125 NE 78 th Ave., Portland, OR 97218
. Miller, Hal. Christian Community: Biblical or Optional? (A comunidade cristã: bíblica ou opcional?), Servant Books. Uma relevante exposição sobre a vida da igreja neste mundo
Milner, Thomas. The Messiah’s Service (O serviço do Messias), editor desconhecido. Uma erudita e elementar análise da liderança eclesial, mas muito difícil de encontrar.
Minear, Paul. Images of the Church in the New Testament (Figuras da igreja no Novo Testamento), The Westminster Press. Uma cuidadosa análise das principais metáforas traçadas na Bíblia para a igreja.
Moore, John e Neff, Ken. A New Testament Blueprint for the Church (Uma heliografía neotestamentária para a igreja), Moody Press. Analisa alguns dos princípios neotestamentários da autêntica vida da igreja
Nee, Watchman. The Normal Christian Church Life (A vida eclesial cristã normal), Living Stream Ministry. Uma verdadeira obra prima sobre a igreja local como consta no Novo Testamento.
. The Body of Christ: A reality (O Corpo do Ungido: uma realidade), Christian Fellowship Publishers. Uma excelente obra que analisa os princípios espirituais que governam um apropriado funcionamento do Corpo do Ungido.
Neely, Thomas L . The Formation of a New Testament Church (Formação de uma igreja neotestamentária), Jewel Books. Analisa vários aspectos de uma igreja neotestamentária. Adquirível do editor em P.Ou. Box 4333, Greenville, SC 29608
. Norrington, David C. To Preach or Not to Preach? The Church’s Urgent Question (Pregar ou não pregar? A urgente pergunta da igreja , Paternoster Press. Uma análise tremendamente minuciosa e convincente, que desafia as amplamente sustentadas e apreciadas tradições da pregação e do sermão pronunciados desde o púlpito na igreja.
Paul, Robert. The Church in Search of its Self, (A igreja na procura de seu próprio eu), Eerdmans. Uma escrupulosa abordagem crítica à moderna igreja protestante, e uma súplica a fim de retornar às normas neotestamentárias.
Petersen, Jim. The Church Without Walls, Moving Beyond Traditional Boundaries (A igreja sem paredes, avançando além dos limites tradicionais), NavPress. Uma interessante análise histórica e filosófica em que se define o apelo da igreja enquanto comunidade evangelística.
Pethybridge, W.J . The Lost Secret of the Early Church (O segredo perdido da igreja primitiva), Bethany Fellowship. Uma concisa mas poderosa exortação para o retorno à simplicidade das reuniões eclesiais ao estilo do primeiro século.
Prior, David. Creating Community: An Every-Member Approach to Ministry in the Local Church (Comunidade criativa: Um enfoque de ‘todos os membros’ /coletivo/ ao ministério na igreja local), NavPress. Uma boa exposição relativa ao enfoque de ‘todos os membros’ do ministério na igreja local.
Reid, Clyde H. The Empty Pulpit (O púlpito vazio), Harper & Row. Uma crítica prática da moderna pregação pronunciada desde o púlpito na igreja.
Richards, Lawrence. A New Face for the Church (Um novo rosto para a igreja), Zondervan. Uma penetrante e equilibrada exposição do tema da renovação da igreja.
Richards, Lawrence e Hoeldtke, Clyde. A Theology of Church Leadership (Uma teologia da liderança eclesial), Zondervan. Uma análise compreensiva das funções da liderança bíblica.
Richards, Lawrence e Martin, Gib. A Theology of Pessoal Ministry: Spiritual Giftedness in the Local Church (Uma teologia do ministério pessoal: ‘Talento’ espiritual na igreja local), Zondervan. Um compreensivo tratado das funções ministeriais bíblicas.
Richardson, Alan. Who Builds the Church? (Quem edifica a igreja?) Church Without Walls. Análise sobre como Deus tenta edificar sua igreja. Adquirível do editor em P.Ou. Box 13314, St. Louis, MO 63157
. Ridout, Samuel. The Church and its Order According to Scripture (A igreja e sua ordem conforme à Bíblia), Loizeaux Brothers. Uma clara exposição da natureza, organização, adoração, unidade, ministério e disciplina da assembléia local.
Robinson, John A.T. The Body (O Corpo), SCM. Uma erudita análise da realidade espiritual do Corpo do Ungido.
Rumble, Dá-lhe. Give the Lorde Back His Church (Devolvam ao Senhor a sua igreja), Fountain of Life. Uma cristocêntrica análise do conceito de Deus para sua igreja. Adquirível do editor em 71 Old Kings Highway, Lake Katrine, NY 12449
. . The Diakonate (O diaconado), Destiny Image Publishers. Esta obra contem uma boa análise das igrejas caseiras e da liderança servente.
Rutz, James. The Open Church (A igreja aberta), The SeedSowers. Apesar do fato deste livro adotar um moderado enfoque na renovação eclesial, em vez de um enfoque radical, realiza uma grande obra ao expor os problemas da igreja institucional.
Schweizer, Eduard. The Church as the Body of Christ (A igreja enquanto Corpo do Ungido), John Knox Press. Uma erudita análise do significado metafórico do Corpo do Ungido.
Smith, Christian. Going to the Root (Indo à raiz), Herald Press. Uma relevante apresentação de nove proposições práticas para uma renovação radical da igreja.
Smith, Christian e Miller, Hal, et ao ., editores. Voices in the Wilderness (Vozes no deserto). Uma sagaz revista que mostra artigos penetrantes e engenhosos sobre temas relativos à igreja caseira, vida corporativa e comunidade cristã. Adquirível em http://www.home-church.org/voices.html
Snyder, Howard A . Radical Renewal: The Problem of Wineskins Today (Uma renovação radical: O problema dos odres em nossos dias), Touch Outreach Ministries. Esta é a versão revisada do clássico livro de Snyder: The Problem of Wineskins (O problema dos odres), analisa de forma eficaz o significado e os envolvimentos da renovação bíblica da igreja.
. The Community of the King (A comunidade do Rei /existe em espanhol/), InterVarsity Press. Uma penetrante olhada na igreja e a sua relação com o propósito eterno de Deus.
Stabbert, Bruce. The Team Concept (O conceito de equipe . Hegg Brothers Printing. Uma consistente análise do ensino neotestamentário sobre os anciãos. Adquira a edição original de 1982
. Stedman, Ray C. Birth of the Body (O nascimento do Corpo), Vision House. Explora a igreja expondo a primeira seção de Atos
. Body Life (Vida corporativa), Regal Books. Uma clássica análise do ministério mútuo do Corpo do Ungido.
Sterrett, Clay. Myths of the Ministry (Mitos do ministério). CFL Literature. Uma boa exposição que resume três noções comuns mas incorretas do "ministério". Adquirível do editor em P.Ou. Box 245, Staunton. VAI 24401
. Stevens, Paul R . Liberating the Laity: Equipping All the Saints for Ministry (Como libertar o leigo: Como habilitar todos os santos para o ministério), InterVarsity Press. Uma significativa análise de apelo ministerial de todos os crentes, com ênfase no evangelismo.
Strauch, Alexander. Biblical Eldership (Presbitério bíblico), Lewis and Roth Publishers. Um compreensivo tratado da forma bíblica de liderança na igreja.
Svendsen, Eric. The Practice of the Early Church: A Theological Workbook (A prática da igreja primitiva: Um caderno de exercício teológico), New Testament Restoration Foundation. Um caderno de trabalho do usuário, que resume algumas práticas básicas da igreja primitiva.
. The Table of the Lorde: An Examination of the Setting of the Lorde’s Supper in the New Testament and it’s Significance as an Expression of Community (A Mesa do Senhor: Um exame do estabelecimento da Ceia do Senhor no Novo Testamento e seu significado enquanto expressão de comunidade), New Testament Restoration Foundation. Um dos melhores livros disponíveis sobre este tema. Técnico, mas compreensível.
Thornton, L.S . The Common Life in the Body of Christ (Vida comum no Corpo do Ungido), Dacre Press. Uma erudita obra prima centrada no Corpo do Ungido enquanto realidade espiritual, comunal.
Tozer, A.W. God Tells the Man Who Cares (Deus se revela ao homem que se interessa), Christian Publications. Uma análise profética do que está espiritualmente errado na igreja evangélica moderna.
Trotter, Dão. New Reformation Review (Nova revista da Reforma . Um boletim informativo radical, agudo e provocante que defende o conceito da igreja caseira. Adquirível em http://www.mindspring.com/
Trueblood, Elton. The Company of the Committed (A companhia dos comprometidos), Harper & Row. Uma excelente exposição a respeito da dinâmica bíblica da comunidade.
. The Incendiary Fellowship (A confraternidad incendiária), Harper & Row. Uma consideração clássica do significado e importância da confraternidade bíblica.
Viola, Frank A . Who is Your Covering? A Fresh Look at Leadership, Authority, and Accountability (Quem é sua cobertura? Uma nova abordagem à liderança, autoridade e responsabilidade), Present Testimony Ministry. Um colega para Reconsiderando . Explora os temas da liderança, autoridade e responsabilidade em forma mais detalhada.
Wallis, Arthur. The Radical Christian (O cristão radical), Cityhill Publishing. Uma abordagem desafiante à renovação eclesial bíblica segundo visualizado no Novo Testamento. Adquirível do editor em 4600 Christian Fellowship Road, Colúmbia, MO 65203
. Westrope, Clay, Sr., edit. The Group News (Notícias o grupo), House to House. Um perspicaz jornal que apresenta artigos sobre princípios eclesiais neotestamentários e sobre temas da vida cristã mais profunda. Adquirível do editor em 102 Colby Dr. NE, Hunts-ville, Alabama 35811
. Wilhelmsson, Lars. Vital Christianity (Cristianismo vital), The Martin Press. Uma boa análise do lugar que ocupa o amor e o companheirismo na igreja.
Witherow, Thomas. The Apostolic Church? Which is it? (Igreja apostólica? Qual é?), Free Presbyterian. Advoga a restauração do ministério mútuo e a liderança plural na igreja.
Zens, Jon, edit. Searching Together (Procurando juntos), Word of Life Church. Uma magnífica revista que trata das práticas eclesiais neotestamentárias e de questões doutrinárias. Adquirível de Searching Together , P.Ou. Box 548, St. Croix Falls, WI 54024
. . The Pastor (O pastor), Word of Life Church. Uma exposição que aclara confusões a respeito da idéia bíblica sobre pastor e sobre o que ele não é.
O propósito eterno de Deus
Austin-Sparks, T. God’s End and God’s Way (Propósito de Deus e meios de Deus), Testimony Book Ministry. Uma breve mas excepcional exposição do propósito de Deus e dos meios que Ele usa para seu cumprimento. Adquirível de Chapel Library, 2603 W. Wright St., Pensacola, FL 32505
. . Living Water form Deep Wells of Revelation (Água viva procedente de fontes de revelação profundas), Three Brothers. Obra em dois tomos. Contém uma rica provisão de gemas espirituais do ministério de ensino de Austin-Sparks. Adquirível dos editores em 177 South Bath Avenue, Waynesboro, VAI 22980
. . Our Warfare (Nosso conflito), Testimony Book Ministry. Uma incisiva exposição a respeito da batalha espiritual que ruge com fúria contra o propósito eterno de Deus e como a igreja tem de combatê-la. Adquirível de Chapel Library.
. Pioneers of the Heavenly Way (Pioneiros do método celestial). Testimony Book Ministry. Uma estremecedora abordagem ao propósito de Deus desde a perspectiva celestial. Adquirível de Chapel Library.
. The Centrality and Supremacy of the Lorde Jesus Christ (Centralidade e supremacia do Senhor Jesus Cristo), Testimony Book Ministry. Uma maravilhosa exposição da pedra de toque central do propósito de Deus. Adquirível de Chapel Library.
. The Lorde’s Testimony and the World Need (O testemunho do Senhor e a necessidade do mundo), Christian Tampe Ministry. Uma tremenda mensagem sobre o propósito central do Senhor para com seu povo amado. Adquirível diretamente do editor em 4424, Huguenot Road, Richmond, VAI 23235
. . The On-High Calling (O apelo do alto), Testimony Book Ministry. Magnífica exposição do propósito divino desde o livro de Hebreus. Adquirível de Chapel Library.
. The School of Christ (A escola do Ungido), Testimony Book Ministry. Um relevante tratado do propósito de Deus no Ungido e de como isso afeta o crescimento cristão. Adquirível de Chapel Library.
. The Stewardship of the Mystery Vol. 1-2 (A mayordomía do Mistério, Tomos 1 e 2), Testimony Book Ministry. Uma extraordinária apresentação do Ungido e de sua igreja, do ponto de vista propósito divino. Adquirível de Chapel Library.
. The Ultimate Issue of the Universe (O aspecto eterno do universo), Testimony Book Ministry. Uma abordagem concisa mas excelente do conflito espiritual relacionado com o propósito eterno.
. Words of Wisdom and Revelation (Palavras de sabedoria e de revelação), Three Brothers. Uma rica compilação de mensagens breves mas profundos sobre o propósito de Deus.
Beach, Phil. Transformed into His Image (Transformados em sua imagem). Uma penetrante olhada no propósito de Deus de transformar o crente na imagem do Ungido. Adquirível do autor em P.Ou. Box 831 , Hacketts-town, NJ 07840
. Bewsher, Rick. The Desire of God’s Heart (O desejo do coração de Deus) Uma sólida análise do propósito divino, que cobre um amplo terreno num formato conciso. Adquirível do autor em 1 Bambra Street, Lauderdale 7021, Tasmania, Austrália.
Billheimer, Paul. Destined for the Throne (Destinados para o trono), Bethany House. Uma estimulante visão do propósito de Deus de obter uma Noiva para seu Filho.
Edwards, Gene. The Divine Romance , Christian Books. (Em espanhol, O divino romance , Editorial O Farol, Chicago). Uma comovedora epopéia que descortina o propósito de Deus de tentar uma gloriosa Noiva para seu Filho.
Facious, Johannes. The Powerhouse of God (A casa de força de Deus), Sovereign Word. Analisa o principal apelo da igreja para cumprir o propósito de Deus.
Fromke, DeVern. The Ultimate Intention , Sure Foundation Publishers. (Em espanhol, O propósito eterno , Heredia, Costa Rica ). Um clássico sobre a natureza teocêntrica do propósito divino.
Garrison, Bruce, edit. Light for Life Magazine (Revista Light for Life ), Searchlight. Uma revista que apresenta artigos antigos e novos que versam sobre o propósito de Deus. Adquirível do editor em P.Ou. Box 60, Southend-on-Seja, Essex, SS2 9AS, Inglaterra.
Haller, Manfred T. God’s Goal: Christ as All in All (A meta de Deus: O Ungido enquanto tudo em tudo), The SeedSowers. Uma apresentação sólida e clara do propósito divino.
Henley, Gary. The Quiet Revolution (A revolução silenciosa), Creation House. Uma maravilhosa análise do restabelecimento da vida eclesial neotestamentária, vista desde o propósito eterno.
Kaung, Stephen. The Fullness of Christ (A plenitude do Ungido), Christian Fellowship Publishers. Analisa o propósito divino através das visões do Apocalipse de João.
Kennedy, John W. Secret of His Purpose (O segredo de seu propósito). Gospel Literature Service. Uma fascinante visão do propósito eterno de Deus com relação à igreja.
Lambert, Lance. God’s Eternal Purpose (O propósito eterno de Deus), Elim Publications. Uma análise prática rsobre o propósito divino. Adquirível do editor em 148 A Boundary St. G/F, Kln. Hong Kong.
Lee, Witness. The Vision of God’s Building (A visão do edifício de Deus), Living Stream Ministry. Explorao método de edificar de Deus em toda a história bíblica, para aclarar o propósito eterno.
Lipton, Russell C. The Warfare of the Ages and Our Position Today (O conflito das eras e nossa posição hoje). Uma poderosa exposição a respeito do conflito presente relacionado com o propósito divino. Adquirível do autor em 218 Elk Creek Rd., Delhi, NY 13753
. Lunden, Clarence. The Eternal Purpose (O propósito eterno), Bible Truth Publishers. Um conciso resumo do propósito eterno.
Morgan, G. Campbell. The Crises of the Christ (As crises do Ungido), Kregel Publications. Uma maravilhosa análise do propósito eterno de Deus, enfoca a vida e o ministério de Jesus
Nee, Watchman. Changed into His Likeness (Transformados em sua imagem), Christian Literature Crusade. Uma refrescante perspectiva do propósito divino através da vida de Abraão, Isaque e Jacó.
. Sit, Walk, Stand (Sentar-se, andar, estar firmes), Christian Literature Crusade. Uma breve mas penetrante exposição do propósito divino desde o livro de Efésios.
. The Glorious Church (A igreja gloriosa), Living Stream Ministry. Uma excelente abordagem do propósito eterno de Deus apresentada através de quatro mulheres da Bíblia. Os primeiros três capítulos da obra contêm uma articulação do propósito eterno exposta de maneira magistral.
. The Normal Christian Life (A vida cristã normal), Christian Literature Crusade. Uma obra clássica espiritual que expõe de forma maravilhosa o propósito eterno desde o livro de Romanos.
. What shall this man do? (Que fará este homem?), Christian Literature Crusade. Uma singular abordagem do propósito de Deus através do ministério de Pedro, Paulo e João.
Rumble, Dá-lhe. The purpose of God (O propósito de Deus , Fountain of Life. Uma abordagem concisa do propósito divino através de alguns escritores bíblicos. Adquirível do editor em 71 Old Kings Highway, Lake Katrine, NY 12449
. Sauer, Erich. From Eternity to Eternity (De eternidade a eternidade), Eerd-mans. Um prolixo resumo do propósito divino com um enfoque especial em seu significado escatológico.
. The King of the Earth (O Rei da terra), Paternoster Press. Uma esclarecedora perspectiva do propósito de Deus ao criar o homem.
Silverberg, Neil. The Heritage of God’s Testimony (A herança do testemunho de Deus), Master Press. Analisa a restauração do propósito de Deus como se vê nos movimentos da antiga arca do pacto. Adquirível do editor: 8905 Kingston Pike #12-316, Knoxville, TN 37923
. Snyder, Howard A . Liberating the Church: The Ecology of Church and King-dom (Libertando a igreja: Ecologia da igreja e do reino), InterVarsity Press. Uma obra teologicamente sólida que explora a relação que há entre as duas facetas mais importantes do propósito eterno de Deus —a igreja e o reino.
Sterrett, Clay. God Uses the Small, the Few, and the Insignificant (Deus usa os pequenos, os poucos e os insignificantes) CFC Literature. Uma boa exposição de como Deus realiza seu propósito.
Tozer, A.W. Jesus, Our Man in Glory (Jesus, nosso homem na glória), Christian Publications. Uma maravilhosa exposição a respeito da eterna glória do Ungido e de sua centralidade no plano eterno de Deus para seus resgatados.
. Tragedy in the Church: The Missing Gifts (Uma tragédia na igreja: a ausência de dons), Christian Publications. Uma incisiva análise do propósito divino no que toca ao presente estado da igreja.
Viola, Frank A . The Eternal Purpose of God (O propósito eterno de Deus), Present Testimony Ministry. Uma visão compreensiva do propósito divino revelado mediante as imagens do sacerdócio veterotestamentario. Adquirível apenas em http://www.home-church.org/present
. The Lorde’s Need for this Present Hour (A necessidade do Senhor para esta hora presente), Present Testimony Ministry. Uma abordagem profética do propósito divino e dos meios para sua realização. Adquirível apenas em http://www.home-church.org/present
História da igreja primitiva
Barrett. C.K. Church, Ministry, and Sacraments in the New Testament (Igreja, ministério e sacramentos no Novo Testamento), Paternoster. Um erudito desenvolvimento da noção neotestamentária da igreja e do ministério desde um ponto de vista histórico.
Broadbent, E.H. The Pilgrim Church (A igreja peregrina), Pickering and Inglis. Uma obra elementar sobre a constante linha de irmãos fiéis, que Deus sempre teve ao longo da história da apostasia religiosa.
Bruce, F.F. The Spreading Flame (A chama que se propaga), Eerdmans. Um erudito estudo da história da igreja, que cobre desde a origem do cristianismo até a maior parte do período patrístico.
. Tradition: Old and New (Tradição: Antiga e nova), Zonder. Uma análise técnica relativo ao papel que a tradição jogou ao longo da história da igreja.
Davies, J.G. The Early Christian Church: A History of Its First Five Centuries (A igreja cristã primitiva: História de seus primeiros cinco séculos), Baker. Um excelente tratado dos primeiros cinco séculos da igreja.
. The Secular Use of Church Buildings (O uso secular dos edifícios eclesiásticos), The Seabury Press. Explora a igreja basílica ao longo da história e defende o modelo da igreja caseira.
Faivre, Alexandre. The Emergence of the Laity in the Early church (Aparição do leigo na igreja primitiva), Paulist Press. O autor argumenta que antes do final do século segundo não existia o conceito de ‘ leigo’.
Frend, W.H.C. The Early church (A igreja primitiva), Fortress Press. Uma erudita olhada na igreja desde o primeiro século até o período postniceno. Destaca as dimensões sociais e políticas do desenvolvimento da igreja.
Gager, J.G. Kingdom and Community: The Social World Of Early Christianity (Reino e comunidade: O mundo social do cristianismo primitivo), Prentice Hall. Uma abordagem técnica do caráter sociológico da igreja cristã primitiva.
Goppelt, Leonhard. Apostolic and Pós-Apostolic Times (Tempos apostólicos e pós-apostólicos), Baker. Um magnífico exame desse período da história da igreja.
Harnack, Adolf Von. The Mission and Expansion of the Christianity in the First Three Centuries (Missão e expansão do cristianismo nos primeiros três séculos), Harper. Embora escrito por um teólogo liberal, este livro é um clássico tratado da vida e do serviço da igreja primitiva.
Harrison, Everett F. The Apostolic Church (A igreja apostólica), Eerd-mans. Um esmerado tratado sobre como se reunia a igreja primitiva e sobre como dirigia sua adoração.
Hatch, Edwin. The Organization of the Early Christian Churches (Organização das igrejas cristãs primitivas), Rivingtons. Uma excelente descrição da estrutura da igreja neotestamentária, apresentada num marco histórico. Uma obra clássica.
Judge, E.A . The Social Pattern of Christian Groups in the First Century (O modelo social dos grupos cristãos no primeiro século), Tyndale Press. Uma penetrante análise da dimensão sociocultural das primitivas igrejas caseiras neotestamentárias.
Kennedy, John W. The Torch of the Testimony (A tocha do testemunho), The SeedSowers. Uma fascinante olhada nas três correntes de crentes ao longo da história da igreja: Católicos, Protestantes e a corrente oculta do remanescente perseguido.
Lindsay, Thomas M. The Church and the Ministry in the Early Centuries (A igreja e o ministério nos primeiros séculos), James Family Publisher. Uma sólida análise histórica do ministério da igreja primitiva.
Malherbe, Abraham J . Social Aspects of Early Christianity (Aspectos sociais do cristianismo primitivo), Fortress Press. Uma erudita exposição que detalha o ambiente social da igreja neotestamentária.
Meeks, Wayne A . The First Urban Christians: The Social World of the Apostle Paul (Os primeiros cristãos urbanos: O mundo social do apóstolo Paulo), Yale University Press. Um erudito exame do ambiente socio-histórico das comunidades cristãs primitivas.
Miller, Andrew. Miller’s Church History (História da igreja, de Miller), Bible Truth Publishing. Um bom exame da história da igreja, desde o ponto de vista de um restauracionista. Cobre desde o ministério de Jesus Cristo até meados do século XIX.
Schweizer, Eduard. Church Order in the New Testament (Ordem eclesial no Novo Testamento), SCM Press. Uma erudita olhada no ordem da igreja primitiva, desde um ponto de vista histórico.
Snyder, Graydon F. Ante Pacem, Archaeological Evidence of Church Life before Constantine (Antes da paz, evidência arqueológica da vida eclesial antes de Constantino), The SeedSowers. Examina os achados arqueológicos que arrojam luz sobre as práticas da igreja primitiva.
Tidball, Derek. The Social Context of the New Testament: Sociological Analysis (O contexto social do Novo Testamento: Uma análise sociológica), Zondervan. Um consistente tratado a respeito do fundo social da igreja primitiva.
Verner, D.C. The Household of God: The Social World of the Pastoral Epistles (A casa de Deus: o mundo social das epístolas pastorais), Scholars. Uma interessante olhada no contexto social por trás das pastorais
Warkentin, Marjorie. Ordination: A Biblical Historical View (Ordenação: Uma abordagem histórica bíblica), Eerdmans. Uma profunda análise que expõe as origens não bíblicas da ordenação clerical.