PRODUÇÃO DOS HORMÔNIOS TIREOIDEANOS:
As células foliculares tireoideanas sintetizam, durante todo o tempo, uma proteína, na qual se formam e armazenam os hormônios tireoideanos. Esta proteína se chama tireoglobulina e é formada por uma cadeia de aminoácidos tirosina.
Mas para que se formem os hormônios tireoideanos não basta uma normal produção de tireoglobulina. Também é de fundamental importância uma captação de íon iodeto, necessário à formação dos hormônios.
A captação de iodeto se faz através de um transporte ativo (bomba de iodeto), que bombeia contantemente estes íons do exterior para o interior das células foliculares, armazenando uma concentração cerca de 40 vezes maior no líquido intracelular.
Mas os íons iodetos devem ser transformados na forma elementar de iodo no interior das células, para que possam ser utilizados na formação dos hormônios. Isso se faz com a importante ajuda de uma enzima denominada peroxidase.
Na medida em que as moléculas de tireoglobulina vão sendo produzidas, moléculas de iodo vão se ligando quimicamente aos radicais tirosina das proteínas. Mas para que as moléculas de iodo se liguem com a devida rapidez e em quantidade satisfatória, se faz necessário a presença de uma enzima, a iodinase, que cataliza a reação do iodo com os radicais tirosina das tireoglobulinas.
As moléculas de tireoglobulina, conforme vão sendo produzidas, vão saindo da célula e armazenando-se no interior dos folículos, submersas num líquido gelatinoso denominado colóide.
Cada molécula de tireoglobulina carrega, portanto, vários radicais tirosina impregnados com molécula de iodo.
2 radicais tirosina, ligados entre sí, com 2 íons iodetos em cada uma de suas moléculas, reagem-se entre sí formando uma molécula de tiroxina (T4); 2 radicais tirosina, ligados entre sí, sendo um com 2 íons iodeto e outro com apenas 1 íon iodeto, reagem-se também entre sí formando uma molécula de triiodotironina (T3).
Diante do exposto acima, podemos então imaginar que cada molécula de tireoglobulina carrega vários hormônios tireoideanos (a maioria T4) em sua fórmula. Portanto, podemos dizer que os hormônios tireoideanos armazenam-se no interior dos folículos tireoideanos na forma de tireoglobulina.
SECREÇÃO DOS HORMÔNIOS TIREOIDEANOS:
A face voltada para o interior do folículo, da célula folicular tireoideana, faz constantemente o processo de pinocitose. Através da pinocitose, constantemente, diversas moléculas de tireoglobulina acabam retornando para o citoplasma da célula, desta vez carregando diversas moléculas de hormônio tireoideano em sua estrutura. No interior da célula, a tireoglobulina sofre ação de enzimas proteolíticas. Como consequência, a tireoglobulina se fragmenta em numerosos pedaços pequenos, liberando os hormônios tireoideanos (T3 e T4) na circulação, através da outra face celular. Os hormônios, então, ligam-se a proteínas plasmáticas e assim circulam em nossa rede vascular, atingindo quase todas as células de nosso corpo.
EFEITOS DOS HORMÔNIOS TIREOIDEANOS:
São raros os tecidos que não sofrem uma ação direta ou mesmo indireta dos hormônios tireoideanos. Sob seu estímulo, as células aumentam seu trabalho, sintetizam mais proteínas, consomem mais nutrientes e oxigênio, produzem mais gaz carbônico, etc.
HIPERTIREOIDISMO E HIPOTIREOIDISMO:
Vejamos
abaixo como se manifestaria uma pessoa que apresentasse uma hiper-secreção
de hormônios tireoideanos, comparada a uma outra que apresentasse
uma hipo-secreção dos mesmos hormônios:
HIPERTIREOIDISMO: | HIPOTIREOIDISMO: | |
frequência respiratória | aumenta (taquipnéia) | diminui (bradipnéia) |
profundidade da respiração | aumenta (hiperpnéia) | diminui (hipopnéia) |
HIPERTIREOIDISMO: | HIPOTIREOIDISMO: | |
tônus vascular | vaso-dilatação | vaso-constrição |
fluxo sanguíneo tecidual | aumenta | diminui |
temperatura corporal | aumenta | diminui |
frequência cardíaca | aumenta (taquicardia) | diminui (bradicardia) |
força de contração do coração | aumenta | diminui |
débito cardíaco | aumenta | diminui |
pressão arterial (sistólica) | aumenta | diminui |
pressão arterial (diastólica) | diminui | aumenta |
HIPERTIREOIDISMO: | HIPOTIREOIDISMO: | |
contrações musculares | mais fortes, mais rápidas | mais fracas, mais lentas |
reflexos | hiper-reflexia | hipo-reflexia |
sono | reduzido (insônia) | aumentado |
manifestações psicológicas | ansiedade, tendências psiconeuróticas
taquipsiquismo |
depressão
bradipsiquismo |
HIPERTIREOIDISMO: | HIPOTIREOIDISMO: | |
fome | aumentada | diminuída |
movimentos do tubo digestório | aumentados | reduzidos |
sereções digestivas | aumentadas | reduzidas |
fezes | mais líquidas, mais frequentes | mais sólidas, menos frequentes |
HIPERTIREOIDISMO: | HIPOTIREOIDISMO: | |
secreções endócrinas
(de um modo geral) |
aumentam | diminuem |
HIPERTIREOIDISMO: | HIPOTIREOIDISMO: | |
masculino | disfunção erétil | redução da libido |
feminino | amenorréia
oligomenorréia |
menorragia
polimenorréia redução da libido |
REGULAÇÃO DA SECREÇÃO:
A secreção dos hormônios tireoideanos é controlada pelo hormônio hipofisário tireotropina (TSH): Um aumento na liberação de TSH pela adeno-hipófise promove, na tireóide, um aumento na captação de iodeto, na síntese de tireoglobulina e em diversas outras etapas na produção dos hormônios T3 e T4. Como resultado aumenta a síntese e liberação destes hormônios e o metabolismo basal celular, de um modo geral, aumenta. A secreção de TSH, por sua vez, é estimulada pelo fator de liberação da tireotropina (TRF), produzida pelo hipotálamo.
Ocorre
um mecanismo de feed-back negativo no controle de secreção
dos hormônios tireoideanos: na medida em que ocorre um aumento na
secreção dos hormônios T3 e T4, o metabolismo celular
aumenta. Este aumento promove, a nível de hipotálamo, redução
na secreção de TRF, o que provoca, como consequência,
uma redução na secreção de TSH pela adeno-hipófise
e, consequentemente, redução de T3 e T4 pela tireóide,
reduzindo o metabolismo basal celular.
Copyright © - 1999 - Milton Carlos Malaghini