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 Breno & Breno Rocha
.   Aparelhos sensoriais Ouvido

 O ouvido

O ouvido humano é um órgão altamente sensível que nos capacita a perceber e interpretar ondas sonoras em uma gama muito ampla de frequências (20 a 20.000 Hz).
A captação do som até sua percepção e interpretação é uma seqüência de transformações de energia iniciando pela sonora, passando pela mecânica, hidráulica e finalizando com a energia elétrica dos impulsos nervosos que chegam ao cérebro.
A energia sonora é captada pelo pavilhão auditivo (orelha) e penetra pelo conduto auditivo que termina em uma delicada membrana - o tímpano.
O tímpano transforma as vibrações sonoras em vibrações mecânicas que são comunicadas aos ossículos (martelo, bigorna e estribo).
Tuba AuditivaOs ossículos funcionam como alavancas, aumentando a força das vibrações mecânicas e reduzindo sua amplitude. E também através dos ossículos que o ouvido tem a capacidade de "ouvir mais" ou "ouvir menos". Esse controle é feito através de pequenos músculos que posicionam os ossículos em condições de transferirem toda ou apenas parte da energia mecânica recebida do tímpano. Quando ouvimos uma brecada violenta de um automóvel, instintivamente esperamos pelo barulho da batida, automaticamente os ossículos são posicionados para que ouçamos tal barulho com menos intensidade.
O último ossículo, o estribo, pressiona a janela oval do caracol. Aí as vibrações mecânicas se transformam em ondas de pressão hidráulica que se propagam no fluído que preenche o caracol.
Finalmente, as ondas no fluído são detectadas pelas células ciliadas que enviam ao cérebro sinais nervosos (elétricos) que são interpretados como som.
Os sinais nervosos levados pelo nervo auditivo ao cérebro já contém as informações das freqüências que compõem o som que está sendo recebido pelo ouvido. Essa análise se processa na membrana basilar do caracol sobre a qual estão dispostas as milhares de células ciliadas.
Essa sensibilidade espectral do ouvido se processa da seguinte maneira: as células ciliadas mais próximas à janela oval (início das ondas hidráulicas) tem uma sensibilidade maior às altas freqüências.

O OUVIDO


Assim, cada som excitará um determinado conjunto de células ciliadas e consequentemente sai enviado ao cérebro pelo conjunto de fibras do nervo auditivo específicas da freqüência daquele som. Assim o cérebro já recebe a informação de freqüência devidamente analisada, restando-o apenas um refinamento na análise para identificar totalmente o espectro do som que está sendo ouvido.
O som é uma forma de energia que para o meio físico apresenta efeitos geralmente desprezível em relação aos efeitos que pode provocar sobre os seres vivos.
Se conseguirmos acumular toda energia sonora desprendida durante um berro de "gool" de uma multidão que lota um estádio como o Maracanã ela serviria apenas para aquecer uma pequena xícara de café.
No que diz respeito ao homem, o som tem a capacidade de afetá-lo sobre uma série aspectos psicológicos, fisiológicos ou mesmo físicos.

sensibilidade do ouvido



EFEITOS PSICOLÓGICOS
Sons dentro da faixa de 0 a 90 dBA apresentam principalmente efeitos psicológicos no homem. Eis alguns exemplos:
-O som de uma música pode nos acalmar, nos alegrar ou até mesmo nos excitar.
-Um som desagradável como o raspar de uma unha sobre um quadro-negro pode "arrepiar".
-O som intermitente de uma gota d'água pingando de uma torneira pode nos impedir de dormir, e são apenas 30 ou 40 decibéis.
-Não esqueçamos, contudo, que um som pode fazer desabar uma avalanche de neve encostas de uma montanha sob o efeito de ressonância.
-Pesquisas recentes concluíram que os estados psicológicos de depressão, solidão, ansiedade, etc. tem cada um deles um tratamento adequado através da música clássica. Para cada estado existe um autor mais recomendado.
-A técnica de relaxamento utilizada pelos seguidores da "Meditação Transcendental; se vale de um som (denominado "mantra") pronunciado apenas mentalmente para levar a pessoa a um estado de concentração profunda.
Contudo, para o campo da acústica aplicada à engenharia e à arquitetura, nos interessa saber como o som pode tornar um ambiente mais adequado para o homem exercer suas ações de trabalho, lazer ou repouso. Surge então o conceito de "Conforto Acústico" ambiente. Para cada tipo ambiente um nível adequado para o seu ruído de fundo. Valores acima ou abaixo podem tornar o ambiente acusticamente inadequado para a finalidade a que se destina.

EFEITOS FISIOLÓGICOS E FÍSICOS
Entre 90 e 120 dBA, além dos efeitos psicológicos podem ocorrer efeitos Fisiológicos, alterando temporária ou definitivamente a fisiologia normal do organismo, podendo vir causar uma série de moléstias. Nessa faixa de níveis de som os ambientes são considerados insalubres.
Sons repentinos (mesmo de níveis reduzidos), como o estouro de uma bombinha de S. João, produzem uma reação de sobressalto e a complexa resposta do organismo a uma ocasião de emergência: a pressão arterial e a pulsação disparam; os músculos se contraem.
Acima de 120 dBA o som já pode começar a causar algum efeito físico sobre as pessoas.
Podem ocorrer numerosas sensações orgânicas desagradáveis: vibrações dentro da cabeça, dor aguda no ouvido médio, perda de equilíbrio, náuseas. A própria visão pode ser afetada pelo som muito intenso, devido à vibração, por ressonância, do globo ocular.
Próximo aos 140 dBA pode ocorrer a ruptura do tímpano.
Sons ainda mais elevados, como a explosão de partida de um foguete de veículos espaciais que pode chegar até 175 dB podem danificar o mecanismo do ouvido interno, causar convulsões e até a morte imediata.
Experiências com animais demonstraram que sons muito intensos podem provocar queimaduras superficiais através da absorção de energia sonora na pele e nos pelos e sua transformação em energia térmica.

PERDA DE AUDIÇAO
Apesar dos inúmeros efeitos que o som pode causar a uma pessoa - e a cada dia novos efeitos são constatados pelos pesquisadores - dois são os efeitos que mais problemas trazem à nossa sociedade: a fadiga mental e física e a perda de audição.
Dentro da sábia ordem de equilíbrio do Universo a defesa do organismo aos sons incômodos ou prejudiciais é a perda da audição. Certamente a maneira mais prática para não sermos afetados por um som é deixar de ouvi-lo.
A perda de audição é ocasionada principalmente por dois fatores: o envelhecimento natural do ouvido com a idade, denominada de presbicusia e a exposição prolongada em níveis superiores a 90 dBA.

A PRESBICUSIA
A presbicusia ocorre mesmo para as pessoas que não se expõem ao ruído prejudicial e aumenta com a idade, sendo esse aumento mais pronunciado para as freqüências mais altas.
Ocorre um fato curioso que a presbiacusia para as mulheres é menos pronunciada do que para os homens. Por exemplo, um homem de 60 anos terá uma perda de audição devido à idade de cerca de 25 decibéis em 3.000 Hz; uma mulher nessa idade terá perdido apenas cerca de 14 decibéis nessa freqüência.

EXPOSIÇAO AO RUÍDO
A exposição prolongada a ruídos acima de 90 dBA é um fator inerente de nosso progresso tecnológico e muitas pessoas se vêem praticamente obrigadas a exercer suas atividades profissionais em condições acústicas insalubres.
Pode-se estimar numericamente quantos decibéis uma pessoa perderá em sua audição em função do ruído a que fica exposta. Das diversas pesquisas realizadas hoje podem ser feitas as seguintes afirmações:
-Quanto maior o nível do ruído, maior será o grau de perda de audição.
-Quanto maior o tempo de exposição do ruído, também maior será o grau perda de audição.
Geralmente o som em uma determinada freqüência ocasiona perda de audição em uma freqüência superior. Ruídos em 500 Hz ocasionam perdas ~ 1.000 e 2.000 Hz. Ruídos em 2.000 Hz ocasionam perdas em 4.000 Hz.
A estimativa da perda em decibéis pode ser feita através de curvas determinadas através de experiências com um grande número de pessoas.
Tomemos como exemplo um ruído de 500 Hz e 85 dBA. A pessoa ficando exposta a ele durante as 8 horas diárias (40 horas semanais) terá, após 10 anos nessas condições, perdido 10 decibéis na sua audição. Isso significa que ela sentirá os sons faixa de 2.000 Hz atenuados de 10 dB em relação às pessoas com audição normal.
Se o ruído tiver 92 dBA ela perderá 15 dB. Ruídos de 77 dBA praticamente ocasionam perda, mesmo após 30 ou 40 anos de exposição a eles.
Assim, para estimarmos a perda total que uma pessoa terá, deveremos adicionar também a perda devido à idade. Por exemplo, se a pessoa que ficou exposta a ruídos de 92 dBA durante 10 anos tiver uma idade de 50 anos e for homem terá uma perda total de 15 + 11 = 26 dB (na freqüência de 2.000 Hz), sendo 15 dB devido ao ruído e 11 dB devido à sua idade.
A ISO (International Organization for Standardization) em sua recomendação 1999-1975(E) indica como limites normais de níveis de ruído em regime de 40 horas semanais e 50 semanas por ano como sendo de 85 a 90 dBA.
Acima desses limites corre-se o risco de perda de audição para conversação face a face e recomenda a 150 a implantação de um programa de conservação auditiva.
A referida norma possibilita calcular a percentagem de pessoas que terão problemas de audição em um grupo exposto ao ruído. Permite também o cálculo do "nível de ruído contínuo equivalente" quando a exposição ao ruído é variável durante o dia ou a semana.

TESTES AUDIOMÉTRICOS - GRAUS DE PERDA DE AUDIÇAO
A primeira precaução visando a implantação de um programa de preservação auditiva é a realização do audiograma ou teste audiométrico que demonstra o estado da sensibilidade auditiva do indivíduo.


Classificação dos graus de perda de audição par conversação face a face:

CLASSE

NOME

Perda para Conversação dB

OBSERVAÇÕES

A

NORMAL

Não mais do que 15 dB no pior ouvido

Sem dificuldade para ouvir voz baixa

B

QUASE NORMAL

Mais que 15 mas menos do que 30 em ambos ouvidos

Dificuldade apenas para ouvir voz baixa

C

PERDA / DIA

Mais que 15 mas menos do que 30 em ambos ouvidos

Dificuldade para voz normal mas não para voz alta

D

PERDA SÉRIA

Mais do que 45 mas não mais do que 60 no melhor ouvido

Dificuldade mesmo para voz alta

E

PERDA GRAVE

Mais do que 60 mas não mais do que 90 no melhor ouvido

Só pode ouvir voz amplificada

F
PERDA PROFUNDA

Mais do que 90 no melhor ouvido

Não pode entender nem mesmo a voz amplificada

G
PERDA TOTAL EM AMBOS OUVIDOS - Não pode ouvir qualquer som
 

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