versiones, versiones y versiones...renovar la aventura de compartir la vida con textos, imágenes y sonidosDirector, editor y operador: Diego Martínez Lora    Número 56 - Junho - Julho 2004


Isilda Dias(*)

3 Poemas de Sequelas No Papel



Em cada poema estou, mas não sozinha;

algures em mim

pedala uma bicicleta de recados

que nunca foram além dos sonhos adiados,

desarrumo um pouco as coisas sossegadas,

não procuro na história, que na história não vem

o que sinto,

e tu sabes

tu que te fechas no teu próprio cativeiro.

Que estas palavras nascem

da brisa que nasce de ti.

Já da ternura quis fazer uma corda

que te levasse a saudade que em mim paira,

mas o vento não me diz

só o silêncio persiste!


 

Há um espaço vazio

tão cheio de ti!

Uma aurora sonolenta

à espera que a preenchas!

Um relógio parado

à espera da tua mão!

Uma vida, um ser, à tua espera!


 

Deixa-se sempre um lamento no vento

e um coração poisado sobre a ausência;

abre-se uma cisterna na saudade

o viver para dentro

o querer dormir demais algumas vezes

debruçado nas tardes

esperando amor onde existe solidão.

Nem com lágrimas desenhes a ausência no teu rosto

porque todos perguntam

quando perguntam por todos nós.

Escuta,

se acontecer teres saudades

fecha os teus olhos e adormece

para que ela não tenha mais importância.

Adeus palavras, adeus… tudo

voltarei de viola debaixo do braço

e virarei mais uma página!


(*)Isilda Dias, Luanda, Angola, 1974. Actualmente mora no Porto. Publicou Sequelas no papel, Editorial 100, 2004)


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