fotoIlha de Moçambique. Um canto diferente desta concha de coral multicultural e uma imagem que foge um pouco dos habituais ex-libris da cidade.

Contudo, lá está a marca da presença árabe com a mesquita e o respectivo minarete sobressaindo das velhas construções portuguesas. De construção mais recente, este principal templo islâmico da cidade, acrescenta ao património da Ilha mais arquitectura religiosa já contemplada com outras mesquitas e templos católicos e hindus.

Entre os residentes que esperam pela faina marítima, por transporte para o continente ou outras ilhas vizinhas há um cruzar de crenças num mundo de harmonia que persiste até hoje e a que a muitos espanta.

 

fotoCoreto da Praça Municipal da cidade de Moçambique. O largo onde se situa este coreto é fruto de um arranjo urbanístico datado de 1830. Do lado esquerdo vê-se o Palácio de S.Paulo. Contam as crónicas da Ilha, sobretudo a partir do século passado, que nesta velha capital da colónia de Moçambique organizavam-se nos seus casarões ou mesmo nas praças públicas sessões culturais mercantes e concorridas. Este coreto é um signo desses tempos em que também a banda musical municipal enchia os fins-de-semana com acordes musicais agradáveis. Nesta mesma praça também em certas ocasiões festivas eram convidados outros grupos de canto e dança tradicionais da ilha, cuja forte presença artística era sempre bastante aplaudida. Actualmente, revitaliza-se a vida artística da cidade de Moçambique de modo a preencher com mais vida esta praça construída por este mesmo povo que mais do que ninguém conhece as várias linhas com que se cosem as culturas do mundo.

 

 fotoUma típica rua da Ilha. Casas de pedra e cal estreitam há séculos este curto caminho dos Homens. Por detrás das grossas paredes argamassadas de história e sonhos, que delírios, que sofrimentos, que alegrias poderíamos descrever?

Pés de escravos e almirantes, sultões e poetas percorreram em diversos sentidos as veredas coralinas da Ilha.

Que segredos guardam estas paredes e estas ruas de tanta gente que cimentou a história pluricultural deste lugar?

As primeiras casas, dizem os pesquisadores, eram feitas de bambu, depois maticadas e cobertas de colmo. Mais tarde, com a presença de árabes e depois portugueses surgiram habitações feitas de pedra e cal, mas ainda cobertas de colmo. Edifícios mais modernos, arquitectonicamente falando, começaram a surgir no séc. XVI, crescendo em tamanho e diversidade nos séculos seguintes, reflectindo os progressos e os convulsões politico-económicas do próprio império português.

fotoEntre os referidos edifícios e que por sinal se foi moldando e se transformando estruturalmente ao sabor do tempo, está o da capitania, que ostenta esta bonita entrada.

A capitania foi reedificada a partir do antigo edifício do Arsenal datado do séc. XVI. No séc. XIX era dali que se administrava a divisão naval portuguesa do Índico e ainda hoje, depois da Independência, continua acolhendo os funcionários navais da direcção marítima da província de Nampula, pelo menos uma parte dela.

 

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