versiones, versiones y versiones...renovar la aventura de compartir la vida con textos, imágenes y sonidosDirector, editor y operador: Diego Martínez Lora    Número 53 - diciembre 2003 - enero 2004


Maria José de Castro(*)

5 de No ventre da maré cheia(**)


EXPIRAÇÃO

 

 

Não gosto de vestir as palavras com asas

Não as quero pássaros nem anjos

Mas assim, mudas, caladas.

 

 

Para fora expiro só o silêncio.   


 

 

NASCENTES E FLORES

 

 

Já não há rosas vermelhas

nos teus cinco dedos abertos

nem entre nós correm nascentes

rubras como outrora.

As rosas terão talvez murchado

(lembro-te que estamos a gastar o verão)

e as nascentes, essas, ficaram apenas rios

fluindo para fora de corpos enganados

 


 

SILÊNCIO

 

 

Um dia mergulhámos na terra

O  sabor a sol da pele descansada.

fizemos crescer  raízes das pontas dos dedos

e ficámos calados

perante o murmúrio do vento

a fazer um  outono em cada folha.


 

 

NOCTURNO

 

 

Acordei

com o mar a cair-me das mãos.

 

O teu corpo tinha anoitecido

e o meu olhar

era só uma estrela carente.


 

TARDIAMENTE

 

 

Esperei pela manhã com o poente nos olhos.

Entardeci de novo

Na hora em que devia florir.

Chegaste e eu era noite,

Podia cobrir-te de luares brancos

Mas nunca devolver-te o aroma


(*)Maria José de Castro, poeta e professora portuguesa.


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