Pão de Açúcar.
Depois que comprei o Guia de Escaladas na Urca, comecei a maquinar como faria
para ir ao Rio, conhecer esse point. A oportunidade surgiu quando o Chico estava
comprando material de gelo para fazer o curso em Bariloche (estão lá
agora em Janeiro - o Chico, o Santa e o Duda). O problema seria onde conseguir
passar a noite de sábado. Coincidentemente, um amigo nosso (Jonas) iria
com outro escalador, o Diego para lá e ficariam no apartamento de sua
avó.
Saímos de Sampa (eu, o Chico e a Olga) às duas e meia de sábado
e chegamos ao Rio pela manhã. Tentei ligar para o Jonas.
Ele já havia saído para a Urca. Resolvemos então efetivar
a compra de equipos e partir para lá também.
Chegamos à Urca aí pelas dez e meia, mas uns contratempos (resolvidos
graças à ajuda do Marcelo, que estava vendendo os equipos ao Chico),
nos atrasaram. Acabamos encontrando o Jonas, e combinamos de subir a Italianos
logo após o almoço. O tempo estava nublado, o que nos daria uma
subida sossegada.
Mau negócio... Tentar subir a pedra às 14:00hs mesmo sem sol foi
pedir para se sufocar. Assim que chegamos à base da Italianos, o tempo
abriu, e começou a assar nossas cabeças. Enquanto o Diego e o
Jonas subiam o primeiro lance, resolvemos fazer uma sombra. Primeiro com um
naylon, depois com o blanket. Ficou uma sombra ótima. Nesse meio tempo
nossa água foi sendo consumida. Três litros de água... e em
menos de uma hora. Tínhamos então mais um litro.
Quando terminamos de esticar o blanket, o Diego grita:
_ Ei, vou ter que descer o Jonas. Ele está passando mal.
A pressão do garoto baixou de tal maneira, que ao chegar à parada,
não conseguiu sequer colocar o auto-seguro na ancoragem. Foi baixado e
colocado sob a sombra. O chico subiu em seu lugar. Logo que avançaram
mais um lance, comecei a subir a via também.
Entrei na Italianos conforme o croqui indicava. Subi por uma fenda uns seis
metros e saí para a direita. Havia uns grampos de uma variante
e eu, assim como o Diego fizera, subi por ela. Há uma barriguinha bem
enjoada antes da primeira parada. Após uns minutos tentando encontrar
alguma agarra, tive de usar a aderência para vencer o lance. O Chico
estava pouco acima da parada.
_ Tudo bem, Chico ?
_ Não. Acho que vou passar mal também. Vou descer.
Enquanto o Diego concluía a via, dei segurança para a Olga subir
o primeiro lance. Era consenso que deveríamos descer daí, pois o
calor já estava insuportável.
Ao voltar à base, ergui os olhos, acompanhando um bondinho que chegava
ao topo. Não foi dessa vez. O cansaço estava chegando, de modo que
demos por encerrado o dia.
Fomos conhecer a avó do Jonas, uma senhora super simpática, que
demonstrou grande interesse pelo que fazemos, incentiva o neto neste esporte,
e faz uma comida divina. No dia seguinte, descansados e bem alimentados, fomos
conhecer o Morro da Babilônia, onde fizemos um lance da via Salomith.
Chegou a hora de voltarmos a Sampa, e pelas notícias de fortes chuvas,
saímos cedo para enfrentar menos congestionamento. A Urca ficou na "meia
escalada", para uma próxima vez.
Quem vai para lá deve estar preparado para o calor, acima de tudo. A
rocha em si não é difícil, o que vai se fazer sentir
será o cansaço decorrente do calor e da desidratação.
Evite os horários quentes do dia. E se possível, fique mais de um
dia para conhecer bem este point, um dos mais seguros e de fácil acesso
que conheço.
© Massa - Jan/97