Soneto do Amor Total
Amo-te
tanto, meu amor... não cante
O humano coração com mais verdade
Amo-te como amigo e como amante
Numa sempre diversa realidade
Amo-te
afim, de um calmo amor prestante
E amo-te além presente na saudade
Amo-te, enfim, com grande liberdade
Dentro da eternidade e a cada instante
Amo-te
como um bicho, simplesmente
De um amor sem mistério e sem virtude
Com um desejo maciço e permanente
E de te
amar assim, muito e amiúde
É que um dia em teu corpo de repente
Hei de morrer de te amar mais do que pude.
Vinícius de Moraes