versiones, versiones y versiones...Director, editor y operador: Diego Martínez Lora
Hermínia Nadais(*):
Silêncio e outros poemas
Silêncio
Silêncio não é estar só
Nem é estar acompanhada,
É sentir-se triturada
Como o milho entre a mó...
É viver com muita gente
Que não vive, que não sente
O mesmo sentir da gente!
É ter coração ardente
Cheio de amor e carinho,
É estar dentro dum "ninho"
Tão cheio... e tão vazio!...
Onde o calor é tão frio,
E o frio tão gelado!...
O gelo, mesmo adoçado,
Nunca deixa de ser frio.
É preciso companhia
P’ra palmilhar bem a estrada...
Eu encontrei-a.... e perdi-a...
Fiquei de novo sem nada!
E continuo a viver,
Numa morte permanente
Sempre só... e amalgamada
No meio de tanta gente!...
ÁRVORE, FLORESTA E VIDA
Ó Árvore! Vida da "Vida",
Que espalhas tanta beleza!...
Sem ti o Mundo era triste
E não tinha tanta riqueza!...
Sem teus frutos, tuas flores,
Troncos cheios de verdura,
A vida animal estaria
De sempre na sepultura...
As tuas flores dão beleza,
Os teus frutos alimentam,
Tuas folhas dão a sombra
E o oxigénio sustentam.
A madeira do teu tronco
Acompanha-nos na vida,
Faz o berço de embalar
E na morte nos dá guarida.
É a tua lenha que aquece
No Inverno, os mais velhinhos,
Escondidos nas tuas folhas
Fazem os pássaros seus ninhos.
Não acaba o que dizer
De ti, "Mãe" abençoada!
Por tudo quanto nos dás
Bem alto, muito obrigada!
Agora um eco se escute
Pelo Mundo, e sem demora:
-Salvemos nossa floresta,
Sua fauna, sua flora!
Lutemos contra os incêndios
Que tanto "A" fazem sofrer,
Pois quando a floresta arde
É a "Vida" que está a arder!
Canto de Amor!
Falar de incompreensão
“Contigo” nunca condiz,
Pois teu doce coração
Escuta sempre o que se diz.
Meu Amor, fala baixinho,
Ao meu ouvido, em segredo,
Não quero que o mundo saiba
Que sem ti, estou num degredo!...
Quando oiço o rouxinol
Muito alegre, a assobiar,
Recordo a vida que levo
Meu Amor, só por te amar!
Cantas dentro de meu peito
Belos cantos de ternura,
Quando contigo me deito
No meio da noite escura!
Estou tão louca de paixão
Tal como nunca senti,
Já matei minha ilusão
De tentar viver sem ti!
Vejo muitas andorinhas
Poisadas pelos beirais,
Lembrando as falas meiguinhas
E os teus sorrisos leais!
Gosto de ver as estrelas,
Luzeiros da noite escura,
Recordam-me a tua luz
Que me enche de ventura!
É tão bom ficar sozinha
Sem ninguém a incomodar,
É a maneira mais fácil
Meu Amor, de te falar!
Ter-te, Amor, por companhia,
É toda a esperança minha,
Na angústia ou alegria,
Sei que nunca estou sozinha!
Sinto-te dentro do peito
E não canso de dizer-te:
“Não me deixes magoar-te,
Antes morrer, que perder-te!”
(*)Hermínia Nadais, escritora portuguesa. Mora em Vale da Cambra.