TIREÓIDE E HORMÔNIOS TIREOIDEANOS

(T3 e T4)

A tireóide localiza-se na região do pescoço, anteriormente à traquéia e logo abaixo da laringe. Histologicamente é formada por uma grande quantidade de folículos. As células foliculares produzem 2 importantíssimos hormônios: tiroxina (T4) e triiodotironina (T3). Estes dois hormônios armazenam-se no interior dos folículos e, aos poucos, são liberados para a corrente sanguínea. Através desta atingem todos os tecidos e promovem nos mesmos um importante estímulo no metabolismo celular. Na ausência destes hormônios, quase todo o metabolismo celular, em quase todos os tecidos, caem aproximadamente para a metade do normal. Por outro lado, numa condição de hipersecreção dos tais hormônios, o metabolismo celular basal aumenta exageradamente, atingindo cerca do dobro do normal.

PRODUÇÃO DOS HORMÔNIOS TIREOIDEANOS:

As células foliculares tireoideanas sintetizam, durante todo o tempo, uma proteína, na qual se formam e armazenam os hormônios tireoideanos. Esta proteína se chama tireoglobulina e é formada por uma cadeia de aminoácidos tirosina.

Mas para que se formem os hormônios tireoideanos não basta uma normal produção de tireoglobulina. Também é de fundamental importância uma captação de íon iodeto, necessário à formação dos hormônios.

A captação de iodeto se faz através de um transporte ativo (bomba de iodeto), que bombeia contantemente estes íons do exterior para o interior das células foliculares, armazenando uma concentração cerca de 40 vezes maior no líquido intracelular.

Mas os íons iodetos devem ser transformados na forma elementar de iodo no interior das células, para que possam ser utilizados na formação dos hormônios. Isso se faz com a importante ajuda de uma enzima denominada peroxidase.

Na medida em que as moléculas de tireoglobulina vão sendo produzidas, moléculas de iodo vão se ligando quimicamente aos radicais tirosina das proteínas. Mas para que as moléculas de iodo se liguem com a devida rapidez e em quantidade satisfatória, se faz necessário a presença de uma enzima, a iodinase, que cataliza a reação do iodo com os radicais tirosina das tireoglobulinas.

As moléculas de tireoglobulina, conforme vão sendo produzidas, vão saindo da célula e armazenando-se no interior dos folículos, submersas num líquido gelatinoso denominado colóide.

Cada molécula de tireoglobulina carrega, portanto, vários radicais tirosina impregnados com molécula de iodo.

2 radicais tirosina, ligados entre sí, com 2 íons iodetos em cada uma de suas moléculas, reagem-se entre sí formando uma molécula de tiroxina (T4); 2 radicais tirosina, ligados entre sí, sendo um com 2 íons iodeto e outro com apenas 1 íon iodeto, reagem-se também entre sí formando uma molécula de triiodotironina (T3).

Diante do exposto acima, podemos então imaginar que cada molécula de tireoglobulina carrega vários hormônios tireoideanos (a maioria T4) em sua fórmula. Portanto, podemos dizer que os hormônios tireoideanos armazenam-se no interior dos folículos tireoideanos na forma de tireoglobulina.

SECREÇÃO DOS HORMÔNIOS TIREOIDEANOS:

A face voltada para o interior do folículo, da célula folicular tireoideana, faz constantemente o processo de pinocitose. Através da pinocitose, constantemente, diversas moléculas de tireoglobulina acabam retornando para o citoplasma da célula, desta vez carregando diversas moléculas de hormônio tireoideano em sua estrutura. No interior da célula, a tireoglobulina sofre ação de enzimas proteolíticas. Como consequência, a tireoglobulina se fragmenta em numerosos pedaços pequenos, liberando os hormônios tireoideanos (T3 e T4) na circulação, através da outra face celular. Os hormônios, então, ligam-se a proteínas plasmáticas e assim circulam em nossa rede vascular, atingindo quase todas as células de nosso corpo.

EFEITOS DOS HORMÔNIOS TIREOIDEANOS:

São raros os tecidos que não sofrem uma ação direta ou mesmo indireta dos hormônios tireoideanos. Sob seu estímulo, as células aumentam seu trabalho, sintetizam mais proteínas, consomem mais nutrientes e oxigênio, produzem mais gaz carbônico, etc.

HIPERTIREOIDISMO E HIPOTIREOIDISMO:

Vejamos abaixo como se manifestaria uma pessoa que apresentasse uma hiper-secreção de hormônios tireoideanos, comparada a uma outra que apresentasse uma hipo-secreção dos mesmos hormônios:
 
 

SISTEMA RESPIRATÓRIO:
HIPERTIREOIDISMO: HIPOTIREOIDISMO:
frequência respiratória aumenta (taquipnéia) diminui (bradipnéia)
profundidade da respiração aumenta (hiperpnéia) diminui (hipopnéia)

 
SISTEMA CARDIO-VASCULAR:
HIPERTIREOIDISMO: HIPOTIREOIDISMO:
tônus vascular vaso-dilatação vaso-constrição
fluxo sanguíneo tecidual aumenta diminui
temperatura corporal aumenta diminui
frequência cardíaca aumenta (taquicardia) diminui (bradicardia)
força de contração do coração aumenta diminui
débito cardíaco aumenta diminui
pressão arterial (sistólica) aumenta diminui
pressão arterial (diastólica) diminui aumenta

 
SISTEMA NEURO-MUSCULAR:
HIPERTIREOIDISMO: HIPOTIREOIDISMO:
contrações musculares mais fortes, mais rápidas mais fracas, mais lentas
reflexos hiper-reflexia hipo-reflexia
sono reduzido (insônia) aumentado
manifestações psicológicas ansiedade, tendências psiconeuróticas
taquipsiquismo
depressão
bradipsiquismo

 
SISTEMA DIGESTÓRIO:
HIPERTIREOIDISMO: HIPOTIREOIDISMO:
fome aumentada diminuída
movimentos do tubo digestório aumentados reduzidos
sereções digestivas aumentadas reduzidas
fezes mais líquidas, mais frequentes mais sólidas, menos frequentes

 
SISTEMA ENDÓCRINO:
HIPERTIREOIDISMO: HIPOTIREOIDISMO:
secreções endócrinas
(de um modo geral)
aumentam diminuem

 
SISTEMA REPRODUTOR:
HIPERTIREOIDISMO: HIPOTIREOIDISMO:
masculino disfunção erétil redução da libido
feminino amenorréia
oligomenorréia
 
menorragia
polimenorréia
redução da libido

 

REGULAÇÃO DA SECREÇÃO:

A secreção dos hormônios tireoideanos é controlada pelo hormônio hipofisário tireotropina (TSH): Um aumento na liberação de TSH pela adeno-hipófise promove, na tireóide, um aumento na captação de iodeto, na síntese de tireoglobulina e em diversas outras etapas na produção dos hormônios T3 e T4. Como resultado aumenta a síntese e liberação destes hormônios e o metabolismo basal celular, de um modo geral, aumenta. A secreção de TSH, por sua vez, é estimulada pelo fator de liberação da tireotropina (TRF), produzida pelo hipotálamo.

Ocorre um mecanismo de feed-back negativo no controle de secreção dos hormônios tireoideanos: na medida em que ocorre um aumento na secreção dos hormônios T3 e T4, o metabolismo celular aumenta. Este aumento promove, a nível de hipotálamo, redução na secreção de TRF, o que provoca, como consequência, uma redução na secreção de TSH pela adeno-hipófise e, consequentemente, redução de T3 e T4 pela tireóide, reduzindo o metabolismo basal celular.
 

 Copyright © - 1999 - Milton Carlos Malaghini

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