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COMO FAZER FANZINES
 

Aula de fanzines publicada na revista AnimeEx / Textos: Denise Akemi
 


O que é um fanzine?

O termo vem da junção de duas palavras, fanatic magazine: revista de fanático ou revista de fã. Praticamente é uma publicação feita pelo fã de caráter amador, buscando o contato com outros aficionados da arte ou trabalho que apreciam.
Uma revista de linha profissional, deve seguir uma certa periodicidade, privilegiar assuntos que estão em alta, atender o gosto da maioria dos leitores, algo que nem sempre ocorre num fanzine.
Num fanzine o editor tem total liberdade para poder expressar suas idéias e pensamentos sem restrições, podendo mudar o número de páginas ou formato, prazos nem sempre regulares, abrir espaço para seus colaboradores e atrelar novas amizades entre outros fanzineiros e leitores.
A tiragem de um fanzine é pequena e nem sempre o lucro é visado. Em muitos casos há mais prejuízo do que retorno.
Como há uma falta de mercado para o artista nacional, o editor ou artista não consegue um espaço nas revistas profissionais e procura num fanzine editar sua própria revista, criando uma edição independente e divulgar melhor seus trabalhos.

Um Fanzine também é uma revista, com qualidade inferior se comparada as de linha profissional, mas que traz satisfação para o editor ou seu grupo. Os fanzines também são uma forma experimental de publicação, em que o editor poderá testar de tudo, publicar o que quiser e amadurecer neste tipo de trabalho.

Ou seja, qualquer pessoa pode editar um fanzine, seja sozinho, entre amigos, clubes, etc. Basta ter vontade e a certeza de que irá agradar.

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Introdução

Muitas pessoas produzem fanzines por diversos motivos. Algumas para manterem contato com outros fãs que tenham em comum a mesma preferência. Outras para se profissionalizarem e mostrarem seu trabalho para alguma Editora ou por mera diversão.
Os assuntos variam entre política, ecologia, cultura, ficção, música, mas o maior número é referente a desenhos, especialmente quadrinhos, buscando informações ou produzindo suas próprias histórias.
Antes de elaborar seu primeiro fanzine, procure conhecer um pouco mais sobre este abrangente universo. Compre algumas edições, veja como eles trabalham, pesquise, troque informações e mantenha contatos. Afinal, fanzine vive e sobrevive da camaradagem.

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Aspecto inicial

Um fanzine quando bem organizado pode garantir bons resultados. Como um desenho requer um esboço antes de receber o acabamento, o fanzine terá o mesmo tratamento. Com um lápis e papel comece a esboçar, a modelar toda estrutura que poderá conter no seu zine. Enumere, rabisque e anote. Com um modelo bem-feito você terá melhor distribuição e aproveitamento das páginas.
Outro fator imprescindível será o material disponível para editá-lo como máquina de escrever, computador, scanner, impressora, etc. Um fanzine com os melhores recursos chamará a atenção, mas ele só sobreviverá se tiver um perfil característico que o evidencie dos demais alternativos.

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Hora de decidir

Decida sobre qual tema abordar. Você poderá escrever textos sobre animes e mangás, matérias, novidades, letras de música, poesias, incluir imagens, fazer páginas de quadrinhos, ilustrações ou o que você quiser colocar no seu zine. Não é preciso acompanhar o que seus amigos ou outros fanzineiros produzem. Nada o impede de criar uma edição inovadora. Esteja à vontade nesta decisão.

Depois de tudo esboçado, analise o formato do zine. Para quem não está habituado ou desconhece estes valores, na figura em que se encontram vários retângulos estão as medidas das folhas de sulfite, onde o formato A4 equivale ao tamanho ofício (21X29,7). A5 (meio-ofício) é o formato mais utilizado pelos fanzineiros, pois facilita na hora de tirar cópias e de tamanho acessível para distribuição (a maior parte dos zines é distribuída pelo correio).

O número de páginas irá depender da quantidade de material coletado. Faça uma boa distribuição das páginas, se tiver matérias excedentes e não for produzir edições fechadas, guarde-as para exemplares futuros.

Como não é fácil bancar tudo sozinho, você poderá reunir seus amigos ou formar grupos para ajudá-lo a elaborar o fanzine. Dividindo os trabalhos, agiliza a produção e também pode-se dividir as despesas.

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Diagramação

Talvez você nunca tenha parado para pensar porque algumas revistas ou livros agradam logo a primeira vista e outros você nota uma certa confusão visual.
Toda essa composição de textos e títulos, cortes de fotografias ampliadas ou reduzidas, separação de cores, pano de fundo e outros apetrechos chama-se diagramação.
A diagramação compõe praticamente a criação, o planejamento e o cálculo antes de uma revista, livro ou jornal ser impresso.
E para a produção de seu zine também será preciso se aprofundar nesta área.

Se você já decidiu o tema que abordará no seu fanzine e preparou o texto ou páginas de quadrinhos, podemos seguir esta etapa.
São duas maneiras bem simples e baratas para editar as páginas:

- Diagramação Artesanal

No meio de tantos recursos modernos é natural nos sentirmos intimidados com a simplicidade desta forma de diagramação.
Mas é uma maneira eficaz para quem não entende dos programas de edição de imagem e texto.
Os materiais necessários são: cola, tesoura, várias folhas de sulfite e um corretivo ou tinta guache branco. Os textos podem ser escritos à mão ou num programa Word.
O trabalho todo se baseia em colagens.
Na parte escrita, distribua algumas figuras pela página deixando sempre 0,5 centímetros de distância entre o texto e a imagem escolhida.
A página ficou manchada? Corretivo nela! Sendo as cópias em preto e branco o corretivo não ficará tão evidente.
Se quiser dar uma incrementada nas páginas, utilize algumas letras ou caracteres transferíveis. São fáceis de usar e encontram-se em qualquer papelaria com vários modelos e estilos.

-Diagramação em Computador

A maneira mais rápida e eficaz de diagramação.
Você pode usar programas como Photoshop, PageMaker, Corel ou o próprio Word. Os recursos são infinitos podendo modificar estilos, filtros, inserir figuras, aplicação de máscaras e sombras de acordo com o seu conhecimento sobre o programa.
Qual o programa ideal? Fica a seu critério. Teste e bisbilhote bastante as ferramentas e veja com qual você tem mais afinidade para trabalhar.
Ao inserir figuras, não se esqueça de deixar uma certa distância entre o texto e a imagem.
Cuidado com o exagero de fontes. Algumas são tão “enfeitadas” que se tornam ilegíveis. Procure usar as mais simples e fáceis de entender.
Atenção também com a impressora. Se ela não tiver uma boa definição de cor preta, a impressão sairá muito clara e possivelmente prejudicará as cópias.

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Dados Importantes

Os itens que se seguem são importantes para o seu zine ser notado e até procurado por novos leitores, afinal fanzine passa de mão em mão e algum amigo pode se interessar:

Título – Deve ser grande, evidente e claro. Não faça os textos de chamada maiores que o título. Isso prejudica o visual da capa.
Preço – Não necessariamente na capa, mas deve estar presente no zine e, se possível já com o valor de correio. Não é todo mundo que prefere enviar selos à parte.
Expediente – Escreva o nome da equipe, quem produziu e colaborou na edição.
Endereço para aquisição – Indispensável! Deixe o endereço completo de onde o leitor poderá adquirir o fanzine ou um e-mail para que possa entrar em contato.

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Montagem de páginas

Para a montagem do zine, também teremos duas opções comuns e utilizadas entre a maioria dos fanzineiros.
Depois de feita toda diagramação de página você poderá desenvolvê-la:

em xerox: É a maneira mais fácil e econômica. Antes de montar o zine você precisará ter em mãos várias cópias xerox das páginas diagramadas, sendo elas artesanal ou em computador (logo após imprimi-las no tamanho desejado para a edição).

- Um tipo de montagem bem simples é xerocar o original e grampear as folhas em uma de suas bordas. O trabalho é mínimo, mas pouco atraente. (Figura 1)

- A montagem com aparência de revista é um pouco mais elaborada. Você precisará de outras folhas extras. Se fizer o zine no formato A5 (meio sulfite), as folhas necessárias deverão ser maiores, no caso o A4 (padrão do sulfite). O exemplo que estamos passando é de um modelo de 20 páginas usando-se 5 folhas de sulfite. Você irá colar as páginas diagramadas numa certa ordem: na primeira folha estarão as quatro primeiras páginas do zine.

Lembre-se que para esta forma sempre serão em múltiplos de quatro. Cole cada página diagramada de acordo com a seqüência que aparece na Figura acima. As páginas pares estarão à esquerda e as ímpares à direita.

Pode parecer complicado, mas também há uma maneira bem simples para explicar esta parte. Faça um modelinho do zine. Uma folha de sulfite é o suficiente. Dobre em vários retângulos, recorte a folha e use cinco partes dela (Figura 3). Junte-as e dobre ao meio. Não grampeie. Comece a enumerá-las e depois abra o modelinho. Note que a seqüência de páginas ficou exatamente como no exemplo da figura 2.

Para grampear, basta abrir a parte inferior de seu grampeador. Use um papelão e um isopor como base (Figura 4).

Para esta forma de montagem a vantagem é o custo baixo acarretando também em um fanzine mais barato. No entanto é preciso pesquisar boas copiadoras. Dependendo do xerox pode ou não perder um pouco da qualidade do trabalho.

em gráfica: Se você tiver um bom recurso financeiro (supondo, o valor equivalente a uma boa câmera digital ou acima disto), pode optar pelo uso de gráfica. O trabalho todo será feito lá, onde você deverá apenas entregar o original do zine, pronto em disquete zip, CD, xerox ou impressora. Se quiser evitar muitas idas e voltas, prefira as gráficas que trabalhem com montagem junto de fotolito.

A edição ficará exemplar, com aparência de revista, mas o grande problema desta forma de montagem está nos custos.

As gráficas trabalham com tiragens altas, algumas de 300 a 1000 exemplares acima e são mínimos os zines que conseguem vender essa quantidade. Pesquise bem os preços, pois o tipo de papel, quantidade de páginas e formato podem fazer grandes diferenças.

Veja também se você ou seu grupo tem condições financeiras de arcar uma gráfica. Ou com ajuda de algum patrocínio, mas será preciso propagar muito seu trabalho.

É um meio que precisa ser muito bem pensado se não quiser ter prejuízos.

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Tiragem

Tiragem é a quantidade necessária de cópias para a edição de seu zine.
Mas antes de tirar as cópias do fanzine, é preciso saber uma média de quantas pessoas irão adquiri-lo, a fim de evitar prejuízos.
Para cópias em xerox, de início 30 exemplares é o suficiente. A vantagem do xerox está na reposição. Caso acabe a edição, basta tirar mais cópias e na medida que houver muita procura aumente gradativamente a quantidade de cópias.
Já numa gráfica, para uma primeira edição, em certos casos pode ser desvantagem. Nesta forma de reprodução, a quantidade de cópias pode ser de 100 a 500 exemplares, ou até mais, pois quanto maior a tiragem, menor será o custo para cada edição vendida.
Mas não se arrisque. São pouquíssimos os fanzines no Brasil que ultrapassam essa quantia.
Se você está inseguro e não pensa em ter muitos custos ou não sabe de uma média da quantidade de leitores, opte pela cópia xerox.

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Divulgação

Para o seu zine ser reconhecido é preciso divulgá-lo entre os meios que estiver ao seu alcance.
A divulgação mais comum dos zineiros é feita entre eles mesmos. Muitos fanzines reservam um espaço para divulgar e ajudar os amigos, resultando para alguns em boa resposta. Mas existem aqueles que se dedicam especialmente na divulgação de zines de diversos gêneros, entre eles animes e mangás. Como exemplo podemos citar o Informativo de Quadrinhos Independentes de Edgard Guimarães, editor muito conhecido e prestigiado na área de fanzines; e o Independente ou Morte de Marcelo Marques que também reserva um bom espaço aos zines de mangá.
Revistas profissionais também divulgam e dão comentários sobre a edição, mas é feita uma seleção dos fanzines recebidos que chamem atenção ou que tenha condições de boas vendas.
Pontos de venda que costumam concentrar um grande público são boas oportunidades. Lojas especializadas em quadrinhos cedem espaço aos alternativos descontando uma pequena porcentagem nas vendas. Também é válido a divulgação em bancas de jornal, papelarias ou a pizzaria do vizinho ^_^.
Eventos dão ótimos resultados e o fanzineiro poderá ter um contato direto com o leitor.
Um meio de propagação que cresceu e não deixa de ser descartada é a divulgação pela internet. Nele o fanzineiro, além de divulgar o zine, pode usar o site como portfólio de trabalho para alguma Editora ou Empresa, tanto para desenhista, quadrinista, colorista ou até webdesigner.

Onde divulgar o seu fanzine:

Entre os alternativos – fanzines que se dedicam na divulgação de outros fanzines:
 
-> QI (de Edgard Guimarães) – Informativo de quadrinhos Independentes - R. Capitão Gomes, 168 - CEP: 37530-000 - Brasópolis - MG 
-> 100 % Zine (de Saulo e Weber)- Divulgação de zines - R. Libra 199 - CEP: 29117-240 - Vila Velha - ES 
-> Orbital (de Elza Keiko e Petra Leão) – Quadrinhos, Divulgação e resenhas de produções independentes - Caixa Postal 65.008 - CEP: 013188-970 - São Paulo - SP 

Pela internet – sites como o Tsunami e outros espalhados pela rede também divulgam outros zines ou apresentam sua própria edição:
- Confira a lista na seção de Fanzines de Tsunami

Em eventos – entre em contato com os organizadores para mais informações.

- FanzineCon - www.fanzinecon.com.br - evento de fanzines

- Fanzine Expo - www.fanzineexpo.com.br - evento de fanzines

- Avex - www.avextreme.com.br - evento com feira de fanzines

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Distribuição

Alguns fanzines quando bem produzidos conseguem vender suas edições em bancas ou lojas especializadas, outros entre amigos, eventos ou utilizando o serviço de correio.
Para esta forma de distribuição, o editor deverá organizar todos os pedidos, envelopar o fanzine e enviar ao seu destino. Você poderá indicar ao leitor a melhor opção de pagamento (vale-postal, carta registrada, cheque, conta bancária, etc) desde que seja viável para ambos.
Evite confusões na entrega dos exemplares e comece a agendar tudo e todos. Anote o endereço de seus leitores, as edições que saem e os novos pedidos. Tendo esse controle, você terá uma média de público para o próximo número, caso queira fazer continuações.
Estipule uma periodicidade para a edição. Pode ser mensal, bimestral, semestral, ou de acordo com o seu tempo disponível para editá-lo.

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E-zines

Uma outra maneira de se produzir um fanzine, simples e econômica, é pela internet, conhecido também como fanzine virtual ou e-zine.

Se você tem noções básicas de html e as informações necessárias, poderá iniciar a construção de seu site.
Aqui você não terá problemas quanto à quantidade de páginas utilizadas. Esteja à vontade na escolha do tema. Pode ser sobre séries específicas com matérias ou galeria de imagens, ilustrações, download, quadrinhos, contos ou histórias on line.
Aborde o assunto de sua preferência, selecione os links de acordo com o conteúdo geral da página e veja qual será seu público-alvo.
A Web possui milhões de páginas, por isso não acredite que a sua será um sucesso assim que entrar no ar. Se você não fizer atualizações constantes e deixar de lado assuntos interessantes, o visitante passará despercebido.
Divulgue bastante sua página entre amigos, sites com assuntos semelhantes e ferramentas de busca. Quanto mais visitas obter, mais pessoas terão conhecimento de seu trabalho.


Bom, hoje encerramos nossa aula básica sobre fanzines. Espero que todas as dicas que foram passadas tenham sido úteis.
A melhor maneira de aprender e entender é produzindo a sua própria edição.
E lembre-se que ao produzir um fanzine você poderá entender melhor o lado editorial, como as dificuldades e satisfações que nos proporcionam.

Um grande abraço! ^_~

Akemi

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