Flash Moçambique
Hoje, quando se fala de África e do seu crescimento, fala-se de Moçambique. Muitos de nós esquecidos ou não, ou por falha no ensino escolar, marginalizamos a aprendizagem do que é e foi a África colonial Portuguesa, nos seus 5 séculos de história, e de descobrimentos. Vai-se criando a ideia de que os povos africanos, são povos que não se governam, nem se deixam governar. Não é fácil concluir sobre esta questão. Há divergentes opiniões. Há experiências contraditórias, bem e mal sucedidas. Existe uma primeira ideia de terem sido os anos passados sobre a escravatura, a primeira causa de tal situação, uma vez, que eram povos que não deviam pensar, mas sim obedecer. Uma segunda ideia, de per si causa natural, é de não terem sido dadas oportunidades de formação básica, escolar e universitária. A história, não soube apostar nos africanos, transformando-os no recurso estratégico da humanidade e foi aqui que o futuro da humanidade foi adiado, principalmente, referido por muitos sábios "por estes povos terem-se envolvidos nos seus processos internos fechados, na repetição sistemática dos mesmos erros, na corrupção, na concentração e manutenção do tal poder que lhes vinha apenas do estatuto. Reduzindo a forma mais simplista a mudança e a resistência a mudança, não entendendo que eles próprios e a forma de gerir também tinham que mudar".

Moçambique, país africano, situado na costa Sul - Oriental, entre os paralelos 10,27º e 26,52º de latitude Sul e entre os meridianos 30,12º e 40,51º de longitude Este, ocupa uma superfície de 799.380 Km², dos quais 786.380 Km² de superfície de terra firme e 13.000 Km² de águas interiores. Enquadra-se no fuso horário 2, possuindo assim duas horas de avanço relativamente ao tempo médio universal. A fronteira terrestre tem uma extensão de 4.330 Km e a costa marítima 2.470 Km. O país apresenta um clima temperado nas regiões montanhosas e características tropicais nas restantes zonas. Moçambique faz fronteira a Norte com a República Unida da Tanzania. De Norte para Sul, a Oeste, faz fronteira com o Malawi, Zâmbia, Zimbabwé, África do Sul (Província do Transval) e o Reino da Swazilândia. A Sul, faz fronteira com a África do Sul (Província de Natal) e a Leste, Moçambique é banhado pelo Oceano Indico. Administrativamente, o país, é constituído por 11 províncias, incluindo a cidade de Maputo e, muitas são as línguas nacionais faladas por diversos grupos étnicos. A língua Portuguesa é a língua oficial e a língua da unidade nacional.

As características geomorfológicas do território são idênticas as do rebordo da África Austral, um planalto interior terminando por uma escarpa, a partir do qual, a altitude, vai decrescendo em degraus aplanados até atingir a planície litoral, com altitudes de 200 metros que abrange 43% do território nacional, alargando a sua extensão de Norte para Sul onde chega a ocupar todo o território. Moçambique também se caracteriza por ter planaltos médios (Macondes, Nampula, Marrupa) cujas altitudes variam entre os 200 metros e os 600 metros e, antiplanaltos, entre 600 metros e 1000 metros, cobrindo extensas áreas das regiões de Manica e Milange e alguns retalhos da cadeia dos Libombos. As montanhas, a excepção da escarpa de Manica e dos Libombos, ficam situadas a Norte do rio Zambeze, ocupando 13% do território. As maiores elevações atingem 2.436 metros, monte Binga, junto ao Zimbabwe e montes Namuli, na Província da Zambézia.

A agricultura é o sector de base e de subsistência da economia Moçambicana. Da superfície total de 799.380 Km², cerca de 300.000 Km² são de terra arável e solos férteis, possuindo o país vastos recursos.

1972, Portugal, país colonizador, alterou a sua Constituição, dando as colónias, Angola e Moçambique, uma autonomia de carácter progressivo. 

1973, ano de enorme recessão económica com uma conjuntura mundial desfavorável resultante do 1º choque petrolífero que multiplicou os preços, por quase quatro, ao passarem de valores de cerca de 3 a 4 dólares para mais de 10 dólares. Marcelo Caetano, Presidente do Governo Português, declarava ter decidido pôr um travão ao processo de liberalização, a chamada "Primavera Marcelista", abertura prometida em 1968, que nunca chegou a acontecer.

25 de Abril de 1974, golpe de Estado em Portugal, Revolução do Cravo. Derrube do regime fascista que há 48 anos governava, por não haver liberdade. A actividade política, associativa e sindical eram quase nulas e controladas pela polícia política, havia presos políticos e a Constituição não garantia os direitos dos cidadãos. Portugal mantinha uma guerra colonial e encontrava-se praticamente isolado da comunidade internacional. A informação e as formas de expressão cultural eram controladas, fazia-se censura que abrangia a imprensa, o cinema, o teatro, as artes plásticas, a música e a escrita.

22 de Maio de 1974, de visita a Moçambique, o ministro da Coordenação Inter-Territorial, Almeida Santos, frisou que o principal objectivo da Junta de Salvação Nacional era pôr termo ao confronto com a Frelimo, o mais depressa possível, e adiantou que a independência era "uma das opções de um referendo a realizar". Mostrou-se convencido que "a maioria dos 8 milhões de negros de Moçambique optaria pela independência", mas acentuou querer que "todos, incluindo os numerosos grupos que se constituíram entre os 250 mil brancos, pudessem exprimir a sua opinião".

12 de Junho de 1974, António de Spínola, Presidente da República Portuguesa, após o derrube da ditadura, na cerimónia de tomada de posse dos novos Governadores gerais de Angola e Moçambique, considerou ser preciso clarificar o "conceito de autodeterminação, em ordem a que à sua volta não possam continuar a tecer-se as especulações que tanta perturbação e dúvida têm lançado". Declarou, ainda, que a solução do problema passava pelo restabelecimento da paz e que "o que estava em causa, ao negociar-se um cessar fogo, não era o destino de um povo" mas sim, "a legitimidade do ideal em que se fundamentam os objectivos que animaram as partes em luta". Considerando que "a luta armada nasceu do erro de se haver negado as populações ultramarinas o inalienável direito à autodeterminação", e que a negociação não era "uma transação pura e simples", mas um processo de descolonização levado "ao ritmo que as nossas capacidades permitirem".

19 de Julho de 1974, António de Spínola, Presidente da República Portuguesa, na cerimónia de posse do novo Governo Provisório de Portugal, presidido pelo Coronel Vasco Gonçalves, disse " a hora que vivemos não se compadece com formalismos de circunstância nem simples expressões de cortesia" e "todos temos consciência de que o momento é de acção e não de retórica", "não se pode ser livre senão sendo responsável", "sendo a responsabilidade um respeito essencial da liberdade, esta, tal como a democracia, não pode existir quando o Estado é fraco. Porque, não nos iludamos, o Estado ou é forte ou não é Estado". Observou, também, que "não será impertinente se recordar que um governo deve ser, acima de tudo, uma equipa coesa e eficaz, onde não caibam negativismos sistemáticos, ou demagógicos visando popularidade fácil". O novo Primeiro-Ministro, declarou, por sua vez, que "por parte do Governo tudo se fará para que o clima de confiança que a livre iniciativa requer se estabeleça desde já no integral respeito pelos superiores interesses nacionais". Apontou a necessidade de "se ensinar o povo português a viver em democracia" e, reportando-se ao problema colonial, declarou ser preciso "acautelar, no início do processo de descolonização, os diversos interesses dos povos em presença, tendo consciência de que Portugal não pode enjeitar, antes pelo contrário, tem responsabilidades históricas a honrar em relação aos povos da Guiné, Angola e Moçambique".  

24 de Julho de 1974, o Ministério da Coordenação Económica de Portugal anunciou a promulgação de alguns diplomas de natureza económico-financeiro, cujo objectivo era garantir o regular funcionamento dos mercados e assegurar a definição de uma política geral de preços integrada numa política anti-inflacionista de carácter global. Com vista à contenção dos preços eram criados vários organismos, ou seja estruturas capazes de funcionarem eficientemente, "sob pena de uma inflação descontrolada". Na área do Ensino, o ministro da Educação e Cultura de Portugal chamou a atenção para o facto de o país carecer de recursos materiais e humanos e para a necessidade de se democratizar autenticamente a estrutura do ensino e orgãos de decisão.

27 de Julho de 1974, mensagem de António de Spínola, Presidente da República Portuguesa, em que se reconhecia aos povos de África o direito à independência. "Se há hora grande na vida e na história de um povo essa é, sem dúvida, a do seu reencontro com a vocação, a fisionomia e a forma de ser e de estar no mundo que lhe são próprios. Portugal vive hoje essa hora grande e é com a mais viva emoção que dirijo ao povo português de aquém e além-mar, na mais perfeita coerência com a nossa tradição histórica e com o ideário que nos preside e nela se inspirou a declaração formal de haver chegado o momento de reconhecer às populações dos nossos territórios ultramarinos o direito de tomarem em suas mãos o próprio destino". Aludindo á "facilidade com que, sob o antigo regime, se legislava sem oposição" Spínola disse que "pagámos esses erros com o sofrimento ao longo de 13 anos de uma guerra cujas perspectivas oportuna e persistentemente" ele denunciara. O Presidente da República fez ainda votos para que as "novas nações a nascer de Portugal" saibam " distinguir o povo português do regime que o dominou durante meio século". Considerou, ainda, que a "solução da questão ultramarina permitirá que se desenvolva as tarefas da paz e do progresso todo esse caudal de potencialidades consumidas ao longo de treze anos de uma guerra sem finalidade".

5 de Agosto de 1974, no final da visita a Lisboa do Secretário-Geral da ONU, foi divulgado um comunicado em que se afirmava que nas conversações de Kurt Waldheim com o Governo Português tinham sido discutidas, "quanto a cooperação das Nações Unidas, as modalidades da possível assistência da ONU no processo de descolonização com vista a promover o bem-estar social e económico da população destes territórios". E o texto tornava claro que em Lisboa se reconhecia que estavam reunidas as condições para um acesso imediato á independência de todos os territórios ultramarinos sob sua administração" e, nesse sentido, estava "pronto a reconhecer a República da Guiné-Bissau como estado independente e a celebrar imediatamente acordos para a transferência imediata da administração". O Comunicado esclarecia ainda que o Executivo Português também estava "pronto a cooperar intimamente com os orgãos competentes das Nações Unidas com vista a acelerar o processo de descolonização no arquipélago de Cabo Verde". O Governo Português, por outro lado, manifestava a sua "esperança de que uma vez que adoptou medidas concretas para respeitar as disposições de Resolução 1514 (XV), a Assembleia Geral das Nações Unidas possa reconsiderar as suas anteriores decisões sobre o assunto e dar a Portugal a possibilidade de participar plenamente nos programas social, económico, financeiro e técnico das Nações Unidas e das agências especializadas, bem como participar nas actividades daqueles orgãos".  

21 de Agosto de 1974, em Conselho de Ministros de Portugal, foi aprovado um projecto de diploma que criava uma comissão nacional de inquérito, a funcionar no âmbito do Ministério da Justiça, e que tinha por finalidade indagar do funcionamento das queixas que lhe fossem apresentadas ou que houvesse notícia pública, sobre abuso de poder, violências contra pessoas e práticas de corrupção ocorridas entre 28 de Maio de 1926 e 25 de Abril de 1974. Também foi aprovado o projecto de decreto-lei que declarava inalienáveis e por qualquer título intransmissíveis, enquanto não fosse fixada definitivamente a responsabilidade dos seus proprietários, as coisas imóveis que fossem propriedade de quaisquer membros da extinta PIDE / DGS.

7 de Setembro de 1974, data comemorativa do Acordo de Lusaka (Zâmbia). O Acordo entre o Estado Português e a Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), decorreu entre 5 a 7 de Setembro de 1974. A delegação da Frelimo era constituída por Samora Machel, Joaquim Chissano, Óscar Monteiro, Alberto Chipande, Mariano Matsinhe, Gideon Ndobe, Samuel Mbanze, Jacinto Veloso e Sérgio Vieira. O Estado português era representado por Ernesto Augusto Melo Antunes (Ministro Sem Pasta), Mário Soares (Ministro dos Negócios Estrangeiros), António de Almeida Santos (Ministro da Coordenação Inter-Territorial), Victor M. Trigueiro Crespo (Conselheiro de Estado), Antero Sobral (Secretário do Trabalho e Segurança Social do Governo Provisório de Moçambique), Nuno Alexandre Lousada (Tenente-Coronel de Infataria), Vasco Fernando Leite de Almeida e Costa (Capitão-Tenente da Armada) e Luís António de Moura Casanova Ferreira (Major de Infantaria). Assinaram o Acordo, Joaquim Chissano e Mário Soares, para a Independência Total e Completa de Moçambique, referindo o ponto 19 do Acordo de Lusaka que “O Estado Português e a Frente de Libertação de Moçambique felicitam-se pela conclusão do presente acordo que, com o fim da guerra e o restabelecimento da paz com vista à independência de Moçambique, abre uma nova página na história das relações entre os dois países e povos. A Frente de Libertação de Moçambique, que no seu combate sempre soube distinguir o deposto regime colonialista do Povo Português, e o Estado Português desenvolverão os seus esforços a fim de lançar as bases duma cooperação fecunda, fraterna e harmoniosa entre Portugal e Moçambique”. A 9 de Setembro de 1974, uma rebelião, tomada da Rádio Clube de Moçambique por militares "Dragões da Morte" e os numerosos grupos que se constituíram entre os 250 mil brancos, vendo que não podiam exprimir a sua opinião, porque os destinos de Moçambique tinha sido entregue apenas a Frelimo. O problema colonial passou a revestir-se de contornos cada vez mais preocupantes, onde a situação era deveras explosiva. A reacção violenta dos brancos foi rapidamente reprimida. Nesta sequência muitos europeus, na maioria comerciantes, viram os seus estabelecimentos e casas saqueados. Estes incidentes, fruto destas tensões, degeneraram em pequenos conflitos raciais. No dia 11 de Setembro de 1974, enquanto em Lisboa se realizava no Palácio Nacional de Belém, a cerimónia de reconhecimento oficial, por parte do Governo Português, da República da Guiné-Bissau, numa comunicação ao país António de Spínola acentuava que, naquele momento, "em que o mundo se enriquece com o convívio de um novo país de expressão lusa", recordava com emoção todos os portugueses que ao longo de cinco séculos "doaram com o seu sangue, o seu amor e a sua esperança, algo de si próprios às gentes e terras da Guiné". Entretanto, em Moçambique, neste dia, anunciava-se que as forças da ordem dominavam a situação. Os rebeldes decidiram render-se e entregar as instalações do Rádio Clube de Moçambique. Mas o clima mantinha-se tenso e se, por um lado, a polícia apelava à calma, por outro, o exército recebia ordens para tomar posições nos pontos estratégicos da cidade. "Era bom podermos controlar a situação e creio que ela não vai, com certeza degenerar em escalada para acontecimentos mais graves". À decisão dos revoltosos de entregarem as instalações da Rádio, seguiu-se de uma noite de apedrejamentos, fogos-postos e pilhagens em bairros de lata habitados por negros, em volta do aeroporto da capital. Os incidentes provocaram mortos e feridos. No dia 12 de Setembro, a tensa situação continuava a dominar as atenções. Motins registados na cidade e arredores tinham provocado cerca de 1 centena de mortos e de 250 feridos, temendo as autoridades hospitalares que houvesse mais vítimas entre as ruínas resultantes da onda de violência. Os sucessivos confrontos ampliavam o número de vítimas e, devido ao clima que se vivia, as autoridades militares decidiram intervir. Dizia-se que enquanto os soldados tentavam dispersar alguns africanos amotinados, havia brancos que se barricavam no interior das suas casas receando mais actos de violência e que muitas pessoas estavam a procurar refúgio na África do Sul, levando automóveis e os poucos bens na fuga aos grupos que cortavam o trânsito nas estradas. Lourenço Marques era considerada em estado de sítio. Nos dias seguintes, guerrilheiros da Frelimo chegaram à cidade de Lourenço Marques, actual Maputo, provenientes das zonas libertadas. 

20 de Setembro de 1974, tomada de posse de Joaquim Chissano, como Primeiro-Ministro do Governo de Transição de Moçambique.

A história de Moçambique é muito anterior à chegada dos portugueses. Os povos primitivos de Moçambique eram os Bosquímanes. Entre os anos 200 a 300 DC, ocorreram as grandes migrações de povos Bantu, oriundos da região dos Grandes Lagos a Norte, Etiópia, Tânzania e Nigéria que empurraram os povos locais para regiões mais pobres a Sul, trazendo a língua, a tecnologia do ferro e difundindo a agricultura e a concentração da vida comunitária nas aldeias,  fundando a civilização de Monomotapa ou a civilização do "Grande Zimbabwe". Nos finais do século VI, surgiram nas zonas costeiras os primeiros entrepostos comerciais patrocinados pelos Swahilárabes que procuravam essencialmente a troca de artigos vários pelo ouro, ferro e cobre vindos do interior. No século XV mercadores árabes fundaram colónias comerciais em Sofala, Quelimane, Angoche e na ilha de Moçambique. Quando os portugueses aportarem no norte de Moçambique, ilha de Moçambique, era senhor da ilha um sheik árabe, de nome «Mussa Ben Mbiki» ou «Mussal A'l Bik», que acabaria por ver o seu nome atribuído à ilha colocada sob a dependência do vice-rei da Índia e que viria a dar o nome a toda uma província ultramarina, da qual foi capital de Moçambique até 1898. Existiam também duas comunidades bem organizadas, o Reino do Monomotapa e os Centros Swailis. Pêro da Covilhã foi o primeiro português a contactar com os povos desta região, quando em 1489 procedia à recolha de informações sobre o tráfico e a navegação para a Índia, conforme mandato de D. João II. No século XVI os portugueses estabelecem-se nesta região, considerada estratégica na rota do caminho marítimo para a Índia, faixa do litoral, Sofala e a Ilha de Moçambique, tendo sido criadas feitorias e fortalezas. Ao longo do século foram construídas feitorias-fortalezas de menores dimensões, como as de Sena (1531), Tete, Quelimane e Inhambane. A da Ilha de Moçambique, criada por Vasco da Gama na sua segunda viagem à Índia, era a mais importante, surgindo nesta ilha uma cidade cosmopolita. A administração das possessões portuguesas em Moçambique esteve até meados do século XVIII sob a administração do governador da Índia. A exploração do interior de Moçambique pelos portugueses foi muito lenta, e limitou-se quase sempre à procura de Ouro, no reino do Monomotapa. Os principais produtos de comércio eram o marfim, o cobre e os escravos. 

No século XVII, tendo em vista controlar o comércio e os territórios, a Coroa Portuguesa estabeleceu um regime de concessões de terras: os Prazos. Este sistema que adquiriu alguma importância na fértil Zambézia, conhecida por Rios de Sena, sobreviveu até ao século XX. Durante o século XVII, as possessões portuguesas na Costa Oriental de África foram atacadas a norte pelos árabes e a sul pelos holandeses. O resultado foi o fim das feitorias portuguesas nesta região. A última a acabar foi a de Mombaça que resistiu até 1688, caindo com ela as feitorias de Pate e Zamzibar, suas dependentes. No século seguinte, os portugueses centraram a sua atenção no território de Moçambique onde procuraram reocupar as suas possessões. As populações indígenas resistiram à ocupação. Nas décadas de 1720 e 1730 os holandeses e ingleses tentaram fixar-se na Ilha de Moçambique. Na década de 1740 foi a vez dos franceses. Em 1752, Moçambique passou a ter um estatuto administrativo separado da Índia, com o nome de "Governo e capitania geral de Moçambique, Sofala e Rios de Sena". A ilha de Moçambique foi reconquistada, fortifica-se Tete, Inhambane e Mossuril. Desenvolve-se a pesca da baleia, introduz-se a cultura do café. O tráfico de escravos atinge então valores impressionantes, sobretudo a partir de finais do século. Entre 1780-1800 foram exportados de Moçambique, média anual, entre 10 a 15 mil pessoas e, entre 1800-1850 a média anual atingiu cerca de 25.000 pessoas. Moçambique,  por diversas vezes, foi alvo de ataques de piratas. No final do século os portugueses procuraram avançar para o interior de Moçambique de uma forma sistemática. Sucederam-se as expedições comerciais, científicas e militares pelo interior, permitindo o seu conhecimento mais exacto, assim como tentando estabelecer uma ligação entre Moçambique a Angola, que não foi possível, devido ao ultimato inglês que "proíbe Portugal que reuna as suas colónias, de Angola a Moçambique, para deixar os Ingleses realizar o seu próprio eixo geopolítico na África, o Cairo ao Cabo". Em 11 de Janeiro de 1890 o governo inglês envia um célebre "memorandum" ao governo português que não só faz deitar por terra o sonho de constituir a África Meridional Portuguesa (assinalada no "Mapa Cor de Rosa", de 1886) como, pela demonstração de incapacidade política de resistir às pretensões da Inglaterra, anuncia o princípio de uma série de acontecimentos que vão ser nefastos para a continuidade do regime monárquico constitucional. O Governo de S.M. exige nesse memorandum "que se enviem instruções telegráficas imediatas para que todas e quaisquer forças militares portuguesas, no Chire e nos países dos Mokololos e Machonos, se retirem" e ameaça ainda que, se uma resposta satisfatória não for dada pelo governo português nessa mesma tarde, a delegação inglesa em Lisboa, abandonaria o País. O rei D. Carlos reúne à pressa o Conselho de Estado e responde de imediato. Houve manifestação públicas de grande indignação e Basílio Teles escreveu que "este dia valeu séculos e anuncia um futuro perturbante", atribuindo a humilhação "à incapacidade e cobardia dos governos do regime". Sucedem-se em Lisboa as demonstrações de revolta pela afronta inglesa, o governo do partido Progressista é obrigado a demitir-se, sendo de imediato substituído por um governo do partido Regenerador. Lança-se uma subscrição nacional para a compra de navios de guerra (que só chegou para a compra do "Adamastor") lança-se o boicote aos produtos ingleses e o espírito do momento é passado para a letra e música da "Portuguesa" que viria a ser o futuro hino nacional.

A colonização efectiva de Moçambique só se iniciou, sob o impulso da Conferência de Berlim, em 1885, quando as principais potências europeias procederam à partilha de África. Moçambique, a semelhança do que acontecera noutras colónias, começou a ser administrada por grandes companhias a quem o Estado português concedeu vastos territórios. Entre as mais importantes, contavam-se a Companhia de Moçambique (1888), a Companhia do Niassa (1893), a Companhia do Zambézia (1892-1910). Para além destas, destacavam-se, nas margens do Zambézia, a Empresa Agrícola de Lugela, Cª.do Boror, Cª. de Madale, Cª. do Luabo. Estas companhias, sobretudo as duas primeiras, comportavam-se como verdadeiros Estados dentro do Estado. Tinham a seu cargo a gestão do território, construção de vias de comunicação, a educação, exploração da mão-de-obra e até a cobrança de impostos. Entre os negócios muito lucrativos estava a exportação de mão-de-obra forçada para as plantações e minas da África do Sul, Rodésia (Zimbabwe) e São Tomé. Moçambique tornava-se a partir do último quartel do século XIX, num reservatório de mão-de-obra para as explorações das colónias vizinhas. Facto que acabou por deslocar o centro político de Moçambique (capital) para o Sul, onde se começaram a estabelecer relações do tipo capitalista. O Estado acabou por chamar o controlo deste negócio retirando lucros por cada trabalhador exportado, na maioria das vezes, à força. O trabalho forçado só terminou, em Moçambique, nos anos 1960. 

Até ao início do século XX foi verificada forte resistência por parte de vários chefes tribais como Mawewe, Ngungunhane, Komala e outros, à ocupação colonial portuguesa. Os ngunis (vátuas ou aungunes, um dos ramos dos zulus) eram excelentes guerreiros e haviam penetrado em Moçambique, por volta de 1820, subjugando e escravizando os povos aí instalados (chopes, tsongas, vandaus, bitongas). Em meados do século XIX criaram o Reino de Gaza (Sul de Moçambique). Em 1884, por morte de seu pai, Muzila, Ngungunhane sobe ao trono. Durante cerca de 10 anos, os ngunis oferecem uma feroz resistência ao colonialismo português. Apenas em 1895, o exército português consegue vencer os ngunis destruindo Mandlakasi, capital do império de Gaza. No dia 28 de Dezembro, Mouzinho de Albuquerque aprisiona Ngungunhane em Chaimite, a aldeia sagrada dos ngunis. No ano seguinte este foi desterrado com mais 16 prisioneiros para Portugal, vindo depois a ser transferido para a Ilha Terceira (Açores), onde permaneceu até à data da sua morte a 23 de Dezembro de 1906. Em 1985, 15 de Junho, as ossadas de Ngungunhane foram entregues à República de Moçambique. Ngungunhane tornou-se num dos símbolos da resistência do povo moçambicano ao domínio colonial. 

Durante a 1ª.Guerra Mundial (1914-1918), travaram-se combates entre portugueses e alemães pelo controlo do território moçambicano. Assistia-se a expansão das vias de comunicação (estradas e caminhos de ferro). As duas principais vias férras, uma que liga o porto de Maputo a África do Sul e a outra que liga o porto da Beira a Salisbury (Rodésia), começaram a ser construídas nos finais do século XIX no âmbito de acordos internacionais. A linha férrea não ultrapassava em 1910 mais do que 500Km, atingindo só em 1925 os 2000 km e, em 1935 os 2500 km. A partir de 1929 o Estado Português, começou a limitar o poder arbitrário das grandes companhias, centralizando a política de colonização. Incrementou as grandes plantações de produtos destinadas à exportação, tais como: algodão, açúcar, castanha de caju, copra, chá e sisal. A cultura do algodão foi imposta como obrigatória a uma boa parte da população local, o que fez disparar a produção. Em 1931-1935 a produção média anual foi de 4.000 toneladas. Entre 1936 e 1940 foi de 19 mil ton. A partir de 1940 ultrapassava as 50 mil ton., atingindo em 1960 as 130 mil. O número de produtores atingiu os 791 mil em 1944.

Após a 2ª. Guerra Mundial (1939-1945), os movimentos de libertação irrompem por todo o continente africano. O fim do colonialismo, com a consequente independência de todas as colónias, era uma necessidade. Este princípio foi consagrado, em 1945, no capítulo XI - "Declaração sobre os territórios não autóónomos" da Carta da Organização das Nações Unidas (ONU). Em especial, o segundo artigo desse capítulo, o 73º., sobre a necessidade de rapidamente se proceder ao desenvolvimento de formas de auto-governo dos povos colonizados. A partir daqui sucederam-se as acções para a promoção do fim do colonialismo, a irrupção de guerras de libertação e a independência de antigas colónias. A ditadura que governava Portugal, a semelhança do que faziam outros regimes democráticos europeus, procurou resistir a este movimento internacional. Os primeiros territórios a serem libertados foram os situados na Índia (Goa, Dão e Diu). No dia 18 de Dezembro de 1961, as tropas da União Indiana invadiram estes territórios e declararam que eram parte integrante da Índia. Como consequência, ordem de expulsão de todos os indianos de Moçambique. A primeira colónia portuguesa, onde iniciou a guerra de libertação foi Angola (1961), seguindo-se a Guiné-Bissau (1963) e depois Moçambique (1964). 

Na história de Portugal, muitos foram os povos que viveram no território português. Os primeiros povos conhecidos foram os Iberos, dando o nome a península, Península Ibérica, depois os Fenícios, os Celtas e os Gregos que dominaram a região. Os Romanos chegaram em 201 a.C. Durante a ocupação Romana, a cidade do Porto, tomou a designação de Cale e mais tarde Portucale, donde derivou o nome de Portugal. Chamaram as terras, hoje portuguesas, de Lusitânia. Daí o adjetivo luso. Nos fins do século V, os Visigodos venceram os Romanos. Os Cristãos, ocuparam a península até 711, perdendo depois para os mouros que introduziram o Islamismo e séculos de cultura na Península, novas técnicas, conhecimentos valiosos na matemática, astronomia e naútica, para além de terem enriquecido a língua peninsular com novos vocábulos. Os Conquistadores, os Cruzados e os Cristãos, opuseram-se aos Mouros. Nas montanhas das Astúrias (norte da Península) teve início a Reconquista Cristã - guerra militar e santa, abençoada pela Igreja e que provocou importantes movimentos de populações. Partindo de um núcleo de resistência (restos dos exércitos hispano-visigóticos e cristãos rebeldes), o movimento foi alastrando para o sul, recuperando os territórios perdidos. Foi então que se formaram os reinos de Leão, Aragão, Navarra e Castela. No reinado dos Reis Católicos da Espanha, Fernando e Isabel, encerrou-se o período de dominação dos árabes, que durou sete séculos e teve o importante papel de desencadear a formação de Portugal como Estado monárquico. Com a finalidade de libertar o território ibérico, nobres de diferentes regiões participaram na guerra santa. D. Henrique, conde de Borgonha, pelos seviços prestados, recebeu do rei de Leão e Castela o Condado Portucalense - território desmembrado da Galiza, junto ao rio Douro. A língua desse território era a mesma da Galiza. Coube a seu filho, D. Afonso Henriques, iniciar a nacionalidade portuguesa, como primeiro rei de Portugal, reconhecido por Afonso VII, rei de Leão, e pelo papa Alexandre III. Ao se separar da Galiza, Portugal vai estendendo os seus limites através de lutas contra os árabes e, com a conquista do Algarve, fixa os limites actuais de Portugal. Os Mouros, agora, vencidos vão beneficiar de actividades de tolerância, formando bairros próprios fora dos recintos amuralhados, as mourarias. Foi-lhes aplicada uma legislação específica contida nos forais, sendo o primeiro foral concedido por D. Afonso Henriques em 1170 às comunas de Mouros em Lisboa, Almada, Palmela e Alenquer. Esta legislação concedia-lhes um estatuto específico que reconhecia a sua identidade religiosa e cultural, permitindo-lhes a prática da religião e o ensino da língua árabe entre outras. As mourarias vão também contribuir para a preservação da civilização árabe no período após a reconquista. Em Dezembro de 1496, D. Manuel I ordenou que todos os Judeus e Mouros fossem expulsos se não quisessem baptizar-se.

O novo país, Portugal, adquiriu mais conhecimentos sobre o mar, sobre a técnica da navegação, aprendeu a construir navios que suportavam longos percursos, alcançou as ilhas dos Açores e da Madeira, explorou a costa ocidental da África, contornou o cabo da Boa Esperança, encontrou o caminho marítimo para as Índias, chegou ao Brasil, à península Arábica, à península Malaia, ao sudeste da Ásia. Fundou colónias, construiu um vasto império ultramarino. Em meados do século XVI, Portugal tinha o seu nome ligado a Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, São Tomé e Príncipe, Brasil e territórios da Indonésia e da China. Acumulou riquezas. Lucrou com o comércio de especiarias da Ásia, diamante e ouro da África e do Brasil, tráfico de escravos. Como pequena nação, expandiu-se demais e passou a faltar navios, soldados, marinheiros e colonizadores para governar e defender o vasto império, perdendo parte para os Ingleses, franceses e holandeses. Em 1580, Portugal passou ao domínio espanhol, ficando nessa condição até 1640, restauração da monarquia. Em 1807, Napoleão Bonaparte invadiu-o. A Corte transferiu-se para o Rio de Janeiro (Brasil). Em 24 de Agosto de 1820 deu-se uma revolução na cidade do Porto, com o fim de dar ao país um governo constitucional, e em 15 de Setembro formou-se um governo provisório, mas apenas se reuniram as cortes gerais constituintes, foi substituído por um governo executivo, com o titulo de Regência, durante a ausência de el-rei. Dois anos depois, em 7 de Setembro de 1822, o príncipe D. Pedro declarou a independência do Brasil.

Durante o século XIX as nações europeias avançavam no processo de industrialização. Portugal continuava atrasado, agrícola e dependente das colónias. A monarquia negava-se a modernizar. Em 1910, uma rebelião proclamou a República, estabelecendo leis liberais. As sucessivas agitações políticas e sociais dificultaram as tentativas de reformas económicas e a estabilização do regime. Em 1926, um golpe de Estado. António de Oliveira Salazar tornou-se ministro das Finanças dois anos depois e em 1932, Primeiro-Ministro da ditadura inspirada no fascismo italiano. Em 1933, foi outorgada a Nova Constituição Portuguesa. A Carta organizou o Estado Novo, que adoptou medidas-padrão de administrações fascistas: partido único, proibição de greves, criação da polícia política, sindicatos corporativos, propaganda de massa. Em 1968, Salazar morreu, dando lugar a Marcello Caetano, ex-ministro das Colónias, que ensaiou liberalizar o regime. Não conseguiu. A guerra colonial continuava e a sua manutenção provocava enorme desgaste. De um lado, acelerava a decadência económica do país, e do outro, provocava o descontentamento nas Forças Armadas. A resposta não tardou. "Capitães de Abril" derrubaram o governo. Era a Revolução dos Cravos. Era 25 de Abril de 1974. Acontecimento marcante que levou a população a festejar nas ruas. Os simpatizantes e governantes do antigo regime abandonaram o país, principalmente para o Brasil. O novo país, passou a receber os retornados, portugueses que fugiam das guerras de libertação das antigas colónias africanas e outros, expulsos por terem optado pela dupla nacionalidade. Voltavam para Lisboa, sem nada e não tinham onde ficar. Passaram a morar no aeroporto. Os hotéis estavam superlotados. Não havia casas. Muitas outras foram ocupadas a força. Havia um clima de liberdade no país, que insinuava esperança. Confiscaram-se bancos, empresas privadas e tentaram socializar o possível. Fizeram uma reforma agrária, dividiram algumas quintas e entregaram os lotes a algumas famílias a pretexto de colectivizar a produção. A bandeira vermelha tremulava em vários pontos do país. Surge neste período às forças populares 25 de Abril (FP-25), uma organização terrorista, assaltante de bancos e bombista. 2 de Abril de 1976, nova Constituição Portuguesa. 25 de Abril de 1976, primeiras eleições para a Assembleia Legislativa, tornando-se Primeiro-Ministro, Mário Soares. 25 de Junho de 1976, primeiras eleições para Presidente da República, tendo sido eleito Ramalho Eanes. 12 de Agosto de 1982, primeira revisão da Constituição: fim da presença militar na estrutura do poder, criação do Concelho de Estado e Tribunal Constitucional. 1983, bancarrota, adesão de Portugal ao FMI, com custos elevados de ajustamento económico e salários a baixar cerca de 14%. Após a Revolução dos Cravos, passou-se por um período de instabilidade política e social, tendo sido eleitos (caído) vários governos e as relações com o Brasil eram particularmente difíceis, dado ter sido o destino de exílio escolhido por Américo Tomás e Marcelo Caetano, como também o relacionamento com as antigas colónias eram difíceis, devido ao "fantasma da colonização". E Portugal, entrou para a Comunidade Europeia, a 12 de Junho de 1985 e seguiu-se um governo, do Primeiro-Ministro Cavaco Silva, assente na força de mercado, iniciativa privada, estabilidade económica. Sucedendo-lhe períodos de instabilidade governativa, dos Primeiros-Ministros, Engº António Guterres, Dr. Durão Barroso e Dr. Santana Lopes, respectivamente. O PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) refere que Portugal registava em 1975 um IDH de 0,785, um valor que hoje o colocaria no grupo de nações com um desenvolvimento "médio". Esta situação alterou-se a partir de 1980, altura em que Portugal registou um índice de 0,800, o valor mínimo com que hoje o PNUD limita as nações com "elevado desenvolvimento humano". No Relatório de 2004, Portugal apresenta um IDH de 0,897 comparativamente aos 0,956 pontos da Noruega, o país que lidera o ranking do PNUD. No que toca à "performance" económica, Portugal tem um PIB per capita que é praticamente metade do da média do seu grupo de nações (11.948 dólares comparativamente a 23.690 dólares). Este valor é ainda mais baixo quando comparado com a média da OCDE (27,6 mil dólares).

Em Moçambique, os movimentos nacionalistas surgiram a partir dos anos cinquenta do século XX. Dois acontecimentos foram decisivos: a greve dos estivadores em Maputo (1956), cuja sangrenta repressão causou a morte a 49 trabalhadores, e o massacre de Mueda (norte de Moçambique), em Junho de 1960, onde foram barbaramente assassinados 17 negros. As primeiras organizações de libertação de Moçambique, a MANU (1959), UDENAMO (1959), UNAMI (1961), foram fundadas por emigrantes moçambicanos nas colónias inglesas da África Oriental (Tânzania, Malawi,e Rodésia, respectivamente).

Eduardo Mondlane, formado em Sociologia e Antropologia nas Universidades de Oberlin e Northwestern (Illinois), Investigador em Harvard e funcionário num departamento das Nações Unidas (U.N. Department of Trustee-ship), no seu único livro publicado, "Lutar por Moçambique", faz uma análise aberta das condições sociais, multirracial, prevalecentes em Moçambique. Eduardo Mondlane nas férias gozadas em 1961 em Moçambique, reatou contactos com os activistas locais e convenceu-se então que só pela luta armada era possível alcançar a Independência. Entre 1961 e 1962 desenvolveu uma intensa acção no sentido de unir os vários grupos nacionalistas, culminando no Congresso da Unidade, em Dar-es-Salam, que a 25 de Junho de 1962 criou a Frelimo (Frente de Libertação de Moçambique). A Frelimo tinha no Presidente Julius Nyerere e na República Unida da Tânzania a sede de formação e a retaguarda segura das operações de guerrilha armada, consubstanciada com uma maioria de dirigentes da Frelimo serem do sul de Moçambique e os primeiros guerrilheiros terem sido recrutados a norte, entre os macondes e os nianjas, povos animistas que mantinham tradicionalmente uma relação conflituosa com os portugueses. 

Quando a luta armada iniciou, no norte de Moçambique, em Mueda, província de Cabo Delgado, dia 25 de Setembro de 1964, a Frelimo contava com cerca de 250 guerrilheiros devidamente armados. Após o inicio da guerra, a forma brutal como os macondes e o nianjas foram tratados pelas tropas portuguesas, acabou por favorecer a Frelimo, que passou a contar com um largo apoio destas étnias. A luta armada alastrou do "planato dos macondes", para as circunscrições de Palma, Mocimboa da Praia e Macomia, só parando no rio Messalo, onde se estendia a etnia macua. A Frelimo dirigiu-se depois para a região do Niassa, apoiando-se nas etnias ajauas e nianjas. Em 1965 a Frelimo já operava na província do Niassa, ao longo do lago com o mesmo nome, ameaçando os terminais ferroviários da linha de Nacala. Dois anos depois, as tropas portuguesas confinaram a acção da Frelimo a duas áreas: a Província de Cabo Delgado e o Nordeste do Niassa. A Frelimo afirmava então que possuía no terreno cerca de 8 mil guerrilheiros. O lento avanço da libertação, acabou por provocar graves conflitos internos na Frelimo, debatidos no seu II Congresso realizado em 1968, no norte de Moçambique. A morte de Eduardo Mondlane, Presidente da FRELIMO, na manhã do dia 3 de Fevereiro de 1969, em Dar-es-Salam, quando abria uma encomenda, armadilhada, contendo «a tradução francesa das Obras Escolhidas do célebre marxista russo George V. Plekhanov» e o inicio das obras de construção da Barragem de Cahora Bassa (1969), marcaram o nascimento de um novo período. O impasse militar, da guerrilha, foi ultrapassado pela concentração das acções militares na zona da Zambézia. A repercussão internacional das acções aqui efectuadas era maior do que em qualquer outra parte de Moçambique, centrando-se na minagem de estradas e do caminho de ferro (Beira-Moatize) e intimimação das populações no sentido de dificultar a construção da barragem. A actividade da guerrilha estendeu-se depois lentamente para a província de Tete, aproximando-se da Beira. Neste período, agudizava-se a crise interna na Frelimo, pois após a morte de Eduardo Mondlane a direcção foi assumida por um triunvirato constituído por Uria Simango, Samora Machel e Marcelino dos Santos, sob a coordenação do primeiro. Nos finais de 1969, Uria Simango foi expulso, por ter acusado os outros dirigentes de "assumirem práticas autoritárias". Em 1970, Samora Machel foi eleito Presidente da Frelimo.

1970, nomeação do novo comandante-chefe das forças armadas Portuguesas em Moçambique, Kaúlza de Arriaga, que em declarações públicas prometia acabar com a Frelimo. Entre as suas medidas constavam as seguintes: Envolvimento da sociedade civil no esforço militar. Este envolvimento passava pela organização de milícias civis, utilização militar da aviação civil, transportes públicos, hospitais, etc. Reforço da instalação de aldeamentos estratégicos. Estes aldeamentos, muitos fáceis de controlar, visavam impedir o contacto dos guerrilheiros da Frelimo com as populações locais. Africanização das forças armadas. Em 1974, por exemplo, o exército português era constituído por 20 mil tropas europeias, 40 mil africanas. Em algumas unidades, eram compostas por 90% de africanos. Criação de pequenas unidades militares, constituídas essencialmente por africanos. Estes Comandos e Grupos Especiais (GEs), lançados a partir de 1971, eram dotados de grande autonomia e flexibilidade. 

Kaúlza de Arriaga, reconhecido como um estratéga, fundou a Força Aérea como ramo independente das Forças Armadas Portuguesas, criou o corpo de tropas pára-quedistas, comandando a maior operação militar no teatro de guerra das ex-colónias, planeamento e execução da operação, que se desenrolou de 1 de Julho a 6 de Agosto de 1970 na região de Cabo Delgado, no Norte de Moçambique, e que visava erradicar a guerrilha da zona. Estas acções, campanhas militares, oito mil militares envolvidos, estiveram longe de ter os resultados esperados, com as quais pretendeu afastar de vez, os guerrilheiros da Frelimo, para lá das fronteiras de Moçambique: "Fronteira" e "Nó Górdio" (1972). 

A Frelimo, embora limitada nas suas acções, continuou a fustigar o exército português, através de acções terrorristas. O seu objectivo era ganhar a guerra pelo desgaste das tropas portuguesas. A seu favor, jogava o facto do exercito português ter que se dividir, protegendo também o empreendimento de Cahora Bassa. Aproveitando a receptividade da etnia maravi, a Frelimo penetrou na Zambézia e no planalto do Chimoio (Manica), conduzindo a guerra mais para sul. Em 1972, a Frelimo, ultrapassou o rio Zambéze, conseguindo infiltrar-se de forma mais regular na Província de Tete. No ano seguinte, atacou a estrada que liga Beira a Rodésia (Zimbabwé) e o posto de turismo do Parque da Gorongosa. Em Janeiro de 1974, morria a mulher de um agricultor europeu em Vila Manica. A população branca da cidade da Beira entrou em pânico e em grandes manifestações nos dias 17, 18 e 19 acusava o exército de nada fazer perante o alastrar do conflito para sul. A Frelimo, em 1974, afirmava que controlava cerca de 30% do território. O exercito português apresentava números muito diferentes. A primeira tentativa de derrube da ditadura em Portugal, em Março de 1974, trouxe um novo animo aos guerrilheiros da Frelimo e após o 25 de Abril de 1975, com a queda da Ditadura, a Frelimo intensificou ainda mais a luta armada, encontrando cada vez mais, pela frente, um exercito desmoralizado e que se recusava a combater.

Moçambique, colónia portuguesa no século XIX e província ultramarina em 1951, conquistou a Independência Nacional no dia 25 de Junho de 1975, presidido por Samora Machel, depois de 10 anos de acções de guerrilha armada, tornando-se em República Popular, com um regime de partido único, até Novembro de 1990, data da entrada em vigor da Constituição que instaurou o regime democrático multipartidário e um sistema de economia de mercado.

A seguir à Independência de Moçambique, os brancos e simpatizantes de Portugal sentiram-se hostilizados e a maioria que tinha decidido ficar em Moçambique viram também as suas empresas e terras nacionalizadas, etc. O resultado foi a debandada em massa, entre 1975 e 1976. Esta situação acabou por desequilibrar a evolução económica do país, criando uma grave lacuna de falta de quadros.

Moçambique, passou a receber cada vez mais apoios de países socialistas. Passou também a contar com a hostilidade dos países "ocidentais" e em termos regionais, o regime racista da África do Sul e da Rodésia (Zimbabwé) viam essa opção como uma ameaça à sua própria continuidade.

A evolução da situação económica de Moçambique passou a estar intimamente ligada a evolução da situação política, enfrentando o país situações de:
Saída de técnicos e operários especializados. O analfabetismo atingia 93% da população com 7 ou mais anos de idade.
Escoamento das contas bancárias e bens de equipamento, combatida por recurso ao endividamento externo e por uma política de nacionalizações.
Inundações de 1977-1978 e as secas de 1981-1983 devastaram enormes áreas na região do Sul do país, onde se produzia 80% do arroz e 20% do açucar e concentravam-se 70% dos efectivos bovinos do país.
Em Março de 1976, Moçambique implementou a Resolução 253 de 1968 do Conselho de Segurança das Nações Unidas que decidia a aplicação de sanções contra o regime de Ian Smith (Rodésia). De forma unilateral Moçambique encerrou as fronteiras, fechou os portos, linhas de caminho de ferro e estradas aos produtos de e para a Rodésia. Moçambique tornava-se também na principal base para os guerrilheiros da ZANU, o movimento nacionalista que combatia o regime branco da Rodésia (Zimbabwé). O preço a pagar por estas posições, foi demasiado alto. A reacção deste país não se fez esperar. Durante o período da duração das sanções, Moçambique sofreu quebra de receitas dos caminhos-de-ferro e portos, das remessas de emigrantes, das receitas de turismo entre outros. O exército Rodesiano atacou e criou grupos especiais para a desestabilização de Moçambique, utilizando-os ao mesmo tempo para bloquear a actividade guerrilheira Zimbabweana. Esses grupos, mais tarde, RENAMO (Resistência Nacional de Moçambique), provocaram a destruição de infra-estruturas económicas e sociais, bloqueando o desenvolvimento económico e social de Moçambique.
Moçambique passou também a apoiar o ANC, no seu combate contra o regime branco na África do Sul. A África do Sul, fechou as portas à preciosa emigração de moçambicanos para as minas do transval, reduziu o tráfego das mercadorias de e para a África do Sul, através do Porto de Maputo. Reduziu o número de trabalhadores moçambicanos na África do Sul, de 113.293 em 1970 para 45.941 em 1982, aumentando o número de desempregados no Sul de Moçambique. Rescindiu unilateralmente o acordo de 1928 sobre o ouro que o Governo Português e o Governo Sul-Africano tinham assinado em 1928, numa convenção mediante o qual, Portugal podia utilizar 60% dos salários devidos aos mineiros moçambicanos na África do Sul na compra de ouro ao preço de aquisição da onça fina fixado em Rands 29,75, correspondente a cerca de 34,13 dólares, valor que era significativamente inferior ao preço oficial do ouro. Durante muitos anos, Moçambique adquiriu a África do Sul ouro que era transferido para a Metrópole ao preço de compra e creditado a colónia de Moçambique pelo contravalor em escudos portugueses. Através destes créditos, Portugal procedia a liquidação dos saldos negativos das operações comerciais, dos invisíveis e de capitais devidos a Metrópole pela então colónia de Moçambique. A partir da independência de Moçambique, o Governo da África do Sul começou a violar o acordo de 1928, cessando unilateralmente, em 10 de Abril de 1978, a venda do ouro ao preço fixo de 29,75 Rands a onça.

Fevereiro de 1977, a Frelimo realizou o III Congresso transformando-se num partido político. Em 1970, quando Samora Machel foi eleito Presidente da Frelimo, aproximara de posições pró-chinesas (maoistas). Neste III Congresso, evoluíu-se para a ideologia Marxista-Leninista, construção de um Estado Socialista e criação de um Homem Novo, o que originou o afastamento da China. O  modelo da nova sociedade, passava por:
Planeamento centralizado. Tudo passava pelo Estado, e este confundia-se com o Partido (Frelimo) que tudo controlava e dirigia. Quem ousasse colocar em causa o Partido era rotulado de ignorante, tribalista, traidor, colonialista, etc., e reenviado para um campo de reeducação inspirado nos modelos chineses, soviéticos ou cubanos. 
Aldeias comunais. Os aldeamentos tradicionais, casas bastante distantes umas das outras,  foram substituídos. Em cerca de 5 anos, mais de 2 milhões de camponeses foram transferidos para estas aldeias construídas em lugares definidos pelo Estado, por um lado, criando novas localidades e por outro, perdendo deste modo as suas raízes, à terra onde tinham nascido. As estruturas tradicionais (chefes locais) nas várias etnias, foram secundarizadas. O resultado foi um continuo processo de desagregação social e afrontamento das estruturas tradicionais do país.
Os Grupo Dinamizadores foram transformados em célula partidária.

Dezembro de 1979, acordo de Londres, entre a guerrilha Zimbabweana e o governo minoritário de Ian Smith, possibilitando a celebração de eleições autênticas e livres em 27-29 de Fevereiro de 1980 e Independência Nacional do Zimbabwé à 18 de Abril de 1980. Historicamente, a descoberta de ouro em 1867 despertou a cobiça dos Ingleses, que acabaram por ocupar o território, apesar das reivindicações de Portugal, a quem a Grã-Bretanha dirige um ultimato em 1890. A colónia ficou designada, em 1895, Rodésia em homenagem a Cecil Rhodes, que promoveu a sua constituição. A parte sul desenvolveu-se mais do que a norte. As duas Rodésias associaram-se, em 1953, com a Niassalândia para constituírem a Federação da África Central, na qual a Rodésia do Sul era a parte mais importante. Desfeita a Federação em 1963, a Niassalândia tornou-se independente com o nome de Malawi e a Rodésia do Norte com a designação de Zâmbia, mas o Reino Unido negou-se a conceder a autonomia à Rodésia do Sul por ser governada pela minoria branca: esta decretou unilateralmente a independência em 1965 e adoptou o regime republicano em 1970. O bloqueio económico decretado pela ONU e a guerrilha, que ganhou extraordinário impulso após a independência de Moçambique em 1975, fizeram com que o país ascendesse à independência em 1980, tomando então o nome de Zimbabwe. Em 1980, Robert Mugabe, o líder nacionalista negro, foi eleito, submetendo o país a um regime socialista. Em 1987 foi estabelecido um regime presidencial, sendo Mugabe eleito chefe de Estado. Em 1990 são retiradas progressivamente as tropas instaladas em Moçambique que protegiam interesses económicos Zimbabweanos das acções, destrutivas e desestabilizadoras, perpetadas pela Renamo. 

No dia 16 de Março de 1980, Moçambique trocou a sua moeda, o Escudo pelo Metical, que sofreu sucessivas desvalorizações, a partir dos finais da década com a adesão ao FMI (Conversor 1, 2).

No início da década de 1980, tinha sido lançada a campanha a dez anos, 1980-1990, denominada de "Vitória sobre o Subdesenvolvimento".

16 de Março de 1984, os Presidentes da África do Sul e de Moçambique, Pieter Botha e Samora Machel, assinaram na fronteira entre os dois países, em Inkomati, um tratado de não-agressão, nos termos do qual, o governo moçambicano se comprometia a suspender o apoio logístico ao Congresso Nacional Africano (ANC) que combatia o regime do "Apartheid" na África do sul e em contrapartida, o governo sul africano faria o mesmo em relação aos rebeldes da Renamo. Nos anos seguintes, o governo de Maputo denunciou transgressões do acordo por parte dos sul-africanos. 

1986, na passagem do regime socialista ao liberal, abertura, que afirmou-se depois do acordo com o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional e o início da Política de Reabilitação Económica, do Ajustamento Estrutural, morria Samora Machel, primeiro Presidente de Moçambique, independente, num trágico acidente, no dia 19 de Outubro, quando o seu avião, russo, caiu em Mbuzini, território sul-africano. Samora Machel simboliza a luta por uma causa que transcende Moçambique: a libertação do homem de todas as formas de discriminação e exploração. O seu avó Maghivelari era um famoso guerreiro, parente de Ngungunhane. Participou desde o inicio na luta de libertação, onde se notabilizou nas acções militares. Desde o princípio dos anos 1970 tornara-se na figura de referência da Frelimo. A influência das ideias de Mao Tse Tung (dirigente revolucionário chinês), estavam bem patentes nos seus escritos produzidos entre 1970 e 1974, onde aborda temas como a educação, saúde, emancipação da mulher, papel do exército, etc. A sua experiência na guerra reforçou-lhe a convicção que quase tudo poderia ser resolvido através das armas. O que viria a tornar-se num dos seus piores defeitos enquanto político. A seguir à Independência (1975), dirige com mão de ferro a construção de um Estado Socialista em Moçambique, enfrenta quase sozinho os regimes racistas da África do Sul e da Rodésia (Zimbabwé), combate a Renamo numa longa guerra civil. Após dez anos de governação, tem a percepção que o país estava destruído, a economia estatizada estava paralisada e a extrema pobreza da população se tornara insustentável. Nenhum país podia subsistir naquela situação. Inicia então negociações com o governo da África do Sul, retira o apoio ao ANC, inicia a liberalização da economia, acata as determinações do FMI, do Banco Mundial e é recebido pelo Papa, no Vaticano, convidando-o para visitar Moçambique. Na Frelimo muitos foram os que se sentiram traídos. O Partido estava irremediavelmente fraccionado, "socialistas" (tradicionalistas) e "capitalistas" (modernistas) passaram a enfrentar-se sob diversas formas.

Em Janeiro de 1987, a campanha "Vitória sobre o Subdesenvolvimento", foi substituída por um plano de três anos, denominado "PRÉ - Programa de Reestruturação Económica".

Interrompido o PRÉ, seguiu-se um outro plano, de imediato, com uma vertente mais social, o "Programa de Reabilitação Económica e Social".

A crise económica que assolou o país, associada a crise mundial, na década de 1980, transformou Moçambique num dos países mais pobres do mundo.

16 de Setembro de 1988, visita do Papa João Paulo II a Moçambique. “Venho até vós como Bispo de Roma, Vigário do Príncipe da Paz, Jesus Cristo... A minha visita é, portanto, uma Visita Pastoral, como as que tenho vindo a fazer a tantos outros povos... As minhas palavras e intervenções serão dirigidas, em primeiro lugar, aos fiéis da Igreja Católica, para os confirmar e estimular no seu empenho consciente de viverem como filhos de Deus, comprometidos nesta sociedade. Mas elas dirigem-se também a todos os Moçambicanos, sem distinção, para lhes repetir a mensagem: o amor existe; ninguém pode viver bem sem amor; é possível a civilização do amor”.

1989, derrocada do bloco da ex-União Soviética, provocou uma ruptura nos apoios aos regimes marxistas em todo o mundo que se reflectiu em Moçambique. A Frelimo abandonou o Marxismo-Leninismo e iniciou conversações com a Renamo, em Roma, sob a égide do Quénia e do Zimbabwé.

11 de Fevereiro de 1990, depois de 27 anos, seis meses e seis dias preso, o líder nacionalista negro Nelson Mandela, 71 anos, licenciado em Direito pela Universidade de Witwatersrand, saiu caminhando da penitenciária de Victor Verster para se tornar presidente da África do Sul e um dos principais líderes mundiais. A libertação de Mandela, foi comemorada em todo o mundo. Do lado de fora da prisão, com o punho cerrado, saudou a multidão que o aguardava, cerca de 50 mil pessoas e de mão dada com a mulher, Winnie, prometeu que a luta armada contra o apartheid iria continuar. "A luta é a minha vida". Em Julho de 1998, Mandela casou-se com Graça Machel, viúva do líder moçambicano Samora Machel.

30 de Novembro de 1990, entrada em vigor da nova Constituição de Moçambique.

4 de Outubro de 1992, assinatura do Acordo Geral de Paz, entre o Governo de Moçambique e a Renamo, presididos por Joaquim Chissano e Afonso Dhlakama, na Comunidade de Sant'Egidio, Roma, pondo fim a 16 anos de guerra civil. As primeiras eleições, livres e democráticas, foram realizadas em 1994, ganhas pela Frelimo e por Joaquim Chissano, que se manteve como Presidente da República de Moçambique. 

1995, Moçambique foi admitido na Commonwealth. Embora não existissem relações históricas com o império britânico, a adesão foi possível por encontrar-se rodeado por membros da organização e, durante vários anos, ter participado nas reuniões como observador. A Commonwealth é uma associação que congrega países e respectivas colónias do império britânico, e que, por não possuir qualquer constituição, se baseia em tradições. Jan Smuts, representante da África do Sul no ministério imperial da guerra, sugeriu, em 1917, que o império britânico passasse a utilizar a designação "Commonwealth britânica das nações". Em 1931, o Estatuto de Westminster reconheceu a designação que viria, depois da II Grande Guerra, a ser simplificada para Commonwealth. Com o aumento dos pedidos, foram estipulados critérios de adesão. Os países aderentes devem ter uma associação constitucional com, pelo menos, um dos membros e são obrigados a subscrever os princípios da Declaração de Harare de 1991 (trabalhar para um governo justo e honesto, respeitar os direitos humanos, proteger a igualdade de direitos das mulheres e o acesso universal à educação).

17 de Julho de 1996, foi a data da constituição da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) por decisão da Conferência dos Chefes de Estado e de Governo de Angola, Brasil, Cabo-Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal e São Tomé e Príncipe. Comunidade de quase 200 milhões de falantes de língua Portuguesa. Em 2002, Timor-Leste, depois de alcançar a Independência Nacional, juntou-se a esta Comunidade. A CPLP tem por objectivos a concertação político-diplomática entre os seus Membros em matéria de relações internacionais, a cooperação, particularmente nos domínios económico, social, cultural, jurídico e técnico-científico e a materialização de projectos de promoção e difusão da língua Portuguesa, nomeadamente a dinamização do Instituto Internacional da Língua Portuguesa. A estes três grandes objectivos da CPLP pode-se acrescentar, como domínio prioritário, o da Cidadania e da Circulação de Pessoas.

1996, Moçambique aproxima-se do governo do recém eleito Nelson Mandela, da África do Sul, tendo os dois países assinado vários tratados de cooperação económica, de importância estratégica vital para o desenvolvimento independente e integrado de toda a região da África Austral, SADC (Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral), formada em 1992, em substituição da SADCC (Conferência para a Coordenação do Desenvolvimento da África Austral), representada por 11 países, África do Sul, Angola, Botswana, Lesotho, Maláwi, Moçambique, Namíbia, Suazilândia, Tanzânia, Zâmbia e Zimbabwé.

Ao abrigo das Leis sobre Investimentos, 4/84 de 18 de Agosto e 3/93 de 24 de Julho, Moçambique, entre 1993 e 1997, registou taxas elevadas de crescimento da economia, tendo como catalizador os investimentos de raiz, de participação de empresas, estrangeiras, no processo de privatização e na realização de contratos de gestão. A importação de know-how, de máquinas e principalmente de capitais, permitiu avanços na recuperação e reconstrução desta “Pérola do Índico”. A produção aumentou, arrastando consigo o consumo e toda uma série de condicionantes que permitiu uma melhoria, quer no rendimento quer no bem estar da população.

As inundações, fenómeno El Niño, de Fevereiro e Março do ano 2000, devastaram enormes áreas nas regiões Centro e Sul do país, afectando o crescimento da economia moçambicana.

O desenvolvimento e crescimento económico de Moçambique depende, em muito, da forma como se planeia e organiza a economia, fazendo disso um instrumento para a correcção das desigualdades inscritas na distribuição da riqueza e para a promoção de mais e melhor justiça social. O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), que para o PNUD mede as realizações dos países em termos de esperança de vida, nível educacional e rendimento real ajustado, além de outros dados estatísticos, Moçambique apresenta no Relatório de Desenvolvimento Humano de 2004, ano das Terceiras Eleições Livres e Democráticas, ganhas por Armando Guebuza e pela Frelimo, um IDH de 0,354, abaixo da média para os países de "baixo desenvolvimento humano", que segundo o PNUD se cifra em 0,438.

Para muitos moçambicanos, a principal causa continua a ser atribuída ao colonialismo português. Portugal não preparou devidamente os negros para assumirem o poder em Moçambique. A lógica de administração desta colónia, não era diferente de qualquer outra colónia europeia. A colonização implicava que os "saberes" e "saberes-fazer", essenciais para o funcionamento da economia, fossem na pratica monopolizados pelos brancos. "O sistema de ensino destinado aos negros, assimilados, visava sobretudo a torná-los aptos para servir o próprio sistema colonial, integrando-os nos valores coloniais da metrópole". 

Não falta, como sempre acontece, vozes críticas a todo este passado de história. Existe o hábito de se ser pequenino. Não foi sempre assim. Nos últimos anos, tem sido essa a regra, com escassas e honrosas excepções. Se não se tivesse pensado pequeno, se tivesse havido quem visse mais longe, quem ousasse, então hoje, Moçambique  não seria o país pobre, na cauda dos países com grandes riquezas.

No novo Milénio, no primeiro quartel do século XXI, apesar das oscilações nos preços do petróleo que aumentam as preocupações quanto a um aumento dos riscos inflacionistas e potenciais danos para o crescimento económico, Moçambique, para ter sucesso tem de dar de si mesmo uma imagem diferente, uma imagem de modernidade e de capacidade empreendedora, acreditando no futuro, acreditando na boa afectação de recursos para que possa, a prazo, obter resultados sólidos e prósperos. Não compete ao poder político fazer negócios. Compete-lhe, abrir portas, estreitar laços, construir caminhos com dois sentidos, fundamentalmente nas viagens de altos responsáveis do governo e quadros de empresas e instituições, ao estrangeiro, serem encaradas como um importante investimento político, económico e cultural, feito pelo país, de modo a:
Difundir os valores da iniciativa, do mérito e da excelência.
Generalizar competências ao nível do turismo.
Adquirir competências nas actividades motoras do crescimento, áreas técnicas e de engenharia, com destaque para a computação e para as comunicações.
Aproveitar oportunidades de abertura ao mundo e à diversidade no plano empresarial, científico e cultural ou no das vivências individuais.
Estimular a mobilidade e a cooperação através de parcerias e redes.
Valorizar a qualidade de vida e do território, em matéria paisagística, ambiental e dimensão urbana.

Assim que bênçãos Moçambique espera, daqui para a frente, pois é neste cenário que se desenrola, para além dos aspectos positivos e negativos mais comuns, uma maior certeza, uma maior complexidade e uma vida cada dia mais difícil, competitiva e mais global para os africanos.