versiones, versiones y versiones...Director, editor y operador: Diego Martínez Lora
Isilda Dias(*)
3 Poemas de Sequelas No Papel
Em cada poema estou, mas não
sozinha;
algures em mim
pedala uma bicicleta de recados
que nunca foram além dos sonhos adiados,
desarrumo um pouco as coisas sossegadas,
não procuro na história, que na história não vem
o que sinto,
e tu sabes
tu que te fechas no teu próprio cativeiro.
Que estas palavras nascem
da brisa que nasce de ti.
Já da ternura quis fazer uma corda
que te levasse a saudade que em mim paira,
mas o vento não me diz
só o silêncio persiste!
Há um espaço vazio
tão cheio de ti!
Uma aurora sonolenta
à espera que a preenchas!
Um relógio parado
à espera da tua mão!
Uma vida, um ser, à tua espera!
Deixa-se sempre um lamento no vento
e um coração poisado sobre a ausência;
abre-se uma cisterna na saudade
o viver para dentro
o querer dormir demais algumas vezes
debruçado nas tardes
esperando amor onde existe solidão.
Nem com lágrimas desenhes a ausência no teu rosto
porque todos perguntam
quando perguntam por todos nós.
Escuta,
se acontecer teres saudades
fecha os teus olhos e adormece
para que ela não tenha mais importância.
Adeus palavras, adeus… tudo
voltarei de viola debaixo do braço
e virarei mais uma página!
(*)Isilda Dias, Luanda, Angola, 1974. Actualmente mora no Porto. Publicou Sequelas no papel, Editorial 100, 2004)