versiones, versiones y versiones...
Director, editor y
operador: Diego Martínez Lora
Maria do Céu Costa(*)
Uma sociedade que já não tem capacidade de distinguir os sentimentos
Falo-vos da Joana, uma pessoa reservada, com um coração
doce e enorme.
Por brincadeira, Joana um dia começou a escrever. Certo
dia e passados alguns anos de o ter iniciado ao arrumar umas papeladas da sua
secretária, encontrou os seus trabalhos que ia fazendo e guardando nessa mesma
secretária. Ao vê-los sentiu um impulso, daqueles impulsos fortes e que parece
que agem por nós, o impulso dizia-lhe «dá a conhecer esses teus trabalhos».
Joana sem dizer nada a ninguém enviou-os para umas tantas editoras. Já não
se lembrando disso, continuou a levar a sua vida no dia a dia normal.
Decorridos alguns meses começa a receber respostas à
apreciação do seu trabalho. O que parecia uma brincadeira começava a ocupar uma
parte mais séria. Aceitaram publicar o seu trabalho. Então Joana com certo
receio, o que é normal, aceitou o desafio. Via agora os alicerces de um sonho
seu.
Meia entorpecida, pois isto representava um desejo
profundo, e ainda não desperta do que se estava a passar, deu luz verde para o
início do processo da edição do livro.
Até aqui pode parecer-vos que esta história da Joana nada
tem de novo e até a estejam achar um pouco maçuda, mas vou continuar, e espero
que ainda aí estejam e continuem comigo até ao final, até ao núcleo desta
história.
Continuando então, e entre os acertos de detalhes e das
provas do livro, a editora lembrou Joana de fazer uma dedicatória no livro,
caso quisesse. Respondeu de imediato afirmativamente pois já tinha em mente
desde o início desse projecto fazê-lo.
Dedica o livro a uma das poucas pessoas que na sua vida
têm uma verdadeira importância. Fá-lo dedicando-o à sua Melhor Amiga, além de o
ser, foi também a primeira pessoa a dizer à Joana que ela tinha jeito para a
escrita, foi ainda a primeira pessoa a ler os seus poemas e a tecer as
primeiras opiniões, foi uma grande parte impulsionadora do projecto da Joana.
O livro saiu e as primeiras reacções começam a
chegar-lhe, recebe reacções que positivamente superaram as suas expectativas.
Joana e já conhecendo muito bem o meio em que estava inserida
profissionalmente, estava com renitência de ai dar a conhecer este seu lado
criativo. Mas fê-lo…
Então no seu meio profissional começa a receber as
primeiras reacções; de pessoas surpresas; de pessoas com alguma “dor de
cotovelo”, reacções normais e para as quais Joana já se encontrava preparada.
Só que a “maior” de todas as reacções e a qual jamais
imaginava era que nesse meio, meio esse onde as pessoas se dizem e acham
cultas, a reacção fosse em relação à “dedicatória” que fez no livro e não ao
livro em si. Por ter dedicado o livro à sua Melhor Amiga a reacção que recebeu
no meio em que se insere profissionalmente foram as insinuações de que a “Joana
é homossexual”.
Vou escrever-vos a dedicatória, leiam-na e vejam se
encontram nela algo mais do que tão-somente uma prova de amizade que se quis
dar a uma grande amiga.
Joana só tem a dizer que tem nojo desta sociedade em
vive… que tem pena dessas pessoas que não se dão conta que têm os sentimentos
embrutecidos.
Resta deixar-vos a dedicatória:
“Dedico este livro à pessoa que me fez acreditar no
“maior milagre do mundo”…, a minha Melhor Amiga”.
Já agora e para esses embrutecidos Joana quer dar-se ao
trabalho de lhes explicar ainda que “o maior milagre do mundo” são as
potencialidades com que cada um nasce ou que as adquire, e em que alguém de
alguma forma, nos ajuda e nos faz acreditar nelas.
Tenho pena de vós!
Assinado: Joana
(*)Maria do Céu Costa, 1970, Mafra. Actualmente mora em
Amarante. Publlicou recentemente: Sentimentos no Silêncio.