"UMA JÓIA NA GARAGEM" - DICAS PARA MELHOR CONSERVAR (ou equipar) SEU CARRO


Reparos na lataria e conservação externa (MAR/04)

            Nosso colega Wilson Schneider, proprietário de uma Brasília 1974 nos escreveu pedindo dicas sobre como proceder em pequenos reparos na lataria e como melhor conservar o carro. 

Tratar ferrugem em carros é uma tarefa complicada, seja o carro que for. As técnicas mais conhecidas infelizmente não deixam de ser "remendos", como o uso de massa plástica e soldas com chapa (chapeação). 

Comece por observar o estado da ferrugem, se houver corrosão perfurativa (buracos) é melhor trocar a respectiva chapa de lataria. Caso não haja ainda perfurações, nem grandes ameaças dela,  pode-se optar por lixar bem a área, com lixadeira elétrica ou lixa manual (até aprarecer o metal natural - liso) aplicar qualquer protetor de metal (zarcão, fundo antiferrguegem TF-7, etc) pequena quantidade de massa, apenas para o acabamento, e aplicar boas mãos de fundo e tinta automotiva. 

Nos locais onde não há ferrugem, mas podem ser propensos a existir, pode-se retardar seu aparecimento com óleo ou graxa. Desmonte com cuidado os forros de porta e esfregue graxa (graxa de lubrificação geral - MARFAK da Texaco, a venda nos supermercados) ou óleo novo de motor na parte interna das portas, com esponja ou pincel largo. Assim, a graxa cria uma barreira à umidade que dura um bom tempo. O uso de óleo spray em cavidades menores e inacessíveis também é recomendado. Basta se lembrar do ditado "óleo e água não se misturam" que a comprovação técnica é válida. 

NOTA: algumas pessoas utilizam a vaselina em vez de graxa. A razão é que alguns tipos de graxa tendem a secar e oxidar-se, perdendo sua consistência pastosa, deixando assim de evitar a umidade. A vaselina é o contrário, pois tem maior durabilidade. Outra razão é que por ser transparente, a vaselina não deixa "manchas" ao (eventualmente) escorrer por orifícios de portas, caixas de ar, etc, conferindo um serviço mais "limpo". Porém, a preferência será sempre pela sua escolha pessoal.

Se precisar trocar a lataria, as chapas mais próximas do padrão original são as da marca IGP. Pelo que se sabe, são tratadas com fundos especiais antiferrugem, e praticamente prontas para pintura, dispensando até mesmo lixamento mais fundo (por isso são "pretas" - mas nunca é demais se achar pouca a proteção, lixar tudo até o metal e aplicar TF-7 e demais protetores anti-ferrugem). A questão da folga muitas vezes é inerente à montagem, por isso, o serviço deve ser feito num bom latoeiro. E na ocasião de se fazer esta substituição, pode-se aproveitar para reforçar a proteção anticorrosiva, passando tinta "bate-pedra" ou "underseal" por baixo do assoalho - no lado de fora - e por toda a parte inferior do veículo, como caixas de roda e proximidades do motor. Se me permitem, em minha opinião, creio que isto é quase que obrigatório. 

Ademais, alguns conselhos como deixar o carro bem guardado do tempo – em garagem, evitar lavagens excessivas e viagens a regiões litorâneas ou arenosas, ajudam a evitar a ferrugem. Ao lavar o carro, seque bem todos os cantos possíveis, embaixo de borrachas, contorno das portas, capô e porta malas, e também na caixa do estepe. Verifique na caixa do estepe se o dreno (o pequeno ralo) está desobstruído. Se for o caso ainda, retire as borrachas de vedação das portas, porta malas e capô e preencha o espaço de encaixe na lataria com vaselina ou graxa. Encere o carro com algodão ou pano liso e macio (usando cera de boa procedência) com certa freqüência - algo como uma vez por mês - caso use-o todo dia. 

Infelizmente, os carros das décadas de 70 e 80 sofreram muito com a corrosão devido à negligência na produção do aço e na estocagem e tratamento dos materiais nas fábricas. Mas a parcela de desleixo por parte dos donos também teve (e tem) sua culpa. A melhor solução ainda é a prevenção. 

Quanto a resistência das chapas de reposição, é de se esperar que sejam menos firmes, até porque isto é um modo natural que as empresas encontram de dar "giro" à sua produção. Ainda assim, a qualidade do material não chega a ser tão comprometedora. 

Seguindo as dicas da melhor forma possível você logo verá bons resultados. Boa sorte! 


Adaptações, para o bem ou para o mal (MAR/04)

Há pessoas que por motivos diversos não se contentam com as características originais de seus veículos, e essa tendência persiste ainda hoje, mesmo no caso da Brasília. Algumas mudanças que os donos efetuam em seus veículos são às vezes muito bem vindas e úteis. Outras por sua vez, trazem apenas efeitos estéticos (de gosto duvidoso) e nenhum benefício real. 

Vários e-mails recebidos já tiveram como tema as adaptações. Mudar o painel completo do carro, rodas, escapamento e luzes são apenas alguns exemplos. Certas adaptações por mais que sejam desnecessárias, são possíveis ante a insistência de seus donos, e outras ou muito caras ou mesmo quase impossíveis. As sugestões aqui apresentadas são aquelas consideradas mais tecnicamente viáveis, tanto na execução como no custo-benefício.

 

RODAS: Qualquer Brasília dita original terá rodas de aço aro 14 tala 5J, e suporta tanto pneus radiais sem ou com câmara, bem como diagonais com câmara. Os originais de fábrica eram diagonais 5.90-14, um pneu ainda hoje encontrado com certa facilidade, mas de muito ruído e pouca estabilidade. 

Há quem opte por pneus radiais, há muitos anos mundialmente reconhecidos por sua estabilidade, durabilidade e segurança. Neles, o certo é acertar a medida. Portanto, no aro 14, as larguras variam entre 165 e 185. Os perfis entre 60 e 80. A relação é oposta: quanto mais largo o pneu, menor será seu perfil, e vice versa. Há várias boas combinações de radiais por exemplo: 165/70 R14, 175/70 R14, 175/80 R14, 185/60 R14. Consulte sua loja de pneus.    

TABELA DE CALIBRAGEM DE PNEUS - VW BRASILIA (Medidas em Lb/pol²)  

MEDIDA PNEU x RODA VAZIO / CARGA NORMAL (Lb/pol²)  CARGA MÁXIMA (Lb/pol²)
5.90 x 14 (original) 17 diant./ 22 tras.  17 diant. / 26 tras.
175 / 80 R14 21 diant. / 24 tras.  22 diant. / 26 tras.
185 / 70 R14 22 diant. / 26 tras.  23 diant. / 27 tras.
195 / 60 R15 23 diant. / 26 tras.  24 diant. / 27 tras.

* Todas as medidas são para pneus A FRIO. Para obter maior precisão na calibragem dos pneus, recomenda-se calibrar sempre em um mesmo posto e evitar calibrar depois de rodar longas distâncias. Máximo 3 Km rodados entre casa-posto, ou rodagem única, casa-posto.

No caso de usar outra roda, se for de mesmo aro recomenda-se a do SP-2 com tala mais larga, permitindo o uso de pneus esportivos até largura 195. Ou se for aro 15, tipo Fusca mexicano, (da marca Mangels) pneus na mesma proporção. Aro 13 em uma Brasília, jamais! 

As rodas devem ainda acertar a furação sem a necessidade de reconfigurar (refurar) os cubos originais. Não devem ficar muito para fora dos para lamas, nem muito para dentro. Todas as rodas mencionadas acima batem a furação sem nenhum problema.

NOTA: A pressão dos pneus dianteiros deve ser sempre inferior à dos traseiros. Se achar que o carro está "quicando" ou dando pulos secos ao passar por irregularidades do asfalto, abaixe a pressão dos pneus, sempre mais nos dianteiros, a fim de evitar trincas no cabeçote (parte dianteira) do chassis. 

VOLANTES: O volante original da Brasília é um tanto grande e de empunhadura fina, mas adequado ao carro. Melhor, porém, se fosse ligeiramente menor ou espumado. Para não estragar a proximidade com o original, dois volantes originais da linha VW servem bem: Gol até 87 ('Gol chaleira', com simbolo VW ou "cachorrinho") e Gol CL até 1994 (antes do "bola"). Verifique no caso dos volantes dos Gol CL mais novos, se o camo e o pino de encaixe servem no encaixe do eixo da coluna de direção. Mesmo sendo feitos de plástico rígido, proporcionam ótima dirigibilidade e tem design bonito.   

ESQUERDA: uma Brasilia 1979 com o volante de um Gol CL instalado (seta amarela). Como sugestão de adaptação, não destoa do painel (quando este é preto). 

DIREITA: uma Brasilia 1981 com o volante "cachorrinho" (que além de equipar o Gol, veio de série nas últimas Brasilias - apenas entre 1981 e 1982) e os detalhes do botão da buzina (com pintura cromada ainda nova, que é comum ir descascando) mais o desenho estilizado do cachorro. Este volante pode ser encontrado também com o símbolo da VW ao centro.

Volantes considerados “esportivos”, aqueles de tamanho super reduzido, como eram moda nos anos 70 e 80, acreditem: são péssimos em dirigibilidade. Afinal, estamos falando de uma Brasília, não de um monoposto de corrida. Uma dica: no volante original, buzine com suavidade, sem socos na “canoa” (como alguns chamam a sua almofada central), para não gastar suas buchas de fixação, e deixá-la frouxa. 

 

CINTOS DE SEGURANÇA: Equipamento de segurança fundamental em qualquer automóvel, só devem ser trocados se estiverem em mau estado ou com falhas de funcionamento. O cinto que equipa a Brasília originalmente é diagonal de dois pontos, não-retrátil. Funciona como deveria em caso de batidas, mas tem o inconveniente de ser frouxo e de regulagem da tira um tanto dura, além de pedir sempre sua recolocação no suporte da coluna após o uso. 

Caso realmente haja a necessidade de troca, opte por um modelo 3 pontos retrátil, mas com mecanismo externo, para não precisar recortar os revestimentos. Seu uso é bem mais simples, pois o cinto é auto-ajustável. Custam caro, mas compensam pela facilidade de uso, e uma garantia de segurança maior.  A ancoragem inferior deverá ser feita logo acima da caixa de ar (no pé da conluna central) pelo lado interno, num ponto que não obstrua o embarque e desembarque de quem senta atrás, de preferência bem ao lado da caixinha do mecanismo. Os engates da fivela (auto-sustentados) poderão ser fixados no túnel central, logo atrás do freio de mão.  Quanto aos cintos traseiros, deixe-os como estão, são “suficientes” e estão dentro da lei.

 

ESCAPAMENTOS: Eis uma questão muito polêmica e complicada. Por constatação, sabe-se que somente o escapamento marca Kadron (caixa do silencioso longa) pode ser considerado genuíno e original para Brasília. Este, assim como todos de outras marcas, vem sem o ar quente. Como não existe mais tal escapamento, caso sua Brasília seja equipada com ar quente, e se tudo estiver em ordem, podem ser retiradas as “latinhas” ou “bolinhas” como são chamadas as unidades retentoras de calor do sistema, diretamente do escape do carro, e “transplantadas” para o novo. Já é útil saber que nem todas as oficinas e lojas de escapamento fazem a operação, portanto, consulte antes de trocar. E se fizer questão do original, apenas KADRON. 

Escapes esportivos ou dimensionados podem ser “fabricados” sob medida e no material desejado, por lojas ou fabricantes menores. Fique ciente, porém, de que um escape mal feito fará sua Brasília “roncar” mais alto (talvez não tão bonito) e “beber” ainda mais. Se desejar um escape exclusivo, consulte algum bom especialista da área sobre suas possíveis implicações.   

A imagem acima mostra uma das mais interessantes opções em escapamento esportivo de 2 saídas. Este modelo é fabricado no MÉXICO pela DYNO SPORT, exclusivo para a Brasilia, e concilia duas saídas sem interferir na grade. Porém há variadas opções. 

E neste caso, o melhor acabamento só pode ser de duas formas: caso seja com saída dupla, deverá ser uma ponteira distante da outra, uma de cada lado do carro. Ou se for uma só saída, prefira para o lado esquerdo (do motorista) para não despejar ruído nem fumaça em direção as calçadas (Aliás, este é o padrão brasileiro, sabiam?). Cortar a grade do silencioso para usar escape de Fusca, ou de duas saídas paralelas, só se você quiser estragá-la para sempre.

 

SUSPENSÃO: Qualquer mecânico honesto e experiente desaconselha o rebaixamento na suspensão de qualquer veículo. Ela já é dimensionada para o trabalho a que foi projetada. E ainda, rebaixar o carro leva como agravante o fato de que as ruas e estradas brasileiras não são de boa qualidade. Isso potencializa os danos mecânicos. Lembre-se apenas de lubrificar os 4 mancais do eixo dianteiro pelas “graxeiras” no máximo a cada 10.000 Km ou menos se rodar em pisos ruins. Qualquer posto que tenha pistola de graxa à pressão faz o serviço. Se for trocar os amortecedores, nada de recondicionados, prefira os de marcas de procedência, e do tipo pressurizado, pois duram mais.

 

MODIFICAÇÕES NA CARROCERIA: Enfeites ou modificações estéticas devem ser sempre estudadas com mais cuidado, para não ofuscar a proposta estilística contida nas linhas do veículo. Ainda assim, algumas adaptações podem resultar bonitas e práticas. Os espelhos externos da Brasília (ou o único em muitos casos) sempre tiveram queixas de que eram muito baixos e de visibilidade ruim. Experimente trocar (se for o original) por um original de Fusca, que tem o centro da imagem mais alto e se adapta no mesmo furo da porta sem problemas. 

Frisos nas portas são úteis para quem usa o carro no dia-a-dia em estacionamentos apertados; prevenindo ou minimizando pequenos arranhões e amassaduras. Compre frisos do tipo auto-adesivo, de preferência os que tenham filete cromado. Aplique-os paralelamente ao vinco superior da chapa que corre a lateral da Brasília. Alias, ali vinham instalados os belos frisos do modelo LS. Só não dê a volta pela traseira do carro, abaixo do porta-malas, pois “carrega” a estética.   

Friso universal auto-colante com filete cromado: uma boa solução. (este é da marca HT Frisos)

Talvez a mesma recomendação vale para os borrachões de pára-choque e os protetores de lâmina, chamados às vezes de “garras” (muito comuns nos anos 70). Preservam o cromado e são simples de instalar. 

Outro acessório interessante, mas que deve ser estudado com cuidado são os pára-barros. O motorista brasileiro, geralmente preconceituoso e desinformado tem certa aversão a essa peça simples que equipa mundo afora - com muita utilidade -  alguns ótimos carros como Volvo, Honda, Subaru, etc.  Existem os modelos de alumínio/inox, como os que já houve em massa nos anos 70 (Arteglass e Norfol); bem como os de borracha. A vantagem do inox é o acabamento, pois se ajusta ao carro de modo discreto, mas sua área de ação é reduzida. O de borracha retém toda a sujeira, mas deve ser bem cortado e montado. Para garantir a discrição e utilidade, basta evitar que a borracha seja cortada de forma “picotada”, aí sim estraga a estética.  Quem conseguir os para-barros modelo EMPI iguais aos vendidos nos EUA, pode instalar sem erro. Outra solução que se pode tentar são os para-barros dianteiros do furgão Iveco Daily. E para não esquecer, o para-barro mais importante na Brasília (ao contrário dos outros carros) é o de trás.   

NOTA: É comum encontrar Brasilias com a região interna dos suportes dos parachoques (parte inferior do painel traseiro) cheias de barro, pois por um aspecto de projeto, as rodas traseiras lançam detritos que passam pelo orifício do braço/suporte do parachoque enchendo este local de sujeira, podendo facilmente propiciar o surgimento de ferrugem. Por isso, o pára-barro traseiro seria útil. Na parte dianteira, o problema é na junção inferior dos paralamas com a carroceria (início da caixa de ar), onde o acúmulo de sujeira também pode causar problemas. 

DOIS EXEMPLOS DE PÁRA-BARROS E SUAS INSTALAÇÕES

Pára-barro dianteiro feito em inox e borracha, discretamente montado.

 

Pára-barro traseiro de borracha, Este é idêntico ao modelo (original VW) americano, é excelente.

Parabarro Americano tipo original (a EMPI fabrica um modelo semelhante, sem o logo VW), convenhamos, é um acessório interessante. 

Se você acha que a captação de ar para o motor é insuficiente e considerar a instalação de tomadas de ar (rebitadas ou soldadas) nas laterais, há apenas um conselho: não faça isso. Antes de achar que a Brasília refrigera mal, procure verificar o estado dos seguintes componentes: correia do girabrequim, rolamento da ventoinha, dínamo/alternador e porque não, a validade do óleo do motor? Nos VW a ar a integridade e a função do óleo são fundamentais. E para alguns que tem o pé direito meio pesado, recue-o ligeiramente do acelerador, ajuda até ao bolso!

    


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