versiones, versiones y versiones...renovar la aventura de compartir la vida con textos, imágenes y sonidosDirector, editor y operador: Diego Martínez Lora    Número 56 - Junho - Julho 2004


Entrevista a Isilda Dias(*)

(A propósito da publicação pela Editorial 100 do seu livro Sequelas no Papel)


1) O que significa escrever poesia?

Para mim significa "fugir" um pouco do stress, dizer aquilo que não sou capaz de dizer a alguém que o mereceria ouvir, fazer um filme na minha cabeça, brincar com as palavras,...

2) Quais são os “músculos” que doem quando se escreve poesia?

Os que envolvem as emoções (se é que os há), pois em todas as poesias que escrever tem que ser um "acto emocional".

3) Que pretende com a publicação de Sequelas no Papel?

Concretizar algo que nunca imaginei ser possível, dar a conhecer aos meus amigos, conhecidos, colegas, familiares, algo que não imaginavam que eu fazia,  e acima de tudo gostaria que fosse um "ponto de Partida" de uma grande viagem na literatura....????

4) Quais são os seus poetas preferidos? E porquê?

Gosto de todos os poetas que ao escreverem transmitem emoção e nos fazem envolver-nos na sua "história", além de escreverem BEM, tais como: António Gedeão, Cecília Meireles, Miguel Torga, Pablo Neruda. Tudo depende do meu estado de espírito.

5) Escrever poesia é voltar à infância, ao tempo perdido?

Não, a infância nunca é um tempo perdido, é sem dúvida o melhor tempo das nossas vidas, embora em alguns casos tenham existido percalços. Cada ano que passa a  poesia é  a actualidade.

6) Parece que Isilda ganha mais essência, entanto perde certeza com o evoluir dos seus poemas?

Porque a experiência  que vou observando ao longo dos anos é que cada vez menos tenho a certeza das coisas, e cada vez menos sei que sei alguma coisa. No entanto, sei o que não quero, mas não sei o que quero, pois existem tantas coisas que nunca sabemos, apesar de tomarmos decisões se é a decisão certa.

7) Já reparou que entre sentir e pensar, entre esses dois universos semânticos flui a sua poesia?

Nunca observei as minhas poesias nesses prismas. Apenas as escrevi por que me apetecia: bom ou mau era(é) o que sai.

8) Porquê gosta tanto da palavra “coração”? aparece 18 vezes no livro.

 Para mim é a parte mais querida do nosso corpo, pois é dela que tudo, para mim significa, carinho, generosidade, amor, dor, ignorar, etc... No entanto, mais uma vez quando escrevi as poesias nem pensava que repetia essa palavra tantas vezes.

9) Poesia significa parar para respirar o avançar para viver mais intensamente?

Penso que é uma forma "bonita" para se expressar o que se sente quando escrevemos poesia. Concordo.

10) Que crítica gostaria de ouvir ou ler sobre o seu livro? –

"Não sabia que escrevia? E são lindos! Porque não avanças com os teus contos e romances (isto dito pelos editores e expertos na matéria). Isilda, surpreendeste-me pela positiva!" E muitas outras coisas mais que me fizessem o ego  subir aos céus.

11) Tem outros projectos literários em mente?

Sim, escrever contos para crianças e um romance.

12) Como Angola marcou a sua vida?

Angola, foi uma etapa da minha vida determinante! Lembro-me muitas vezes dela, dos bons momento que lá passei. De como gostaria a viver lá, e acima de tudo escrever sobre a minha terra.

13) O quê representa o Porto para você?

A 2ª cidade Mãe. O local onde sinto todas as emoções: rio, choro, brinco, etc.. No entanto, também sinto momentos. é que preciso de sair da mesma porque a odeio, e por isso saio uma semana para fora. Quando chego, é reconfortante o reencontro e as "pazes". É uma cidade onde posso encontrar TUDO, até o que não gosto!

14) Angola, Vale de Cambra, Covilhã, Fundão, Porto? Gostaria de fazer o percurso inverso na sua vida?

Sim, acho que em todas elas cresci, amadureci muito. Mas sem dúvida gostaria de dividir a minha vida entre Porto e Angola. É o meu sonho, se calhar irrealizável.


(*)Isilda Dias, Luanda, Angola, 1974. Actualmente mora no Porto. Publicou Sequelas no papel, Editorial 100, 2004)


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