Corcovado de Ubatuba - Imperdível
Chegamos a algum lugar entre Caraguá e Ubatuba, perto da Praia Dura.
Depois de uma hora procurando, encontramos a casa onde iríamos passar o
resto da noite. Mal deu tempo de estacionar. Esticamos os Sleeps e descansamos
até as 6:00hs. Ao amanhecer, tomamos um café rápido e
preparamos nossas mochilas. Desta vez, nada de escalar. Somente roupa, mantimentos,
isolante térmico e sleep. Ainda assim, minha mochila ficou bem pesada. A
água levada foi pouca, pois podíamos pegar no caminho.
Entramos na trilha às 9:30hs, e o pico do Corcovado me parecia muito longe.
Uma vez dentro da mata, passou duas horas seguindo por uma trilha bem marcada
até que voltamos a ver novamente o pico. Uma breve pausa a cada hora de
caminhada - estamos melhorando, antes eram de meia em meia hora - e avançamos
até encontrar o primeiro ponto onde precisamos recarregar a água.
O Corcovado de Ubatuba é o ponto mais alto da região, elevando-se por
mais de mil metros do nível do mar. Em dias limpos, pode-se ver desde Parati
até muito abaixo de Caraguá. A caminhada é um pouco forçada,
lembrando muito o Dedo de Deus. Levando num ritmo calmo, como nós fizemos,
são nove horas até o cume.
Estando a uma hora da chegada, começo a sentir nas pernas o resultado de
tanto esforço. Primeiro, uma puxada numa batata, depois a coxa da outra
perna, e meia hora depois, estou com cãibras em quatro pontos distintos.
Por sorte, já estava no fim. O topo, afinal.
Eram 18:30hs, ainda havia sol. O visual daí é fantástico. As
cores do entardecer só são equiparadas às da alvorada, que
alguns de nós presenciaríamos na manhã seguinte.
Conseguimos preparar o jantar e esticar os sacos de dormir antes de escurecer,
e o cansaço falou mais alto que o ânimo de estar lá.
Estávamos dormindo antes das dez.
O café da manhã foi às 7:00 hs, e na descida, mais calmos,
pudemos apreciar melhor o trajeto percorrido. Assim mesmo, foram seis horas
até a base. Um bom banho, e os preparativos para a saída. Ainda
tínhamos algumas horas de estrada até Sampa. Mesmo estando "quebrados"
sabíamos que valeu a pena. Eu, que entre andar e escalar nem pestanejo para
escolher a segunda, achei essa caminhada muito boa. Só não sei quando
volto. Afinal, andar NOVE HORAS em marcha com uma mochila pesada nas costas necessita
de um pouco do chamado "Treinamento Sherpa"...
© Massa - Jan/97