"Os economistas conservadores vêm desenvolvendo um conceito de 'taxa natural de desemprego' [que Herman define como "a taxa de desemprego preferida pelas classes dominates"] . . . [que] é definida como um nível mínimo harmonioso com a estabilidade do nível de preços, mas, pelo fato disso ser baseado em um modelo altamente abstrato impossível de ser diretamente testado, essa taxa natural pode apenas ser aferida apenas pelo próprio patamar dos preços. Ou seja, se os preços sobissem, o desemprego cairia para sua "taxa natural" e cairia bastante. . . Aparte da vulgaridade dessa espécie de mágica metafísica, a verdade é que este conceito de taxa natural de desemprego possui uma enorme carga de preconceito imbutida dentro dele. Tal conceito despreza todos os outros fatores institucionais que influenciam tanto nos preços como no nível de desemprego (estruturas de mercado e independência na tomada de preços, política de investimento comercial doméstica ou extrangeira, distribuição de renda, confusão monetária e fiscal, etc.) focando rigidamente apenas o mercado de trabalho como a variável válida para verificação. Quando a inflação é a principal ameaça, o mercado de trabalho (ou seja, o valor dos salários e os índices de desemprego) passa a ser o local para a solucão do problema". [Beyond Hypocrisy, p. 94]De certo modo, é compreensível que a classe dominante dentro do capitalismo manipule o desemprego a seu bel prazer, arraste brasa para sua sardinha, aumente seu poder e lide com o mercado de trabalho como sendo mais uma de suas muitas propriedades. Da mesma forma que a administracão da hierarquia proporciona segurança, a administração da depressão (caracterizada pelo alto índice de desemprego) proporciona a extração de altos lucros às custas dos trabalhadores. Em tempos difíceis os trabalhadores pensam duas vezes antes de enfrentar seus patrões, trabalham mais intensamente, por mais tempo e em piores condições. Isso faz com que haja um aumento da mais valia extraída do salário real (na realidade, nos E.U., o salário real permanece estagnado desde 1973 enquanto que os lucros crescem vertiginosamente). Além disso, essa situacão faz com que a discussão política sobre investimento, lucros, poder e daí por diante ("os outros fatores institucionais") seja minimizada e desviada porque a classe trabalhadora está ocupada demais para poder se reunir.
Naturalmente, o que se pode concluir é que essa taxa "natural" invisível e mutável é tão inútil quanto tresloucada -- do ponto de vista da evidência histórica você pode provar qualquer coisa com um valor invisível, mutável. Nessa mesma linha, qualquer tentativa de manter uma taxa "natural" também é uma atitude tresloucada na medida em que estabelece um único método, a observação dos níveis de inflação (e com um valor invisível, variável, a teoria é sempre verdadeira após o fato -- se a inflação sobe junto com o desemprego, então a taxa natural aumenta; se a inflação cai e o desemprego sobe, ela cai!). O que significa que a medida que as pessoas se tornam desempregadas e quase nula a possibilidade de que a taxa de desemprego desça aproximando-se da (invisível e variável) taxa "natural", prejudicando os interesses da classe dominante (inflação alta atrapalha ganhos de renda, pleno emprego esmaga lucros pelo crescimento do poder dos trabalhadores). Diante do fato de que os principais economistas subscrevem essa falácia, fica evidente o quanto essa "ciencia" se adapta às necessidades dos poderosos.
Assim, os defensores do "livre mercado" capitalista estão diante de algo inegável, "o capitalismo de nossos dias" criou altos níveis de desemprego. A questão que surge agora é: o capitalismo "puro" criará pleno emprego?
Alguns defensores do "livre mercado" capitalista dizem que o mercado em geral não tem nenhuma tendência ao equilíbrio, significando que o pleno emprego é impossivel-- uma "óbvia" conclusão dificilmente explicável até mesmo do ponto de vista de suas próprias teorias. Contudo, a maioria admite que o pleno emprego pode ocorrer. Os anarquistas concordam, o pleno emprego pode ocorrer em um "livre mercado" capitalista, mas não para sempre (nem por longos períodos). Conforme o economista polonês Michal Kalecki pontuou referindo-se ao capitalismo pre-keynesiano, a "reserva de equipamentos de capital e a reserva do exército de desempregados são caracteristicas típicas da economia capitalista que integram, de ponta a ponta, uma consideravel parcela do ciclo [econômico]". [citado por George R. Feiwel, The Intellectual Capital of Michal Kalecki, p. 130]
Ciclos de curtos períodos de pleno emprego e longos períodos de alta e queda do desemprego são, na verdade, resultado das intervenções do "livre mercado" capitalista no sentido de impedir o pleno emprego. Conforme demonstramos nas seções B.4.4 e C.7.1 o capitalismo necessita do desemprego para funcionar com sucesso, de forma que o "livre mercado" capitalista experimente períodos de boom e colapso, com o desemprego crescendo e decrescendo através do tempo (como pode ser visto no capitalismo desde o século 19). Assim, é improvável que ocorra o pleno emprego por um longo tempo sob o capitalismo (ou que o boom do pleno emprego prevaleça durante a maior parte de um ciclo econômico completo). Além do mais, a noção de que o capitalismo naturalmente tenda ao equilíbrio ou que o desemprego é um ajuste temporário e falsa, mesmo diante da lógica da economia neo-clássica. Conforme Proudhon argüi:
"Os economistas admitem isso [que o maquinário causa desemprego]: mas aqui eles repetem seu eterno refrão de que, após um lapso de tempo, a procura pelos produtos crescerá quando os preços cairem [causado pelo investimento], no fim, o trabalho voltará a ser grandemente necessário para atender à demanda. Não há dúvida de que, com o tempo, o equilíbrio será restaurado; mas preciso dizer mais uma vez que essa posição de equilíbrio não se manterá por muito tempo sem que seja perturbada, porque o espírito da astúcia nunca para. . ." [System of Economical Contradictions, pp. 200-1]Que o capitalismo cria desemprego permanentemente e, de fato, necessita dele para poder funcionar é uma conclusão que poucos, ou quase nenhum, capitalistas pro-"free market" subscreveria. Diante da empírica evidência de que o pleno emprego é raro no capitalismo, eles argumentam que a realidade não é suficientemente conclusiva para suas teorias e que precisa ser mudada (geralmente pelo enfraquecimento do poder do trabalho por uma"reforma" que provoque o bem estar reduzindo o "poder sindical"). Esta realidade é o fato, não a teoria (citando Proudhon novamente, "A economia política -- ou seja, o despotismo dos proprietários -- nunca pode induzir ao erro: ele sempre vem do proletariado". [Op. Cit., p. 187]). Assim, se o desemprego existe, é porque os salários reais estão muito altos, não porque os capitalistas necessitam do desemprego para disciplinar o trabalho (veja na section C.9.2 as provas de que a teoria neo-clássica é falsa). Ou se os salários reais caem na medida em que o desemprego aumenta, isso pode apenas significar que o salário real não está caindo suficientemente rápido -- a evidência empírica nunca é suficientemente empírica para jogar por terra as deducões lógicas dos enunciados!
(Apenas como aparte, este é um dos assombrosos aspectos da "ciência" econômica onde a evidência impírica nunca é suficiente para refutar suas alegações. Como o economista da ala esquerda Nicholas Kaldor uma vez colocou, "contrapondo-se a qualquer teoria científica, onde as premissas básicas são fundamentadas na observação direta do fenômeno e da performance do objeto de estudo da teoria, as premissas básicas da teoria econômica se apresentam de tal forma que não podem ser verificadas. . . ou são diretamente desmentidas pela observação" [Further Essays on Applied Economics, pp. 177-8]. Por exemplo, se tomarmos uma expressão econômica padrão "a longo prazo", podemos afirmar que a menos que o tempo seja efetivamente fornecido sempre haverá margem à obcuridade por mais que se juntem evidencias para a aceitação ou rejeição da teoria).
Naturalmente, muitas vezes a realidade fala mais alto que qualquer ideologia. Por exemplo, desde o final dos anos 1970 e começo dos anos 1980 os partidos da direita capitalista tomaram o poder em muitos paises através do mundo. Tais regimes estabeleceram muitas reformas pro livre mercado, argüindo que uma boa dose de forças de mercado diminuiria o desemprego, aumentaria o crescimento e daí por diante. A realidade demonstrou algo muito diferente. Por exemplo, no Reino Unido, durante o tempo em que o Partido Trabalhista voltou à ativa em 1997 sob a batuta de Tony Blair , o desemprego (até então em queda) disparou de tal forma que quando o governo Trabalhista saiu de cena em maio de 1979 os indicadores mostravam um índice de desemprego mais elevado do que quando entrou. Nas palavras de dois críticos do neo-liberalismo, a "performance do mundo econômico sob o capital liberalizado ficou ainda pior do que quando era rigidamente controlado" e que "sem sombra de duvida, a atual performance [do capitalismo liberalizado] não sobreviveria sem a propaganda". [Larry Elliot e Dan Atkinson, The Age of Insecurity, p. 274, p. 223]
Por fim, uma rápida olhadela na história do capitalismo durante o auge de seu laissez-faire no século XIX é suficiente para ver que "livre" competição entre trabalhadores por emprego não conduz ao pleno emprego. Entre 1870 e 1913, o desemprego alcançou um patamar de 5,7% nos 16 paises capitalistas mais avançados. Comparando-o aos patamares de 7,3% entre 1913-50 e 3,1% entre 1950-70, é fácil concluir que se o laissez-faire realmente conduzisse ao pleno emprego, tais números seriam opostos. Conforme discutimos anteriormente (na seção C.7.1), o pleno emprego jamais será uma característica capitalista, devido à natureza autoritária do capitalismo e por necessitar da produção voltada para o lucro. Para resumir, o desemprego está mais ligado à propriedade privada que com os salários de nossos companheiros trabalhadores.
Portanto, é bastante proveitosa essa discussão que demonstra que os defensores do "livre mercado" capitalista estão errados quando afirmam que o desemprego dentro de seu sistema não existirá por longos períodos de tempo. Além disso, a pobreza dessa teoria é tal que em vez de ser "solução" ela causa ainda mais desemprego e aumenta a miséria humana. Trataremos disso na próxima secão.
Desta análise surge o argumento de que se os trabalhadores competissem "livremente" entre si pelas vagas, os salários reais cairiam. Isso reduziria os custos de produção e paulatinamente produziria uma expansão na produção que geraria novos empregos. Assim, o desemprego cairia. A intervenção do Estado (ou seja, auxílio desemprego, programas sociais, direitos de organização, leis de salário mínimo, etc.) e a atividade sindical, de acordo com esta teoria, é a causa do desemprego, por suas intervenções e atividades elevarem os salários a patamares que o mercado não pode suportar, aumentando os custos de produção e "forçando" os patrões a "mandar gente embora".
Portanto, de acordo com a teoria econômica neo-clássica, as empresas ajustam sua produção equalizando o custo marginal de seus produtos (o custo de producão de um ou mais ítens) com os preços dos produtos determinados pelo mercado. Uma queda nos custos conduziria teoricamente a uma expansão na producão, gerando empregos para os desempregados "temporários" e movendo a economia em direção a uma equilibrada condição de pleno emprego.
Dessa forma, segundo a teoria neo-clássica, o desemprego diminuiria pela redução do salário real dos trabalhadores atualmente empregados. Assim, na teoria neo-clássica, o desemprego pode ser reduzido pela redução dos salários reais dos trabalhadores correntemente empregados. De qualquer forma, estes argumentos são falsos. Embora o corte nos salários possa fazer sentido para uma determinada empresa, ele pode não surtir este efeito na economia como um todo (ou reduzir o desemprego no país como um todo). Em todas as versões da teoria neo-clássica, presume-se que os preços dependem (pelo menos em parte) dos salários. Segundo eles, se todos os trabalhadores aceitassem cortes em seus salários, todos os preços cairiam trazendo uma diminuta redução no poder de compra dos salários. Em outras palavras, a queda do salário monetário reduziria os preços mantendo os salários reais quase inalterados enquanto que o desemprego diminuiria.
Além disso, mesmo que os preços permanecessem inalterados ou caissem um pouco, o efeito deste corte nos salários reais não geraria novos empregos, pelo contrário os reduziria. O consumo das pessoas depende de seus salários, e se seus salários caem, em termos reais, o mesmo ocorre com seu consumo. Conforme Proudhon destacou em 1846, "se o produtor ganhar menos, ele comprará menos. . . gerando. . . superprodução e escassez" porque "embora os trabalhadores representem algum custo para você [capitalista], eles são seus clientes: o que você fará com seus produtos, quando estiverem fora de seu controle, não serão mais consumidos? Dessa maneira, o maquinário. . . não afetará . . . os empregados; pois, na medida em que não há consumo, ele [o maquinário] logo terá que parar". [System of Economical Contradictions, p. 204, p. 190]
Todavia, alguém pode argumentar que a renda real não cairia: as rendas provenientes dos lucros cresceria. Mas devido à extração de renda dos trabalhadores pelos capitalistas. Um grupo que tende a gastar uma pequena parcela de sua renda consumindo menos que os demais trabalhadores, poderá reduzir a procura efetiva e criar desemprego. Conforme David Schweickart pontuou, quando os salários caem, o poder aquisitivo dos trabalhadores despenca junto; se não houver uma espécie de compensação, a demanda total irá declinar. [Against Capitalism, pp. 106-107]. Em outras palavras, ao contrário do que reza a cartilha econômica neo-clássica, o equilíbrio do mercado pode ser estabilizado mediante um determinado nível de desemprego.
Mas para a teoria capitalista do "livre mercado", tal possibilidade de equilíbrio do mercado é impossível. O neo-liberalismo rejeita a tese de que o corte nos salários reais apenas diminuem a procura pelos bens de consumo sem que os investimentos automaticamente cresçam o suficiente para compensa-lo. Os neoclássicos argumentam que os investimentos crescerão compensando o declínio do consumo da classe trabalhadora.
Contudo, para que isso ocorra, essa teoria depende de três hipóteses críticas, que as empresas possam expandir a produção, que elas expandam de fato a produção e que, se isso ocorrer, elas possam vender sua produção excedente. Contudo, tal teoria e suas hipóteses são questionáveis.
A primeira hipótese admite que sempre é possível para uma companhia contratar novos trabalhadores. Ora, se a produção de bens e serviços não estão disponíveis, não serão gerados novos empregos. Portanto a hipótese de que sempre é possível contratar mais empregados para poder aumentar a produção não condiz com a realidade.
Quanto à outra, será que as empresas aumentam sua produção quando os custos do trabalho caem? Dificilmente. Aumento na produção aumentará a oferta corroendo os altos lucros devido a queda nos salários. Se o desemprego produziu uma queda generalizada nos salários de mercado, as companhias podem usar essa oportunidade para substituir seus atuais empregados ou forçá-los a aceitar um corte salarial. Se isso acontecer, não haverá aumento nem na producão nem no emprego. Contudo, pode ser alegado que os altos lucros aqueceriam os investimentos de capital na economia (uma tese chave do neo-liberalismo). A resposta é óbvia: talvez sim, talvez não. Um colapso na economia pode induzir a precauções financeiras e muitos capitalistas podem paralisar seus investimentos convencidos de que obterá lucros maiores mais tarde.
Isso interfere diretamente na última hipótese, que os bens produzidos serão vendidos. Mas quando os salários caem, levam consigo o poder aquisitivo dos trabalhadores, e sem a compensação de um crescimento generalizado, a demanda total cairá. Conseqüentemente queda salarial pode resultar no mesmo ou em maior desemprego na medida em que o excesso de demanda agregada e as companhias não encontram mercado para seus produtos. Assim, as corporações não conseguem (não podem) naquele momento movimentar seus grandes fundos provocando subtração dos salários por lucros de investimento (inclusive por causa de precauções financeiras ou mesmo de ausencia de recursos disponíveis). Isso reduzirá a demanda agregada devido aos lucros estarem acumulados mas não aplicados, gerando encalhamento de produtos e freqüentes reduções nos preços. Isso significa que o corte nos salários reais será neutralizado pelos cortes nos preços necessários ao descarte de produtos encalhados e pelo conseqüente desemprego.
Assim, a tradicional resposta neo-clássica de que o investimento aumenta na medida em que os custos baixam e geram grandes lucros revela-se falsa, pois o que ocorre na realidade é uma grande poupança, que, no final das contas, acaba enfraquecendo o investimento. Custos mais baixos significa grandes lucros apenas se os produtos forem vendidos, coisa difícil de ocorrer uma vez que a procura é afetada de forma adversa. Em outras palavras, uma alta margem de lucro não resulta em altos lucros devido à queda no consumo causada pela redução do poder aquisitivo dos trabalhadores. E, conforme Michal Kalecki argüi, no combate à queda econômica o corte nos salários pode ser ineficaz porque os ganhos nos lucros não são sentidos imediatamente e a reducão do poder de compra resultante dos cortes nos salários provocam uma queda nas vendas, significando que altas margens de lucro não resultam necessariamente em maiores lucros. O próprio Keynes destacou muito tempo atráz a diferença entre a força e a motivação da poupança governamental e a força e a motivacão do investimento governamental. Conseqüentemente não há qualquer necessidade desses dois valores sempre coincidirem. Assim, conforme as empresas reduzem os salários, tornam-se incapazes de vender como vendiam antes. Nesse ponto implementarão cortes na produção, aumentando o desemprego e uma futura queda na demanda. Isso pode gerar uma queda em parafuso na procura, estancando a produção e conduzindo à depressão (os resultados políticos de tal processo seria perigoso para a continuacão e sobrevivência do próprio capitalismo). Essa queda em parafuso é descrita por Kropotkin (aproximadamente 40 anos antes de Keynes fazer a mesma colocação em sua obra General Theory of Employment, Interest and Money):
"Os lucros constituem a base da indústria capitalista, baixos lucros explicam tudo o que vem depois.Assim, o corte de salários agrava ainda mais a queda econômica, tornando-a mais profunda e ampla do que poderia ter sido. Em vez de ser a solução para o desemprego, o corte nos salários a tornará pior (mais abaixo discutiremos mais sobre essa questão sobre salários altos enquanto causa número um do desemprego, conforme sustentado pelos economistas neoclássicos). Conforme argüimos na seção C.7.1, a inflação é causada por lucros insuficientes dos capitalistas (eles tentam manter suas margens de lucro aumentando preços) esse efeito espiral de corte de salários ajuda a explicar aquilo que os economistas chamam de "estagflacão" -- aumento de desemprego combinado com alta de inflação (conforme ocorreu nos anos 1970). Na medida em que aumenta o exército de desempregados, a demanda agregada cai, cortanto progressivamente os lucros marginais. Reagindo a isso, os capitalistas aumentam os preços tentando repor perdas. Apenas uma profunda recessão pode interromper esse ciclo (com prejuízos incalculáveis à militancia do trabalho e à maioria dos trabalhadores e suas famílias). Em outras palavras, a classe trabalhadora paga um alto preço pelas contradições do capitalismo.
"Baixos lucros levam patrões a reduzir salários, ou o número de trabalhadores, ou o número de dias de trabalho durante a semana. . . Baixos lucros, em última análise, significa redução de salários, baixos salários significa redução do consumo pelo trabalhador. Baixos lucros significa em certo grau também uma redução de consumo pelo patrão; tudo isso significa baixos lucros e redução de consumo da imensa classe média que cresce nos países industrializados, o que, por sua vez, significa uma futura redução nos lucros dos patrões". [Fields, Factories and Workshops Tomorrow, p. 33]
Tudo isso significa que as pessoas que compõem a classe trabalhadora tem duas opções diante de uma queda econômica -- aceitar uma profunda depressão de forma a recomeçar novamente o ciclo prosperidade-queda ou libertar-se do capitalismo e da natureza contraditoria da produção capitalista que coloca o ciclo econômico acima de tudo (sem mencionar outros males como hierarquia e desigualdade).
O efeito Pigou (ou "balança real") é outro argumento neoclássico que pretende provar que (no final) o capitalismo passará da queda econômica para a prosperidade. Esta teoria argüi que quando o desemprego é suficientemente alto, ele derruba os índices de preços, aumenta o valor real da oferta de moeda e eleva o valor real da poupança. As pessoas com tais recursos enriquecerão trazendo uma época de prosperidade onde as pessoas compram mais bens aquecendo novamente os investimentos. Desta forma, a queda econômica, naturalmente, se transforma em prosperidade.
Todavia, esse argumento é falso em muitos aspectos. Como resposta, Michal Kalecki argüi que, primeiramente, Pigou "assumira que o sistema bancário manteria a base monetária constante diante da queda na renda, embora não revelasse nenhuma razão particular para isso". Se a base monetária mudasse, o valor monetário também mudaria. Em segundo lugar, que "o ganho monetário permanece quando os preços caem devido ao prejuízo dos provedores de dinheiro. Quando os preços caem o valor real de um depósito bancário aumenta para o correntista, enquanto que a dívida do banco representada por aquele depósito aumenta". E, terceiro, "que a queda nos preços e salários significa que o valor real dos débitos não liquidados aumenta, seus tomadores encontram uma crescente dificuldade em pagá-los em virtude do aumento real do valor do débito. De fato, quando preços e salários desabam isso ocorre em virtude dos baixos níveis de demanda, quando a renda de valor agregado cai. Então virão falências, dívidas não serão pagas, e será instalada uma crise de confiança". Em outras palavras, os devedores acabam derrubando os preços quando gastam mais que os credores desejariam, fazendo com que a depressão continue porque a demanda não sobe. [Malcolm C. Sawyer, The Economics of Michal Kalecki, p. 90]
Tais considerações, de Schweickart, Kalecki e outros pela sua absoluta correção destroçam a argumentação neo-clássica de que os sindicatos e a intervenção estatal são responsáveis pelo desemprego (ou que as depressões facilmente ou naturalmente terminarão por obra do mercado). Muito pelo contrário, na medida em que os sindicatos e as intervencões de cunho social, na medida do possível, impedem a queda da demanda durante uma queda econômica, isso funciona como um freio na espiral da queda. Longe de serem responsáveis pelo desemprego, na realidade, o mitigam. Salários (e benefícios) que hoje representam custos para algumas empresas, amanhã acabam virando receita.
laissez-faire. Doutrina defendida principalmente por Adam Smith, e que teve origem na França e na Grã-Bretanha, segundo a qual os produtores diziam ao governo "laissez-nous fair", isto é, deixe-nos agir, o que implicava a não interferência governamental. De acordo com a doutrina, o governo deve limitar-se à manutenção da ordem e da lei, removendo todas as barreiras por ele impostas ao comércio e aos preços. Segundo seus adeptos, essa diretriz permite maior liberdade individual, melhor uso dos recursos e crescimento econômico. A responsabilidade do governo seria principalmente a de controlar as condições de concorrência, a oferta de moeda e certas atividades da previdência social (social security).
superprodução. Produção acima da demanda (demand) que quase certamente causará uma baixa nos preços dos bens produzidos.
efeito-Pigou. Aumento em consumo
com recurso a uma dada renda real que resulta à medida que o nível
de preços declina e o valor real dos saldos monetários se
eleva. A significação está em demonstrar que, não
se considerando fatores dinâmicos, um equilíbrio de desemprego
é incompatível com salários flexíveis.
As evidencias empíricas não dão qualquer suporte
a esse argumento neoclássico de que salários muito altos
produzem desemprego. O fenômeno do crescimento real dos salários
durante o período de ascensão do ciclo econômico (quando
o desemprego cai) e do arrocho salarial durante a recessão (quando
o desemprego cresce) rendeu a neoclássica interpretação
de que os salários reais influenciam dificultando a manutenção
do emprego (usando o economês, os salários reais seriam
"pró-cíclicos"). Mas esta não é a única
evidência contra a teoria neoclássica do desemprego. Will
Hutton, um economista neo-keynesiano instalado no Reino Unido, conclui
suas pesquisas sugerindo que altos salários não causam desemprego
conforme alegam os economistas neoclássicos):
"os economistas britânicos David Blanchflower e Andrew Oswald [coletaram] . . . dados em doze países sobre a real relação entre salários e desemprego - e aquilo que descobriram permitiu mais uma grande objeção ao livre mercado por conta do mercado de trabalho. . . [Eles concluíram que] a relação [entre salários e desemprego] é absolutamente oposta [àquilo que predica a teoria neoclássica]. A elevação dos salários [conduz] à queda do desemprego local - e a queda dos salários [conduz] à elevação do desemprego local. Conforme disseram, esta conclusão não se enquadra nas cartilhas do livre mercado sobre o funcionamento de um mercado de trabalho competitivo". [The State We're In, p. 102]As pesquisas de Blanchflower e Oswald indicaram que os empregados "que trabalhavam em áreas de alto desemprego ganhavam menos que aqueles que trabalhavam em áreas de baixo desemprego". [The Wage Curve, p. 360]
Existem muitas outras provas que levam à mesma conclusão, tomando o exemplo dos Estados Unidos, se o salário mínimo e os sindicatos provocassem mesmo desemprego, porque os estados do sudeste (com um reduzido salário mínimo e sindicatos fracos) tiveram uma alta taxa de desemprego durante os anos de 1960 e 1970? Poderíamos perguntar também porque quando o salário mínimo (relativo) declinou sob Reagan e Bush, foi acompanhado por um desemprego crônico? [Allan Engler, The Apostles of Greed, p. 107]
Uma pesquisa chamada "O Preço da Pobreza" publicada pelo "Low Pay Network" relata que 18 meses antes de ser abolido, o Conselho de Salários Britânico (que determinava salários mínimos para vários ramos de indústrias) verificou o aumento de 18.200 novos empregos em tempo integral, ao passo que os 18 meses posteriores trouxeram consigo 39.300 demissões.
A extinção do Conselho Salarial provocou uma queda de
15% em média nos salários, esse fato (segundo o argumento
neoclássico) deveria ter elevado os níveis de emprego nesses
setores. Aconteceu exatamente o oposto.
Essa pesquisa mostra claramente que a queda nos salários provocada
pela abolição do Conselho Salarial não criou mais
empregos. Pelo contrário, contribuiu mesmo para extinguir muitas
vagas existentes. Assim, longe de resultar em mais empregos disponíveis,
a abolição do Conselho Salarial, pela erosão nos níveis
salariais, resultou em um maior número de famílias lançadas
à rua da amargura.
(Isto não significa que os anarquistas defendam a imposição de um salário mínimo oficial. A maior parte dos anarquistas repudiam isso porque transfere a responsabilidade da luta por melhores salários dos sindicatos e outras organizações da classe trabalhadora para as mãos do estado. Mencionamos estes exemplos de forma a trazer luz ao fato dos argumentos neoclássicos serem falhos e falsos.)
Ao mesmo tempo em que estas evidências entram em choque com a
economia neo-clássica, elas comprovam as análises anarquistas
e socialistas. Para os anarquistas, o desemprego é um artifício
utilizado para controlar o trabalho e manter uma taxa apropriada de lucro
(ou seja, o desemprego é o fator chave na garantia de que os trabalhadores
continuarão sendo explorados). Na medida em que os trabalhadores
avançam e se aproximam do pleno emprego, o poder do trabalho cresce,
reduzindo o grau de exploração e portanto aumentando a remuneração
do trabalho nos valores que produz (gerando altos salários). Assim,
do ponto de vista anarquista, o fato de que salários sejam altos
em áreas de baixo desemprego não é uma surpresa, nem
um fenômeno pró ciclo de salários reais. De qualquer
forma, conforme verificado na seção C.3,
a relação entre salários e lucros é, em
algo grau, um produto do poder de barganha, de forma que é de se
esperar que os salários estejam elevados no topo da curva do ciclo
econômico, caiam na depressão e estejam altos nas áreas
de baixo desemprego. E, o que é mais importante, estas evidências
sugerem que a afirmação neo-clássica de que os sindicatos
e os salários "muito altos" é que são os responsáveis
pelo desemprego, é inteiramente falsa. Na verdade, impedir que os
capitalistas se apropriem ainda mais das rendas criadas pelos trabalhadores,
faz com que os altos salários sustentem a demanda agregada e contribuam
para manter um alto índice de emprego (apesar, naturalmente, do
alto nível de emprego não possa ser mantido indefinidamente
sob a escravidão assalariada devido às implicações
da elevação do poder dos trabalhadores). Além disso,
o desemprego constitui o aspecto chave do sistema capitalista e sempre
é abordado pelos neoclássicos como "provocado pelos próprios
trabalhadores" numa abordagem inteiramente equivocada na compreensão
da natureza e dinâmica do sistema.
Assim, na medida em que os salários dos trabalhadores aumentam em termos reais, aumenta também a demanda agregada gerando uma situação mais propícia a criar vagas do que se os salários fossem cortados. Na verdade, isso pode ser visto pela análise das "curvas de salários" de numerosas cidades. Isto significa que o "livre mercado" capitalista, com seus competitivos mercados de trabalho, sem programas sociais, sem auxílio desemprego, com altos níveis de desigualdades e fortalecimento do poder corporativo esmagando os sindicatos e sufocando greves provocarão um constante sobe e desce na demanda agregada, acompanhando o ciclo econômico, trazendo o desemprego consigo. Além do mais, o desemprego torna-se mais elevado durante o ciclo econômico (particularmente no ponto mais profundo da depressão) sob um capitalismo sem programas sociais, sem sindicatos combativos e sem direitos legais favoráveis ao trabalho ou sem condições de organização dos trabalhadores, porque o salário real não é capaz de se manter em níveis que sustentem a demanda agregada nem de estimular a produção pelo consumo de bens.
Em outras palavras, um mercado de trabalho plenamente competitivo aumenta
a instabilidade do mercado. Na medida em que os programas sociais e as
atividades sindicais sustentam a demanda agregada, a classe trabalhadora
acaba consumindo mais, estabilizando a demanda agregada -- esta análise
foi confirmada durante a década de 1980 ("a relação
entre grau de desigualdade e estabilidade econômica . . . era frágil
mas trouxe mais igualdade entre os países proporcionando um crescimento
mais estável após 1979" [Dan Corry e Andrew Glyn, "A
Macroeconomia da igualdade, estabilidade e crescimento", em Paying for
Inequality, Andrew Glyn
e David Miliband (Eds.) pp. 212-213]).
C.9.3 A solução para o desemprego está em um mercado de trabalho "flexível"?
O argumento mais utilizado pelos economistas neoliberais para resolver o problema do desemprego é tornar o mercado de trabalho mais "flexível". Essa "flexibilidade", por sua vez, invariavelmente é acompanhada pelo enfraquecimento dos sindicatos, e pela redução (quando não total destruição) dos serviços públicos e sociais prestados pelo estado (educação, saúde, transporte), e daí por diante. Contudo, é necessário destacar que os correntes argumentos a favor dessa grande "flexibilização" dentro do mercado de trabalho visando reduzir o desemprego, na verdade não passa de um grande cavalo de Tróia para os trabalhadores.
O argumento de que um aumento na flexibilização tornará
o mercado de trabalho mais "perfeito", inclui a adoção de
um índice "natural" de desemprego (cada vez que a inflação
surgir ameaçadora) que com o tempo cairia, de um controle eficaz
da inflação, e daí por diante. Claro que o fato da
verdadeira origem da inflação – a tentativa dos capitalistas
de manter seus níveis de lucros – não é mencionada,
assim como não se fala sobre os lucros e as desigualdades salariais
que serão maximizados pela flexibilização. Todos silenciam
também quanto à conhecida tragédia desse filme de
horror da flexibilização do mercado de trabalho onde o final
é exatamente o oposto do previsto pela teoria capitalista.
"essa onda de apelos por flexibilização do mercado deSe nos concentrarmos na taxa média de desemprego nos Estados Unidos, iremos verificar que de 3,4% em 1969 (ou 7,3% incluindo o subempregado) ela saltou para 6,1% em 1987 (ou 16,8% incluindo o subempregado). Usando dados mais recentes, deparamos com uma média de desemprego na faixa de 6,2% entre 1990-97 comparável aos 5,0% no período entre 1950-65. Em outras palavras, a "flexibilização" no mercado de trabalho em vez de reduzir as taxas de desemprego fez com que elas ficassem ainda mais altas.
trabalho nos Estados Unidos com o pretexto de diminuir as
taxas de desemprego parece coisa recente, mas o fato é que
tal tentativa de flexibilização não tem nada de novo.
Comparando, por exemplo, os Estados Unidos com o Reino
Unido, nos anos 60 os Estados Unidos possuíam uma taxa de
desemprego de 4,8 por cento, no Reino Unido ela era de
1,9 por cento; nos anos 70 os Estados Unidos chegaram a 6,1
por cento, com o Reino Unido alcançando 4,3 por cento, esse
ranking foi revertido apenas nos anos 80 quando os Estados
Unidos alcançaram 7,2 por cento com o Reino Unido
batendo nos 10 por cento . . . É importante destacar que essa
reversão do ranking nos anos 80 ocorreu a despeito dos
esforços de Margaret Thatcher na flexibilização do mercado de
trabalho . . . Se flexibilização de mercado de trabalho implica
realmente em queda do nível de desemprego. . . então porque o
nível de desemprego permaneceu alto nesse país, Inglaterra,
onde fortes medidas foram tomadas no sentido da
flexibilização?" [Keith Cowling and Roger Sugden, Beyond
Capitalism, p. 9]
Claro que estamos comparando diferentes períodos de tempo. Muita coisa mudou entre os anos 60 e os anos 90 e uma comparação que envolva tais períodos pode não trazer uma resposta precisa. Mas, de qualquer forma, o aumento na flexibilização e o crescimento do desemprego permanecem atados um ao outro. Se observarmos diferentes países durante o mesmo período de tempo poderemos constatar que a "flexibilização" na realidade está longe de reduzir o desemprego. Veja o que diz um economista britânico a esse respeito:
Além disso, é bom lembrar também que na análise das estimativas de desemprego nos Estados Unidos é necessário levar em conta os índices de encarceramento. Mais de um milhão de pessoas estariam procurando um emprego se as cortes penais dos USA agissem de forma semelhante às de outras nações ocidentais. [John Gray, Op. Cit., p. 113]"O desemprego aberto é, naturalmente, menor nos
Estados Unidos. Mas se nos concentrarmos em toda forma
de não-emprego [o subemprego, trabalhadores sem registro,
e daí por diante], veremos que aquilo que ocorreu na Europa
em pouco difere daquilo que ocorreu nos Estados Unidos
entre os anos de 1988 e 1994 quando 11 por cento dos
homens entre 25-55 anos estavam desempregados na
França, 13 por cento no Reino Unido, 14 por cento nos USA e
15 por cento na Alemanha." [Richard Layard citado por
John Gray em False Dawn, p. 113]
Tomando o período de 1983 a 1995, notamos que cerca de 30 por cento da população do OECD europeu viveu em países com um índice médio de desemprego abaixo dos Estados Unidos e cerca de 70 por cento viveu em países com desemprego menor que no Canadá (onde os empregos são comparativamente menos flexíveis que nos E.U.). Concomitantemente, os países europeus com os índices mais baixos de desemprego estavam longe de se caracterizar pela flexibilidade salarial (Áustria 3,7%, Noruega 4,1%, Portugal 6,4%, Suécia 3,9% e Suíça 1,7%). A Inglaterra sozinha, com um mercado de trabalho mais flexível tinha um índice de desemprego maior que a metade da Europa. Descontando o nível de desemprego na Alemanha altamente influenciado pelas áreas da Alemanha Oriental e considerando apenas as regiões da Alemanha Ocidental, o desemprego entre 1983 e 1995 foi de 6,3%, ao passo que nesse mesmo período foi de 6,6% nos USA (e 9,8% na Inglaterra).
Esses dados revelam que a "flexibilização", ao contrário
do que os neoliberais dizem, está longe de ser a solução
para o
desemprego (além disso, a completa ausência de estatismo
no século 19 não significou ausência de desemprego
nem ausência de longos períodos de depressão). Na verdade,
o alto índice de desemprego verificado na Europa tem muito pouco
a ver com "rígidas" estruturas e "benefícios públicos
e sociais" dos cidadãos, mas tem muito a ver com a austeridade monetária
e fiscal requerida pela unificação da Europa, conforme expresso
pelo Tratado de Maastricht. Basta olhar sua agenda política para
verificar o apoio que esse tratado recebeu da maior parte da classe dominante
européia.
Além disso, se observarmos o que há de racional por trás
da "flexibilização" encontraremos um fato muito estranho.
Na
medida em que o mercado de trabalho torna-se mais "flexível"
e se alinha ao ideal da "competição perfeita", do lado do
capitalista absolutamente nada é feito para alinhar essa flexibilidade
ao modelo. Não devemos esquecer que a perfeita competição
(a teórica condição em que todos os recursos, incluindo
o trabalho, serão eficientemente utilizados) determina que haverá
um grande número de vendedores e de compradores. Enquanto isso ocorre
no lado dos vendedores no mercado de trabalho "flexível", o mesmo
não acontece no lado dos compradores (onde, conforme vimos na seção
C.4, reina o oligopólio). A maior parte dos defensores da "flexibilização"
do mercado de trabalho são exatamente aqueles que se alinham às
grandes corporações e aos imensos mercados monopolísticos,
onde os mais fortes impõem barreiras intransponíveis impedindo
que os pequenos participem dos mercados.
Se o modelo requer que ambos os lados se tornem "flexíveis," como esperar algum benefício no todo se apenas um lado torna-se mais "flexível"? Não há nenhuma razão lógica para alguém concluir que os trabalhadores serão beneficiados. Na verdade, a resultante perda de poder por parte do trabalho trará consigo uma transferência de renda do trabalho em direção ao capital. Esperar que a "flexibilização" do mercado de trabalho traga algum benefício ao trabalhador é o mesmo que esperar que ocorra paz entre duas facções em guerra pelo desarme de um dos lados e pelo número de armas dobrar do outro lado! É claro que a única "paz" que se pode esperar é a paz do cemitério ou a paz de um povo subjugado -- se você olhar de longe, subserviência pode ser confundida com paz. Por fim, aquilo que chamam de "flexibilidade" do trabalho indica o clichê de que, sob o capitalismo, o trabalho existe apenas para atender as necessidades do capital (ou que o trabalho vivo existe para atender às necessidades do trabalho morto, uma forma verdadeiramente insana de organização da sociedade).
Nada disso é novidade para os anarquistas que sempre reconheceram que "flexibilização" tem apenas um significado: enfraquecimento do poder de barganha do trabalho de forma a aumentar o poder e o lucro do rico (daí a expressão "flexploração"!). O aumento da "flexibilização" associa-se diretamente com altos, não baixos níveis de desemprego. Isto, novamente, não é novidade alguma, uma vez que o mercado de trabalho "flexível" significa basicamente algo que eventualmente beneficiaria o trabalhador por supostamente lhe proporcionar emprego, mas que na realidade lhe traz uma crescente insegurança em seu trabalho (na verdade, a palavra "insegurança" é muito mais apropriada para descrever o ideal do mercado de trabalho competitivo do que a palavra "flexibilização", é por isso que o charlatão sempre traz um coringa escondido debaixo da manga). Em tais circunstancias, o poder dos trabalhadores é reduzido, significando que o capital se apropria em larga escala da renda nacional enquanto que o trabalho e os trabalhadores ficam menos inclinados a lutar pelos seus direitos. Isso contribui para uma queda na demanda agregada, aumentando o desemprego. Além disso, como já dissemos, além da "flexibilização" exercer um efeito devastador nos trabalhadores (mas não no lucro dos patrões) pela redução do poder de barganha do trabalho, ela resulta em maior e não em menor desemprego. Isso ocorre porque as empresas podem demitir a vontade o "excesso" de trabalhadores, aumentar a jornada de trabalho (o paradoxo entre hora extra e desemprego apenas exprime como o capitalismo funciona), congelar ou diminuir os salários reduzindo a demanda agregada. Este paradoxo da crescente "flexibilização" provocando altos níveis de desemprego é apenas mais um dos paradoxos da estrutura neoclássica. Do ponto de vista da perspectiva anarquista, é dessa forma que o sistema funciona.
Poderíamos também acrescentar que toda vez que o governo tenta tornar o mercado de trabalho "inteiramente competitivo" quando não faz uso de instâncias ditatoriais (o Chile sob Pinochet, por exemplo) ele aumenta a centralização do poder do estado elevando o poder da polícia e dos patrões (a Inglaterra sob Thatcher, os Estados Unidos sob Reagan, por exemplo). Na tentativa de introduzir o neoliberalismo em seus países os Presidentes latino-americanos também adotam artifícios como "pisotear as instituições democráticas, fazendo uso da tradicional técnica latino-americana de governar por decreto [como FHC no Brasil] de forma a passar por cima da oposição no Congresso . . . Os direitos civis também ficam sob um cerrado ataque. Na Bolívia, na tentativa de neutralizar a oposição, o governo . . . declarou estado de sítio e aprisionou 143 líderes sindicais . . . Enquanto que na Colômbia, o governo fez uso de uma legislação anti-terrorista de 1993 contra 15 líderes sindicais que se opunham à privatização da companhia de telecomunicações estatal. O exemplo mais extremo partiu de Alberto Fujimori no Perú que acabou com a oposição do Congresso, simplesmente dissolvendo-o . . . substituindo-o por um poder de emergência." [Duncan Green, The Silent Revolution, p. 157]
Tudo isso é previsível. O povão, quando lhe é
permitido agir em paz, cria comunidades, se organiza no conjunto para
coletivamente buscar sua própria felicidade, protegendo suas
comunidades e meio ambiente. Em outras palavras, ele forma associações
e sindicatos para influenciar nas decisões que lhe dizem respeito.
Agora, para que seja criado um "plenamente competitivo" mercado de trabalho
é necessário que os indivíduos sejam atomizados, e
que seus sindicatos, comunidades e associações sejam todos
enfraquecidos, senão destruídos, de forma a transformar tudo
aquilo que vive e que permite a vida em um tipo de propriedade privada.
O poder do Estado precisa ser usado para enfraquecer massivamente a população,
restringir sua liberdade, controlar as organizações populares
e as manifestações sociais e garantir que o livre mercado
possa funcionar sem resistência por causa do sofrimento, da miséria
e do medo que ele provoca. O povão, usando a infeliz frase de Rousseau,
"precisa ser forçado a ser livre". E, desgraçadamente para
a teoria neoliberal, os países que tentaram reformar seus mercados
de trabalho amargam índices de desemprego jamais vistos, aumentaram
ainda mais as desigualdades sociais e a pobreza, tornaram-se mais do que
nunca um frágil barco à deriva ao sabor das marés
de crescimento e depressão do ciclo econômico capitalista.
Para terminar, a única real solução para o desemprego é a humanidade dar um fim ao trabalho assalariado, libertando-se da necessidade do capital.
estatismo. O mesmo que estado do bem-estar (welfare state). Situação tacitamente atribuída ao governo como responsável pelo bem- estar de seus cidadãos. Na filosofia do (laissez-faire) supunha-se que o bem-estar dos indivíduos era conseguido por seus próprios esforços, e que cada um era um reflexo de sua própria energia e aptidão. Depois de 1930, muitos achavam que o bem-estar geral dependia do governo. Por isso, passaram a exigir previdência social (social security), abolição da segregação racial, auxílio à educação, banco de habitação, eliminação de guetos e favelas, etc. Sob certos aspectos, o estatismo lembra o regime social teoricamente apregoado pelos países socialistas e comunistas.
demanda agregada. Em palavras gerais, é a demanda total de bens e serviços dentro de uma economia. Mostra quanto dinheiro se espera que a comunidade gaste nos produtos da indústria dentro de um certo período. O esquema de demanda agregada é o fator vital na teoria do emprego.
C.9.4 As pessoas optam pelo desemprego?
Isso soa bem estranho, mas é exatamente o que argumenta a teoria neoclássica. Aqui vamos considerar alguns aspectos envolvendo esse argumento neoclássico da "culpa dos trabalhadores", onde o ataque aos sindicatos e aos direitos dos trabalhadores faz parte de uma estratégia bem delineada. Um dos argumentos mais utilizados é o de que o desemprego não é involuntário, ou seja, só não trabalha quem não quer. Conforme nos explica o economista de esquerda Nicholas Kaldor, do ponto de vista dos economistas do "livre mercado" o desemprego involuntário "não existe porque as pessoas simplesmente decidem ficar desempregadas". [Further Essays on Applied Economics, p. x]. Os economistas neoclássicos afirmam que os trabalhadores desempregados ficam o tempo todo procurando por altos salários (ou vivendo de pensões do governo) em vez de trabalhar, ou seja, só não trabalham porque não querem. Argumentos como este são levados tão a sério que revelam muito sobre a natureza da moderna teoria econômica capitalista. Porque tal argumento é tão popular nos círculos da direita? É isso que vamos ver aqui.
Em primeiro lugar, em termos gerais, o desemprego surge em virtude do patrão mandar o empregado embora, não porque o empregado decide parar de trabalhar. Quando uma companhia demite certa quantidade de trabalhadores, dificilmente alguém interpretaria isso como uma decisão que partiu dos trabalhadores que concluíram que vale mais a pena procurar por um novo emprego do que continuar trabalhando. Eles não tem outra escolha. Em segundo lugar, trabalhadores desempregados normalmente aceitam o primeiro emprego que aparece. Nenhum desses fatos corrobora a hipótese de que a maioria dos desempregados chegam a essa condição "voluntariamente".
Naturalmente, que existem numerosas ofertas de emprego na media. Mas será que isso é uma prova de que os capitalistas estão a todo momento oferecendo vagas para aqueles que querem trabalhar? Dificilmente, pelo fato de que a quantidade de vagas oferecidas estão bem aquém do número de desempregados. Diante do fato de que 100 vagas são oferecidas em áreas onde existem 1.000 desempregados, afirmar que o capitalismo tende ao pleno emprego é um escárnio.
Além disso, é importante destacar que as suposições
direitistas de que auxílio desemprego e serviços públicos
e sociais promovem desemprego não possuem nenhuma base fatual, o
que acontece é exatamente o contrário. De acordo com as
palavras de um membro moderado do Partido Conservador Britânico,
o "OECD pesquisou setenta países industrializados e não encontrou
qualquer conexão entre a taxa de desemprego de um país com
seus pagamentos de serviços sociais". [Dancing with Dogma, p. 118].
Além disso, os economistas David Blanchflower e Andrew Oswald constataram
que a "curva de salários" em muitos e diferentes países é
aproximadamente a mesma, tanto que isso foi verificado em cada um dos cinqüenta
países que eles pesquisaram. O que leva a crer que o nível
de desemprego no mercado de trabalho não tem nada a ver
com as condições de vida proporcionadas pelos serviços
públicos e sociais, ao contrário do que ocorre com a flexibilização
salarial que influi diretamente na "curva salarial". Ambos estes fatos
sugerem que o desemprego é involuntário por natureza e que
toda vez que se deterioram as condições de vida dos trabalhadores
devido a cortes nos serviços públicos e sociais o desemprego
se torna ainda mais agudo.
Outro fator a ser considerado sobre a natureza do desemprego é o efeito provocado pelos últimos 20 anos de "reforma" do estatismo conduzido tanto nos E.U. como no R.U. Durante os anos 60, mesmo com desemprego menor, o "estatismo" foi mais generoso do que nos anos 90. Se o desemprego fosse "voluntário" devido à securidade social ser elevada, seria de se esperar que o desemprego caísse com o corte nos serviços públicos e sociais (afinal de contas, a desculpa utilizada para cortá-los foi exatamente essa). Na realidade, aconteceu exatamente o contrário, o desemprego disparou com o corte nos serviços públicos e sociais. A queda nos pagamentos de securidade social não conduziu a uma queda no desemprego, ocorreu o oposto.
Diante desses fatos, alguém pode concluir que como o desemprego não depende dos pagamentos de securidade social então os serviços públicos e sociais podem ser cortados a vontade. Todavia, este não é o caso pois a quantidade de serviços públicos e sociais prestados afeta diretamente os níveis de pobreza e o tempo em que as pessoas permanecem na pobreza. Nos E.U., os índices de pobreza eram de 11.7% em 1979 e subiram para 13% em 1988, e continuaram a subir atingindo 15.1% em 1993.
O efeito cascata no corte dos serviços públicos e sociais
contribuiu para aumentar ainda mais a pobreza. De forma semelhante, no
R.U. durante o mesmo período, de acordo com o ex-Thatcherista John
Gray, houve "um crescimento da miséria. O percentual de famílias
britânicas (não pensionistas) formadas por trabalhadores --
ou seja, onde nenhum de seus membros era economicamente ativo -- cresceu
de 6,5 por cento em 1975 para 16,4 por cento em 1985 e para 19,1 por cento
em 1994 . . . Entre 1992 e 1997 houve um crescimento no desemprego entre
as famílias. . . Este dramático crescimento da miséria
ocorreu por conseqüência direta das reformas neoliberais cortando
serviços públicos, particularmente na área de habitação".
[False Dawn, p. 30]. Isto se opõe à cartilha e à retórica
das teorias da direita. Conforme John Gray corretamente afirma, a "A lição
número um do Novo Direito Americano é que a pobreza e as
classes baixas [nos E.U.] são produto do abandono dos serviços
públicos e sociais". E ele prossegue destacando que a miséria
"não se enquadra na experiência dos países do continente
europeu onde o nível de provisão social é bem mais
amplo que o praticado nos E.U. que há muito tempo adotou uma prática
de profundo desprezo para com as classes mais pobres da sociedade". [Op.
Cit., p. 42]. Referindo-se a outros países anglo-saxãos,
ele destaca que:
"Na Nova Zelândia, as teorias do Novo Direito Americano proporcionaram uma evento raro e curioso - uma auto-rejeição à sua aplicação prática. Contrariamente ao que o Novo Direito proclama, a abolição quase que total dos tradicionais serviços públicos e a estratificação dos grupos por renda com o propósito de proporcionar benefícios sociais de modo seletivo criou uma espécie de armadilha de pobreza neoliberal". [Ibid.]
Assim, na medida em que o auxílio desemprego e os serviços
públicos e sociais amortecem o impacto do desemprego (o que é
de esperar pela natureza do desemprego ser essencialmente involuntária),
eles também influenciam na natureza, na profundidade e na persistência
da pobreza. O corte dos serviços públicos e sociais prestados
pelo estado faz com que a pobreza aumente ainda mais tornando-se crônica
(pela ausência de redistribuição, também aumenta
a desigualdade).
Se compararmos o percentual do PNB que uma nação aplica em securidade social com sua taxa de pobreza relativa encontraremos uma correlação direta entre ambos. Aquelas nações que possuem uma altos percentuais do PNB aplicados na securidade social tem baixa taxa de pobreza. Além disso, há também uma estreita correlação entre esses percentuais e a pobreza crônica. Aquelas nações que mais canalizam recursos para os pobres permite que uma quantidade maior de cidadãos escapem da pobreza. A Suécia, por exemplo, que tem uma taxa de pobreza fixa anual de 3% possui uma taxa de escape da pobreza de 45%, enquanto que as taxas na Alemanha são de 8% e 24% respectivamente (e uma taxa de pobreza crônica de 2%). Em contraste com esses índices, os E.U. figuram com 20% e 15% (e com uma taxa de pobreza crônica de 42%) [Greg J. Duncan of the University of Michigan Institute for Social Research, 1994].
Devido ao fortalecimento dos serviços públicos e sociais atuar como uma espécie de complemento ao salário e proporcionar uma forma de suporte às condições de trabalho, é fácil descobrir porque os capitalistas e os defensores do "livre mercado" capitalista querem exterminá-lo. Através do enfraquecimento dos serviços públicos e sociais, da "flexibilização" do mercado de trabalho, os lucros e o poder permanecem fora do alcance dos trabalhadores que se levantam na defesa de seus direitos e interesses. É surpreendente como essa "flexibilização" que supostamente traria benefícios à uma vasta maioria do povo tem resultado de fato em uma explosão de desigualdade. Os serviços públicos e sociais, em outras palavras, atrapalham o sistema capitalista na comercialização do trabalho, e ampliam as opções disponíveis à classe trabalhadora. Embora não reduzam a necessidade de procurar um emprego, os serviços públicos e sociais enfraquecem a dependência de qualquer empregador em particular e assim aumentam a independência e o poder dos trabalhadores. Não é nenhuma coincidência que os ataques aos sindicatos e aos serviços públicos e sociais foram e são estruturados na retórica da proteção do "direito de administrar para dirigir" e conduzir as pessoas novamente à condição de escravidão assalariada. Em outras palavras, uma tentativa de aumentar a mercantilização do trabalho tornando-o tão inseguro que os trabalhadores silenciam diante de seus direitos.
Os custos humanos do desemprego estão muito bem documentados.
Existe uma estável correlação entre índices
de desemprego e índices de internamentos em hospitais psiquiátricos.
Existe uma conexão entre desemprego e criminalização
de adolescentes e adultos jovens. Os efeitos no auto-respeito do indivíduo
e as vastas implicações para sua comunidade e sociedade são
catastróficos. Conforme David Schweickart concluíu:
"Os custos do desemprego, quando medidos em termos da fria moeda da perda de produção e da perda de impostos ou do calor da alienação sindical, da violência, e do desespero, são muito maiores do que parecem sob o Laissez Faire". [Against Capitalism, p.109]
Naturalmente, alguém poderia argumentar que o desempregado
que procura por emprego conta com seus familiares, seus amigos, e com a
comunidade para que encontre um emprego. Todavia, este argumento pressupõe
que as pessoas podem mudar suas vidas, o que se torna impossível
diante das "forças de mercado" (e dos desejos -- "espírito
animal", usando as palavras de Keynes -- daqueles que possuem capital).
Em outras palavras, trata-se do reconhecimento de que o capitalismo além
de impedir o crescimento das pessoas também lhes usurpa qualquer
possibilidade de organizar suas vidas (por suprimir seu senso de identidade,
dignidade e auto-respeito), retirando-lhes a honra e em alguns casos, a
própria alma.
A lógica capitalista funciona através do contínuo estupro dos valores sobre os quais diz estar construindo, o que mais o caracteriza é o profundo desrespeito aos valores humanos e sua obsessão pelo isolamento dos indivíduos. E isso não é novidade para ninguém, uma vez que o capitalismo é baseado no aniquilamento do indivíduo transformando-o em uma mercadoria como qualquer outra (chamada "trabalho"). Citando mais uma vez Karl Polanyi:
"Em termos humanos tais postulados [como o do mercado de trabalho] implicam em uma extrema instabilidade na renda do trabalhador, uma total ausência de critérios profissionais, onde as pragas do imponderável sempre estão prontas a passar por cima de tudo e de todos indiscriminadamente, submissas aos caprichos do mercado. [Ludwig Von]. Mises, por sua vez, argumentou com precisão que se os trabalhadores não atuarem através de seus sindicatos, e ficarem a mercê das demandas que altera seu local de trabalho e sua profissão de acordo com o mercado de trabalho, eles eventualmente acabam encontrando emprego sim. Mas um emprego sob a égide de um sistema que tem por base o postulado de que o trabalho não passa de uma mercadoria como qualquer outra. Uma mercadoria não decide onde será colocada a venda, não sabe para quais propósitos será usada, não determina qual o preço que fará com que ela mude de dono, uma mercadoria que pode tanto ser consumida como destruída". [The Great Transformation, p. 176]Portanto, pessoas não são mercadorias, elas vivem, pensam, sentem. O "mercado de trabalho" mais do que uma instituição econômica é uma instituição social onde pessoas e trabalho são tidos como meras mercadorias. Se a humanidade rejeitar os absurdos desses preceitos neoliberais com todas suas tolices, extirpando de uma vez por todas esse câncer da teoria neoclássica, finalmente os trabalhadores poderão usufruir dias melhores que os atuais. Em última análise, o capitalismo jamais proporcionará pleno emprego pelo simples fato do trabalho não ser uma mercadoria (na seção C.7 discutimos de que forma a revolta contra a mercantilização é uma questão chave para a compreensão do ciclo econômico e do desemprego).
dispensa temporária de empregado. Empregado dispensado temporariamente por diminuição dos negócios; não perde a situação de antiguidade (seniority) de que desfrutava, quando for novamente chamado a trabalhar, salvo se tiver arranjado emprego em outro lugar. [não é o sentido do termo usado no texto]. É também o intervalo de tempo de desemprego forçado. [é o caso do termo usado no texto]
securidade social. Aquí esse termo é utilizado em um sentido bem mais amplo referindo-se ao conjunto de serviços públicos e benefícios disponíveis gratuitamente a todo e qualquer cidadão
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