versiones, versiones y versiones...Director, editor y operador: Diego Martínez Lora
Maria José de Castro(*)
5 de No ventre da maré cheia(**)
EXPIRAÇÃO
Não gosto de vestir as palavras com asas
Não as quero pássaros nem anjos
Mas assim, mudas, caladas.
Para fora expiro só o silêncio.
NASCENTES E FLORES
Já não há rosas vermelhas
nos teus cinco dedos abertos
nem entre nós correm nascentes
rubras como outrora.
As rosas terão talvez murchado
(lembro-te que estamos a gastar o verão)
e as nascentes, essas, ficaram apenas rios
fluindo para fora de corpos enganados
SILÊNCIO
Um dia mergulhámos na terra
O sabor a sol da pele descansada.
fizemos crescer raízes das pontas dos dedos
e ficámos calados
perante o murmúrio do vento
a fazer um outono em cada folha.
NOCTURNO
Acordei
com o mar a cair-me das mãos.
O teu corpo tinha anoitecido
e o meu olhar
era só uma estrela carente.
TARDIAMENTE
Esperei pela manhã com o poente nos olhos.
Entardeci de novo
Na hora em que devia florir.
Chegaste e eu era noite,
Podia cobrir-te de luares brancos
Mas nunca devolver-te o aroma
(*)Maria José de Castro, poeta e professora portuguesa.