O olhar do poeta
(Aos meus primos)
- Ele era bom eu sei! O seu
olhar sereno,
Tão cheio de luar divino da esperança,
Era um raio de luz no lodaçal terreno
Temente como a fé, agudo como a lança!
- Era um misto infantil de
força e de doçura:
-- A força do condor e o riso do poeta!
Fulgores geniais, repletos de candura,
E os ímpetos febris, ligeiros como a seta!
- E era o seu olhar a seta
luminosa
Que irradiava a luz dos grandes corações...
A seta qie cortava o azul, impetuosa,
Formada, como o sol, de límpidos clarões.
- Tal era o seu olhar -- o
ninho da utopia,
O mar das ilusões e o céu da fantasia...
- Tal era
meigo o olhar do divinal poeta
-- A gruta dos leões, a estrela só de brilhos
Tocando do ideal a fantasiosa meta!
Inda o vejo brilhar na fronte de seus filhos
Numa radiação de doce amor repleta!