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AVE DO MÊS

    

 

     
 


CORVO MARINHO DE FACES BRANCAS
 

 

Naquele frio e nubloso dia de Dezembro, eu e o Paulo tínhamos decidido ir até à barragem de Belver (local onde costumamos fazer saídas de campo, sempre que vamos visitar os nossos avós ao Pereiro). Apesar de não constituir um local por excelência, reserva-nos, por vezes, várias surpresas. A daquele dia...  jamais a esqueceremos!

De binóculos em riste, perscrutávamos o espelho de água a montante da barragem quando nos apercebemos que duas aves da mesma espécie permaneciam imóveis, como se estivessem presas e impedidas de se movimentar. Estranhámos, aproximámo-nos e as nossas suspeitas vieram a confirmar-se: dois corvos-marinhos-de-faces-brancas (phalacrocorax carbo) encontravam-se presos numa rede de pesca.

Tratando-se de uma espécie que ocorre em Portugal apenas durante o Inverno (finais de Setembro a Abril), a sua distribuição está essencialmente associada a áreas costeiras ou estuarinas e, no interior, a rios, ribeiras, açudes e barragens de dimensões muito variáveis. Hábil pescador, conseguindo mergulhar por períodos de 20/30 segundos, é uma ave quase completamente escura, ligeiramente esbranquiçada no queixo e com o bico amarelo (os juvenis apresentam o peito e os flancos brancos).

Enquanto nas imediações da rede, outras três ou quatro aves iam nadando (praticamente submersos, com o pescoço esticado e o bico virado para cima), para mergulharem, de seguida, com um pequeno salto, eu e o Paulo já tínhamos decidido tentar salvar as aves enleadas e pensávamos agora, na forma de conseguir arranjar um barco que nos permitisse chegar junto das mal-fadadas redes de pesca.

Depois de alguma conversa num café-restaurante situado ali perto, de termos sido interpretados como possíveis “guardas-da natureza” e de termos feito saltar da cama o suposto dono das redes, a verdade é que - passados 30 minutos – já nos dirigíamos, de barco, em direcção às redes. Enquanto remava, aquele homem ia-nos contando o quanto os pescadores odiavam aquelas aves e que não sabia bem como se encontrava ali, a fazer o que estava a fazer, chegando mesmo a dizer-nos que um seu conhecido, ao conseguir retirar uma daquelas aves de uma rede de pesca, o tinha tentado criar junto com as galinhas.

Ao chegarmos junto da rede, constatámos que uma já estava morta, mas a outra, felizmente, conseguímo-la salvar. Libertámo-la – contra a vontade daquele pescador  – dois ou três quilómetros a jusante da barragem.

Foi um momento inesquecível! Enquanto o nosso amigo corvo-marinho, mal se apanhou dentro de água, mergulhou imediatamente - para aparecer à superfície alguns segundos depois mas muito mais longe de nós - na outra margem, outros três corvos-marinhos observavam-nos numa também muito peculiar postura; poisados numas rochas junto à linha de água e de asas abertas.

Daquela vez, tinha escapado... o problema é que as redes, essas, continuaram (e creio que vão continuando) por lá. Terá valido a pena?!... “Vale sempre a pena, se a alma não é pequena!”

 

                                                        Miguel Gaspar
 

 

CUCO

Quem é que nunca ouviu um Cuco? Já todos ouvimos, verdade?! E quem é que já alguma vez viu um? OPS!!! Pois é, à primeira vista, parece ser uma ave mais ouvida do que observada, mas será assim tão difícil vê-la?

            Bem, de facto, o canto do Cuco (cuculus canorus) é inconfundível e a partir de meados de Março podemos ouvi-lo quase em todo o país, aliás, para muitas pessoas, sobretudo ligadas ao meio rural, é este o canto que lhes anuncia a Primavera. Mas e vê-lo?... Bom, na minha opinião, é possível que muita gente já tenha visto um Cuco sem ter realmente consciência disso. Por outras palavras, viram a ave mas não a identificaram.

            Como é, então, o Cuco? Apesar de em Portugal também ocorrer uma outra espécie - o Cuco Rabilongo (clamator glandarius) - facilmente se distinguem um do outro, quer pelo canto (o canto do Rabilongo é um mero “palrar”), quer pela plumagem. O macho e a fêmea do Cuco (cuculus canorus) são semelhantes: acinzentados, com uma cauda comprida e com as partes inferiores riscadas, fazendo quase lembrar um Gavião. O bico é pequeno e fino. O voar é um bater de asas fundo e rápido, ainda que nunca as levante acima do corpo, podendo também planar.

            É sabido que esta ave é um parasita de ninhos e que, como tal, ao não criar as suas próprias crias, chama a si um dos mais interessantes e intrigantes mistérios da vida animal. Na altura da reprodução, a fêmea procura o ninho de uma outra ave (por exemplo, de um rouxinol ou de uma pega) aonde, aproveitando a ausência desta e tendo, muitas vezes, o cuidado de retirar um dos ovos que já lá se encontram, acaba por depositar um ovo seu. A adaptação ao parasitismo é tal, que estas aves chegam a especializar-se em parasitar uma única espécie, conferindo aos seus ovos uma coloração idêntica à da espécie parasitada. Não menos interessante é ainda o facto dos ovos do Cuco necessitarem de um curto período de incubação, eclodindo ainda antes dos ovos do hóspede ou quando as crias deste ainda são muito pequenas. Mas há mais; mal eclode, ainda cego e débil, o recém-nascido Cuco, instintivamente, expulsa os seus “irmãos” do ninho, cabendo aos pais adoptivos a árdua tarefa de alimentarem uma cria que chega a ser o dobro ou o triplo do seu tamanho.

            O.K. e agora, aonde ou como é que podemos observar um Cuco? De acordo com a minha - ainda relativamente curta - experiência , o melhor conselho para poder observar uma destas aves com atenção, é ter alguma paciência. Da próxima vez que ouvir um, experimente perscrutar algumas das estruturas que existem à sua volta (sejam fios e postes de electricidade ou telefone, vedações, pivots de rega ou outros), se mesmo assim não tiver êxito, tente aproximar-se um pouco mais do local de onde provem o canto e torne a procurar nos locais anteriormente referidos. Uma outra dica, mas esta apenas ao alcance dos mais habilidosos - que confesso não ser o meu caso -, é tentar imitar o seu canto. O facto de estarmos em plena época de nidificação pode levar a que a ave se aproxime um pouco mais de si. Boa sorte e boas observações.

                                                                                    MiguelGaspar

 

 

 

PISCO DE PEITO RUIVO 


 

Já todos nos apercebemosde que entrámos numa nova estação do ano. Os dias são mais curtos, algumas árvores despem-se da sua folhagem, as nuvens até já nos deram o prazer de cheirar a terra e com isto, assistimos à partida de algumas espécies de aves e, como que em compensação, à chegada de outras.

Para o observador de aves, um dos arautos do Outono - e consequentemente nossa ave do mês - é o pisco-de-peito-ruivo (erithacus rubecula). Apesar de também nidificar no nosso país, é maioritariamente uma ave invernante, proveniente de países do norte da Europa.

Sendo, por estas alturas, muito comum, com certeza já terá dado pela sua presença. Comportando-se muitas vezes como uma ave discreta - que prefere ver-nos a ser vista, adentrando pelas ramagens mais densas e compactas - a sua presença facilmente se assinala devido ao seu chilreio gorjeado (muitas vezes depois do crepúsculo e antes do amanhecer) e ao seu característico chamamento (um “trique-trique” rapidamente repetido).

Presente numa grande variedade de habitats (que vão do - quase inabitável - eucaliptal aos jardins e parques das grandes cidades) revela-se também como uma ave extremamente sociável, empoleirando-se em locais bem visíveis (como sejam os ramos descobertos de árvores e arbustos onde gosta de apanhar os primeiros raios de sol, ou ainda, cercas, como no caso da fotografia, comedouros e outras estruturas utilizadas pelo Homem) e, por vezes, a uma tão curta distância que nos é permitido observá-lo a olho nú.

Sendo o macho e a fêmea semelhantes (partes superiores, pescoço e coroa de um castanho-oliváceo; testa, face, garganta e peito alaranjados e orlados de um cinzento; partes inferiores e flancos de um branco-bege), o pisco-de-peito-ruivo (erithacus rubecula) caracteriza-se também  pelo seu grande sentido de delimitação territorial e pela sua extraordinária agressividade, sendo a sua peculiar postura de alerta disso um bom testemunho.

Tratando-se de uma ave que, de um modo geral, facilmente, consegue captar a nossa atenção e merecer o nosso carinho e admiração assume-se, para nós, como um dos mais belos passeriformes da avifauna europeia, aliando à sua graciosidade e postura um dos mais simbólicos e omnipresentes cantos das matas e bosques europeus - e agora vem a melhor parte -, apenas à distância de uma ida ao seu próprio quintal ou, para os menos privilegiados, de uma visita ao jardim ou parque mais próximos.

 

 

P.S. - Para os mais comodistas ou caso lá fora chova copiosamente, resta sempre a possibilidade de (re)visitar o nosso site e contentar-se com o que aqui vê e ouve.

 

 

 

ANDORINHA DOS BEIRAIS 

Setembro. O Verão queima os últimos cartuchos e no ar, apesar de ainda quente e algo abafado, sentem-se já o vento e os aguaceiros de Outono.

Para muitas das nossas amigas aves, é chegada a altura de - depois dos grandes desafios da vida com que deparam ao longo da Primavera e do Verão - armazenar as últimas energias para empreender uma longa viagem de modo a escaparem ao rigor invernal de algumas zonas da Europa e de conseguirem alimento e, em suma, garantirem a sua sobrevivência.

São várias as espécies migradoras que visitam a Europa nas estações mais amenas e que findas estas, se concentram para, na segurança do bando, empreenderem a sua migração outonal, dirigindo-se para África.

A ave que elegemos para representar este mês e esta migração é um ave insectívora, que captura as suas presas em voo e que se serve dos beirais das nossas casas para aí nidificar.

Das cinco espécies de andorinhas que se podem observar nos céus portugueses, a Andorinha dos Beirais  (Delichon urbica) será, provavelmente, a mais numerosa e a mais cosmopolita, já que se trata de uma ave comum, facilmente observável perto das habitações, em aldeias e sobretudo nas cidades, se bem que também possa encontrar-se nas montanhas e alcantilados dos rios.

Apesar das semelhanças entre as várias espécies desta família, bastar-nos-á prestar atenção a três ou quatro pormenores (relacionados com a cor da plumagem e com o uropígio e a cauda) e alguma experiência de campo para conseguir identificar cada uma delas.

A nossa ave de Setembro (reconhecida pelas partes superiores - coroa, dorso, asas e cauda - de um preto azulado, pelo uropígio e parte inferior brancas e por uma cauda curta e ligeiramente bifurcada) nidifica, geralmente, em colónias, construindo o seu ninho com bolinhas de lama e dando-lhe a forma de uma semi-taça colada à parede e com uma pequena entrada no topo.

Por estes dias, ao romper e ao pôr do sol, é possível ver pequenos- grandes bandos destas aves poisados em fios de electrecidade, como que a esperar o momento certo para partir. Aproveite o tempo que falta, procure-as e, como nós, despeça-se delas: "Boa viagem e até p'ró ano!"

  

 


 

ROUXINOL 

 Maio. A Primavera está ao rubro e neste preciso momento - em que escrevo ou em que você lê este texto - as nossas amigas aves já estão empenhadas em cuidar da sua prole, satisfazendo assim uma das mais elementares leis da Natureza: a perpetuação da espécie.

Esta primeira “homenagem” é dedicada, precisamente, a uma ave migradora que, voando centenas de quilómetros, se desloca desde o continente africano até ao europeu, para aqui nidificar.

Chegando a Portugal em finais de Março, trata-se de uma ave muito discreta (já que raramente se deixa ver) mas cuja presença é facilmente detectada (pois o seu canto facilmente a denuncia). Esta aparente contradição deve-se ao facto de ser uma ave frequentemente ouvida e raramente observada.

 Preferindo como habitat pequenas matas ao longo das margens de rios e ribeiros, frequentando silvados, arbustos e bosques húmidos, é a partir daí, escondido nos recônditos da vegetação, que nos enche ouvidos e alma com o seu canto, escutado durante o dia e, sobretudo, bastante depois de anoitecer. Este último facto, levou a que muitos noctívagos (dos quais destaco os poetas românticos) o encarassem não só como fonte de inspiração, mas também como confidente de desventuras amorosas e existenciais.

Provavelmente, já saberá a que ave dedico este artigo, verdade? Trata-se, pois, do Rouxinol (luscinia megarhynchos). Como ave muito furtiva que é, deixo-lhe, contudo, duas ou três dicas para a sua identificação:  

- a primeira, é sem dúvida o seu canto: forte e muito melodioso. Numa das próximas noites, quando tiver oportunidade de se deslocar pelo nosso meio rural, experimente dirigir-se até junto de um qualquer curso de água com vegetação densa e, no silêncio da noite, com certeza ouvirá um dos mais magníficos cantos de aves;

- uma outra, diz respeito à sua descrição. Trata-se de uma ave com cerca de 16-17 cm, cujas partes superiores são de um castanho-ferrugíneo, as inferiores bege e com uma cauda arredondada e de um ruivo vivo; 

- por fim, e já no que se refere à sua observação, garanto-lhe que a melhor maneira de poder ver a nossa “avis rara”, será permanecendo imóvel e em silêncio nas imediações do arbusto ou do silvado em que a ave se encontra. A sua curiosidade leva-lo-á a procurar verificar qual o ser que o perturba.  

E quanto ao nosso luscinia megarhynchos, por agora, nada mais. Espero que vá dando pela sua presença e, caso não o consiga observar, lembre-se que pode sempre consultar o nosso link de “FOTOS” e comprovar o quão difícil é o contacto visual - quanto mais fotográfico - com esta singular ave, da qual apenas encontrará um único e quase exclusivo registo.

 

                                                                        MiguelGaspar   

 

 
 
 

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