Biografia | G.R. e o Vestibular | O Modernismo | Curiosidades | O Político | Fotos | Fotos antigas| Fotos mais antigas | Palmeira Hoje | Brasileiro do Século| Documentos | Centenário | Autor | Links para Graciliano Ramos | ESPAÇO PARA VOCÊ | Pequeno Pedinte - um conto | O Relatório | Casa de Graciliano | Contos | Fotos de Quebrangulo | Resumos | Sínteses | Cartas de Amor| Palmeira dos Índios | O Comunista | Não morra 100 ler | Outos Contos | Cronologia II

O HOMEM (A) POLÍTICO

Índice da página

Iniciação à Política
Perfil do Político
Reações ao Político
O prefeito Graciliano Ramos

 

RELATÓRIOS - click AQUI.

Tão comum como nos dias de hoje, a disputa por colégios eleitorais, ou podemos dizer, por “currais eleitorais”, desenrolam-se numa violência, através de intrigas, calúnias, difamações, e de acordos escusos sem se medir/prever suas conseqüências danosas, pois só interessa alcançar os objetivos da ganância, “currais” estes que são verdadeiros subservientes à a uma minoria, são eleitores de pequenas cidades e seus “sub-humanos lugarejos educacionais”, onde é LEI predominante a vontade daquele maior possuidor de riquezas, ou seja, o verdadeiro senhor de engenho, dono das terras, das leis, das pessoas e de seus destinos, não tão diferentes da época em que ocorreu o duelo entre o agente fazendário e o prefeito de Palmeira dos Índios, motivada pela atuação enérgica de João Ferreira de Gusmão, nomeado pelo governador, com carta-branca para eliminar por completo o contrabando e desmandos, o que: não só melhorou a arrecadação estadual, como também tocou nos brios do prefeito Lauro, que tinha apoio político e não administrativo do governador, e sim por tornar-se um obstáculo as ações dos “coronéis”, que trataram de joga-lo contra o prefeito usando das armas comuns a esses politiqueiros (políticos viciados) o que aconteceu a 26 de fevereiro de 1926.

            Lauro agora estava armado, e ao avistar com o fazendeiro agrediu-o com palavras. Estava como um louco, ou como se diz em direito penal, perturbado do sentido e da inteligência. A agressão foi revidada com o mesmo diapasão do agressor.

            Enfurecido, Lauro pede a polícia que prenda Gusmão, ao tempo que sacode sua pistola. Mas essa sendo uma arma automática, engancha; Gusmão, aproveitando o incidente, puxa sua arma e atira depois de levar o nome de covarde. Um certeiro tiro na cabeça. Cai morto o prefeito de Palmeira dos Índios.

            Gusmão foge...fica num velho sobrado. Ocorre que a polícia de Palmeira persegue o criminoso que é fuzilado ao descer as escadas de um sobrado, embora o delegado chefe da expedição punitiva lhe tenha dado garantias de vida.

            O governo – como sempre nestes casos faz-se um “rigoroso inquérito” presidido pelo procurador geral do Estado, doutor Carlos de Gusmão, que mais tarde seria desembargador, secretário de Estado e deputado federal.

            Estava ociosa a prefeitura municipal de Palmeira dos Índios.

TOPO

 

 

 

INICIAÇÃO POLÍTICA

O prefeito Lauro “falecido” assumiu o mandato por força da Constituição Estadual, seu vice, o conhecido Juca Sampaio (Manuel Sampaio Luz), pois, só foram governados até então 1/3 do mandato. Político habilidoso, tratou de exercer seu período à frente da prefeitura de Palmeira, sem ser “nem carne nem peixe”, diante dos interesses politiqueiros.

            Quem seria o futuro prefeito? Esta seria a “espinha na garganta” do coronelismo interessado na política de Palmeira dos Índios.

            Segundo Graciliano, amigo do governador Álvaro Paes, e de afinidades comuns, a exemplo de história, literatura, sociologia, o que rendiam incontáveis horas de conversas entre os dois, tal fato fez Graciliano amigo íntimo do governador. Numa visita do mesmo a Palmeira, Graciliano, mesmo tido como “um sujeito medulamente apolítico. Graça, como era carinhosamente chamado, foi lançado candidato a prefeito de Palmeira dos Índios nas próximas eleições pelo partido democrata, partido do governador, sendo tomado de surpresa pela indicação, veio a expressar irritação e posteriormente galhofas, como seus doravante correligionários, Chico Cavalcante, Otávio Cavalcante (que lançou-o) e Costa Rego.

            Graças posteriormente veio a conjectura sua candidatura, em virtude da interferência de seu pai o coronel Sebastião Ramos, e de inúmeras tentativas de seus partidários, finalmente, quase que numa decisão de dar o troco àqueles que pensavam fazer4 dele um fantoche, veio a escrever um bilhete a Chico Cavalcante onde dizia aceitar a candidatura, sem revelar, contudo, que a “porca ia torcer o rabo”, ou melhor exemplificando, que os mesmos teriam uma surpresa quanto a sua forma de governar Palmeira dos Índios.

 

TOPO

 

 

PERFIL DO POLÍTICO

 

 

            Abstendo-se por completo de sua campanha a prefeito, não participando de comícios, demonstrações populares, conversas com correligionários, por conseguinte de nenhuma atividade que lhe pudesse render voto sequer, veio a ser eleito, juntamente com o seu vice José Alcides de Morais, com uma igualdade de votos (433), tendo comparecido unicamente no dia 07 de outubro, a sua seção para votar e desapareceu.

            Como de praxe, dez dias após as eleições, Palmeira dos Índios tinha um novo prefeito, de atitudes “apolíticas”, sendo meramente um literato que veio a governá-la conforme seu faro íntimo, contudo seguindo as leis existentes, de um governante que ousou a época a se contrapor com seus correligionários, as classes dominantes, aos interesses que perduram até hoje, somente atendendo a benesses de poucos, interesses esses que esmagavam, que se tornaram desumanos, vistos pela ótica pessoal do então prefeito e que sem a menor hesitação de posse da investidura de seu cargo, reformulou os desmandos reinantes, agindo assim, consolidando uma nova forma de fazer política, uma política voltada não para o interesse de poucos e sim para a maioria da comunidade, mesmo que não fosse aceita suas determinações, no tocante a limpeza pública, não compactuando com procedimentos públicos, que se tornaram por força de hábitos, descumpridores da legislação vigente.

 

O escritor VALDEMAR LIMA situa muito bem o assunto.

 

Esse código de posturas de 28 de agosto de 1928, é o mais curioso de quantos no seu gênero tenho conhecimento...Compõe-se de 82 artigos, fora os parágrafos. Por alguns de seus dispositivos, sob pena de pesadas multas, era proibido, por exemplo: “Açambarcar gêneros alimentícios em tempos de carestia; manter estabelecimentos comerciais abertos depois das nove horas; pescar no açude da cidade; vender carne de rês doente; estender couros em lugares habitados; vender ou distribuir impressos imorais ou gravuras abusivas ao pudor; transitar a cavalo ou em corridas pelas ruas da cidade; “dar estalos em relhos”, “ter cães soltos sem mordaça”, “fazer cercas em praças ou ruas da zona urbana”; escrever palavras indecorosas, ou portar figuras obscenas em prédios, portas, muros ou passeios, bem como deitar pasquins nos referidos lugares.

Como podemos literalmente definir, Palmeira dos Índios foi governada por um homem de caráter forte, firmeza de convicção, valores enraizados, totalmente desinteressados de vaidades pessoais, enriquecimento ilícito, benesses do poder e um “balde cheio de outros”, o que sem dúvida tornava-o “o prefeito pelo avesso”.

 

TOPO

 

 

REAÇÕES AO POLÍTICO

 

            Por ser um homem – governante, decisões cumpridoras de normas regulamentadoras, pois se sentia um servidor público, que tinha sido nomeado através do voto para cumprir e fazer cumprir normas segundo podemos respirar ao ler sua publicação no ano de 1942 intitulada “FUNCIONÁRIO INDEPENDENTE”, onde é retratada um servidor digno e mais ainda podemos observar sua indignação e seu descontentamento com a gestão da coisa pública:

Dos funcionários que encontrei em janeiro do ano passado restam poucos: Saíram os que faziam política e os que...

(G.R.) 1º Relatorio - 1929.

 

           

            Um período mais à frente veio talvez a mais sensata de suas decisões, frente a Corte Pessoal (FORO ÍNTIMO), tomar em carta simples, endereçada ao Álvaro Paes 9governador).

            Vindo posteriormente na revolução de 30 a receber a represália de suas ações quando prefeito, tendo sido caluniado, questionado e enquadrado em Lei, a fim de ser desmoralizado, desacreditado, preso, por fim, ser vingado em virtude de ter se posicionado contrário ao coronelismo reinante até os dias de hoje nestes sertões da vida. Podemos ver/entender melhor este homem – apolítico entrando como funcionário dedicado e assíduo na análise/estudo do homem administrador.

Para outras matérias relacionadas, entrar em contato com o autor.

E-MAIL: erisvaldoerosa@bol.com.br

" Eu não acredito que você ainda não clicou no site acima.

O PREFEITO GRACILIANO RAMOS

TOPO

 

O PREFEITO

GRACILIANO RAMOS

O grande administrador municipal

Lutas políticas, intrigas, mortes.

O apoio de Costa Rêgo.

Um governante que não agradava a gregos e troianos.

 

“Bom conhecedor da língua e dos autores portugueses, soube, como poucos, conciliar os valores herdados com as sugestões vivas e originais brasileiras. Seu carinho pela língua comum, trabalhada na imitação de Eça até adquirir uma feição pessoal, veio reforçar os laços culturais que unem Portugal e Brasil, dado o grande valor da língua como força modeladora da cultura, do pensamento, da tradição, duma maneira peculiar de compreender e viver no mundo”.

 

FERNANDO ALVES CRISTÓVAN

 

            A eleição de mestre Graciliano Ramos para Prefeito, antecedeu a uma tragédia política que ocorreu em Palmeira dos Índios; uma destas lutas tão comuns que ainda hoje acontecem no nordeste brasileiro; lutas cevadas pelas intrigas, calúnias, difamações, fuxicos do “disse me disse”, do “me contaram”, que ocorrem de boca em boca nas rodas dos politiqueiros ou desocupados nas mesas dos botequins. Ele seria o homem indicado por não ser um tipo que se envolvesse em baixezas.

            Corre o ano de 1927. Costa Rego é o Governador das Alagoas. É um dirigente enérgico que não enxergava com bons olhos certos atos dos “coronéis”, que prejudicam os interesses da Fazenda Estadual com graves prejuízos para a arrecadação. É que certos “figurões” com suas influências contrabandeavam através de uma rede que se ramificava pelas fronteiras do Estado. Por outro lado, o governador combatia também a violência de certos “coronéis” que mantinham em seus feudos “capangas” fortemente armados, e pelo terror, mandavam e desmandavam, como assinala Rui Facó. (45).

           A figura do todo poderoso “chefe político” seria abalada.

            Governa Palmeira dos Índios, como chefe do Executivo Municipal, e “coronel” Lauro de Almeida Lima, conhecido liberal e antigo correligionário do doutor Fernandes Lima.

            Politicamente – e isto ocorria em geral – Lauro era prestigiado pelo Governador. Administrativamente, não. Cada autoridade em seu lugar. O coletor, o advogado, o inspetor de educação e demais autoridades.

            O escritor Valdemar Lima situa muito bem o assunto:

 

“Considerando os danos incomparáveis de um bando de contrabandistas – ao que se dizia, gente importante e com atuação constante em alguns municípios de Pernambuco, na parte com Alagoas, o governador Costa Rego determinou medidas no sentido de desagregar a “gang” e com tal desígnio veio então para aqui com carta branca, o mencionado João Ferreira de Gusmão e Melo, funcionário competente e com fama de inabordável”. (46)

 

            João Ferreira de Gusmão e Melo é o que se chama em linguagem militar de um “Caxias”. Uma pessoa honesta, aferrada aos regulamentos. Este funcionário pertencia a uma equipe fazendária alagoana da qual se sobressaíam o doutor Joaquim Alves Coelho Filho, o contabilista Waldemar Loureiro Bernardes, Idelfonso Lopes, João Malaquias de Almeida, Francisco Xavier da Silveira Júnior, José Pereira Caldas, Zeferino Melo, Pedro Porto, José Marinho Júnior e outros.

            Chegando à Palmeira dos Índios, o agente fazendário João Ferreira de Gusmão e Melo montou seu quartel general. Homem forte, é possível que tenha se excedido. Mas a arrecadação melhoraria. Os contrabandistas ficaram de fogo morto. Amedrontados.

            Enquanto os boatos, as intrigas campeavam como melão de São Caetano em terra abandonada, o prefeito municipal Lauro de Almeida Lima estava se considerando desprestigiado. Humilhado. Intrigantes contavam “histórias” a ele a respeito do agente fazendário. O mesmo ocorria junto a João Ferreira. Aquele tumor criado pela maldade de uns, a vaidade de outros e a bajulação de terceiros teria que estourar, como estourou, fabricando cadáveres, órfãos e viúvas.

            Após “bate-bocas”, discussões por causa de problemas que surgiam entre as autoridades, chegara o dia final para ambos.

            Segundo ainda Waldemar Lima, no dia 26 de fevereiro de 1926. pela manhã, “antes do café, Lauro recebeu em casa a visita de uma pessoa que vinha preveni-lo de que um dos apaziguados do administrador (Gusmão anuíra em fazer amigo seu) o caluniava e injuriava por onde quer que passasse”. (47)

            Estava iniciada a catástrofe. O prefeito que era conhecido como corajoso entendeu que já havia sofrido demais. Iria mostrar quem ele era. Partiu cheio de ira para desfeitear Gusmão.

            Correu a notícia. O pavor dominou o povo, todavia os sádicos intrigantes estavam cevados com o veneno da maldade.

            Lauro agora estava armado. E ao avistar-se com o fazendário agrediu-o com palavras. Estava como um louco, ou como se diz em direito penal, perturbado do sentido e da inteligência. A agressão foi revidada com o mesmo diapasão do agressor.

            Enfurecido, Lauro pede a polícia que prenda Gusmão, ao tempo que saca de sua pistola. Mas essa sendo uma arma automática, engancha. Gusmão então saca de sua arma e atira, depois de levar o nome de covarde. Um certeiro tiro na cabeça. Cai morto o prefeito de Palmeira dos Índios.

            Gusmão foge. Procura esconder-se na vila Olho D’Água do Acioli. Fica num velho sobrado. Ocorre que a polícia de Palmeira persegue o criminoso que é fuzilado ao descer as escadas de um sobrado, embora o delegado chefe da expedição punitiva lhe tenha dado garantias.

            O Governo – como sempre nesses casos – faz um “rigoroso inquérito” presidido pelo Procurador Geral do Estado, doutor Carlos de Gusmão, que mais tarde seria desembargador, secretário de Estado e deputado federal.

            Estava vaga a prefeitura de Palmeira dos Índios. Novos comentários. Novos fuxicos. Intrigas. Boatos.

        Quem seria o novo prefeito?

Lauro de Almeida Lima só tirara um terço do mandato. Seu sucessor imediato seria o senhor Manoel Sampaio Luz – carinhosamente chamado de Juca Sampaio – político habilidoso que seria deputado estadual e vice-governador de Alagoas. Amigo íntimo do prefeito, iria completar o período determinado pela Constituição Estadual, o que fez com inteligência, sem por fogo nas fogueiras das intrigalhadas políticas.

            Os candidatos para as eleições eram muitos. Os partidos se arregimentavam. Todavia, o nome de G.R. surgia aos poucos, embora o próprio indicado não levasse a sério. Boatos... Boatos? Nada.

            O homem conta com o apoio de Costa Rêgo, diziam uns.

            E do Chico Cavalcante, chefe político, diziam outros.

            Finalmente o homem foi escolhido com 430 votos para prefeito e José Alcides de Morais também com 433 votos.

            Assumindo o poder, teria G.R. sido um grande administrador? Não acreditamos, pois como todos os prefeitos de sua época que desconheciam a palavra planejamento, ele não poderia operar milagres. Todavia foi válida a boa vontade de trabalhar, e, sobretudo, a honradez.

            Os chamados “Relatórios de Graciliano”, cantados em prosas e versos, citados até como modelos de documentos administrativos são ainda as grandes fontes para o estudioso conhecer o homem administrador usando novos métodos, separando o “afilhadismo” da administração. Ele não poderia agradar a todos, principalmente aos sonegadores e aos que desrespeitavam a Lei de Posturas por causa de deposições políticas ou pelo dinheiro. Não. Não podia agradar. Contudo era um homem em paz com sua consciência que diz em documento público que fez história:

 

“Perdi vários amigos ou indivíduos que possam ter semelhante nome”.

Não me fizeram falta.

Há descontentamento. Se a minha estada na prefeitura por estes dois anos dependesse de um plebiscito, talvez eu não obtivesse dez votos.” (48)

 

            Com esse depoimento, G.R. “cresce”. Torna-se imenso. É o administrador para um mundo digno, guardião dos dinheiros públicos, fiel cumpridor da lei. Ou um “burro”, como dizem os “sabidos”, qual julgam um administrador honesto que não entra em corrupção, para enriquecer ilicitamente com os dinheiros do povo pagos em impostos.

            Em relatório apresentado ao governador, em 10 de janeiro de 1929, G.R. mostra o que fez em Palmeira dos Índios no exercício de 1928. Ele diria com uma franqueza que espantou, verdades. Verdades que magoariam os déspotas. O velho Graça não era um ladrão, um oportunista, um corrupto. Era, sim, um honrado. Logo, não poderia agradar aos profissionais das falcatruas, eternos sugadores do erário público, “coronéis” da violência que tanto o povo. Teria que ser combatido, como o foi, por velhas raposas que forçariam a Revolução de 1930 G.R. teria coragem de dizer:

 “O principal, o que sem demora iniciei, o de que dependiam todos os outros, creio que foi estabelecer ordem na administração”. (49)

 

            Estabelecer ordem onde só havia desordem foi trabalho corajoso – “pra cabra macho” – como se diz no Nordeste. E por ordem na administração era proibir que animais pastassem em pleno centro da cidade, era não empregar na prefeitura vagabundos apelidados de “cabos eleitorais”, era fazer que o rico pagasse impostos, que não existissem matadouros clandestinos, era obrigar as professoras municipais a ministrarem suas aulas.

            A confusão era total. Uma “babel”. Uma balbúrdia. E o mestre de “Angústia” exclama:

 “Havia em Palmeira inúmeros prefeitos: os cobradores, o comandante do destacamento, os soldados, outros que desejassem administrar. Cada pedaço do município tinha a sua administração particular, com prefeitos, coronéis e prefeitos inspetores de quarteirões. Os fiscais, esses, resolviam questões de polícia e advogavam.

            Para que semelhante anomalia desaparecesse lutei com tenacidade e encontrei obstáculos dentro da prefeitura e fora dela – dentro,, uma resistência mole, suave, de algodão em rama; fora, uma campanha sórdida, oblíqua, carregada de bílis. Pensavam uns que tudo ia bem nas mãos de Nosso Senhor, que administra melhor que todos nós; outros lhe davam três meses para levar um tiro.

            Dos funcionários que encontrei em janeiro do ano passado restam poucos: saíram os que faziam política e os que não faziam coisa nenhuma. Os atuais não se metem onde não são necessários, cumprem as suas obrigações, e, sobretudo, não se enganam em contas. Devo muito a eles”. (50)

 

 Continuará em breve...

 Fonte:

 SILVEIRA, Paulo de Castro. Graciliano Ramos, Nascimento, vida, glória e morte.
Fundação Teatro Deodoro FUNTED, Maceió – AL, 1982 – Nº de Pág. 210. il.

 

 45 – Rui Facó – “Cangaceiros e Fanáticos”.

46Waldemar Lima – “Graciliano”, pg. 122.

47 – Waldemar Lima, ob. cit. pg. 123.

48G.R. – “2º Relatório ao Governador Álvaro Paes em 11.001.1930.

49 – G.R. – “1º Relatório” – 1929.

50 – G.R. – “Relatório” cit.

TOPO | PRINCIPAL